2020-09-06
DOMINGO XXIII DO TEMPO COMUM
Verde – Ofício do domingo (Semana III do Saltério). Te Deum.
+ Missa própria, Glória, Credo, pf. dominical.
L 1 Ez 33, 7-9; Sal 94 (95), 1-2. 6-7. 8-9
L 2 Rom 13, 8-10
Ev Mt 18, 15-20
2020-09-06
Verde – Ofício do domingo (Semana III do Saltério). Te Deum.
+ Missa própria, Glória, Credo, pf. dominical.
L 1 Ez 33, 7-9; Sal 94 (95), 1-2. 6-7. 8-9
L 2 Rom 13, 8-10
Ev Mt 18, 15-20
Santa Maria no Sábado – MF
Verde ou br. – Ofício da féria ou da memória.
Missa à escolha (cf. p. 18, n. 18).
L 1 1 Cor 4, 6b-15; Sal 144 (145), 17-18. 19-20. 21
Ev Lc 6, 1-5
L 1 1 Cor 4, 1-5; Sal 36 (37), 3-4. 5-6. 27-28. 39-40ac
Ev Lc 5, 33-39
3 de Setembro S. Gregório Magno, papa e doutor da Igreja – MO
Branco – Ofício da memória.
LEITURA I (anos pares) 1 Cor 3, 18-23
«Tudo é vosso; vós sois de Cristo; Cristo é de Deus»
As divisões que existiam entre os Coríntios eram devidas a uma perspectiva errada que eles tinham acerca dos pregadores do Evangelho. Uns diziam que eram de Paulo, outros de Pedro. E não é assim que as coisas devem ser encaradas. Eles não são de nenhum dos pregadores; os pregadores é que são para eles. Tudo está ao serviço deles. Deus tudo fez para nós, para que todos estejamos agora ao serviço de Cristo e do seu reino, como Cristo está ao serviço de Deus.
Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo
aos Coríntios
Irmãos: Ninguém tenha ilusões. Se alguém entre vós se julga sábio aos olhos do mundo, faça-se louco, para se tornar sábio. Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus, como está escrito: «Apanharei os sábios na sua própria astúcia». E ainda: «O Senhor sabe como são vãos os pensamentos dos sábios». Por isso, ninguém deve gloriar-se nos homens. Tudo é vosso: Paulo, Apolo e Pedro, o mundo, a vida e a morte, as coisas presentes e as futuras. Tudo é vosso; mas vós sois de Cristo, e Cristo é de Deus.
Palavra do Senhor.
PRIMEIRA LEITURA (anos pares) ICOR 3,18-23
Tudo é vosso; vós sois de Cristo; Cristo é de Deus.
Ler a Palavra
O texto está construído sobre uma antítese entre sabedoria e loucura, categorias caras ao mundo grego, que servem para dis¬tinguir o homem verdadeiro do «que nada vale». A equivalência entre os opostos parece muito clara: loucura e sabedoria humana não coincidem com loucura e sabedoria divina, pelo que o que é loucura humana e sabedoria diante de Deus (cf. w. 18-19), já que tudo o que vem de Deus continua a maravilhar o crente.
O fundamento de toda a verdadeira sabedoria é a convicção de que nada do que nos pertence pode ser idolatrado, porque nós pertencemos a Cristo, verdadeira sabedoria do Pai.
Compreender a Palavra
«Tudo é vosso!» Por duas vezes (w. 21 e 22) o Apóstolo Paulo afirma esta verdade, que parece exagerada aos ouvidos de quem se esforça por obter dos homens um pouco de glória, procurando merecê-la com a habilidade ou com a astúcias de um concorrente que quer vencer a todo o custo o desafio da vida. É trabalho vão, porquanto tudo o que é mais desejável aos nossos olhos, está já nas nossas mãos, pronto a ser vivido na medida em que a cons¬ciência o sugere.
A verdadeira sabedoria é então reconhecer que tudo aquilo que se é e se tem vem de Deus, ao qual é necessário dirigir-se com espirito de gratidão, quer por aquilo que se possui, quer por aqui¬lo que ainda não se alcançou. As outras pessoas, então, não estão ao serviço da glória pessoal de algum indivíduo mais importante, mas são destinatárias das capacidades de bem de cada um, cons¬cientes de que tudo o que se tem é dom de Deus e se deve colocar ao serviço de todos.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 23 (24), 1-2.3-4ab.5-6 (R. 1)
Refrão: Do Senhor é a terra e tudo o que nela existe. Repete-se
Do Senhor é a terra e o que nela existe,
o mundo e quantos nele habitam.
Ele a fundou sobre os mares
e a consolidou sobre as águas. Refrão
Quem poderá subir à montanha do Senhor?
Quem habitará no seu santuário?
O que tem as mãos inocentes e o coração puro,
que não invocou o seu nome em vão nem jurou falso. Refrão
Este será abençoado pelo Senhor
e recompensado por Deus, seu Salvador.
Esta é a geração dos que O procuram,
que procuram a face do Deus de Jacob. Refrão
Comentário
O salmista afirma o domínio de Deus sobre todas as coisas. O imperscrutável desígnio divino sustenta o homem, que é colocado na Criação como administrador, não podendo já julgar-se dono de tudo o que possui, porque ele próprio pertence ao Se¬nhor, cujas feições devem ser procuradas na história de cada dia.
ALELUIA Mt 4, 19
Refrão: Aleluia. Repete-se
Vinde comigo, diz o Senhor,
e farei de vós pescadores de homens. Refrão
PRIMEIRA LEITURA (anos pares) ICOR 3,18-23
Tudo é vosso; vós sois de Cristo; Cristo é de Deus.
Ler a Palavra
O texto está construído sobre uma antítese entre sabedoria e loucura, categorias caras ao mundo grego, que servem para dis¬tinguir o homem verdadeiro do «que nada vale». A equivalência entre os opostos parece muito clara: loucura e sabedoria humana não coincidem com loucura e sabedoria divina, pelo que o que é loucura humana e sabedoria diante de Deus (cf. w. 18-19), já que tudo o que vem de Deus continua a maravilhar o crente.
O fundamento de toda a verdadeira sabedoria é a convicção de que nada do que nos pertence pode ser idolatrado, porque nós pertencemos a Cristo, verdadeira sabedoria do Pai.
Compreender a Palavra
«Tudo é vosso!» Por duas vezes (w. 21 e 22) o Apóstolo Paulo afirma esta verdade, que parece exagerada aos ouvidos de quem se esforça por obter dos homens um pouco de glória, procurando merecê-la com a habilidade ou com a astúcias de um concorrente que quer vencer a todo o custo o desafio da vida. É trabalho vão, porquanto tudo o que é mais desejável aos nossos olhos, está já nas nossas mãos, pronto a ser vivido na medida em que a cons¬ciência o sugere.
A verdadeira sabedoria é então reconhecer que tudo aquilo que se é e se tem vem de Deus, ao qual é necessário dirigir-se com espirito de gratidão, quer por aquilo que se possui, quer por aqui¬lo que ainda não se alcançou. As outras pessoas, então, não estão ao serviço da glória pessoal de algum indivíduo mais importante, mas são destinatárias das capacidades de bem de cada um, cons¬cientes de que tudo o que se tem é dom de Deus e se deve colocar ao serviço de todos.
EVANGELHO Lc 5, 1-11
«Deixaram tudo e seguiram Jesus»
Jesus continua nas margens do lago junto dos pescadores. Através da experiência da sua vida de trabalho, Jesus leva-os a compreender, particularmente a Simão Pedro, que o seu futuro será outro. A cena da pesca miraculosa tem uma significação mais larga do que a simples abundância do peixe que foi apanhado na rede: Pedro, a barca, a rede, a pesca, o acto de fé de Pedro e dos colegas, o chamamento e a resposta dos futuros Apóstolos, traduzem o mistério da Igreja e o dos Apóstolos no meio da Igreja: doravante eles serão pescadores de homens. E eles compreenderam a lição: deixaram as redes e seguiram Jesus.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, estava a multidão aglomerada em volta de Jesus, para ouvir a palavra de Deus. Ele encontrava-Se na margem do lago de Genesaré e viu dois barcos estacionados no lago. Os pescadores tinham deixado os barcos e estavam a lavar as redes. Jesus subiu para um barco, que era de Simão, e pediu-lhe que se afastasse um pouco da terra. Depois sentou-Se e do barco pôs-Se a ensinar a multidão. Quando acabou de falar, disse a Simão: «Faz-te ao largo e lançai as redes para a pesca». Respondeu-Lhe Simão: «Mestre, andámos na faina toda a noite e não apanhámos nada. Mas, já que o dizes, lançarei as redes». Eles assim fizeram e apanharam tão grande quantidade de peixes que as redes começavam a romper-se. Fizeram sinal aos companheiros que estavam no outro barco para os virem ajudar; eles vieram e encheram ambos os barcos de tal modo que quase se afundavam. Ao ver o sucedido, Simão Pedro lançou-se aos pés de Jesus e disse-Lhe: «Senhor, afasta-Te de mim, que sou um homem pecador». Na verdade, o temor tinha-se apoderado dele e de todos os seus companheiros, por causa da pesca realizada. Isto mesmo sucedeu a Tiago e a João, filhos de Zebedeu, que eram companheiros de Simão. Jesus disse a Simão: «Não temas. Daqui em diante serás pescador de homens». Tendo conduzido os barcos para terra, eles deixaram tudo e seguiram Jesus.
Palavra da salvação.EVANGELHO Lc 5,1-11
Deixaram tudo e seguiram Jesus.
Ler a Palavra
O chamamento dos discípulos e parte integrante da activida¬de de Jesus pregador. A vocação é um chamamento que se com preende enquanto se escuta a Palavra do Mestre, que ensina todas as gentes. O sinal da pesca milagrosa confirma a eficácia real da sua Palavra, capaz de maravilhar a todos e de tornar os primeiros discípulos conscientes da distância que existe entre eles (pesca¬dores) e Jesus. A confiança na Palavra do Senhor transfigura a identidade do discípulo, que aprende um novo modo de viver.
Compreender a Palavra
O horizonte de referência do texto é a actividade de ensino de Jesus, cuja palavra está sob o signo da abundância, não só porque
atrai muita gente para junto de Si, mas também porque é eficaz e produz fruto como a pesca milagrosa, tanto é verdade que suscita a resposta livre e generosa de Pedro, após ter tomado consciência do seu ser pecador.
O protagonista absoluto é então a Palavra de Deus que Jesus anuncia e que se mostra capaz de mudar a vida dos homens. O pressuposto da sua eficácia, porém, não é a escuta passiva, mas a coragem de fazer o que Jesus ordena, por mais absurdo que pa¬reça. É por isso que Pedro se destaca como um dos primeiros discípulos que experimenta a força dessa Palavra, verdadeira e in-trigante. Seguir o Mestre, respeitável na sua Palavra e na Sua vida, torna-se a solução mais autêntica que se deve pôr em prática para aprender a fazer-se ao largo e para continuar a receber alimento do mar da vida divina.
DA PALAVRA PARA A VIDA
«Faz-te ao largo!» (Lc 5,4) Mais uma vez, a Palavra poderosa e eficaz do Evangelho, que acompanhou as primeiras passa¬gens do Ano Jubilar de 2000, continua a ressoar como convite urgente a medir-se com a santidade de Cristo, meta de todos os caminhos humanos.
O convite a fazer-se ao largo e a lançar as redes pode ser en¬tendido também, seguindo o texto grego do Evangelho, como um avançar para o profundo, onde a água é mais escura e há mais incerteza. Jesus lança um desafio aos pescadores da Ga- lileia a não se deterem onde os peixes se vêem, mas também a irem para onde parece não haver nada. Porque não se vê nada: lá o Senhor preparou já a Sua messe.
A dinâmica do Evangelho de hoje explicita um dado que para o crente é claro: a fadiga humana por si só é estéril, porque sendo inutilizada pelo medo não sabe ousar e procura sempre novas seguranças, com a ilusão de que tudo o que vemos e pensamos seja a totalidade e a possibilidade das coisas que existem. O esforço humano, pelo contrário, guiado e sugeri¬do pela Palavra de Cristo, é porventura mais cansativo, mas é
indubitavelmente mais satisfatório, porque onde não se pensa ousar, é aí que se encontra a abundância dos frutos desejados.
O homem não é feito para estar e agir sozinho, mas foi criado para a relação com Deus e nela é que encontra sustento, fe¬cundidade e alegria.
A reacção de Pedro, depois, não é menos importante, visto que o Apóstolo não se detém a considerar o fruto tão abun¬dante, mas tem a coragem de ir à origem do milagre, reco¬nhecendo em Jesus a nascente e a fonte do bem Na Palavra e na Pessoa de Jesus reside um poder único, cujos frutos são evidentes para quem aceita o desafio de crer n’Ele e de fazer o que Ele diz. O reconhecimento do próprio pecado e da pró¬pria indignidade não impede que se trabalhe segundo o con¬vite do Mestre, antes permite não confiar excessivamente nas próprias forças e saber que todas as forças de vida vêm d’Ele.
A sequela de Jesus nasce do assombro pela Sua coragem e pela Sua confiança na vida, e os frutos que os discípulos podem conseguir dependem unicamente da experiência e do conhe¬cimento que terão feito do seu Mestre {cf. Cl 1,9, primeira leitura, anos pares).
Oração
Deus de infinita grandeza,
que confiais aos nossos lábios impuros
e às nossas frágeis mãos
a tarefa de levar aos homens o anúncio do Evangelho,
amparai-nos com o vosso Espírito,
para que a vossa Palavra,
acolhida por corações abertos e generosos,
frutifique em todos os cantos da terra.Bento XVI
Excertos extraídos de alocuções em 28.5.2008 e 4.6.2008 Publicado em 03.09.2015
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Memória de São Gregório Magno, papa e doutor da Igreja. Depois de ter entrado na vida monástica, exerceu a missão de legado pontifício a Constantinopla e foi eleito neste dia para a Sede Romana; exerceu a missão de conciliador em assuntos temporais e atendeu como servo dos servos às suas funções sagradas. Procedeu como bom pastor no governo da Igreja, no cuidado dos pobres, na promoção da vida monástica e especialmente na consolidação e propagação da fé em toda a parte; escreveu muitas obras excelentes sobre teologia moral e teologia pastoral. Morreu no dia doze de Março.
O Papa São Gregório, que foi Bispo de Roma entre 590 e 604, e que mereceu da tradição o título de Magnus/Grande, foi um dos maiores Padres da história da Igreja, um dos quatro Doutores do Ocidente.
Gregório foi verdadeiramente um grande Papa e um grande Doutor da Igreja! Nasceu em Roma, por volta de 540, de uma rica família patrícia da gens Anicia, que se distinguia não só pela nobreza de sangue, mas também pela dedicação à fé cristã e pelos serviços prestados à Sé Apostólica. Desta família nasceram dois Papas: Félix III (483-492), trisavô de Gregório, e Agapito (535-536).
A casa na qual Gregório cresceu estava situada no Clivus Scauri, circundada por solenes edifícios que testemunhavam a grandeza da Roma antiga e a força espiritual do cristianismo. Os exemplos dos pais Gordiano e Sílvia, ambos venerados como santos, e os das duas tias paternas, Emiliana e Tarsília, que viveram na própria casa como virgens consagradas num caminho partilhado de oração e de ascese, inspiraram-lhe altos sentimentos cristãos.
Gregório entrou cedo na carreira administrativa, que também o pai tinha seguido, e em 572 alcançou o seu ápice, tornando-se prefeito da cidade. Esta função, complicada pela tristeza dos tempos, consentiu-lhe dedicar-se num amplo raio a todos os géneros de problemas administrativos, haurindo luzes para as futuras tarefas.
Em particular, permaneceu-lhe um profundo sentido da ordem e da disciplina: tornando-se Papa, sugerirá aos Bispos que tomarem como modelo na gestão dos assuntos eclesiásticos a diligência e o respeito pelas leis próprias dos funcionários civis.
Contudo, esta vida talvez não o satisfizesse porque, não muito tempo depois, deixou todo o cargo civil, para se retirar na sua casa e iniciar a vida de monge, transformando a casa de família no mosteiro de Santo André “al Celio”.
Deste período de vida monástica, vida de diálogo permanente com o Senhor na escuta da sua palavra, permanecer-lhe-á uma profunda saudade que se vê sempre de novo e cada vez mais nas suas homilias: entre as obsessões das preocupações pastorais, recordá-lo-á várias vezes nos escritos como um tempo feliz de recolhimento em Deus, de dedicação à oração, de serena imersão no estudo. Assim pôde adquirir aquele conhecimento profundo da Sagrada Escritura e dos Padres da Igreja do qual se serviu depois nas suas obras.
Mas o retiro claustral de Gregório não durou muito tempo. A preciosa experiência maturada na administração civil num período caracterizado por graves problemas, as relações mantidas nesse cargo com os bizantinos, a estima universal que tinha adquirido, levaram o Papa Pelágio a nomeá-lo diácono e a enviá-lo a Constantinopla como seu “apocrisário” – hoje dir-se-ia “Núncio Apostólico” – para favorecer a superação dos últimos vestígios da controvérsia monofisita e, sobretudo, para obter o apoio do imperador no esforço de conter a pressão longobarda.
A permanência em Constantinopla, onde um grupo de monges tinha retomado a vida monástica, foi importantíssima para Gregório, porque lhe deu a ocasião de adquirir experiência direta com o mundo bizantino, assim como de entrar em contacto com o problema dos Longobardos, que depois teria posto à dura prova a sua habilidade e a sua energia nos anos do Pontificado.
Depois de alguns anos foi chamado de novo para Roma pelo Papa, que o nomeou seu secretário. Eram anos difíceis: as chuvas contínuas, o transbordar dos rios, a carestia afligiam muitas zonas da Itália e também Roma. No final desencadeou-se também a peste, que fez numerosas vítimas, entre as quais também o Papa Pelágio II.
O clero, o povo e o senado foram unânimes em escolher como seu sucessor na Sé de Pedro precisamente a ele, Gregório. Ele procurou opor resistência, tentando até a fuga, mas sem êxito: no final teve que ceder. Era o ano 590.
Reconhecendo em quanto tinha acontecido a vontade de Deus, o novo Pontífice pôs-se imediatamente com alento à obra. Desde o início revelou uma visão singularmente lúcida da realidade com a qual se devia medir, uma extraordinária capacidade de trabalho ao enfrentar os assuntos quer eclesiásticos quer civis, um constante equilíbrio nas decisões, até corajosas, que o cargo lhe impunha.
Conserva-se do seu governo uma ampla documentação graças ao Registo das suas cartas (cerca de 800), nas quais se reflete o confronto quotidiano com as interrogações complexas que afluíam à sua mesa. Eram questões que lhe chegavam dos Bispos, dos Abades, dos clérigos, e também das autoridades civis de qualquer ordem e grau.
Entre os problemas que afligiam naquele tempo a Itália e Roma encontrava-se um de particular realce em âmbito tanto civil como eclesial: a questão longobarda. A ela o Papa dedicou todas as energias possíveis em vista de uma solução verdadeiramente pacificadora.
Ao contrário do Imperador bizantino, que partia do pressuposto de que os Longobardos fossem apenas indivíduos grosseiros e saqueadores, a serem derrotados ou exterminados, São Gregório via este povo com os olhos de um bom pastor, preocupado em lhes anunciar a palavra da salvação, estabelecendo com eles relações de fraternidade em vista de uma paz futura fundada no respeito recíproco e na serena convivência entre italianos, imperiais e longobardos.
Preocupou-se com a conversão dos jovens povos e da nova organização civil da Europa: os Visigodos da Espanha, os Francos, os Saxões, os imigrados na Bretanha e os Longobardos, foram os destinatários privilegiados da sua missão evangelizadora. (…)
Para obter uma paz efetiva em Roma e na Itália, o Papa comprometeu-se profundamente era um verdadeiro pacificador, empreendendo uma cerrada negociação com o rei longobardo Agilulfo. Tal negociação levou a um período de trégua que durou cerca de três anos (598-601), depois dos quais foi possível estabelecer em 603 um armistício mais estável.
Este resultado positivo foi obtido também graças aos contactos paralelos que, entretanto, o Papa mantinha com a rainha Teodolinda, que era uma princesa bávara e, ao contrário dos chefes dos outros povos germânicos, era católica, profundamente católica. (…)
No fundo, os objetivos nos quais Gregório apostou constantemente foram três: conter a expansão dos Longobardos na Itália; subtrair a rainha Teodolinda à influência dos cismáticos e fortalecer a fé católica; mediar entre Longobardos e Bizantinos em vista de um acordo que garantisse a paz na península e ao mesmo tempo consentisse desempenhar uma ação evangelizadora entre os próprios Longobardos. Portanto, foi dúplice a sua constante orientação na complexa vicissitude: promover entendimentos a nível diplomático-político, difundir o anúncio da verdadeira fé entre as populações.
Ao lado da ação meramente espiritual e pastoral, o Papa Gregório tornou-se protagonista ativo também de uma multiforme atividade social. Com os rendimentos do conspícuo património que a Sé romana possuía na Itália, especialmente na Sicília, comprou e distribuiu trigo, socorreu quem estava em necessidade, ajudou sacerdotes, monges e monjas que viviam na indigência, pagou resgates de cidadãos que caíram prisioneiros dos Longobardos, comprou armistícios e tréguas.
Além disso, desempenhou quer em Roma quer noutras partes da Itália uma atenta obra de reorganização administrativa, dando instruções claras para que os bens da Igreja, úteis para a sua subsistência e a sua obra evangelizadora no mundo, fossem geridos com absoluta retidão e segundo as regras da justiça e da misericórdia. Exigia que os colonos fossem protegidos das prevaricações dos concessionários das terras de propriedade da Igreja e, em caso de fraude, fossem imediatamente indemnizados, para que o rosto da Esposa de Cristo não fosse maculado com lucros desonestos.
Gregório desempenhou esta intensa atividade apesar da saúde frágil, que o obrigava com frequência a permanecer de cama por longos dias. Os jejuns praticados durante os anos da vida monástica tinham-lhe causado sérias complicações no aparelho digestivo. Além disso, a sua voz era muito débil e assim, com frequência, era obrigado a confiar ao diácono a leitura das suas homilias, para que os fiéis presentes nas basílicas romanas pudessem ouvi-lo.
Contudo, fazia o possível para celebrar nos dias de festa a Missarum sollemnia, isto é, a Missa solene, e então encontrava-se pessoalmente como povo de Deus, que lhe estava muito afeiçoado, porque via nele a referência autorizada da qual haurir segurança: não por acaso lhe foi depressa atribuído o título de consul Dei.
Apesar das condições dificílimas nas quais teve que desempenhar a sua obra, conseguiu conquistar, graças à santidade da vida e à rica humanidade, a confiança dos fiéis, obtendo para o seu tempo e para o futuro resultados verdadeiramente grandiosos.
Era um homem imerso em Deus: o desejo de Deus estava sempre vivo no fundo da sua alma e precisamente por isso ele vivia sempre muito próximo das pessoas, das necessidades do povo do seu tempo.
Numa época desastrosa, aliás desesperada, soube criar paz e dar esperança. Este homem de Deus mostra-nos onde estão as verdadeiras nascentes da paz, de onde vem a verdadeira esperança e torna-se assim um guia também para nós, hoje.
Não obstante os múltiplos compromissos ligados à sua função de Bispo de Roma, ele deixou-nos numerosas obras, nas quais nos séculos sucessivos a Igreja se inspirou abundantemente. Além do conspícuo epistolário o Registo, (…) com mais de 800 missiva, ele deixou-nos antes de tudo escritos de caráter exegético, entre os quais se distinguem o Comentário moral de Job conhecido sob o título latino de Moralia in Iob, as Homilias sobre Ezequiel e as Homilias sobre os Evangelhos. Depois há uma importante obra de cariz hagiográfico, os Diálogos, escrita por Gregório para a edificação da rainha longobarda Teodolinda.
Sem dúvida, a obra principal e mais conhecida é a Regra pastoral, que o Papa redigiu no início do Pontificado, com finalidades claramente programáticas. (…)
Ele foi um leitor apaixonado da Bíblia, da qual se aproximou com compreensões não simplesmente especulativas: na sua opinião, da Sagrada Escritura o cristão deve tirar não tanto conhecimentos teóricos, como sobretudo o alimento quotidiano para a sua alma, para a sua vida de homem neste mundo.
Por exemplo, nas Homilias sobre Ezequiel ele insiste fortemente acerca desta função do texto sagrado: aproximar-se da Escritura simplesmente para satisfazer o próprio desejo de conhecimento significa ceder à tentação do orgulho e, assim, expor-se ao risco de cair na heresia.
A humildade intelectual é a regra primária para quem procura penetrar as realidades sobrenaturais, começando pelo do Livro sagrado. Obviamente, a humildade não exclui o estudo sério; mas para fazer com que ele seja espiritualmente profícuo, permitindo entrar de modo real na profundidade do texto, a humildade permanece indispensável. Somente com esta atitude interior é possível ouvir real e finalmente a voz de Deus.
Por outro lado, quando se trata da Palavra de Deus, compreender nada significa, se a compreensão não levar à ação. Nestas Homilias sobre Ezequiel encontra-se também a bonita expressão segundo a qual “o pregador deve banhar a sua pena no sangue do seu coração; assim, poderá chegar também ao ouvido do próximo”. Lendo estas homilias, vê-se que Gregório realmente escreveu com o sangue do seu coração e, por isso, ainda hoje nos fala.
Gregório desenvolve este discurso inclusive no Comentário moral de Job. Seguindo a tradição patrística, ele examina o texto sagrado nas três dimensões do seu sentido: literal, alegórica e moral, que são dimensões do único sentido da Sagrada Escritura. Todavia, Gregório atribui uma clara prioridade ao sentido moral.
Nesta perspetiva, ele propõe o seu pensamento através de alguns binómios significativos saber-fazer, falar-viver, conhecer-agir, em que evoca os dois aspetos da vida humana, que deveriam ser complementares, mas que muitas vezes terminam por ser antitéticos.
Ele comenta que o ideal moral consiste sempre em realizar uma harmoniosa integração entre palavra e ação, pensamento e compromisso, oração e dedicação aos deveres do próprio estado: este é o caminho para realizar aquela síntese, graças à qual o divino desce ao homem e o homem se eleva até à identificação com Deus. O grande Papa traça assim, para o verdadeiro fiel, um projeto de vida completo; por isso, este Comentário moral de Job constituirá, durante a idade média, uma espécie de Suma da moral cristã. (…)
No seu coração, Gregório permaneceu um simples monge e por isso era decididamente contrário aos grandes títulos. Ele queria ser, como costumava escrever sob a sua assinatura, servus servorum Dei. Esta palavra por ele cunhada não era uma fórmula piedosa, mas a verdadeira manifestação do seu modo de viver e de agir.
Sensibilizava-o intimamente a humildade de Deus, que em Cristo se fez nosso servo, nos lavou e lava os pés sujos. Portanto, ele estava persuadido de que, sobretudo um Bispo, deveria imitar esta humildade de Deus e assim seguir Cristo.
Verdadeiramente, o seu desejo era de viver como monge, em diálogo permanente com a Palavra de Deus, mas por amor de Deus soube fazer-se servo de todos numa época repleta de tribulações e de sofrimentos, soube fazer-se “servo dos servos”. Precisamente porque foi assim, ele é grande e mostra-nos também a nós a medida da verdadeira grandeza.
PRIMEIRA LEITURA (anos pares) ICOR 3,18-23
2 de Setembro
QUARTA-FEIRA
PRIMEIRA LEITURA (anos pares) ICOR 3,1-9
Nós somos colaboradores de Deus;vós sois o campo de Deus; vós sois o edifício de Deus.
Ler a Palavra
Paulo, embora começando pelos dons espirituais presentes em Corinto, declara a completa ignorância destes dons por parte dos Coríntios, devido às divisões presentes na comunidade. A origem das divisões é o protagonismo de alguns membros os quais, por dotes particulares, pretendem ter alguns direitos sobre a vida dos fiéis. Mas o ministro de Deus é só um instrumento nas mãos do Senhor, e contribui para o crescimento da Sua obra. Ao ministro, embora julgando-se servo inútil, é confiada a tarefa de colaborar com o Senhor.
Primeira Leitura (1Cor 3,1-9)
Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios.
1Irmãos, não pude falar-vos como a pessoas espirituais. Tive de vos falar como a pessoas carnais, como a crianças na vida em Cristo. 2Pude oferecer-vos somente leite, não alimento sólido, pois ainda não éreis capazes de tomá-lo. E nem atualmente sois capazes de receber alimento sólido, 3visto que ainda sois carnais. As rivalidades e rixas que existem aí, no meio de vós, acaso não mostram que sois carnais e que procedeis de acordo com os impulsos naturais?
4Quando um declara: “Eu sou de Paulo”, e outro: “Eu sou de Apolo”, não estais procedendo como pessoas simplesmente naturais? 5Pois, que é Apolo? Que é Paulo? Não passam de servidores, pelos quais chegastes à fé. E cada um deles exerce seu serviço segundo o dom recebido de Deus. 6Eu plantei, Apolo regou, mas Deus é que fazia crescer. 7De modo que nem o que planta, nem o que rega são, propriamente, importantes. Quem é importante é aquele que faz crescer: Deus.
8Aquele que planta e aquele que rega formam uma unidade, mas cada um receberá o seu próprio salário, proporcional ao seu trabalho. 9Com efeito, nós somos cooperadores de Deus, e vós sois lavoura de Deus, construção de Deus.
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
Compreender a Palavra
A distinção entre «pessoas naturais» e «pessoas espirituais» (v. 1) criou diversas incompreensões na História da Igreja, julgando-se ideal dividir os fiéis em classes, conforme o grau de compreensão da própria fé. Mas a intenção do Apóstolo Paulo não era criar mais divisões no interior da Igreja, já que declara que todos os Coríntios são «homens naturais», precisamente por¬que procuravam separar-se uns dos outros distinguindo-se por privilégios ou pertenças especiais.
É «espiritual» quem possui o mesmo espírito de Cristo, que Se fez servo de todos, para que cada qual, desempenhando o seu tra¬balho, possa estar ao serviço do bem comum. Por isso as tarefas pessoais e os carismas individuais devem colocar-se ao serviço da comunhão, para que a comunidade cristã se torne pólo de atrac¬ção para todas as pessoas. Quem é ministro na Igreja para um de¬terminado cargo que lhe foi confiado, sabe que não pode almejar mais do que ser colaborador de Deus e da alegria dos irmãos.
SALMO RESPONSORLAL SL 32,12-15.20-21
O Salmo 32 descreve a actuação de Deus como um acto de co¬nhecimento de tudo o que o homem faz. Actua verdadeiramen¬te quem conhece as coisas pelo que elas são, e portanto só Deus pode dizer-Se verdadeiro construtor da História, desautorizando todos os que, como no caso dos Coríntios, pretendem orientar os acontecimentos sem os conhecer em profundidade.
Salmo Responsorial (Sl 32)
— Feliz o povo que o Senhor escolheu por sua herança!
— Feliz o povo que o Senhor escolheu por sua herança!
— Feliz o povo cujo Deus é o Senhor, e a nação que escolheu por sua herança! Dos altos céus o Senhor olha e observa; ele se inclina para olhar todos os homens.
— Ele contempla do lugar onde reside e vê a todos os que habitam sobre a terra. Ele formou o coração de cada um e por todos os seus atos se interessa.
— No Senhor nós esperamos confiantes, porque ele é nosso auxílio e proteção! Por isso o nosso coração se alegra nele, seu santo nome é nossa única esperança.
EVANGELHO Lc 4,38-44
Tenho de ir também às outras cidades anunciar a boa nova do reino de Deus.
Ler a Palavra
Jesus apresenta-Se como pregador e curador do homem, das muitas doenças que o afligem. A actividade taumaturgica traz para o Mestre fama e atrai para Ele grandes multidões, tanto mais que os demónios que Ele expulsa continuam a reconhecê-1’0 não só como o Santo, mas também como o «Filho de Deus» (v. 41), o título mais elevado da identidade de Cristo. Mas não é o sucesso de curador que consola Jesus, o qual, pelo contrário, acha priori¬tário anunciar o Reino com a Palavra e a vida.
Evangelho (Lc 4,38-44)
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 38Jesus saiu da sinagoga e entrou na casa de Simão. A sogra de Simão estava sofrendo com febre alta, e pediram a Jesus em favor dela. 39Inclinando-se sobre ela, Jesus ameaçou a febre, e a febre a deixou. Imediatamente, ela se levantou e começou a servi-los.
40Ao pôr-do-sol, todos os que tinham doentes atingidos por diversos males, os levaram a Jesus. Jesus punha as mãos em cada um deles e os curava. 41De muitas pessoas também saíam demônios, gritando: “Tu és o Filho de Deus”. Jesus os ameaçava, e não os deixava falar, porque sabiam que ele era o Messias.
42Ao raiar do dia, Jesus saiu e foi para um lugar deserto. As multidões o procuravam e, indo até ele, tentavam impedi-lo de as deixar. 43Mas Jesus disse: “Eu devo anunciar a Boa Nova do Reino de Deus também a outras cidades, porque para isso é que eu fui enviado”. 44E pregava nas sinagogas da Judeia.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Evangelho (Lc 4,38-44)
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 38Jesus saiu da sinagoga e entrou na casa de Simão. A sogra de Simão estava sofrendo com febre alta, e pediram a Jesus em favor dela. 39Inclinando-se sobre ela, Jesus ameaçou a febre, e a febre a deixou. Imediatamente, ela se levantou e começou a servi-los.
40Ao pôr-do-sol, todos os que tinham doentes atingidos por diversos males, os levaram a Jesus. Jesus punha as mãos em cada um deles e os curava. 41De muitas pessoas também saíam demônios, gritando: “Tu és o Filho de Deus”. Jesus os ameaçava, e não os deixava falar, porque sabiam que ele era o Messias.
42Ao raiar do dia, Jesus saiu e foi para um lugar deserto. As multidões o procuravam e, indo até ele, tentavam impedi-lo de as deixar. 43Mas Jesus disse: “Eu devo anunciar a Boa Nova do Reino de Deus também a outras cidades, porque para isso é que eu fui enviado”. 44E pregava nas sinagogas da Judeia.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Compreender a Palavra
O evangelista Lucas narra um episódio particular acerca da sogra de Simão (w. 38-39), para depois alargar o horizonte da actividade curadora de Jesus a todos os enfermos (v. 40).
Jesus é apresentado como o único e verdadeiro médico, que consegue curar doenças e libertar o homem daquilo que o cor¬rompe e ameaça. Os efeitos da Sua acção são pelo menos dois: habilita a pessoa curada para o serviço (como aconteceu com a sogra de Simâo) e recondu-la na condição de liberdade de deci¬dir por si mesma, sem ter de sofrer o condicionamento de forças obscuras.
Cura e liberdade atraem muitos para o Mestre, mas quando Ele repara que querem retê-1’0, não O deixando livre de conti¬nuar a Sua missão, retira Se. Jesus sente a urgência do anúncio do Reino de Deus, cujos efeitos devem ser, antes de mais, a con versão para uma ordem divina da vida So a partir desta ordem se pode beneficiar da saúde e da liberdade.
DA PALAVRA PARA A VIDA
A actividade curadora testemunhada unanimemente pelos quatro evangelhos acompanha o ensino autoritário e cheio de humanidade do Senhor. Curar os doentes e expulsar os espí¬ritos, que violentam o homem, é fatigante e exige do Mestre um tempo de repouso Curar e retirar-se são dois temas que têm grande importância para nós ainda hoje.
Cura-se somente quem sabe que está doente e por isso se diri¬ge ao médico ou toma remédios. A condição humana perante a plenitude de vida, que é o mistério de Deus, é sempre ca duca e débil, necessitada de ser socorrida, para que o óleo da alegria e da esperança possa restituir vigor à criatura amada por Deus. Saber que se está doente, é a condição necessária para que alguém procure o médico e se deixe tratar Jesus não faz milagres onde falta este reconhecimento de base e onde não há a humildade suficiente para aceitar ser curado.
A procura recorrente da multidão, porém, não distrai o Mestre de recuperar o motivo autêntico da Sua actividade taumatúr gica. A Sua necessidade de Se isolar corresponde ao dever de repousar, mas o vigor recuperado dá a entender que o Senhor reencontrou, na oração silenciosa com o Pai, o motivo autên¬tico de toda a Sua actividade: o anúncio do Reino de Deus. Esta breve anotação do evangelista Lucas sobre o «retirar-se» de Jesus tem uma importância capital para todo o discípulo enviado por Cristo a continuar a Sua obra de evangelizador.
Há uma ordem teologal que devemos seguir continuamente, para que o cansaço das obras não faça abrandar e o sucesso das empresas não faça perder de vista o horizonte autêntico que dá valor às coisas, que é o Reino de Deus. Porventura, este é um modo verdadeiro para traduzir a fidelidade: não só cumprir o próprio dever, mas procurar manter vivo o motivo pelo qual se fazem as coisas.
É nesta linha que deve ler-se também o louvor do autor sa¬grado a Epafras em Cl 1,7 (primeira leitura, anos ímpares), chamando-lhe «fiel ministro de Cristo». A fidelidade de Epa¬fras é a garantia do seu ministério.
A fidelidade dos nossos contactos com o Senhor seja o tes¬temunho da nossa necessidade de estarmos continuamente curados e assistidos por Ele, o médico verdadeiro.
Oraçao
Senhor, na vossa vida mortal passastes fazendo o bem e curando a todos os que estavam prisioneiros do mal.
Vinde ainda hoje, como bom samaritano,
para junto de cada homem ferido na alma e no espírito
e derramai sobre as suas chagas
o óleo da consolação e o vinho da esperança.
O1 de Setembro 2020
Em construção
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A felicidade mora num lugar precioso dentro de nós, competindo-nos saber onde está a chave que abre essa porta, para aí entrar e ficar, nem que seja por uns instantes.
A felicidade não é assim tão fácil de reduzir ao seu significado. Cada pessoa sabe o que a faz sentir-se feliz de acordo com as suas próprias fontes de satisfação. É um sentimento de plenitude e sensação de equilíbrio total, sendo a alegria o ingrediente principal que anima esse afeto de vivacidade.
É o desejo mais aspirado por todos, fazendo parte de todos os pedidos íntimos; no sopro das velas do bolo de aniversário, na entrada do novo ano, nas mudanças de etapa de vida, todos esperam alcançar esse estado. Ao mesmo tempo, há uma consciência coletiva de que é difícil mantermo-nos permanentemente felizes, devido às coisas mais pesarosas da vida que atrapalham e pregam rasteiras.
Aristóteles reconheceu como elementos básicos da felicidade, a boa saúde, a liberdade e uma boa situação económica. Algo tão atual nos discursos generalistas sobre o que ajuda a ser feliz: ter saúde, amor, um bom trabalho e dinheiro. Passados séculos e séculos, as principais aspirações não mudaram.
Bertrand Russel, no seu livro A Conquista da Felicidade, concluiu que para atingir a felicidade é necessário alimentar uma multiplicidade de interesses e de relações com os outros Homens. Para manter o gosto de viver, deve eliminar-se uma posição egocêntrica e ultrapassar o perigo/infelicidade que o cansaço gera. Ou seja, a pessoa que é capaz de descentrar-se e olhar para os outros, sendo altruísta e fazendo os outros felizes, ganha com o reflexo da felicidade que causa à sua volta.
Freud elucidou-nos que todos os Homens procuram a felicidade através da regência do Princípio do Prazer, mas explica-nos igualmente que, como não é possível viver apenas segundo o Princípio do Prazer porque existe outro Princípio, que é o Princípio da Realidade, o máximo a que conseguimos aceder é a um estado de felicidade parcial. No balanço entre prazer e realidade, vivemos mais ou menos felizes quanto melhor conseguirmos encaixar e equilibrar os dois princípios no nosso modo de vida. Devemos aceitar o imperativo da realidade e usufruir dos nossos sonhos tornados realidade, das conquistas conseguidas, da capacidade de sonharmos acordados.
Se a felicidade é, sobretudo, um estado mental que se traduz na serenidade sentida na psique e num estado de relaxamento sentido no corpo, todos os sinais de ansiedade que nos podem assaltar devem ser identificados para serem suspensos. Quando invadidos por tais ânsias, podemos tentar pausar o nosso pensamento, adotar uma atitude compreensiva sobre o que nos está a deixar ansiosos, de modo a não perder o pé e continuarmos a nadar sobre as várias marés da vida. Afinal, inevitavelmente, temos de nos defrontar com momentos infelizes e temos de ser capazes de não nos afundarmos na amargura. Ultrapassar esses momentos contribui para o sentimento de feliz alívio. Suplantar as adversidades permite reencontrar a segurança e manter a noção que tudo se compõe. Na maioria das vezes, mesmo vivendo situações muito difíceis, os aspetos da nossa vida que alimentam a sensação de bem-estar geral não são afetados. A frase feita que diz que “a vida continua” é senão esse conforto e embalo para continuarmos a andar para a frente.
É importante termos a noção que a prevalência de mais ou menos estados de felicidade depende da nossa interpretação do mundo, de como pensamos e sentimos, de como nos colocamos nas nossas relações e da nossa vivência interior. Aproveitarmos a nossa vitalidade, irmos auscultando como mantemos o que gostamos, apreciarmos os nossos e o que é nosso, rirmos com genuína vontade e alegria, reconhecermo-nos no caminho que escolhemos seguir ao longo da vida, deixarmo-nos surpreender pelo que o mundo nos traz de novo e sentirmos a calma são ingredientes para conservar os pedaços de felicidade. Há que guardar bem os momentos doces, que ajudam a combater aqueles ocasionais amargos. Sabemos bem que não é possível termos todas as esferas da nossa vida irradiadas pela luz cor-de-rosa. Aliás, nem nós aguentaríamos estar sempre a suspirar de êxtase. Há que intercalar tranquilidade e estados de paz. Aceitar as intempéries. Ora bem, a felicidade mora num lugar precioso dentro de nós, competindo-nos saber onde está a chave que abre essa porta, para aí entrar e ficar, nem que seja por uns instantes.
hora | 10/ago | 11/ago | 12/ago/ | 13/ago | 14/ago | 15/ago | 16/ago | 17/ago |
Hora | Segunda | Terça | Quarta | Quinta | Sexta | Sabado | Domingo | Segunda |
06:30 | 279 | 216 | 139 | |||||
07:00 | ||||||||
07:30 | 205 | 60 | 190 | |||||
08:34 | 228 | 84 | 60 | |||||
09:00:00 | 290 | 230 | ||||||
00:00:00 | 256 | 114 | ||||||
11:30:00 | 169 | 221 | ||||||
12:32:00 | 254 | |||||||
13:00:00 | 249 | 154 | 210 | 210 | 99 | 111 | ||
14:00:00 | 206 | 88 | ||||||
14:20:00 | 210 | |||||||
17:00:00 | 94 | 169 | ||||||
16:28:00 | 106 | 60 | 180 | |||||
17:03:00 | 174 | 254 | ||||||
19:25:00 | 146 | |||||||
17:42:00 | 111 | |||||||
18:37:00 | 243 | |||||||
19:25:00 | 255 | 168 | 230 | 103 | 253 | 134 | 314 | |
21:09:00 | 92 | |||||||
22:00:00 | 100 | 202 | 133 | 48 | ||||
23:00:00 | 142 | 224 |
XXII DOMINGO DO TEMPO COMUM Ano A
PRIMEIRA LEITURA JR 20,7 9
A Palavra do Senhor tornou-se para mim ocasião de insultos.
Ler a Palavra
Os capítulos 11-20 do Livro de Jeremias contêm as «cinco confissões» (cf. 11,18 12,6; 15,10,21; 17,14-18; 18,18 23; 20,7-18): precisamente desta última é que foi extraído o texto que a liturgia hoje nos propõe. A narração é a continuação dos acontecimentos da saída do cárcere do profeta, preso devido a um oráculo ende¬reçado contra o reino de Judá (cf. JR 19,14-20,6).
Compreender a Palavra
Oferecer a vida como sacrifício espiritual (cf. segunda leitu¬ra) é o que Deus deseja de cada um de nós. Jeremias está cho¬cado com a experiência da prisão, quereria fugir à missão que Deus lhe confiara, mas não consegue. No texto, aparentemen¬te semelhante a uma oração, sobressai a sequência «sedução- -dominação-violência» (w. 7-8), com a qual Deus atrai a Si o profeta, tornando-o capaz de pregar aquilo que ele não desejaria e suportar o escárnio dos adversários. O Senhor é mais forte do que ele e do que a sua rebelião (cf. JR 20,14-18), por isso Jeremias deverá obedecer-Lhe.
O profeta, provado até ao extremo, mas definitivamente ven¬cido por Deus, é símbolo de todo o cristão chamado a reconhecer em si mesmo o sinal da vocação ao amor e ao testemunho. Quem
XXII DOMINGO 1)0 TEMPO COMUM I 229
se deixa seduzir pelo Senhor, porque descobre que é objecto do Seu amor, encontra em si mesmo a força e não se furta à ofer¬ta contínua de todas as provas que lhe vêm do seu testemunho. Olhemos para Jeremias, mas sobretudo para Cristo que cumpre a figura d’Ele: Ele é o verdadeiro servo, que sofre e oferece a vida em sacrifício. A Sua obediência nos conforte e coloque entusias¬mo no nosso testemunho.
SALMO RESPONSORIAL SL 62,2-6.8-9
Expressão de um orante ou de uma comunidade, o salmo can¬ta como não devemos desencorajar perante a aridez espiritual se confiarmos no Senhor, implorando-O incessantemente e conce-dendo espaços à oração. Então faremos a experiência do poder divino e vivê-lo-emos como uma «força» que nos «ampara» (v. 9).
SEGUNDA LEITURA RM 12,1-2
Oferecei-vos como vítima viva.
Ler a Palavra
Tendo em vista um verdadeiro «culto espiritual» (v. 1) que se há-de viver como força a opor ao espírito do «mundo», Paulo aconselha uma renovação total do pensamento (cf. RM 12,2-16) e da acção (12,17). O motivo por que exorta os cristãos a um novo modo de relação com o Senhor deve certamente ser visto na von¬tade de ultrapassar práticas religiosas somente exteriores, como as do Judaísmo que se viam no seu tempo.
Compreender a Palavra
O Apóstolo coloca no centro da questão a qualidade de uma relação com Deus que se esforce por «discernir» e cumprir a «Sua vontade» (v. 2), uma atitude de procura que deve permanecer du¬rante toda a vida. Esta é a atitude que ele define por «culto espi¬ritual» (v. 1), ou seja, não ligado a lugares ou a regras, mas sim unicamente preocupado com a autêntica adoração de Deus.
Não é uma novidade admitir que a prática do culto exterior não corresponde sempre à bondade da nossa vida concreta, já que esta é qualitativamente inferior aos recursos que recebe da celebração dos mistérios de Cristo. Com muito maior razão de-vemos sentir como urgente a exortação de Paulo, para que faça¬mos da nossa vida o espelho daquilo que celebramos. Trata-se de viver radicalmente os recursos do Baptismo, da Confirmação e da Eucaristia, empenhando-nos numa caminhada constante de conversão que nos leve a uma conformidade gradual a Cristo.
Entreguemos a nossa vida ao Senhor, para que, iluminada por Ele, saiba crescer e cumprir constantemente a Sua vontade
EVANGELHO MT 16,21-27
Se alguém quiser seguir-Me, renuncie a si mesmo.
Ler a Palavra
É particularmente intensa a afirmação segundo a qual Jesus «tinha» de sofrer a Sua Páscoa (v. 21). A recusa de Pedro exprime bem a dificuldade em admitir a perspectiva salvífica de Cristo, marcada pela Sua morte (w. 22-23). Os versículos 24-27 demons¬tram maior abertura eclesial, porquanto mediante a imagem «to¬mar a sua cruz e seguir» Jesus, o destino dos discípulos fica estrei¬tamente ligado ao do seu Senhor.
Compreender a Palavra
A confissão de Pedro (cf. Mt 16,16, Evangelho do domingo passado) confere uma tonalidade nova ao ministério de Jesus: a partir daquele momento torna-se evidente a decisão de che¬gar a Jerusalém e o ensinamento explícito acerca da necessidade da Cruz, que jamais deixará de escandalizar e ser declarada ex¬pressão de loucura, desafia os discípulos de todos os tempos a amadurecerem uma fé profunda e vital no Senhor morto e ressuscitado. Quem não a acolhe torna-se para Jesus um «obstá-culo» – scandalum, na língua grega, isto é, «pedra de escândalo» (v. 23) – impedindo-O de continuar a Sua caminhada, que tem como objectivo conseguir a salvação para toda a Humanidade.
Somos mais uma vez apanhados de surpresa por Jesus nesta perturbadora página evangélica. Não se trata de rejeitar Cristo por causa do sofrimento e da prova; trata-se antes de levar ambos aos pés do crucifixo, para que eles nos restituam mais vigorosa¬mente a Cristo. Tentar escapar a esta perspectiva significa perder as feições originais da nossa identidade cristã.
DA PALAVRA PARA A VIDA-
Como nos sentimos mal quando sofremosl Não conhecemos os porquês, faltam-nos as forças, a própria fé vacila. Onde podemos ir buscar a razão de tudo isto? De que modo pode¬mos agir para que a Palavra de Deus actue em nós, a qual nos diz que não há sequela autêntica se não houver aceitação da Cruz? (MT 16,24)
Segundo afirma o testemunho de Jeremias (primeira leitura), parece que um dos motivos devemos procurá-lo numa cons¬ciência não muito convicta de sermos amados por Deus: «Tu me seduziste, Senhor, e eu deixei-me seduzir.» (Jr 20,7) Seduz somente quem ama, e somente o amado se deixa seduzir. De igual modo é apenas na experiência vital do amor de Deus que amadurece a coragem de poder partilhar perspectivas tão duras, como as da livre aceitação da prova ou de suportar com fé o sofrimento e a dor. Isto significa estarmos apaixonados por Cristo, no verdadeiro sentido da palavra: isto é, no signi¬ficado etimológico de poder «sofrer», de poder passar através do Gólgota, oferecendo a nossa vida ao Pai, juntamente com Cristo e na forma de oração mais verdadeira que se possa pensar.
Que devemos fazer então para crescermos na consciência de que somos amados? Certamente olhando para Cristo, o qual não sem sofrimento, acolhe a vontade do Pai e Se dei¬xa imolar por cada um de nós: juntamente com Jesus temos de encontrar forças para vivermos frutuosamente a vontade do Pai, vontade que por vezes nos alquebra, chamando-nos
à conversão. Não se trata então de fugir do sofrimento, tan to mais que antes ou depois ele nos atinge; não se trata de o viver como um obstáculo no caminho para a felicidade que desejamos. Pelo contrário, deveremos começar a considerar o sofrimento como um meio através do qual chegaremos à alegria, a alegria que não passa. Toda a nossa vida, em todas as suas manifestações, inclusive a amargura e a tristeza, está orientada para Cristo e deve ser envolvida na caminhada em direcção ao grande dia do Senhor que esperamos. Seria um grande problema se acreditássemos eliminar alguma coisa da nossa vida, julgando-a pouco significativa para Deus: com maior razào ainda, se excluíssemos a Cruz e tudo o que ela comporta.
Oração
Espírito Santo, iluminai o nosso coração
para que possamos colocar todos os sofrimentos,
nossos e alheios, à luz esplêndida da Cruz do Senhor Jesus.
Fazei que não desprezemos as cruzes da vida, tornando-nos nós próprios “obstáculo” para a propagação do Reino de Deus e “escândalo” para os nossos irmãos.
Reavivai em nós a consciência de sermos filhos, filhos amados e socorridos sempre pela ternura e pelo amor do Pai.
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(Segunda) – 24 de Agosto
https://wp.me/pb68SM-Jm (Terça) – 25 de Agosto
https://wp.me/pb68SM-Jr (Quarta) – 26 de agosto de 20
https://wp.me/pb68SM-Jt (Quinta) – 27 de Agosto
https://wp.me/pb68SM-Jw (Sexta) – 28 de Agosto
https://wp.me/pb68SM-Jz (Sábado) 29 de agosto de 20
https://wp.me/pb68SM-JB (Domingo XXII do tempo comum)
Em construção
SÁBADO
PRIMEIRA LEITURA (anos pares) ICOR 1,26-31
Deus escolheu o que é fraco aos olhos do mundo.
Ler a Palavra
Depois de ter sublinhado, na introdução da Carta, a riqueza espiritual dos Coríntios, Paulo declara agora a gratuidade abso¬luta dos dons de Deus, desqualificando qualquer pretensão de mérito da parte dos fiéis. Sublinha três vezes e com insistência (w. 27,28) a actuação livre de Deus em escolher aquilo que a Ele mais apraz e que pode parecer menos lógico aos olhos humanos.
A citação de JR 9,22 fecha qualquer possibilidade de mérito humano, fora da livre iniciativa de Deus.
Compreender a Palavra
Diante das pretensões de privilégio cultural ou social mos¬tradas por alguns Coríntios, Paulo funda a sua argumentação no plano de Deus, atribuindo a Ele a soberana liberdade de escolher quem acha mais oportuno. O horizonte de referência é vocacio¬nal: ser crente não é conquista pessoal ou prémio de uma ascese particular, antes é um dom de Deus, livre e gratuito. Ele chama em primeiro lugar as pessoas livres e gratuitas, precisamente aquelas que não têm a presunção de competências ou direitos, e são definidas como «fracas, vis e desprezíveis, que nada valem» (cf. w. 27-28).
Portanto, se existe algum mérito ou dom particular é por ini¬ciativa do próprio Deus, que tornou o seu Filho Jesus Cristo, por um lado, sede da «sabedoria» e da «justiça» (que são atributos de Deus), e por outro, «santidade» e «redenção» (que são os efeitos da Sua obra sobre a Humanidade). Como para os hebreus de en¬tão, o motivo do mérito para o cristão só pode estar no Senhor, que olhou para a humildade dos Seus filhos.
SALMO RESPONSORIAL SL 32,12-13.18-21
O salmo especifica a finalidade para a qual Deus escolhe agir, com um estilo livre e pouco calculado: para encher de bens os Seus fiéis, isto é, quem espera na Sua graça e não confia nas pró¬prias forças, quem espera o Seu auxílio e sabe que, seja qual for o modo como Deus age, é sempre fonte de alegria e de felicidade.
EVANGELHO MT 25,14-30
Foste fiel em coisas pequenas:
vem tomar parte na alegria do teu Senhor.
Ler a Palavra
O sentido da narração evangélica de hoje é a nível paradig¬mático e está claramente enunciado pela frase do versículo 29, na qual se declara a intenção da parábola: no Reino de Deus não existe a justiça distributiva, mas cada um é chamado a retribuir, segundo as suas capacidades, tudo o que recebeu como dádiva. A confiança do Senhor não pode ser atraiçoada pelo medo de uma imagem Sua que não corresponde à realidade. Quem dá quer que a sua dádiva seja dádiva para todos e não seja escondida pelo engano acerca de Deus.
Compreender a Palavra
Parece que para falar do Reino de Deus, a parábola louva mais a ousadia teimosa do que a preguiça inerme. Antes de mais, note- se que o Reino de Deus não é somente obra de Deus, mas é tam-bém tarefa do homem, que recebeu parte dessa administração e da qual é responsável. O Reino não cresce sozinho: é necessário que cada um continue a ter prosperidade em sua casa. Qualquer atitude remissiva, de renúncia ou medrosa não é aceitável, an¬tes obtém como resultado ver-se privado daquilo que recebeu (cf. v. 28). O coração da colaboração do homem no projecto de Deus é a confiança riEle, que teve a coragem de confiar os Seus bens aos servos, mas também a confiança na própria capacidade de serem servos, antes de serem chamados «servos bons e fiéis» (cf. w. 21,23), não porque se incomode alguém, mas porque não se da hipóteses aos seus medos e fantasias por detrás de imagens distorcidas de Deus.
DA PALAVRA PARA A VIDA
A parábola evangélica dos talentos, inserida no último gran¬de discurso sobre os «últimos acontecimentos» do Evangelho de Mateus, assume uma importância particular ao procurar compreender a fundo e a acolher com disponibilidade o ensi¬namento de Jesus. A narração não diz só que cada um possui os seus talentos na medida das suas capacidades, nem afir¬ma somente que Deus pedirá contas quer dos talentos quer dos frutos dos talentos. Somos, pelo contrário, levados pelo Evangelho a interrogarmo-nos sobre qual é a atitude interior mais autêntica para viver os dons de Deus. Perante o dom da vida ou o dom da fé, que nos foram dados gratuitamente, são diversas as disposições interiores possíveis: a indiferença, de quem finge que não tem um dom, mas um peso a suportar; a superficialidade, que desperdiça até as coisas mais preciosas, pensando que há outras mais importantes; a reflexão estéril daquele que pensa sempre em coisas mais profundas, sem sa¬borear nunca as que lhe são concedidas. A atitude mais autên-
tica, porém, é a de Jesus de Nazaré, que recebe o dom da vida com sentido de gratidão e sabe colocá lo à disposição com igual gratuidade.
As dimensões receptivo-passiva e depois propositivo-activa da vida nascem da relação filial e fiducial que Jesus vive com o seu Pai. Não há imagens divinas ofuscadas na Sua mente, não há temor de ser desfrutado ou usado por Deus, mas a certeza no afecto de ser amado sempre e de qualquer modo. Esta pu¬reza da fé do Filho, que nasce do amor, é por sua vez o funda¬mento do amor fraterno (primeira leitura, anos ímpares), que é precisamente a tradução visível e concreta de tudo o que se vive na relação com o Pai. O amor fraterno torna se por isso, na vida da comunhão cristã, um talento que se deve guardar e exercer, pois foi confiado nas nossas mãos. O amor de uns para com os outros, gratuito e desinteressado, é a visibilidade da nossa fé, porque depende estreitamente não so daquilo que dizemos acreditar, mas daquilo em que sentimos acreditar verdadeiramente. Por isso, tudo o que ameaça o afecto frater¬no e o clima de comunhão dentro de uma comunidade cristã deve ser enfrentado com grande coragem, interrogando-nos sempre e sem parar acerca do que é o verdadeiro rosto de Deus, no qual dizemos acreditar.
O medo de Deus e a desconfiança em nós mesmos não dão bons frutos, levarão à esterilidade da vida. A confiança e o amor, ao invés, permitirão, dia após dia, reviver em nós os mesmos sentimentos de Cristo Jesus, que nos amou e Se en¬tregou por nós.
Oração
Ó Pai, que entregais nas mãos do homem todos os bens da Criação e da graça, fazei que a nossa boa vontade multiplique os frutos da vossa Providência; tornai-nos sempre laboriosos e vigilantes na expectativa da Vossa vinda,
com a esperança de nos sentirmos chamar servos bons e fiéis, e assim entrarmos na alegria do vosso Reino.
https://wp.me/pb68SM-Jm (Terça) – 25 de Agosto
https://wp.me/pb68SM-Jr (Quarta) – 26 de agosto de 20
https://wp.me/pb68SM-Jt (Quinta) – 27 de Agosto
https://wp.me/pb68SM-Jw (Sexta) – 28 de Agosto
https://wp.me/pb68SM-Jz (Sábado) 29 de agosto de 20
https://wp.me/pb68SM-JB (Domingo XXII do tempo comum)
https://wp.me/pb68SM-Jm (Terça)
https://wp.me/pb68SM-Jr (Quarta)
onstrução
SEXTA-FEIRA
PRIMEIRA LEITURA (anos pares) ICOR 1,17-25
Nós pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus, mas sabedoria de Deus para aqueles que são chamados.
Ler a Palavra
Paulo une estreitamente o conteúdo do seu anúncio ao estilo do evangelizador, que tem como tarefa principal fazer conhecer a Cruz de Cristo, conteúdo imprescindível de toda a missão apos-tólica. A Cruz determina o estilo modesto e humilde do anúncio, que não é feito procurando sabedorias humanas ou efeitos espe¬ciais particulares. A citação profética de Is 29,14 fundamenta o discurso do Apóstolo, que defende a sua actividade realizada em conformidade com o estilo humilde do Evangelho.
Compreender a Palavra
Este texto é uma síntese admirável do pensamento do Apósto¬lo Paulo, que quando hebreu foi escolhido por Deus para se tor¬nar evangelizador dos gentios. Embora tenha sido antes um de-fensor acérrimo do Judaísmo e, posteriormente, do Cristianismo aberto a todos (depois do encontro do caminho de Damasco), mantém se humilde perante o plano de Deus que se manifestou na Cruz de Cristo, incapaz quase de o poder classificar entre as muitas ideias do tempo.
A citação de Is 29,14 confirma o modo de agir de Deus, que não procede segundo competências adquiridas pela sabedoria dos homens, mas quer surpreender a inteligência humana com aquilo
220 1 I Cl ION.MUOC.OMI \ 1ADO
que parece estulto. A pobreza do instrumento da pregação e o escândalo do seu conteúdo – Cristo Crucificado – não concede espaço a sofismas elaborados ou a tentativas de sistemas lógicos vigentes. Também a inteligência humana, com as suas não pou cas conquistas, deve permanecer humilde e aberta perante aquilo que Deus faz, pois é Ele que dá significado a todas as coisas e lhes indica a lógica correcta.
SALMO RESPONSORIAL SL 32,1-2.4-5.10 11
À maneira de comentário à primeira leitura, o Salmo 32 subli nha a rectidão da Palavra de Deus que não cai no vazio porque e expressão da justiça e do amor do Senhor. Os Seus projectos, porém, permanecem desconhecidos, sobretudo para aqueles que arquitectam a sua vida ou a do próximo com estilos e entendi¬mentos diversos.
EVANGELHO MT 25,1-13
Aí vem o Esposo: ide ao seu encontro.
Ler a Palavra
A primeira das três parábolas, que em MT 25 descrevem a es¬pera cristã do regresso do Senhor, é caracterizada pelo ambiente de núpcias de dez virgens que esperam o esposo. Mas a espera deve ser vigilante e prudente. Assim as comunidades cristãs não devem permitir-se distracções ou superficialidades, mas são cha madas a alimentar a fé com o azeite da esperança e da paciência, que jamais podem abrandar em quem espera a sabedoria verda deira e fecunda.
Compreender a Palavra
O tema geral da vigilância é explicado mediante a antítese insensatez/prudência, personificada nestas virgens que espe¬ram todas o esposo, mas nem todas estão preparadas do mesmo modo. Prudência, portanto, é saber esperar, saber ter paciência
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sem apressar o momento do encontro, fazendo tudo para que, quando chegar, nos encontre preparados. O código dessa paciên¬cia é o azeite, que permitirá manter acesa a chama da lâmpada. A insensatez, pelo contrário, é aquela espécie de superficialidade de vida que não sabe avaliar com suficiente ponderação a realida¬de das coisas e pressupõe poder resolver tudo de qualquer manei¬ra. O convite da parábola é o de trabalharmos sempre e de qual-quer maneira, sem pensar que tudo está adquirido, mesmo aquela fé que o homem bem preparado pode sempre receber como dom daquele Deus que jamais se cansa de usar misericórdia.
DA PALAVRA PARA A VIDA
Das leituras propostas para este dia podemos escolher alguns temas para reflexão pessoal.
Em primeiro lugar, do Evangelho deduz-se que a espera do esposo requer condições de preparação em graus diversos e, tudo o que se julga possuir, não deve ser julgado adquirido. Poder-se-ia dizer que saber que se é convidado para as bodas com o esposo não é condição suficiente para poder casar, tal como assumir comportamentos corteses e correctos não é ga¬rantia de credibilidade do próprio amor ao esposo. Tanto o conhecer como o comportamento moral não ajudam por si só a compreender a natureza esponsal e afectiva da vida cris¬tã. O esposo pede para ser amado com todas as forças, com todo o coração, com toda a alma e, precisamente por isso, as lâmpadas da fé devem ser mantidas acesas, porquanto elas são a disposição interior que nos permite permanecer sempre abertos ao mistério, mesmo quando o conhecimento e a ética parecem já funcionar bem. Existe um nível mais profundo, afectivo e contemplativo para cultivar e guardar, para que o espírito humano se mantenha sempre disponível à interven¬ção de Deus.
Um segundo tema, extraído da primeira leitura, anos ímpares, está unido ao Evangelho através da realidade do corpo, que é chamado a participar da santidade divina. Se a santidade consiste em sermos permeáveis à acção do Espírito, que nos
torna familiares à vida de Deus, eis que o corpo, que é a nossa capacidade de relação com os outros, é o objecto privilegiado dessa acção e não deve subtrair-se como se a fé fosse só um problema de ideias ou de bons sentimentos. A sabedoria de Deus então (primeira leitura, anos pares) diz respeito àquilo que aos nossos olhos é débil e frágil. Mas Deus escolhe as coi¬sas pequenas e débeis para poder valorizá-las, revesti-las da Sua misericórdia, e transformá-las com a força do Seu amor.
A força da Cruz continua a manifestar-se nos sinais débeis e frágeis dos santos sacramentos, sobretudo no da Eucaris¬tia, revelando mais uma vez que tudo o que foi criado é ama¬do por Deus e é por Ele assumido para lhe manifestar a Sua glória.
Oração
Senhor Deus,
a Vossa sabedoria vai em busca
de todos os que escutam a Vossa voz;
tornai-nos dignos de participar no Vosso banquete
e fazei que acrescentemos o azeite das nossas lâmpadas,
para que não se apaguem na espera,
mas quando Vós vierdes
estejamos prontos a ir ao Vosso encontro
para entrarmos Convosco na festa nupcial.
https://wp.me/pb68SM-Jm (Terça) – 25 de Agosto
https://wp.me/pb68SM-Jr (Quarta) – 26 de agosto de 20
https://wp.me/pb68SM-Jt (Quinta) – 27 de Agosto
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https://wp.me/pb68SM-Jz (Sábado) 29 de agosto de 20
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https://wp.me/pb68SM-Jm (Terça)
https://wp.me/pb68SM-Jr (Quarta)
onstrução
QUINTA-FEIRA
PRIMEIRA LEITURA (anos pares) ICOR 1J-9
Por Ele fostes enriquecidos em tudo.
Ler a Palavra
O começo da Primeira Carta aos Coríntios segue o esquema típico da forma epistolar com a apresentação dos remetentes e dos destinatários, a saudação e depois a acção de graças a Deus, pelos dons que concedeu à comunidade dos fiéis. A solenidade da introdução familiariza o ouvinte com a riqueza dos temas e dos assuntos que serão tratados em seguida. No versículo 5, Paulo declara a riqueza espiritual dos Coríntios, aos quais não falta ne nhum dos dons da fé, mas ao mesmo tempo exorta-os a perma necerem firmes em Deus, que ele define como «fiel» (v. 9).
Compreender a Palavra
Na saudação inicial à comunidade de Corinto, o Apóstolo chama a atenção para o contexto de uma Igreja maior, composta por todos aqueles que invocam o Nome do Senhor, porque são chamados a ser santos (v. 2). O relevo sobre a universalidade da fé constitui uma das argumentações mais fortes de Paulo perante as divisões internas na comunidade, devido aos diversos personalis- mos que provocavam rivalidades e divisões.
Depois, quase com ironia, no versículo 5, o Apóstolo louva os Coríntios, porque não lhes falta nenhum dom, sendo já peri¬tos na «palavra» e no «conhecimento». Mas há um crescimento
a fazer na linha da «irrepreensibilidade» (v. 8) da «comunhão» (v. 9), dons que vêm directamente de Deus e que Ele está sempre disposto a conceder a quem permanece fiel na procura sincera da santidade.
O adjectivo «fiel», atribuído a Deus, é a nota dominante da teologia desta Carta, já que no centro da fidelidade estão a ca¬ridade e a misericórdia utilizadas pelo Senhor para connosco (cf. ICOR 13).
SALMO RESPONSORLAL Sl 144,2-7
Narrar as obras maravilhosas de Deus é o dever de cada ge¬ração, chamada a recordar o passado, mas também a manter os olhos abertos sobre a obra que Deus vai realizando com bondade e justiça, para que Ele continue a ser proclamado grande e digno de louvor para sempre.
EVANGELHO MT 24,42-51
Estai preparados.
Ler a Palavra
A leitura semicontínua do Evangelho de Mateus omite a sec¬ção dedicada a Jerusalém e ao fim dos tempos (cf. MT 23,37-41) e transporta-nos para a última parte do capitulo 24.
O texto de hoje é dedicado ao tema da vigilância na expec¬tativa do regresso do Senhor, comparada à vinda de um ladrão ou do senhor da casa. As duas imagens descrevem a surpresa e a liberdade quer do ladrão, quer do senhor da casa de chegarem quando julgarem mais oportuno. Jesus sublinha também a atitu¬de daquele que espera, deixando-se encontrar preparado e não se deixando perder no ócio e na violência.
Compreender a Palavra
O tema da vigilância caracteriza os últimos discursos públicos de Jesus e antecipa a reflexão sobre o Juízo universal, no qual o
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Senhor pedirá contas a cada um pelas obras realizadas, não só pelas palavras pronunciadas.
As duas imagens que pretendem fazer-nos entrar na atitude da expectativa dizem ambas respeito à casa: arrombada por um lado, na primeira; e mal administrada pelo servo, que recebeu a confiança do senhor, na segunda. A vigilância cabe portanto a quem, embora não sabendo bem o que vai acontecer fora de casa, é chamado a ser guarda atento do ambiente onde vive.
Se a casa não é vigiada, alguém se preocupara em roubá-la ou em arrombá-la; se não for bem administrada, torna-se um antro de vícios e já não um lugar onde todos podem viver no respeito mútuo. Quando o fiel perde este mesmo sentido de cuidado pela sua própria vida, lugar que deve ser habitado pela paz, terá muito que chorar pelas suas imperdoáveis distracções.
DA PALAVRA PARA A VIDA
Em todas as celebrações eucarísticas, como conclusão da narração da instituição, proclamamos o «mistério da fé» es-perando a vinda do Senhor Jesus, crucificado e ressuscitado. Embora confessando-O realmente presente na Eucaristia, esperamo-fO com energia, para que Ele venha reunir-nos com todos os Seus santos.
Estarmos vigilantes e acordados não é uma atitude opcional para o cristão, o qual, ao invés, é chamado a rezar, a traba¬lhar, a fazer o bem, mantendo viva a tensão para o Senhor que vem. Se todavia esperar alguém na nossa experiência, em geral provoca sempre agitação e frustração, a vigilância cristã é estável e frutuosa. O cristão sabe que a sua identidade de filho amado não depende só de si próprio, mas está em rela¬ção directa com a actuação de Deus que age sempre em nosso favor.
Procurar e viver a fidelidade aos compromissos recebidos no Baptismo ou na escolha de vida empreendida ao serviço do Evangelho, é o modo mais autêntico de confessar com a vida tudo o que dizemos com palavras, em cada Missa. A fi-
WIMMANAIK) II MFOlOMUM ‘ 217
delidade, depois, não é uma simples execução de tarefas para demonstrar a nós próprios que somos capazes de fazer uma coisa, mas é o cuidado contínuo do sentimento de assombro para com o Senhor presente e actuante na nossa vida. Fide¬lidade não é imutabilidade, nem preocupação obsessiva de colocar tudo no seu lugar, mas pesquisa contínua e dinâmica de permanecer diante de Deus (cf. lTs 3,13, primeira leitura, anos pares), para que Ele, que é fiel, possa tornar-nos estáveis e sólidos no Seu amor manifestado em Jesus (cf. ICor 1,6, primeira leitura, anos ímpares).
Então, vigiar, como nos sugere o Evangelho (cf. Mt 24,42), poderia ser traduzido por esforço interior de nos mantermos sempre na presença de Deus, a fim de que os nossos pensa¬mentos, afectos, intenções e obras possam ser purificados por Aquele que é o Santo por excelência, e que é capaz de tornar os Seus filhos fiéis ao bem recebido, em condições de traba-lhar e de amar na espera d’Aquele que é o único que merece ser esperado.
Oração
O Vosso auxílio, ó Pai,
nos torne perseverantes no bem,
esperando a Cristo vosso Filho:
quando Ele vier e bater à porta,
que nos encontre vigilantes na oração,
praticando a caridade fraterna e exultantes na fé.
QUARTA-FEIRA
PRIMEIRA LEITURA (anos pares) 2Ts 3,6-10.16-18
Quem não quer trabalhar, também não deve comer.
Ler a Palavra
A conclusão da Carta expõe as últimas recomendações acerca do estilo de vida que os fiéis devem levar no meio do mundo: esforçarem se com o próprio trabalho, procurarem não ser de peso para ninguém, imitarem os Apóstolos no serviço infatigável pelo Evangelho de Deus. A aceitação do Evangelho não admite passividade de espécie alguma, antes impele o discípulo, que se torna apóstolo, a considerar-se sempre devedor perante o dom recebido e não destinatário de presumíveis direitos ou privilégios.
Compreender a Palavra
Paulo, escrevendo aos Tessalonicenses para lhes fortalecer a fé, preocupa-se também em adverti-los sobre o modo como con¬servar o doin recebido, sabendo bem que o entusiasmo inicial da resposta ao Evangelho não é suficiente para perseverar na fé e no agir conforme a caridade. O convívio com pessoas sem princípios firmes, pode influenciar negativamente quem vive uma regra de vida que o leva a desempenhar os deveres das responsabilidades assumidas (cf. v. 6). Por isso, Paulo, bom conhecedor do espírito humano, convida os fiéis a permanecerem concentrados nos seus
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trabalhos, não se deixando distrair por um estilo de vida aparen¬temente melhor, mas na realidade estéril e parasitário em relação aos outros.
Quem assume a lógica do serviço, vivida em primeiro lugar por Jesus e depois prosseguida pelo exemplo dos Apóstolos, não mede as vantagens pessoais que pode tirar das circunstâncias, mas permanece num estado contínuo de disponibilidade aos ir¬mãos, fazendo, antes de mais, bem o seu trabalho e cumprindo o melhor que pode com as suas responsabilidades
SALMO RESPONSORIAL SL 127,1-2.4-5
O salmo descreve o temor do Senhor enquanto fundamento do trabalho que todo o crente é chamado a cumprir. À imitação do próprio Criador, o temente a Deus gozará do trabalho que lhe foi concedido realizar, considerando uma bênção poder gozar do fruto das suas fadigas.
EVANGELHO MT 23,27-32
Sois os filhos daqueles que mataram os profetas
Ler a Palavra
A sucessão dos «ai de vós!», proferidos por Jesus em MT 23, atinge o ápice no texto de hoje: o Mestre não se limita àquilo que os fariseus dizem ou fazem, mas descreve os como hipócritas, gente falsa que faz ver as coisas ao contrário daquilo que são. Apresentam-se como monumentos para admirar, mas isso é ape¬nas uma aparência que não tem substância alguma no seu inte¬rior (w 27-28). Aos profetas que dizem a verdade e os desmasca¬ram, eles infligem-lhes não só a morte como ainda o silêncio, que torna impossível qualquer réplica (w. 29-32).
Compreender a Palavra
Os dois últimos «ai de vós!», que Jesus lança contra os escribas e os fariseus, são ligados entre si pela palavra «sepulcro».
No primeiro caso (w. 27-28), o sepulcro é utilizado como me¬táfora para definir a hipocrisia dos escribas e dos fariseus, que declaram uma coisa, mas vivem outra. Uma coisa é o que alguém mostra de si, e outra é o que tem dentro, realidade que pode ser vista só por quem, como Jesus, cultiva um olhar puro e verda¬deiro. O Mestre acusa os Seus interlocutores de quererem fazer crer que são bons, mas na realidade de não serem guiados por um espírito bondoso e compassivo para com a Humanidade. Pelo contrário, quanto mais aumenta o desprezo pelos outros, tanto mais se mostram gentis.
No segundo caso (w. 29-32) o sepulcro é associado à obra por excelência que os escribas e os fariseus são capazes de construir. São hábeis em levantar grandes monumentos para as pessoas que encontram incómodas, por exemplo, para os profetas que sempre denunciaram as falsidades e iniquidades como atitudes que afas¬tam de Deus.
DA PALAVRA PARA A VIDA
O tema do sepulcro é muito significativo para a vida cristã, embora frequentemente seja deixado fora da reflexão. Jesus no Evangelho (MT 23,27-32) indica o como símbolo dos Seus adversários, monumentos de conhecimento e de sabedoria humana que se devem contemplar, mas interiormente frágeis e fracos, pois estão cheios de morte. No mesmo texto, cons¬truir monumentos aos mortos é obra típica de quem quer como que reparar o mal cometido ou, pior ainda, silenciar com falsas honras quantos são eliminados como elementos de perturbação. Já esta consideração do Senhor Jesus mere¬ce uma atenção e uma reflexão atenta, porque indica nesses sepulcros a essência do agir malfazejo do homem: por mais belas que sejam as obras humanas realizadas sem Deus, no
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fim de contas estão cheias de morte e, em última análise, va-zias. Depois, a tentativa de cobrir as obras más com pedras preciosas exprime a perversidade das próprias acções, que continuam a não ser reconhecidas como erradas.
O lugar do sepulcro vazio é, todavia, também o lugar onde Jesus foi colocado, em coerência com a longa tradição dos profetas assassinados por terem dito a verdade sobre Deus e sobre o homem. O sepulcro de Jesus, porém, dura bem pou¬co, logo fica vazio e se torna sinal de uma vida nova, de uma ressurreição iniciada que deixa espaço à iniciativa poderosa de Deus. O Senhor Jesus, depois de ter nascido numa man¬jedoura morreu numa Cruz, e foi acabar onde sepultamos os restos do nosso corpo e as obras más da nossa existência. Mas desse lugar Deus quis declarar, ressuscitando-O dos mortos, que não há espaço onde a vida não possa entrar e levar luz e calor. Isso significa que toda a situação humana é recuperável aos olhos de Deus.
O exemplo que vem do Apóstolo (primeira leitura, anos pares – anos impares) exorta o cristão a trabalhar com as próprias mãos (cf. lTs 2,9; 2Ts 3,10), a fim de que as suas fadigas se tornem portadoras de vida para todos, sem procurar vanta¬gens em prejuízo dos outros.
Compreender a importância de ser portador de vida, mesmo aonde tudo parece ser mortífero, alimenta a esperança cristã de poder continuar a tornar eficaz aquela ressurreição que es¬cancara todos os sepulcros de hipocrisia e de iniquidade.
Oração
Ó Deus,
que na ressurreição do vosso Filho
abristes à Humanidade a passagem da morte para a vida, concedei-nos experimentar no nosso dia-a-dia o poder da Sua ressurreição.
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PRIMEIRA LEITURA (anos pares) 2Ts 2,l-3a.l4 17
Guardai firmemente as tradições que vos ensinámos
Ler a Palavra
Este trecho une duas passagens que se completam, ao apresentar a advertência do autor sagrado aos irmãos, para que vigiem contra todas as tentativas enganosas, promovidas por quem não e animado pela verdadeira fé. Convida os a permanecerem firmes naquilo que receberam como dom e que não pode ser manipu lado por novidades que são fruto de fantasias ou de interesses pessoais. A raiz desta perseverança é dada pela convicção de que Deus, em primeiro lugar, e fiel às Suas promessas e ampara aqueles que escolheu para Seus discípulos.
Compreender a Palavra
Julgar iminente a vinda do Senhor tinha criado na comunida de cristã de Tessalónica anseios e expectativas enormes, expressões mais de agitação interior do que de acolhimento das revelações de Deus. O facto de andarem confusos e perturbados, sem motivos validos, é fruto da falta de equilíbrio espiritual, que os impede de saberem ser fiéis às tradições aprendidas e de espera rem o momento estabelecido. A expectativa pode cansar e irritar, mas não deve fazer perder a paz de consciência, própria daquele que se abandona à vontade de Deus.
A solidez das tradições recebidas sustenta esta fidelidade paciente que continua a crer nas promessas do Senhor, mesmo
quando não se vislumbra a realização plena. As disposições in¬teriores de confiança e de esperança tornam o fiel primícias de salvação, as quais são dom só de Deus, contra qualquer pretensão de saber já, desde agora, como correrão as coisas.
SALMO RESPONSORIAL SL 95,10-13
A proclamação cósmica do salmista coloca na boca da Cria¬ção o louvor do Senhor, reconhecido como presença que vai ao encontro de todas as Suas criaturas, para que não vacilem e não permaneçam na injustiça. O juízo de Deus exprime a eficácia da Sua vinda, para que nada se perca.
EVANGELHO MT 23,23-26
Deveis praticar estas coisas sem omitir as outras.
Ler a Palavra
Continua a censura de Jesus aos escribas e aos fariseus, que perderam de vista as coisas essenciais, para se apegarem a ritos que dão a impressão de pôr em ordem a consciência, mas na realidade são práticas que não assentam na justiça e na miseri¬córdia de Deus. Conforme o estilo típico das antíteses de Ma¬teus (cf. MT 5), também aqui Jesus desmascara os ritos farisaicos, fazendo-os empalidecer perante as exigências muito mais interio¬res e profundas da própria Lei, cujo ámago é a justiça, sobretudo na consciência.
Compreender a Palavra
Mais dois «ai de vós!» muito severos dirigidos aos escribas e aos fariseus, com a acusação bem pesada de serem «guias cegos» (v. 24). O exemplo aduzido por Jesus sobre os vários tipos de ta¬xas a pagar ao culto permite compreender a distância entre aquilo que Deus pede aos Seus fiéis – justiça, misericórdia, fidelidade – e a nossa pretensão de calcular a fé com as ofertas que fazemos. As ofertas não estão erradas em si mesmas, mas é o espírito com o qual se oferecem que torna a acção agradável ou desagradável a Deus. A acusação de cegueira é muito mais grave para quem nao só deve guiar-se a si mesmo, mas é ponto de referência tambem para os outros.
O caminho privilegiado para não errar e, por conseguinte, para aprender a ver bem as coisas é o de cuidar de si mesmo com uma atenção constante. Purificar a própria intenção, cuidar da formação da própria consciência para que esteja sempre límpida e serena, sem ambições de posse e de desregramentos, e o primei¬ro e o principal modo de sermos guias dos outros.
DA PALAVRA PARA A VIDA
«Limpa primeiro o copo por dentro, e assim o lado de fora também ficará limpo.» (Mr 23,26) Mesmo na censura, Jesus oferece um ensinamento: considerar com muita atenção não apenas os Mandamentos a observar, mas também a ordem com que se respeitam. A norma respeitante à limpeza dos co pos (metáfora do espirito humano capaz de acolher a água refrescante do Espírito) prevé que se lave tudo, mas Jesus impõe que em primeiro lugar se limpe o interior e depois o exterior. Parece haver uma prioridade dada à interioridade, àquele lugar onde a água e os alimentos devem caber. A in-terioridade, ou o coração segundo a tradição bíblica, é a sede dos pensamentos, dos projectos, dos desejos, das paixões, das decisões do homem; é aquele espaço interior onde se encon¬tra um pouco de tudo e donde, conforme a opção livre do homem, pode sair o bem ou o mal. É o lugar onde somos chamados com maior esforço a vigiar, para compreendermos de que é que somos habitados e a sermos capazes de decidir o que devemos tirar de nós. A limpeza do interior então não coincide com a eliminação das paixões que notamos que são negativas, mas com a capacidade de as integrar, para que não se tornem violência que sai de nós, sem que verdadeiramente o queiramos (Evangelho).
Também o Apóstolo Paulo se encontrou perante a acusação de cultivar duplos fins no seu ministério (primeira leitura,
anos ímpares), mas declara que procurou sempre no seu cora¬ção «agradar a Deus» (lTs 2,4), ou seja, viver a justiça na rela¬ção com Ele e cultivar sem parar a misericórdia para com os irmãos. É a procura da própria autenticidade diante de Deus que torna a pessoa luminosa e capaz de levar calor a todas as coisas. A primeira caridade a cultivar é a da verdade para connosco, não tanto para nos comprazermos de nós mesmos, mas para sermos justos diante de Deus fiel e para O agradar a Ele, que é luz e calor e Se torna próximo de todos os que são humildes de coração, sustentando-os com a Sua graça.
Oração
Pai Santo,
que ressuscitastes o vosso Filho
e nEle quisestes finalmente vencer a morte,
ajudai-nos a viver no tempo
a Sua mesma vida no Espírito,
e a ver todas as coisas
na luz radiosa da Sua ressurreição.
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