QUARTA-FEIRA
PRIMEIRA LEITURA (anos pares) 2Ts 3,6-10.16-18
Quem não quer trabalhar, também não deve comer.
Ler a Palavra
A conclusão da Carta expõe as últimas recomendações acerca do estilo de vida que os fiéis devem levar no meio do mundo: esforçarem se com o próprio trabalho, procurarem não ser de peso para ninguém, imitarem os Apóstolos no serviço infatigável pelo Evangelho de Deus. A aceitação do Evangelho não admite passividade de espécie alguma, antes impele o discípulo, que se torna apóstolo, a considerar-se sempre devedor perante o dom recebido e não destinatário de presumíveis direitos ou privilégios.
Compreender a Palavra
Paulo, escrevendo aos Tessalonicenses para lhes fortalecer a fé, preocupa-se também em adverti-los sobre o modo como con¬servar o doin recebido, sabendo bem que o entusiasmo inicial da resposta ao Evangelho não é suficiente para perseverar na fé e no agir conforme a caridade. O convívio com pessoas sem princípios firmes, pode influenciar negativamente quem vive uma regra de vida que o leva a desempenhar os deveres das responsabilidades assumidas (cf. v. 6). Por isso, Paulo, bom conhecedor do espírito humano, convida os fiéis a permanecerem concentrados nos seus
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trabalhos, não se deixando distrair por um estilo de vida aparen¬temente melhor, mas na realidade estéril e parasitário em relação aos outros.
Quem assume a lógica do serviço, vivida em primeiro lugar por Jesus e depois prosseguida pelo exemplo dos Apóstolos, não mede as vantagens pessoais que pode tirar das circunstâncias, mas permanece num estado contínuo de disponibilidade aos ir¬mãos, fazendo, antes de mais, bem o seu trabalho e cumprindo o melhor que pode com as suas responsabilidades
SALMO RESPONSORIAL SL 127,1-2.4-5
O salmo descreve o temor do Senhor enquanto fundamento do trabalho que todo o crente é chamado a cumprir. À imitação do próprio Criador, o temente a Deus gozará do trabalho que lhe foi concedido realizar, considerando uma bênção poder gozar do fruto das suas fadigas.
EVANGELHO MT 23,27-32
Sois os filhos daqueles que mataram os profetas
Ler a Palavra
A sucessão dos «ai de vós!», proferidos por Jesus em MT 23, atinge o ápice no texto de hoje: o Mestre não se limita àquilo que os fariseus dizem ou fazem, mas descreve os como hipócritas, gente falsa que faz ver as coisas ao contrário daquilo que são. Apresentam-se como monumentos para admirar, mas isso é ape¬nas uma aparência que não tem substância alguma no seu inte¬rior (w 27-28). Aos profetas que dizem a verdade e os desmasca¬ram, eles infligem-lhes não só a morte como ainda o silêncio, que torna impossível qualquer réplica (w. 29-32).
Compreender a Palavra
Os dois últimos «ai de vós!», que Jesus lança contra os escribas e os fariseus, são ligados entre si pela palavra «sepulcro».
No primeiro caso (w. 27-28), o sepulcro é utilizado como me¬táfora para definir a hipocrisia dos escribas e dos fariseus, que declaram uma coisa, mas vivem outra. Uma coisa é o que alguém mostra de si, e outra é o que tem dentro, realidade que pode ser vista só por quem, como Jesus, cultiva um olhar puro e verda¬deiro. O Mestre acusa os Seus interlocutores de quererem fazer crer que são bons, mas na realidade de não serem guiados por um espírito bondoso e compassivo para com a Humanidade. Pelo contrário, quanto mais aumenta o desprezo pelos outros, tanto mais se mostram gentis.
No segundo caso (w. 29-32) o sepulcro é associado à obra por excelência que os escribas e os fariseus são capazes de construir. São hábeis em levantar grandes monumentos para as pessoas que encontram incómodas, por exemplo, para os profetas que sempre denunciaram as falsidades e iniquidades como atitudes que afas¬tam de Deus.
DA PALAVRA PARA A VIDA
O tema do sepulcro é muito significativo para a vida cristã, embora frequentemente seja deixado fora da reflexão. Jesus no Evangelho (MT 23,27-32) indica o como símbolo dos Seus adversários, monumentos de conhecimento e de sabedoria humana que se devem contemplar, mas interiormente frágeis e fracos, pois estão cheios de morte. No mesmo texto, cons¬truir monumentos aos mortos é obra típica de quem quer como que reparar o mal cometido ou, pior ainda, silenciar com falsas honras quantos são eliminados como elementos de perturbação. Já esta consideração do Senhor Jesus mere¬ce uma atenção e uma reflexão atenta, porque indica nesses sepulcros a essência do agir malfazejo do homem: por mais belas que sejam as obras humanas realizadas sem Deus, no
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fim de contas estão cheias de morte e, em última análise, va-zias. Depois, a tentativa de cobrir as obras más com pedras preciosas exprime a perversidade das próprias acções, que continuam a não ser reconhecidas como erradas.
O lugar do sepulcro vazio é, todavia, também o lugar onde Jesus foi colocado, em coerência com a longa tradição dos profetas assassinados por terem dito a verdade sobre Deus e sobre o homem. O sepulcro de Jesus, porém, dura bem pou¬co, logo fica vazio e se torna sinal de uma vida nova, de uma ressurreição iniciada que deixa espaço à iniciativa poderosa de Deus. O Senhor Jesus, depois de ter nascido numa man¬jedoura morreu numa Cruz, e foi acabar onde sepultamos os restos do nosso corpo e as obras más da nossa existência. Mas desse lugar Deus quis declarar, ressuscitando-O dos mortos, que não há espaço onde a vida não possa entrar e levar luz e calor. Isso significa que toda a situação humana é recuperável aos olhos de Deus.
O exemplo que vem do Apóstolo (primeira leitura, anos pares – anos impares) exorta o cristão a trabalhar com as próprias mãos (cf. lTs 2,9; 2Ts 3,10), a fim de que as suas fadigas se tornem portadoras de vida para todos, sem procurar vanta¬gens em prejuízo dos outros.
Compreender a importância de ser portador de vida, mesmo aonde tudo parece ser mortífero, alimenta a esperança cristã de poder continuar a tornar eficaz aquela ressurreição que es¬cancara todos os sepulcros de hipocrisia e de iniquidade.
Oração
Ó Deus,
que na ressurreição do vosso Filho
abristes à Humanidade a passagem da morte para a vida, concedei-nos experimentar no nosso dia-a-dia o poder da Sua ressurreição.
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