11 28 Preparando a primeira semana do Advento (de 1 a 08 de Dezembro)

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Agenda litúrgica

2024-12-01

DOMINGO I DO ADVENTO

PROMESSA     CAMINHO   SANTIDADE    VIGILÂNCIA 

L 1 Jr 33, 14, 16; Sl 24 (25), 4bc-5ab. 8-9. 10 e 14
L 2 1Ts 3, 12 – 4, 2
Ev Lc 21, 25-28. 34-36

12 01 Lc 21 25 28 34 36 Domingo I Advento A vossa libertação está próxima

 

EVANGELHO Lc 21, 25-28.34-36

«A vossa libertação está próxima»

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas e, na terra, angústia entre as nações, aterradas com o rugido e a agitação do mar. Os homens morrerão de pavor, na expectativa do que vai suceder ao universo, pois as forças celestes serão abaladas. Então, hão de ver o Filho do homem vir numa nuvem, com grande poder e glória. Quando estas coisas começarem a acontecer, erguei-vos e levantai a cabeça, porque a vossa libertação está próxima. Tende cuidado convosco, não suceda que os vossos corações se tornem pesados pela intemperança, a embriaguez e as preocupações da vida, e esse dia não vos surpreenda subitamente como uma armadilha, pois ele atingirá todos os que habitam a face da terra. Portanto, vigiai e orai em todo o tempo, para que possais livrar-vos de tudo o que vai acontecer e comparecer diante do Filho do homem».

Palavra da salvação.

REFLEXÃO

O Evangelho deste primeiro domingo do Advento coloca diante de um cenário de transformação. Os sinais no céu e na terra, a angústia e o abalo das forças cósmicas indicam que algo grandioso está prestes a acontecer. Porém, em meio a essas imagens impactantes, Jesus nos dá uma mensagem clara: “Erguei-vos e levantai a cabeça, porque a vossa libertação está próxima.” 

Este tempo de Advento é um chamado à esperança ativa. Não é um período de medo, mas de preparação. Somos convidados a abrir os olhos e os corações para perceber os sinais da presença de Deus no mundo, mesmo em meio às tribulações. Ele é o Senhor da história e conduz tudo para a realização de Seu plano de salvação. 

Vigiar e orar são os conselhos de Jesus para este tempo. Isso significa viver com atenção e sobriedade, evitando as distrações que nos afastam da essência de nossa fé. A embriaguez e as preocupações exageradas são sintomas de corações que não confiam plenamente no Senhor. 

Neste Advento, somos chamados a renovar nossa confiança na promessa de Cristo. A vinda do Filho do Homem é um momento de libertação e redenção. Levantemos a cabeça e preparemos nossos corações, vivendo na certeza de que o Senhor está próximo. 

 Oração 

Senhor, que este Advento nos ajude a viver com corações vigilantes e cheios de esperança. Ensina-nos a confiar em Ti, mesmo em meio às dificuldades, e a reconhecer a Tua presença em cada momento de nossa vida. Prepara-nos para acolher a Tua libertação com alegria e fé. Àmen

 

12 02 Mateus 8, 5-11   muitos virão do Oriente e do Ocidente para se assentar à mesa no Reino dos Céu

 Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus

Naquele tempo, ao entrar Jesus em Cafarnaum, aproximou-se d’Ele um centurião, que Lhe suplicou, dizendo: «Senhor, o meu servo jaz em casa paralítico e sofre horrivelmente». Disse-lhe­ Jesus: «Eu irei curá-lo». Mas o centurião res­­pon­­­­deu-Lhe: «Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa; mas diz uma só palavra e o meu servo ficará curado. Porque eu, que não passo dum subalterno, tenho soldados sob as minhas ordens: digo a um ‘Vai’ e ele vai; a outro ‘Vem’ e ele vem; e ao meu servo ‘Faz isto’ e ele faz». Ao ouvi-lo, Jesus ficou admirado e disse àqueles que O seguiam: «Em verdade vos digo: Não encontrei ninguém em Israel com tão grande fé. Por isso vos digo: Do Oriente e do Ocidente virão muitos sentar-se à mesa, com Abraão, Isaac e Jacob, no reino dos Céus».
Palavra da salvação.

O Evangelho de Mateus 8, 5-11 traz uma poderosa lição sobre a fé e a humildade. A história do centurião romano que busca a cura de seu servo ilustra a profundidade da fé que pode existir fora do círculo dos israelitas. O centurião, um homem de autoridade, demonstra um entendimento impressionante sobre o poder de Jesus. Ele não apenas reconhece a incapacidade de Jesus de entrar em sua casa, devido à sua condição de gentio, mas também expressa uma confiança inabalável na palavra de Cristo. Sua declaração de que basta uma ordem para que seu servo seja curado revela uma fé que transcende os limites da tradição e da cultura.

Jesus, ao ouvir as palavras do centurião, fica admirado e declara que não encontrou tanta fé em Israel. Essa afirmação não só exalta a fé do centurião, mas também serve como um convite à reflexão sobre como muitas vezes podemos subestimar o poder da fé genuína que vem de corações humildes e abertos. A promessa de que muitos virão do Oriente e do Ocidente para se assentar à mesa no Reino dos Céus nos lembra da universalidade da mensagem cristã e da inclusão que ela oferece.

Oração:

“Senhor Jesus, agradecemos pela Sua palavra poderosa que cura e transforma vidas. Que possamos ter a fé do centurião, confiando plenamente em Sua autoridade e amor. Ajuda-nos a reconhecer o valor da humildade e a abrir nossos corações para todos os que buscam a verdade em Ti. Amém.”

 

12 03 Ev Mc 12, 28b-34Terça «Amarás o Senhor teu Deus. Amarás o teu próximo»

 

Leitura do Evangelho Segundo S. Marcos 12, 28b-34

28b Um dos escribas aproximou-se de Jesus e perguntou-Lhe: «Qual é o primeiro de todos os mandamentos?»
29 Jesus respondeu: «O primeiro é este: ‘Escuta, Israel: O Senhor nosso Deus é o único Senhor.
30 Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com toda a tua força’.
31 O segundo é este: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’. Não há outro mandamento maior que estes».
32 Disse-Lhe o escriba: «Muito bem, Mestre! É verdade o que disseste: Ele é único, e não há outro além d’Ele.
33 E amá-Lo com todo o coração, com todo o entendimento e com toda a força, e amar o próximo como a si mesmo vale mais do que todos os holocaustos e sacrifícios».
34 Vendo que ele tinha respondido com inteligência, Jesus disse-lhe: «Não estás longe do reino de Deus». E ninguém mais se atrevia a fazer-Lhe perguntas.


Reflexão

Este diálogo entre Jesus e o escriba destaca a centralidade do amor na fé cristã. Quando questionado sobre o maior mandamento, Jesus une duas passagens da Escritura: o Shema Israel (Dt 6, 4-5), que exalta o amor exclusivo a Deus, e Lv 19, 18, que ordena o amor ao próximo. Ao fazer isso, Jesus mostra que o amor a Deus e ao próximo são inseparáveis e formam o coração da lei divina.

O escriba, reconhecendo a sabedoria de Jesus, vai além dos rituais externos e afirma que este duplo amor é superior aos holocaustos e sacrifícios. Sua resposta demonstra entendimento espiritual, o que leva Jesus a elogiá-lo: “Não estás longe do reino de Deus”. A profundidade da mensagem está na relação viva e autêntica com Deus e no compromisso concreto com os outros.

No Advento, esta leitura desafia nos a viver a espera do Senhor com um coração cheio de amor. Amar a Deus com todo o coração implica colocá-Lo no centro da vida, em atitudes de oração, louvor e confiança. Amar o próximo, por sua vez, exige gestos concretos de solidariedade, perdão e atenção aos necessitados. É uma preparação prática e espiritual para o Natal, que celebra o amor divino feito carne.


No Advento, renovemos o amor a Deus e ao próximo. Que nossa espera por Cristo seja marcada por uma fé viva e atos de caridade. Assim, estaremos mais próximos do Reino de Deus.


12 04 Mt 15, 29-37 Quarta Jesus cura muitos enfermos e multiplica os pães

Leitura do Evangelho Segundo S. Mateus

 

Partindo dali, Jesus foi para junto do mar da Galileia, subiu a uma montanha e sentou-Se.
30 Vieram até Ele grandes multidões, trazendo consigo coxos, aleijados, cegos, mudos e muitos outros doentes. Colocaram-nos aos pés de Jesus, e Ele os curou.
31 A multidão ficou admirada ao ver que os mudos falavam, os aleijados estavam curados, os coxos andavam e os cegos viam. E glorificaram o Deus de Israel.
32 Então Jesus chamou os discípulos e disse: «Tenho compaixão desta multidão, porque já estão comigo há três dias e não têm o que comer. Não quero mandá-los embora com fome, para que não desfaleçam no caminho».
33 Os discípulos disseram-Lhe: «Onde poderemos encontrar, neste lugar deserto, pão suficiente para alimentar tão grande multidão?»
34 Jesus perguntou-lhes: «Quantos pães tendes?» Responderam: «Sete, e alguns peixinhos».
35 Mandou a multidão sentar-se no chão.
36 Tomou os sete pães e os peixes, deu graças, partiu-os e deu-os aos discípulos, e os discípulos distribuíram-nos pela multidão.
37 Todos comeram e ficaram saciados. E ainda recolheram sete cestos cheios de pedaços que sobraram.


REFLEXÃO

Este episódio do Evangelho de Mateus combina dois elementos fundamentais da missão de Jesus: a compaixão e o cuidado. Após realizar várias curas, Ele manifesta profunda sensibilidade ao perceber a necessidade física da multidão que O acompanha há dias. Este milagre, conhecido como a segunda multiplicação dos pães, destaca a providência divina e a abundância com que Deus responde às nossas carências.

A compaixão de Jesus transcende o espiritual e alcança o concreto. Ele não ignora a fome, mas a transforma numa oportunidade de demonstrar o poder de Deus. A participação dos discípulos na distribuição dos alimentos ensina-nos a importância de colaborarmos com Cristo em sua missão de cuidar dos outros.

No Advento, este texto assume um significado especial. Jesus, que se compadece das nossas fraquezas, é Aquele que esperamos no Natal. A multiplicação dos pães antecipa o banquete do Reino dos Céus, onde toda fome — física e espiritual — será saciada. É um convite a confiar na providência divina e a partilhar os dons que recebemos, especialmente neste tempo de preparação para a vinda do Salvador.


Durante o Advento, sigamos o exemplo de Jesus: olhemos para as necessidades ao nosso redor com compaixão e partilhemos o que temos. Acolhamos Cristo como o Pão que desce do Céu e vivamos em comunhão com os irmãos.


. Oração

Senhor, compadece-Te de nós em nossa fome de amor, justiça e paz. Ensina-nos a partilhar o que temos, para que outros experimentem o Teu cuidado. Que o Advento nos prepare para o banquete do Teu Reino. Amém.

 

12 05 Mt 7, 21.24-27 Quinta «Aquele que faz a vontade de meu Pai entrará no reino dos céus

EVANGELHO Mt 7, 21.24-27
«Aquele que faz a vontade de meu Pai entrará no reino dos Céus»

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Nem todo aquele que Me diz ‘Senhor, Senhor’ entrará no reino dos Céus, mas só aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos Céus. Todo aquele que ouve as minhas palavras e as põe em prática é como o homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as torrentes e sopraram os ventos contra aquela casa; mas ela não caiu, porque estava fundada sobre a rocha. Mas todo aquele que ouve as minhas palavras e não as põe em prática é como o homem insensato que edificou a sua casa sobre a areia. Caiu a chuva, vieram as torrentes e sopraram os ventos contra aquela casa; ela desmoronou-se e foi grande a sua ruína».


Palavra da salvação.

Reflexão

O Advento é tempo de espera ativa, de preparação para a vinda do Senhor. No Evangelho de hoje, Jesus ensina que o Reino dos Céus não é alcançado apenas pelas palavras ou pelas intenções aparentes, mas pela ação concreta de quem faz a vontade de Deus. Este é um chamamento à coerência entre fé e vida, à construção sólida de nossa existência sobre a “rocha” que é Cristo.

Construir na rocha: a verdadeira esperança no Advento

Na quadra do Advento, somos convidados a refletir sobre os fundamentos da nossa vida. O exemplo da casa construída sobre a rocha remete-nos à necessidade de um alicerce sólido, capaz de resistir às tempestades da vida. Edificar sobre a rocha significa viver segundo a palavra de Deus, moldar nossas escolhas diárias segundo o Evangelho, e não apenas proclamá-lo com os lábios.

Por outro lado, a casa sobre a areia simboliza uma fé superficial, fundamentada em aparências ou comodismos. No Advento, este alerta é oportuno. Estamos construindo nossa espera no Senhor com práticas consistentes, como a oração, a caridade e a vigilância? Ou estamos deixando que a agitação e o materialismo das festas natalícias enfraqueçam os fundamentos da nossa espiritualidade?

Um olhar para a conjuntura nacional e internacional:A mensagem de Jesus neste Evangelho também desafia a nossa realidade. Vivemos num mundo onde as “casas sobre a areia” são visíveis nas crises políticas, econômicas e sociais. A falta de valores éticos sólidos na gestão pública e nos relacionamentos interpessoais resulta em sistemas frágeis, incapazes de resistir às “tempestades” das desigualdades, das guerras e das mudanças climáticas.

No contexto nacional, vemos muitas vezes promessas vazias de líderes que, como na imagem da casa sobre a areia, não têm alicerces na justiça e no bem comum. Internacionalmente, as guerras, os conflitos entre nações e a crise ambiental são exemplos de uma humanidade que, em grande parte, negligencia a vontade de Deus, optando por caminhos egoístas.

Mas o Advento renova em nós a esperança. Ele recorda-nos que Cristo, a Rocha eterna, veio para estabelecer um Reino que não desmorona, mesmo em meio às provações. É nosso dever, como cristãos, sermos instrumentos de construção deste Reino na sociedade, promovendo a justiça, a paz e a solidariedade.

Este Evangelho desafia-nos a colocar em prática o que ouvimos nas Escrituras. Não basta a aparência da religiosidade ou palavras que soem bonitas; é preciso que a fé seja vivida no quotidiano. O homem prudente do Evangelho é aquele que ouve e age, que não deixa que as adversidades derrubem sua casa porque confia na força de Deus.

No Advento, pequenas ações concretas podem ajudar-nos a viver esta mensagem: visitar alguém que está sozinho, apoiar quem enfrenta dificuldades, dedicar mais tempo à oração em família ou à reconciliação com os outros. Estas práticas são como pedras que fortalecem a construção de uma casa sólida na fé.

Oração

Senhor, ajuda-nos a construir nossa vida sobre a rocha firme do Teu amor e da Tua palavra. Que saibamos viver com coerência, colocando em prática os Teus ensinamentos no nosso dia a dia. Nas tempestades da vida, fortalece-nos com a Tua presença. Faze-nos promotores de justiça, paz e solidariedade no mundo. Vem, Senhor Jesus, e transforma o nosso coração para que possamos ser verdadeiros discípulos, firmes na fé e perseverantes no amor. Amém.

12 06 Mt 9, 27-31 Sexta Dois cegos acreditam em Jesus e são curados


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus

Naquele tempo, Jesus pôs-Se a caminho e seguiram-n’O dois cegos, gritando: «Filho de David, tem piedade de nós». Ao chegar a casa, os cegos aproximaram-se d’Ele. Jesus perguntou-lhes: «Acreditais que posso fazer o que pedis?» Eles responderam: «Acreditamos, Senhor». Então Jesus tocou-lhes nos olhos e disse: «Seja feito segundo a vossa fé». E abriram-se os seus olhos. Jesus advertiu-os, dizendo: «Tende cuidado, para que ninguém o saiba». Mas eles, quando saíram, divulgaram a fama de Jesus por toda aquela terra

.
Palavra da salvação.

Comentário ao Evangelho de Mt 9, 27-31

No Evangelho de hoje, Jesus encontra dois cegos que, confiando na sua misericórdia, clamam por cura. O Senhor responde ao seu grito, mas antes de realizar o milagre, questiona-os: “Acreditais que posso fazer o que pedis?”. Esta pergunta revela a essência do relacionamento com Deus no Advento: uma espera ativa e cheia de fé, que reconhece Jesus como o Salvador.

Advento: um tempo de clamor e fé ativa

Este episódio ressoa profundamente na quadra do Advento, período de preparação para a vinda de Jesus. Assim como os cegos clamaram ao “Filho de David”, somos convidados a invocá-Lo como o Messias esperado. O Advento não é apenas uma espera passiva, mas um tempo de busca pela luz de Cristo para que Ele cure nossas cegueiras espirituais, como fez com os dois homens.

Os cegos são modelos de fé e esperança. Eles não apenas reconhecem em Jesus o Messias, mas colocam n’Ele toda a confiança, mesmo antes de verem o milagre realizado. Esta atitude é um chamamento para examinarmos nossa própria fé neste Advento: acreditamos que Jesus pode curar as feridas do nosso coração, restaurar nossa esperança e renovar a luz que muitas vezes é obscurecida pelas dificuldades da vida?

O contexto sócio-religioso em Portugal e na Igreja

Em Portugal, muitas pessoas vivem como que “cegas” para a luz de Cristo, envoltas numa cultura marcada pelo secularismo crescente e por uma religiosidade muitas vezes superficial. Apesar de sermos um país de tradição cristã, nota-se uma dificuldade em transmitir a fé às novas gerações e em vivê-la de forma coerente no dia a dia.

Na Igreja, este Evangelho recorda-nos a importância de sermos testemunhas de fé autêntica. Assim como os cegos não puderam conter a alegria e espalharam a fama de Jesus, os cristãos são chamados a partilhar com os outros a luz que receberam. No entanto, muitas vezes deixamo nos acomodar pela rotina ou pelas pressões sociais, escondendo a nossa fé.

A nível internacional, a Igreja enfrenta o desafio de manter a fé viva em contextos de perseguição, relativismo moral e desafios éticos. Este Evangelho é um convite a olhar para Cristo como fonte de luz em meio à escuridão. Só Ele pode abrir os olhos de uma humanidade que, frequentemente, prefere ignorar os valores do Evangelho.

“Seja feito segundo a vossa fé”: um chamamento ao compromisso

Jesus cura os cegos em resposta à fé que demonstram. Esta cura é um sinal da ação de Deus em resposta à nossa abertura e confiança. Assim, o Advento é também um tempo de renovação do compromisso com Cristo. Não basta esperar passivamente pela sua vinda; é preciso aproximar-nos d’Ele, clamar por sua misericórdia e permitir que Ele nos toque, como fez com os cegos.

Lições práticas para o Advento

O Evangelho ensina nos que a fé deve ser ativa e perseverante. Os cegos seguiram Jesus e não desistiram até serem curados. No Advento, somos convidados a seguir este exemplo: buscar mais intensamente a oração, a participação nos sacramentos e o exercício da caridade. Também é tempo de identificar as “cegueiras” que nos afastam de Deus – como o egoísmo, a pressa ou a indiferença – e pedir que Ele nos ilumine.

Além disso, como Igreja, precisamos sair das “nossas casas” para anunciar Cristo aos que ainda não O conhecem. Assim como os cegos testemunharam a ação de Jesus, somos chamados a ser instrumentos de evangelização, levando a luz de Cristo aos outros.

Oração

Senhor Jesus, Filho de David, tem piedade de nós e cura as nossas cegueiras espirituais. Que a luz da Tua presença ilumine os caminhos escuros da nossa vida. Dá-nos uma fé viva e perseverante, que nos leve a seguir-Te mesmo nos momentos de dificuldade. Que o Advento seja para nós um tempo de esperança renovada, para que possamos ser, como os cegos curados, testemunhas do Teu amor diante do mundo. Amém.

12 07 Mt 9, 35 – 10, 1.6-8 Sábado «Ao ver as multidões, encheu-Se de compaixão»

An artistic depiction of Jesus Christ walking through a countryside filled with small villages and towns, teaching and healing people. The scene should show Jesus surrounded by a diverse group of followers, including children, the sick, and the weary, symbolizing compassion and care. The background features lush green fields, simple homes, and a bright, hopeful sky, evoking a sense of peace and anticipation. This scene reflects the Advent season, emphasizing Jesus as the caring shepherd of His people.

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus


Naquele tempo, Jesus percorria todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas, pregando o Evangelho do reino e curando todas as doenças e enfermidades. Ao ver as multidões, encheu-Se de compaixão, porque andavam fatigadas e abatidas, como ovelhas sem pastor. Jesus disse então aos seus discípulos: «A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara». Depois chamou a Si os seus Doze discípulos e deu-lhes poder de expulsar os espíritos impuros e de curar todas as doenças e enfermidades. Jesus deu-lhes também as seguintes instruções: «Ide às ovelhas perdidas da casa de Israel. Pelo caminho, proclamai que está perto o reino dos Céus. Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, sarai os leprosos, expulsai os demónios. Recebestes de graça, dai de graça».


Palavra da salvação.

Comentário ao Evangelho de Mt 9, 35 – 10, 1.6-8

O Evangelho apresenta-nos Jesus percorrendo cidades e aldeias, ensinando, curando e mostrando compaixão pelas multidões fatigadas. Essa passagem evoca de forma poderosa o espírito do Advento, tempo de espera pela vinda de Jesus, o Pastor que cuida de suas ovelhas.

Advento: Um tempo de compaixão e missão

O Advento é, por excelência, um tempo de esperança e renovação. Neste período, a Igreja nos chama a refletir sobre o amor compassivo de Deus, revelado em Jesus. A compaixão de Cristo pelas multidões “fatigadas e abatidas” reflete o olhar misericordioso de Deus sobre a humanidade, especialmente os mais vulneráveis.

Hoje, como no tempo de Jesus, muitas pessoas vivem sem direção, “como ovelhas sem pastor”. O consumismo, a indiferença espiritual e a solidão marcam a vida de muitos. Este Evangelho nos desafia a sermos instrumentos de Deus para aliviar essas realidades, especialmente neste tempo do Advento, quando somos chamados a preparar nossos corações e o mundo para receber o Salvador.

A Igreja como continuadora da missão de Jesus

A compaixão de Jesus não se limita ao olhar; ela o leva à ação. Ele envia os Doze discípulos em missão, capacitando-os a curar, libertar e anunciar o Reino dos Céus. Esta missão confiada aos discípulos é hoje continuada pela Igreja.

No contexto de Portugal, a Igreja enfrenta desafios específicos: a secularização, o distanciamento das novas gerações e a falta de vocações. No entanto, este Evangelho é uma chamada à esperança e ao compromisso. A “seara é grande” e há muitas oportunidades para levar Cristo aos que ainda não o conhecem ou que se afastaram. É urgente “pedir ao Senhor da seara que mande trabalhadores”, mas também reconhecer que todos os batizados têm a missão de ser testemunhas da fé.

No contexto global, as desigualdades sociais, os conflitos e as crises ecológicas evidenciam a necessidade de uma Igreja que seja sinal de compaixão e justiça. O Papa Francisco tem insistido em uma Igreja em saída, próxima dos pobres e comprometida com o cuidado da criação. Este Evangelho nos convida a participar ativamente desta missão, especialmente no Advento, tempo de preparação para a chegada de Jesus, o Príncipe da Paz.

Recebestes de graça, dai de graça

Jesus recorda aos discípulos que tudo o que receberam é dom gratuito de Deus. No Advento, somos convidados a refletir sobre a gratuidade do amor de Deus, manifestado no mistério da Encarnação. Assim como Jesus nos amou gratuitamente, somos chamados a compartilhar esse amor com os outros, especialmente os mais necessitados.

A gratuidade é uma mensagem relevante em um mundo marcado pela busca incessante por vantagens e recompensas. No Advento, somos desafiados a viver a generosidade, traduzida em gestos concretos de solidariedade. Como Igreja, isso significa intensificar as ações de evangelização e caridade, levando a esperança e a luz de Cristo às “ovelhas perdidas”.

Reflexão prática para o AdventoCultivar a compaixão: Inspirados por Jesus, devemos olhar para os outros com o mesmo amor compassivo. Quem são as “ovelhas sem pastor” no nosso contexto? Como podemos ser sinais desperança para elas?Viver a missão: O Advento é um tempo para refletirmos sobre o nosso papel como discípulos missionários. Somos chamados a ser luz em meio às trevas, proclamando o Reino com nossas palavras e ações.Partilhar os dons: Assim como Jesus nos ensinou, devemos dar de graça aquilo que recebemos. A partilha do tempo, dos recursos e da fé é uma forma concreta de vivermos o Advento.

Oração

Senhor Jesus, Pastor compassivo, olha para nós, que tantas vezes nos sentimos fatigados e perdidos. Dá-nos um coração cheio de compaixão, capaz de enxergar as necessidades dos outros e de agir com generosidade. No Advento, ensina-nos a preparar o nosso coração para a Tua vinda e a sermos sinais do Teu Reino no mundo. Envia trabalhadores para a Tua seara e faz de nós instrumentos da Tua paz e do Teu amor. Amém.

12 08 Lc 1, 26-38 Domingo
«Ave, Maria, cheia de graça, o Senhor é contigo»

A serene and holy depiction of the Annunciation as described in Luke 1:26-38. The scene shows the Angel Gabriel appearing to the Virgin Mary in a modest room in Nazareth. Gabriel is portrayed as radiant and celestial, holding a lily, symbolizing purity. Mary, depicted as humble and serene, is seated or kneeling with an expression of wonder and faith, wearing a modest blue and white garment. The background is simple, highlighting the divine light shining on Mary, symbolizing the presence of God. The atmosphere evokes the sacred moment of the Incarnation, filled with peace and reverence.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas


Naquele tempo,
o Anjo Gabriel foi enviado por Deus
a uma cidade da Galileia chamada Nazaré,
a uma Virgem desposada com um homem chamado José,
que era descendente de David.
O nome da Virgem era Maria.
Tendo entrado onde ela estava, disse o Anjo:
«Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo».
Ela ficou perturbada com estas palavras
e pensava que saudação seria aquela.
Disse-lhe o Anjo:
«Não temas, Maria,
porque encontraste graça diante de Deus.
Conceberás e darás à luz um Filho,
a quem porás o nome de Jesus.
Ele será grande e chamar-Se-á Filho do Altíssimo.
O Senhor Deus Lhe dará o trono de seu pai David;
reinará eternamente sobre a casa de Jacob
e o seu reinado não terá fim».
Maria disse ao Anjo:
«Como será isto, se eu não conheço homem?».
O Anjo respondeu-lhe:
«O Espírito Santo virá sobre ti
e a força do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra.
Por isso o Santo que vai nascer será chamado Filho de Deus.
E a tua parenta Isabel concebeu também um filho na sua velhice
e este é o sexto mês daquela a quem chamavam estéril;
porque a Deus nada é impossível».
Maria disse então:
«Eis a escrava do Senhor;
faça-se em mim segundo a tua palavra».


Palavra da salvação.

Comentário ao Evangelho: “Ave, Maria, cheia de graça, o Senhor é contigo” (Lc 1, 26-38)

O Evangelho de Lucas 1, 26-38 nos apresenta um dos momentos mais sublimes da história da salvação: a Anunciação. Este episódio é central na celebração da Solenidade da Imaculada Conceição, pois nos recorda que Maria, escolhida por Deus desde toda a eternidade, foi preservada do pecado original e preparada para ser a Mãe do Salvador.

Maria na História da Salvação

A saudação do Anjo Gabriel – “Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo” – revela o privilégio singular de Maria. “Cheia de graça” significa que Maria foi agraciada por Deus de modo único, desde a sua concepção, vivendo plenamente em comunhão com a vontade divina. Este mistério da Imaculada Conceição foi proclamado dogma pela Igreja em 1854, mas desde os primeiros séculos já era profundamente venerado pelos cristãos, especialmente em Portugal.

Maria é o modelo de confiança e disponibilidade. Quando o Anjo anuncia que ela será a Mãe do Salvador, Maria, mesmo sem compreender totalmente, responde com fé: “Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra”. Sua resposta marca o início da encarnação do Verbo e demonstra a força do “sim” de uma vida entregue a Deus.

A Imaculada Conceição no Advento

No contexto do Advento, a celebração da Imaculada Conceição nos convida a preparar nossos corações para acolher Jesus, tal como Maria O acolheu. O Advento é um tempo de espera ativa e esperança, e Maria, na sua pureza e fidelidade, é a Estrela da Manhã que nos guia até Cristo. Assim como Deus preparou Maria, nós também somos chamados a preparar o nosso interior para o nascimento de Jesus.

Maria é sinal da nova criação. Nela, o pecado é vencido desde o princípio, antecipando o triunfo de Cristo sobre o mal. Durante o Advento, somos convidados a contemplar Maria como a “Nova Eva”, cuja obediência contrasta com o pecado original. Seu “sim” à vontade de Deus é o exemplo que devemos seguir no caminho de conversão.

A Devoção a Nossa Senhora em Portugal

Portugal tem uma devoção especial a Nossa Senhora, especialmente sob o título da Imaculada Conceição, que foi proclamada Padroeira do país em 1646 pelo rei D. João IV. Este ato de confiança na proteção de Maria é parte integrante da identidade nacional e religiosa portuguesa. A devoção à Mãe Imaculada está profundamente enraizada no povo, expressa em procissões, festas e na recitação do terço.

O Santuário de Fátima é um exemplo eloquente desta devoção. Ali, Maria apareceu com uma mensagem de paz e conversão, confirmando a sua proximidade com o povo português e com toda a humanidade. A mensagem de Fátima é também um apelo à oração e à confiança no poder de Deus, que pode transformar o mundo através do coração puro e humilde de Maria.

Maria no Contexto da Igreja

A Imaculada Conceição é um sinal do amor de Deus pela humanidade. Na Igreja, Maria é Mãe e intercessora. Assim como Ela disse “sim” para acolher Jesus, somos convidados a acolher Cristo em nossas vidas. A Imaculada Conceição nos recorda que Deus age de modo especial nas pessoas simples e disponíveis, e que a santidade é um chamado para todos.

Maria é modelo de vida cristã: a sua obediência à vontade de Deus, a sua humildade e o seu silêncio são lições para os nossos dias. No Advento, Maria nos ensina a esperar e a confiar. Ela nos lembra que a preparação para o Natal não é apenas externa, mas principalmente interior.

 Oração à Imaculada Conceição

Ó Maria Imaculada, Mãe cheia de graça,
padroeira de Portugal e modelo de fé,
ajuda-nos a dizer “sim” à vontade de Deus
e a preparar nossos corações para a vinda de Jesus.
Conduze-nos pela luz do Advento
até o mistério do Natal.
Intercede por nós, Mãe querida,
para que sejamos dignos das promessas de Cristo. Amém.

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