2 de Setembro
QUARTA-FEIRA
PRIMEIRA LEITURA (anos pares) ICOR 3,1-9
Nós somos colaboradores de Deus;vós sois o campo de Deus; vós sois o edifício de Deus.
Ler a Palavra
Paulo, embora começando pelos dons espirituais presentes em Corinto, declara a completa ignorância destes dons por parte dos Coríntios, devido às divisões presentes na comunidade. A origem das divisões é o protagonismo de alguns membros os quais, por dotes particulares, pretendem ter alguns direitos sobre a vida dos fiéis. Mas o ministro de Deus é só um instrumento nas mãos do Senhor, e contribui para o crescimento da Sua obra. Ao ministro, embora julgando-se servo inútil, é confiada a tarefa de colaborar com o Senhor.
Primeira Leitura (1Cor 3,1-9)
Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios.
1Irmãos, não pude falar-vos como a pessoas espirituais. Tive de vos falar como a pessoas carnais, como a crianças na vida em Cristo. 2Pude oferecer-vos somente leite, não alimento sólido, pois ainda não éreis capazes de tomá-lo. E nem atualmente sois capazes de receber alimento sólido, 3visto que ainda sois carnais. As rivalidades e rixas que existem aí, no meio de vós, acaso não mostram que sois carnais e que procedeis de acordo com os impulsos naturais?
4Quando um declara: “Eu sou de Paulo”, e outro: “Eu sou de Apolo”, não estais procedendo como pessoas simplesmente naturais? 5Pois, que é Apolo? Que é Paulo? Não passam de servidores, pelos quais chegastes à fé. E cada um deles exerce seu serviço segundo o dom recebido de Deus. 6Eu plantei, Apolo regou, mas Deus é que fazia crescer. 7De modo que nem o que planta, nem o que rega são, propriamente, importantes. Quem é importante é aquele que faz crescer: Deus.
8Aquele que planta e aquele que rega formam uma unidade, mas cada um receberá o seu próprio salário, proporcional ao seu trabalho. 9Com efeito, nós somos cooperadores de Deus, e vós sois lavoura de Deus, construção de Deus.
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
Compreender a Palavra
A distinção entre «pessoas naturais» e «pessoas espirituais» (v. 1) criou diversas incompreensões na História da Igreja, julgando-se ideal dividir os fiéis em classes, conforme o grau de compreensão da própria fé. Mas a intenção do Apóstolo Paulo não era criar mais divisões no interior da Igreja, já que declara que todos os Coríntios são «homens naturais», precisamente por¬que procuravam separar-se uns dos outros distinguindo-se por privilégios ou pertenças especiais.
É «espiritual» quem possui o mesmo espírito de Cristo, que Se fez servo de todos, para que cada qual, desempenhando o seu tra¬balho, possa estar ao serviço do bem comum. Por isso as tarefas pessoais e os carismas individuais devem colocar-se ao serviço da comunhão, para que a comunidade cristã se torne pólo de atrac¬ção para todas as pessoas. Quem é ministro na Igreja para um de¬terminado cargo que lhe foi confiado, sabe que não pode almejar mais do que ser colaborador de Deus e da alegria dos irmãos.
SALMO RESPONSORLAL SL 32,12-15.20-21
O Salmo 32 descreve a actuação de Deus como um acto de co¬nhecimento de tudo o que o homem faz. Actua verdadeiramen¬te quem conhece as coisas pelo que elas são, e portanto só Deus pode dizer-Se verdadeiro construtor da História, desautorizando todos os que, como no caso dos Coríntios, pretendem orientar os acontecimentos sem os conhecer em profundidade.
Salmo Responsorial (Sl 32)
— Feliz o povo que o Senhor escolheu por sua herança!
— Feliz o povo que o Senhor escolheu por sua herança!
— Feliz o povo cujo Deus é o Senhor, e a nação que escolheu por sua herança! Dos altos céus o Senhor olha e observa; ele se inclina para olhar todos os homens.
— Ele contempla do lugar onde reside e vê a todos os que habitam sobre a terra. Ele formou o coração de cada um e por todos os seus atos se interessa.
— No Senhor nós esperamos confiantes, porque ele é nosso auxílio e proteção! Por isso o nosso coração se alegra nele, seu santo nome é nossa única esperança.
EVANGELHO Lc 4,38-44
Tenho de ir também às outras cidades anunciar a boa nova do reino de Deus.
Ler a Palavra
Jesus apresenta-Se como pregador e curador do homem, das muitas doenças que o afligem. A actividade taumaturgica traz para o Mestre fama e atrai para Ele grandes multidões, tanto mais que os demónios que Ele expulsa continuam a reconhecê-1’0 não só como o Santo, mas também como o «Filho de Deus» (v. 41), o título mais elevado da identidade de Cristo. Mas não é o sucesso de curador que consola Jesus, o qual, pelo contrário, acha priori¬tário anunciar o Reino com a Palavra e a vida.
Evangelho (Lc 4,38-44)
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 38Jesus saiu da sinagoga e entrou na casa de Simão. A sogra de Simão estava sofrendo com febre alta, e pediram a Jesus em favor dela. 39Inclinando-se sobre ela, Jesus ameaçou a febre, e a febre a deixou. Imediatamente, ela se levantou e começou a servi-los.
40Ao pôr-do-sol, todos os que tinham doentes atingidos por diversos males, os levaram a Jesus. Jesus punha as mãos em cada um deles e os curava. 41De muitas pessoas também saíam demônios, gritando: “Tu és o Filho de Deus”. Jesus os ameaçava, e não os deixava falar, porque sabiam que ele era o Messias.
42Ao raiar do dia, Jesus saiu e foi para um lugar deserto. As multidões o procuravam e, indo até ele, tentavam impedi-lo de as deixar. 43Mas Jesus disse: “Eu devo anunciar a Boa Nova do Reino de Deus também a outras cidades, porque para isso é que eu fui enviado”. 44E pregava nas sinagogas da Judeia.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Evangelho (Lc 4,38-44)
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 38Jesus saiu da sinagoga e entrou na casa de Simão. A sogra de Simão estava sofrendo com febre alta, e pediram a Jesus em favor dela. 39Inclinando-se sobre ela, Jesus ameaçou a febre, e a febre a deixou. Imediatamente, ela se levantou e começou a servi-los.
40Ao pôr-do-sol, todos os que tinham doentes atingidos por diversos males, os levaram a Jesus. Jesus punha as mãos em cada um deles e os curava. 41De muitas pessoas também saíam demônios, gritando: “Tu és o Filho de Deus”. Jesus os ameaçava, e não os deixava falar, porque sabiam que ele era o Messias.
42Ao raiar do dia, Jesus saiu e foi para um lugar deserto. As multidões o procuravam e, indo até ele, tentavam impedi-lo de as deixar. 43Mas Jesus disse: “Eu devo anunciar a Boa Nova do Reino de Deus também a outras cidades, porque para isso é que eu fui enviado”. 44E pregava nas sinagogas da Judeia.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Compreender a Palavra
O evangelista Lucas narra um episódio particular acerca da sogra de Simão (w. 38-39), para depois alargar o horizonte da actividade curadora de Jesus a todos os enfermos (v. 40).
Jesus é apresentado como o único e verdadeiro médico, que consegue curar doenças e libertar o homem daquilo que o cor¬rompe e ameaça. Os efeitos da Sua acção são pelo menos dois: habilita a pessoa curada para o serviço (como aconteceu com a sogra de Simâo) e recondu-la na condição de liberdade de deci¬dir por si mesma, sem ter de sofrer o condicionamento de forças obscuras.
Cura e liberdade atraem muitos para o Mestre, mas quando Ele repara que querem retê-1’0, não O deixando livre de conti¬nuar a Sua missão, retira Se. Jesus sente a urgência do anúncio do Reino de Deus, cujos efeitos devem ser, antes de mais, a con versão para uma ordem divina da vida So a partir desta ordem se pode beneficiar da saúde e da liberdade.
DA PALAVRA PARA A VIDA
A actividade curadora testemunhada unanimemente pelos quatro evangelhos acompanha o ensino autoritário e cheio de humanidade do Senhor. Curar os doentes e expulsar os espí¬ritos, que violentam o homem, é fatigante e exige do Mestre um tempo de repouso Curar e retirar-se são dois temas que têm grande importância para nós ainda hoje.
Cura-se somente quem sabe que está doente e por isso se diri¬ge ao médico ou toma remédios. A condição humana perante a plenitude de vida, que é o mistério de Deus, é sempre ca duca e débil, necessitada de ser socorrida, para que o óleo da alegria e da esperança possa restituir vigor à criatura amada por Deus. Saber que se está doente, é a condição necessária para que alguém procure o médico e se deixe tratar Jesus não faz milagres onde falta este reconhecimento de base e onde não há a humildade suficiente para aceitar ser curado.
A procura recorrente da multidão, porém, não distrai o Mestre de recuperar o motivo autêntico da Sua actividade taumatúr gica. A Sua necessidade de Se isolar corresponde ao dever de repousar, mas o vigor recuperado dá a entender que o Senhor reencontrou, na oração silenciosa com o Pai, o motivo autên¬tico de toda a Sua actividade: o anúncio do Reino de Deus. Esta breve anotação do evangelista Lucas sobre o «retirar-se» de Jesus tem uma importância capital para todo o discípulo enviado por Cristo a continuar a Sua obra de evangelizador.
Há uma ordem teologal que devemos seguir continuamente, para que o cansaço das obras não faça abrandar e o sucesso das empresas não faça perder de vista o horizonte autêntico que dá valor às coisas, que é o Reino de Deus. Porventura, este é um modo verdadeiro para traduzir a fidelidade: não só cumprir o próprio dever, mas procurar manter vivo o motivo pelo qual se fazem as coisas.
É nesta linha que deve ler-se também o louvor do autor sa¬grado a Epafras em Cl 1,7 (primeira leitura, anos ímpares), chamando-lhe «fiel ministro de Cristo». A fidelidade de Epa¬fras é a garantia do seu ministério.
A fidelidade dos nossos contactos com o Senhor seja o tes¬temunho da nossa necessidade de estarmos continuamente curados e assistidos por Ele, o médico verdadeiro.
Oraçao
Senhor, na vossa vida mortal passastes fazendo o bem e curando a todos os que estavam prisioneiros do mal.
Vinde ainda hoje, como bom samaritano,
para junto de cada homem ferido na alma e no espírito
e derramai sobre as suas chagas
o óleo da consolação e o vinho da esperança.