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.04 19 Lc 24, 1-12 Sábado  «Porque buscais entre os mortos Aquele que está vivo?» .

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. EVANGELHO Lc 24, 1-12
«Porque buscais entre os mortos Aquele que está vivo?»

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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas


No primeiro dia da semana, ao romper da manhã,
as mulheres que tinham vindo com Jesus da Galileia
foram ao sepulcro, levando os perfumes que tinham preparado.
Encontraram a pedra do sepulcro removida
e, ao entrarem, não acharam o corpo do Senhor Jesus.
Estando elas perplexas com o sucedido,
apareceram-lhes dois homens com vestes resplandecentes.
Ficaram amedrontadas e inclinaram o rosto para o chão,
enquanto eles lhes diziam:
«Porque buscais entre os mortos Aquele que está vivo?
Não está aqui: ressuscitou.
Lembrai-vos como Ele vos falou,
quando ainda estava na Galileia:
‘O Filho do homem tem de ser entregue às mãos dos pecadores,
tem de ser crucificado e ressuscitar ao terceiro dia’».
Elas lembraram-se então das palavras de Jesus.
Voltando do sepulcro,
foram contar tudo isto aos Onze, bem como a todos os outros.
Eram Maria Madalena, Joana e Maria, mãe de Tiago.
Também as outras mulheres que estavam com elas
diziam isto aos Apóstolos.
Mas tais palavras pareciam-lhes um desvario,
e não acreditaram nelas.
Entretanto, Pedro pôs-se a caminho e correu ao sepulcro.
Debruçando-se, viu apenas as ligaduras
e voltou para casa admirado com o que tinha sucedido.
Palavra da salvação.

 

REFLEXÃO .

O silêncio do sábado pascal, que parecia selar o fim de tudo, é surpreendido por uma nova alvorada: a do sepulcro vazio. As mulheres, fiéis na sua dor, vão ao túmulo levando perfumes – sinal de amor e respeito – mas o que encontram é uma ausência, um vazio que lhes enche o coração de perplexidade e medo. Não encontram o corpo, encontram uma pergunta: «Porque buscais entre os mortos Aquele que está vivo?»

Esta pergunta rasga o véu da lógica humana e introduz-nos no mistério da fé. Elas não tinham compreendido que o amor é mais forte do que a morte. Mas é nesse momento, no meio do espanto e da dúvida, que a memória da Palavra de Jesus acende uma nova luz: “Lembrai-vos do que Ele vos disse…” A fé nasce assim: não de provas físicas, mas da escuta da Palavra, do recordar com o coração aquilo que Jesus ensinou.

Pedro corre ao sepulcro. Também ele precisa de ver, mas só encontra as ligaduras. O túmulo está vazio. É o vazio que fala: já não está aqui, ressuscitou. Pedro volta admirado, não por ter visto Jesus, mas por começar a pressentir que algo totalmente novo começou. A Ressurreição não é uma ideia reconfortante, mas um facto real que nos obriga a rever toda a nossa vida.

A pergunta dos anjos permanece atual. Procuramos tantas vezes entre os “mortos” — nas seguranças humanas, nos caminhos de rotina, nas memórias do passado — esquecendo que o Ressuscitado nos precede sempre, vivo, no hoje da nossa existência.

Oração

Senhor Jesus, Ressuscitado e Vivo, abre os olhos do nosso coração para Te reconhecermos onde estás: no amor partilhado, na esperança renovada, na luz que dissipa os nossos medos. Que não Te procuremos no passado morto, mas na vida nova que nos ofereces. Ámen.

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04 18  Jo 18, 1 – 19, 42   Sexta  Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo.

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Evangelho segundo São João 18, 1 – 19, 42.

  1. Tendo Jesus dito estas palavras, saiu com os seus discípulos para o outro lado da torrente do Cedron, onde havia um jardim, no qual entrou com eles.
  2. Judas, o traidor, conhecia também o lugar, porque Jesus se reunia ali muitas vezes com os seus discípulos.
  3. Judas, então, levando a coorte e alguns guardas dos sumos sacerdotes e dos fariseus, veio ali com lanternas, archotes e armas.
  4. Jesus, sabendo tudo o que havia de lhe acontecer, adiantou-se e perguntou-lhes: «A quem procurais?»
  5. Responderam-lhe: «A Jesus de Nazaré.» Disse-lhes Jesus: «Sou eu!» Estava com eles Judas, o traidor.
  6. Logo que Jesus lhes disse: «Sou eu!», recuaram e caíram por terra.
  7. Perguntou-lhes de novo: «A quem procurais?» Disseram: «A Jesus de Nazaré.»
  8. Jesus respondeu: «Já vos disse que sou eu. Se é a mim que procurais, deixai ir estes.»
  9. Assim se cumpria a palavra que dissera: «Não perdi nenhum dos que me deste.»
  10. Simão Pedro, que tinha uma espada, puxou dela e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. O servo chamava-se Malco.
  11. Mas Jesus disse a Pedro: «Mete a tua espada na bainha. Não hei de beber o cálice que o Pai me deu?»
  12. Então a coorte, o tribuno e os guardas dos judeus prenderam Jesus, manietaram-no
  13. e levaram-no primeiro a Anás, pois era sogro de Caifás, que naquele ano era o sumo sacerdote.
  14. Caifás era o que tinha aconselhado aos judeus: «Convém que morra um só homem pelo povo.»
  15. Simão Pedro seguia Jesus, assim como outro discípulo. Esse discípulo era conhecido do sumo sacerdote e entrou com Jesus no pátio do sumo sacerdote,
  16. enquanto Pedro ficou fora, à porta. O outro discípulo, que era conhecido do sumo sacerdote, saiu, falou à porteira e introduziu Pedro.
  17. Disse então a porteira a Pedro: «Tu não és também dos discípulos desse homem?» Ele respondeu: «Não sou.»
  18. Estavam ali os servos e os guardas, que tinham feito uma fogueira, porque fazia frio, e aqueciam-se. Pedro estava com eles e aquecia-se também.
  19. Entretanto, o sumo sacerdote interrogou Jesus acerca dos seus discípulos e da sua doutrina.
  20. Jesus respondeu-lhe: «Falei abertamente ao mundo. Ensinei sempre na sinagoga e no templo, onde todos os judeus se reúnem, e nada disse em segredo.
  21. Porque me interrogas? Pergunta aos que ouviram o que lhes falei. Esses sabem o que eu disse.»
  22. A estas palavras, um dos guardas que ali estava deu uma bofetada a Jesus, dizendo: «É assim que respondes ao sumo sacerdote?»
  23. Jesus respondeu-lhe: «Se falei mal, mostra em que; mas se falei bem, porque me bates?»
  24. Então Anás mandou Jesus, manietado, a Caifás, o sumo sacerdote.
  25. Simão Pedro estava ali a aquecer-se, e disseram-lhe: «Tu não és também dos discípulos dele?» Ele negou, dizendo: «Não sou.»
  26. Disse-lhe um dos servos do sumo sacerdote, parente daquele a quem Pedro cortara a orelha: «Não te vi eu no jardim com ele?»
  27. Pedro negou de novo, e logo o galo cantou.
  28. Levaram então Jesus da casa de Caifás para o pretório. Era de manhã cedo. Eles não entraram no pretório, para não se contaminarem e poderem comer a Páscoa.
  29. Pilatos saiu para fora, ao encontro deles, e disse: «Que acusação trazeis contra este homem?»
  30. Responderam-lhe: «Se não fosse malfeitor, não to entregaríamos.»
  31. Pilatos disse-lhes: «Tomai-o vós e julgai-o segundo a vossa lei.» Os judeus responderam: «A nós não nos é permitido dar a morte a ninguém.»
  32. Assim se cumpria o que Jesus tinha dito, ao indicar de que morte havia de morrer.
  33. Pilatos entrou de novo no pretório, chamou Jesus e perguntou-lhe: «Tu és o Rei dos judeus?»
  34. Jesus respondeu: «Dizes isso por ti mesmo, ou foram outros que to disseram de mim?»
  35. Pilatos replicou: «Sou porventura judeu? A tua gente e os sumos sacerdotes entregaram-te a mim. Que fizeste?»
  36. Jesus respondeu: «O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus servos teriam combatido para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu reino não é daqui.»
  37. Pilatos disse-lhe: «Então tu és rei?» Jesus respondeu: «Tu o dizes: eu sou rei. Para isso nasci e vim ao mundo: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz.»
  38. Disse-lhe Pilatos: «O que é a verdade?»
    Tendo dito isto, saiu de novo ao encontro dos judeus e declarou-lhes: «Não encontro nele culpa alguma.
  39. Mas há entre vós o costume de que eu vos solte um na Páscoa. Quereis, pois, que vos solte o Rei dos judeus?»
  40. Eles gritaram de novo: «Esse não, mas Barrabás!» Ora Barrabás era um salteador.

Capítulo 19

  1. Então Pilatos mandou prender Jesus e mandou açoitá-lo.
  2. Os soldados teceram uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça e vestiram-lhe um manto de púrpura.
  3. Depois aproximavam-se dele e diziam: «Salve, Rei dos judeus!» E davam-lhe bofetadas.
  4. Pilatos saiu outra vez e disse-lhes: «Eu vo-lo trago fora, para que saibais que não encontro nele culpa alguma.»
  5. Jesus saiu, trazendo a coroa de espinhos e o manto de púrpura. Pilatos disse-lhes: «Eis o homem!»
  6. Ao vê-lo, os sumos sacerdotes e os guardas gritaram: «Crucifica-o! Crucifica-o!» Pilatos respondeu-lhes: «Tomai-o vós e crucificai-o, pois eu não encontro culpa nele.»
  7. Os judeus replicaram: «Temos uma lei, e segundo essa lei ele deve morrer, porque se fez Filho de Deus.»
  8. Ao ouvir estas palavras, Pilatos teve mais medo.
  9. Entrou de novo no pretório e disse a Jesus: «De onde és tu?» Mas Jesus não lhe deu resposta.
  10. Disse-lhe então Pilatos: «Não me falas? Não sabes que tenho poder para te soltar e poder para te crucificar?»
  11. Jesus respondeu-lhe: «Não terias poder algum sobre mim, se não te fosse dado do alto. Por isso, quem me entregou a ti tem maior pecado.»
  12. A partir daí, Pilatos procurava soltá-lo. Mas os judeus gritavam: «Se o soltas, não és amigo de César! Todo aquele que se faz rei é contra César.»
  13. Ao ouvir estas palavras, Pilatos mandou trazer Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no lugar chamado Litóstrotos, em hebraico Gábata.
  14. Era a Preparação da Páscoa, por volta da hora sexta. Pilatos disse aos judeus: «Eis o vosso rei!»
  15. Mas eles clamavam: «Fora! Fora! Crucifica-o!» Pilatos perguntou-lhes: «Hei de crucificar o vosso rei?» Os sumos sacerdotes responderam: «Não temos outro rei senão César!»
  16. Então entregou-o para ser crucificado. Levaram então Jesus.
  17. Levando a cruz às costas, saiu para o lugar chamado Calvário, em hebraico Gólgota,
  18. onde o crucificaram, e com ele outros dois, um de cada lado, e Jesus no meio.
  19. Pilatos redigiu também um letreiro e fê-lo colocar sobre a cruz; nele estava escrito: «Jesus Nazareno, Rei dos judeus.»
  20. Muitos judeus leram este letreiro, pois o lugar onde Jesus foi crucificado era perto da cidade; e estava escrito em hebraico, latim e grego.
  21. Os sumos sacerdotes disseram então a Pilatos: «Não escrevas: ‘Rei dos judeus’, mas sim: ‘Ele disse: Eu sou o rei dos judeus.’»
  22. Pilatos respondeu: «O que escrevi, escrevi.»
  23. Quando os soldados crucificaram Jesus, tomaram as suas vestes e fizeram quatro partes, uma para cada soldado, e a túnica. A túnica era sem costura, tecida de alto a baixo.
  24. Disseram uns aos outros: «Não a rasguemos; vamos lançar sortes para ver a quem tocará.» Assim se cumpria a Escritura: «Repartiram entre si as minhas vestes e lançaram sortes sobre a minha túnica.» Foi isto que fizeram os soldados.
  25. Junto à cruz de Jesus estavam sua Mãe, a irmã de sua Mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena.
  26. Vendo a sua Mãe e o discípulo predileto, que estava com ela, Jesus disse à Mãe: «Mulher, eis o teu filho.»
  27. Depois disse ao discípulo: «Eis a tua Mãe.» E desde aquela hora o discípulo acolheu-a em sua casa.
  28. Depois disso, sabendo Jesus que tudo estava consumado, para se cumprir a Escritura, disse: «Tenho sede.»
  29. Estava ali um vaso cheio de vinagre. Puseram uma esponja embebida em vinagre num ramo de hissopo e levaram-lha à boca.
  30. Quando Jesus tomou o vinagre, disse: «Tudo está consumado.» E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.

[Aqui faz-se uma pausa em silêncio.]

  1. Como era a Preparação, e para que os corpos não ficassem na cruz durante o sábado – era um grande dia aquele sábado –, os judeus pediram a Pilatos que se quebrassem as pernas dos crucificados e fossem retirados.
  2. Vieram os soldados e quebraram as pernas ao primeiro e depois ao outro que com ele tinham sido crucificados.
  3. Chegando a Jesus, vendo que já estava morto, não lhe quebraram as pernas,
  4. mas um dos soldados trespassou-lhe o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água.
  5. Aquele que viu dá testemunho, e o seu testemunho é verdadeiro; ele sabe que diz a verdade, para que vós também acrediteis.
  6. Isto aconteceu para se cumprir a Escritura: «Não lhe quebrarão nenhum osso.»
  7. E diz ainda outra passagem da Escritura: «Hão de olhar para aquele que trespassaram.»
  8. Depois disto, José de Arimateia, que era discípulo de Jesus, mas ocultamente por medo dos judeus, pediu a Pilatos para tirar o corpo de Jesus. Pilatos permitiu. Veio então e retirou o corpo.
  9. Veio também Nicodemos – aquele que em tempos tinha ido de noite ter com Jesus – trazendo cerca de cem libras de uma mistura de mirra e aloés.
  10. Tomaram o corpo de Jesus e envolveram-no em ligaduras com os aromas, segundo o costume dos judeus na preparação dos mortos.
  11. No lugar onde Jesus fora crucificado havia um jardim, e no jardim um sepulcro novo, onde ainda ninguém tinha sido depositado.
  12. Foi ali que puseram Jesus, por causa da Preparação dos judeus, como o sepulcro estava perto.

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REFLEXÃO

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Neste longo e comovente relato da Paixão segundo São João, somos convidados a contemplar o mistério da entrega total de Jesus, que vai ao encontro da morte com dignidade, lucidez e soberania. João não acentua tanto os sofrimentos físicos, mas a realeza e liberdade interior de Cristo. Ele é o verdadeiro Rei, que dá a vida pelos seus, que não se defende, que não recua, que enfrenta a injustiça com firmeza, mas sem violência.

Desde o início, no jardim onde Judas o entrega, Jesus não se esconde. Ele toma a iniciativa: “Sou Eu!”. Esta palavra poderosa faz os soldados recuarem e caírem por terra. É o “Eu sou” divino, o mesmo de Deus no Êxodo. Aqui não há vítima fraca, mas o Cordeiro que voluntariamente se oferece.

A figura de Pedro, com as suas negações, representa a nossa fraqueza. Contrasta com Jesus, que permanece fiel, mesmo quando abandonado. No diálogo com Pilatos, Jesus proclama que o seu Reino não é deste mundo e que veio para dar testemunho da verdade. É a verdade do amor que não se impõe pela força, mas que se revela na entrega.

No Calvário, Jesus reina do alto da cruz. Mesmo ali, cuida da Mãe e do discípulo amado, criando uma nova família: a Igreja. As suas últimas palavras — “Tenho sede” e “Tudo está consumado” — revelam o cumprimento total da missão: Jesus entregou-Se por amor até ao fim.

Do seu lado trespassado jorram sangue e água, sinais da vida nova, dos sacramentos, da Igreja que nasce do seu coração aberto. O silêncio que se segue é sagrado. Contemplamos o Mistério. A Cruz é trono, é altar, é fonte.

Hoje, não há missa. Há adoração. Silêncio. Gratidão. Veneramos a Cruz, não como sinal de derrota, mas como árvore da vida, onde Cristo venceu a morte.

Oração

Senhor Jesus, Rei humilde e fiel, no silêncio da Tua paixão, revelaste o amor mais profundo. Ensina-me a confiar como Tu, a entregar como Tu, a viver com o coração voltado para o Pai. Que a Tua cruz seja a minha esperança. Ámen.

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04 17 Jo 13, 1-15 Quinta «Amou-os até ao fim»

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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João

Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que chegara a sua hora de passar deste mundo para o Pai, Ele, que amara os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim. No decorrer da ceia, tendo já o Demónio metido no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, a ideia de O entregar, Jesus, sabendo que o Pai Lhe tinha dado toda a autoridade, sabendo que saíra de Deus e para Deus voltava, levantou-Se da mesa, tirou o manto e tomou uma toalha, que pôs à cintura. Depois, deitou água numa bacia e começou a lavar os pés aos discípulos e a enxugá-los com a toalha que pusera à cintura. Quando chegou a Simão Pedro, este disse-Lhe: «Senhor, Tu vais lavar-me os pés?». Jesus respondeu: «O que estou a fazer, não o podes entender agora, mas compreendê-lo-ás mais tarde». Pedro insistiu: «Nunca consentirei que me laves os pés». Jesus respondeu-lhe: «Se não tos lavar, não terás parte comigo». Simão Pedro replicou: «Senhor, então não somente os pés, mas também as mãos e a cabeça». Jesus respondeu-lhe: «Aquele que já tomou banho está limpo e não precisa de lavar senão os pés. Vós estais limpos, mas não todos». Jesus bem sabia quem O havia de entregar. Foi por isso que acrescentou: «Nem todos estais limpos». Depois de lhes lavar os pés, Jesus tomou o manto e pôs-Se de novo à mesa. Então disse-lhes: «Compreendeis o que vos fiz? Vós chamais-Me Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque o sou. Se Eu, que sou Mestre e Senhor, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros. Dei-vos o exemplo, para que, assim como Eu fiz, vós façais também».

Palavra da salvação.

Reflexão

O sinal pelo qual conhecerão que sois meus discípulos será que vos ameis uns aos outros” (Jo 13,33ss) disse Jesus no decorrer da última ceia. O amor fraterno ou mandamento de Jesus aparece como sinal visível da comunidade cristã. Será o que a identifica perante o mundo.

O lava-pés dos apóstolos por Jesus e a primeira comunhão dos discípulos expressam o serviço, amor e entrega por parte de Cristo, são um convite para que nós façamos o mesmo, em sua memória; O lava-pés e a instituição da Eucaristia, iluminam e dão sentido a toda a vida de Cristo, centrada nessa dupla motivação: amor ao Pai e amor aos homens, seus irmãos, como princípio, meio e fim.

O amor de Jesus não se ficou por palavras, nem sequer nesses dois sinais: Eucaristia e lava-pés, mas passou à acção: Ele deu a vida por todos nós; e “ninguém tem maior amor que o que dá a vida pelos seus amigos”, sublinhou então Jesus.

Naquela tarde realizaram-se duas entregas bem diferentes. Jesus dá-se aos seus amigos na Eucaristia. A nossa opção de cristãos não pode ser outra senão a de Jesus em tal dia como hoje: amar os outros como ele nos amou.

A Igreja nasce na Ceia do Senhor. O mandato de Jesus “fazei isto em memória de mim” origina a repetição da Eucaristia e, portanto, a convocação permanente da assembleia eclesial através dos tempos.

Oração

Nós vos louvamos ó Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, com todos os crentes e os pobres de todo o mundo, porque o corpo de Cristo é o pão que nos fortalece e o seu sangue é o vinho da festa pascal que nos reúne.

Concedei-nos o vosso Espírito para continuar a crer e a amar porque esse é o vosso mandato e o nosso empenho para sempre.

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04 16 Mt 26, 14-25 Quarta «O Filho do homem vai partir, como está escrito.

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. Mateus

**14** Então um dos Doze, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os sumos sacerdotes  

**15** e disse: «Que me dareis, se eu vo-Lo entregar?» Combinaram trinta moedas de prata.  

**16** E, a partir daquele momento, Judas procurava uma ocasião para O entregar.  .

**17** No primeiro dia dos Ázimos, os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram-Lhe: «Onde queres que façamos os preparativos para comeres a Páscoa?»  

**18** Jesus respondeu: «Ide à cidade, a casa de tal homem, e dizei-lhe: ‘O Mestre manda dizer: O meu tempo está próximo; é em tua casa que vou celebrar a Páscoa com os meus discípulos’.»  

**19** Os discípulos fizeram como Jesus lhes ordenara e prepararam a Páscoa.  .

**20** Ao cair da tarde, Jesus Se pôs à mesa com os Doze.  

**21** Enquanto comiam, declarou: «Em verdade vos digo: Um de vós Me há de entregar.»  

**22** Profundamente entristecidos, começaram a perguntar-Lhe, um após outro: «Porventura serei eu, Senhor?»  

**23** Ele respondeu: «Aquele que mete comigo a mão no prato é que Me há de entregar.  

**24** O Filho do homem vai partir, como está escrito acerca d’Ele. Mas ai daquele por quem o Filho do homem vai ser entregue! Melhor seria para esse homem não ter nascido!»  

**25** Judas, o traidor, tomou a palavra e perguntou: «Porventura serei eu, Mestre?» Jesus respondeu-lhe: «Tu o disseste.»  .

REFLEXÃO .

No Evangelho de hoje, vemos o momento crucial em que Jesus, sentado à mesa com os seus discípulos, revela que um deles O trairá. A figura de Judas Iscariotes, um dos Doze, que procura entregar o Mestre por trinta moedas de prata, destaca-se de forma dramática. O ato de Judas parece impensável, mas a profecia de Jesus cumpre-se: o Filho do homem vai partir como está escrito. Judas, no entanto, tem a liberdade de escolher o caminho da traição, e Jesus revela que é “melhor para esse homem não ter nascido”. Esta dura frase chama-nos a refletir sobre a gravidade da escolha de Judas e as consequências de afastar-se do amor de Deus.

A Páscoa é o ponto de encontro entre a salvação e a traição, entre a obediência ao plano divino e a escolha pessoal que nos distancia de Deus. Cada um dos discípulos, ao ouvir a declaração de Jesus, questiona-se, em profunda tristeza: “Porventura serei eu, Senhor?” Essa dúvida genuína manifesta a fragilidade humana diante das tentações e da incerteza.

A traição de Judas não é apenas um ato histórico, mas uma reflexão sobre como cada um de nós pode, em pequenos gestos diários, afastar-se de Cristo. A nossa missão é, ao contrário de Judas, buscar sempre a proximidade com o Senhor e não deixar que o nosso coração se endureça, afastando-nos da Sua vontade.

Convido-te, portanto, a refletir sobre a tua relação com Deus e a ser fiel, mesmo nas dificuldades. Que a nossa oração seja sincera e constante, buscando sempre a misericórdia e o perdão de Deus.

Oração:

Senhor Jesus,
Tu conheces os meus caminhos e o meu coração.
Perdoa-me pelas vezes que, como Judas, me afastei de Ti.
Dá-me a força para Te seguir com fidelidade,
para que a minha vida seja um reflexo do Teu amor e da Tua misericórdia.
Ajuda-me a discernir sempre a Tua vontade e a caminhar na verdade,
sem ceder às tentações que me afastam de Ti.
Que, como os Teus discípulos, eu possa perguntar com sinceridade:
“Porventura serei eu, Senhor?”
E que a minha resposta seja sempre “Sim” ao Teu chamado.
Amém.

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04 15 Jo 13, 21-33.36-38 Terça «Um de vós há de entregar-me…Não cantará o galo, sem que Me tenhas negado três vezes

04 15 Jo 13, 21-33.36-38 Terça «Um de vós há de entregar-me…Não cantará o galo, sem que Me tenhas negado três vezes

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Evangelho de Nosso Senhor Jesus segundo S. João .

**21** Tendo dito isto, Jesus perturbou-Se em Seu espírito e declarou: «Em verdade, de vos digo: Um de vós há de entregar-Me».  .

**22** Os discípulos olhavam uns para os outros, sem saber de quem Ele falava.  .

**23** Um deles, o que Jesus amava, estava recostado ao lado de Jesus.  .

**24** Simão Pedro fez-lhe sinal e disse-lhe: «Pergunta de quem é que Ele fala».  .

**25** Então, aquele discípulo, reclinando-se sobre o peito de Jesus, perguntou-Lhe: «Senhor, quem é?»  .

**26** Jesus respondeu: «É aquele a quem Eu der o bocado de pão embebido». E, molhando um bocado de pão, deu-o a Judas, filho de Simão Iscariotes.  .

**27** Logo que Judas recebeu o bocado de pão, Satanás entrou nele. Jesus disse-lhe: «O que tens a fazer, fá-lo depressa»

**28** Nenhum dos presentes compreendeu porque é que Ele lho disse.  .

**29** Como Judas guardava a bolsa, alguns pensavam que Jesus lhe estava a dizer: «Compra o que precisamos para a festa», ou que desse alguma coisa aos pobres.  .

**30** Depois de receber o bocado de pão, Judas saiu imediatamente. Era noite.  .

**31** Depois que Judas saiu, Jesus disse: «Agora foi glorificado o Filho do Homem, e Deus foi glorificado n’Ele.  .

**32** Se Deus foi glorificado n’Ele, também Deus O glorificará em Si mesmo, e glorificá-l’O-á sem demora.  .

**33** Meus filhos, é por pouco tempo que ainda estou convosco. Vós haveis de procurar-Me, e agora vos digo, como disse aos judeus: ‘Para onde Eu vou, vós não podeis ir’.  .

**36** Disse-Lhe Simão Pedro: «Senhor, para onde vais?» Jesus respondeu-lhe: «Para onde Eu vou, tu não Me podes seguir agora, mas seguir-Me-ás mais tarde».  .

**37** Pedro disse: «Senhor, porque é que não Te posso seguir agora? Eu darei a minha vida por Ti!»  .

**38** Jesus respondeu-lhe: «Darás a tua vida por Mim? Em verdade, em verdade te digo: Não cantará o galo, sem que Me tenhas negado três vezes».  

REFLEXÃO

O Evangelho desta terça-feira mergulha-nos no drama íntimo da Última Ceia. Jesus está profundamente perturbado. Sabe o que se aproxima, sente a dor da traição e da negação. Não é o medo da cruz que o abala, mas o sofrimento humano da rejeição por aqueles que ama.

Judas recebe o bocado de pão e sai. “Era noite.” Esta frase encerra o peso simbólico de toda a cena. A noite desce sobre o coração de Judas, sobre a casa onde Jesus partilha a ceia, e sobre o mundo que se prepara para rejeitar o Amor feito carne. No entanto, Jesus fala de glorificação. É precisamente neste momento de trevas que brilha a luz da entrega: “Agora foi glorificado o Filho do Homem.”

Jesus não foge da dor, mas abraça-a como caminho de salvação. O mistério da glória passa pela entrega total, pelo esvaziamento, pelo dom. E é nesse contexto que Pedro se revela também frágil. Garante que dará a vida por Jesus, mas este conhece-lhe o coração: “Não cantará o galo, sem que Me tenhas negado três vezes.”

Na Semana Santa, somos chamados a reconhecer-nos nestas figuras. Em Judas, a tentação da fuga e da manipulação. Em Pedro, o entusiasmo sincero mas frágil, que cai perante o medo. E em Jesus, a fidelidade absoluta, mesmo quando tudo à volta desaba.

Este Evangelho convida-nos a fazer silêncio e a reclinar a cabeça sobre o peito de Jesus, como o discípulo amado. A escutar os seus segredos, a acolher a Sua dor, a não fugir quando tudo se torna escuro. E sobretudo, a confiar que, mesmo na noite mais densa, a luz da glória já começou a brilhar.

🙏 Oração

Senhor Jesus,
na noite da traição e da negação,
permanece connosco com o Teu amor fiel.
Ajuda-nos a reconhecer as nossas fraquezas,
mas também a não desistir de Te seguir.
Dá-nos um coração como o do discípulo amado,
capaz de escutar-Te no silêncio e de permanecer junto de Ti.
Ámen.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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04 14 Jo 12, 1-11 Segunda «Deixa-a em paz. ela tinha guardado o perfume para o dia da minha sepultura».

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04 14 Jo 12, 1-11 Segunda «Deixa-a em paz. ela tinha guardado o perfume para o dia da minha sepultura»..

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1 **Seis dias antes da Páscoa, Jesus foi a Betânia, onde vivia Lázaro, que Ele ressuscitara dos mortos.**  

2 **Ofereceram-Lhe lá um jantar. Marta servia e Lázaro era um dos que estavam à mesa com Ele.**  

3 **Maria, tomando uma libra de perfume de nardo puro, de grande preço, ungiu os pés de Jesus e enxugou-os com os seus cabelos. A casa encheu-se com a fragrância do perfume.**  

4 **Então, disse Judas Iscariotes, um dos seus discípulos, aquele que O havia de entregar:**  

5 **«Porque não se vendeu este perfume por trezentos denários, para os dar aos pobres?»**  

6 **Dizia isto, não porque se preocupasse com os pobres, mas porque era ladrão e, tendo a bolsa do dinheiro, tirava o que lá se metia.**  

7 **Jesus respondeu: «Deixa-a em paz; ela guardou este perfume para o dia da minha sepultura.**  

8 **Porque os pobres sempre os tendes convosco, mas a Mim nem sempre Me tendes».**.

9 **Soube então que uma grande multidão de judeus tinha vindo a Betânia, não só por causa de Jesus, mas também para ver Lázaro, que Ele ressuscitara dos mortos.**  

10 **Os sumos sacerdotes decidiram matar também Lázaro,**  

11 **porque por causa dele muitos judeus os abandonavam e acreditavam em Jesus.**  

 

REFLEXÃO .

João 12, 1-11 — Segunda-feira Santa

«Deixa-a em paz. Ela guardou o perfume para o dia da minha sepultura.».

Estamos a seis dias da Páscoa. A casa de Betânia torna-se um santuário da intimidade, onde Jesus partilha a mesa com Lázaro, ressuscitado, e é servido por Marta e ungido por Maria. Cada gesto é carregado de sentido pascal. Neste ambiente de amizade, Maria rompe o frasco de perfume e unge os pés de Jesus, num gesto ousado e terno, antecipando, sem o saber, a unção do corpo sepultado.

Maria não fala, mas a sua linguagem é a do amor puro e gratuito. O perfume que inunda a casa é sinal da entrega total. E Jesus reconhece esse gesto como profético: «Ela guardou este perfume para o dia da minha sepultura». A unção de Maria é já um anúncio da cruz, mas também da Ressurreição. A morte está próxima, mas ela é atravessada por este amor que não calcula, que não poupa, que não espera.

Em contraste, Judas fala de dinheiro e de aparente preocupação com os pobres. Mas as suas palavras são denunciadas pelo evangelista: não vêm da caridade, mas da cobiça. Neste diálogo entre o gesto de Maria e a crítica de Judas, vemos duas atitudes perante Jesus: o dom gratuito e o cálculo egoísta. O amor verdadeiro sabe reconhecer o momento único da presença de Jesus e não o deixa passar.

Hoje, somos convidados a identificar em nós o coração de Maria — que ama, serve, dá — ou o coração de Judas — que manipula, finge, retém. O caminho para a Páscoa passa pela escolha de amar como Maria, mesmo quando o mundo à nossa volta prefere manter-se à distância.

🙏 Oração

Senhor Jesus,
na casa de Betânia encontraste descanso e carinho
antes da tua paixão.
Dá-nos um coração como o de Maria:
silencioso, adorador, gratuito.
Ensina-nos a amar-Te com gestos concretos,
sem medo do desperdício,
com a generosidade que perfuma o mundo.
Ámen.

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03 24 LEITURA I 2 Reis 5, 1-15ª Segunda Feira

LEITURA I 2 Reis 5, 1-15ª

«Havia muitos leprosos em Israel;contudo nenhum deles foi curado, mas apenas o sírio Naamã»

Começa, nesta semana, a preparação mais diretamente orientada para o Batismo dos catecúmenos e para a renovação das promessas do Batismo dos já batizados, na Vigília Pascal. A saúde restituída a um leproso por meio de simples banho no rio é figura do Batismo, que, num gesto tão simples, é sacramento de uma graça espiritual tão grande, que nele, de simples homens naturais, nos tornamos filhos de Deus, participantes da vida e da glória de Cristo ressuscitado. E esta graça é oferecida a todos os homens: Naamã era estrangeiro e pagão, e foi curado.

Leitura do Segundo Livro dos Reis

Naqueles dias, Naamã, general dos exércitos do rei da Síria, era tido em grande consideração e estima pelo seu soberano, porque, por seu intermédio, o Senhor tinha dado a vitória à Síria. Mas este homem, valente guerreiro, estava leproso. Ora, numa incursão, os sírios tinham levado uma menina da terra de Israel, que ficou ao serviço da mulher de Naamã. Ela disse à sua senhora: «Se o meu senhor fosse ter com o profeta que vive na Samaria, ele decerto o livraria da lepra». Naamã foi contar ao soberano o que dissera a jovem da terra de Israel. O rei da Síria respondeu-lhe: «Vai, que eu escreverei uma carta ao rei de Israel». Naamã pôs-se a caminho, levando consigo dez talentos de prata, seis mil siclos de ouro e dez mudas de roupa; e entregou ao rei de Israel a carta, que dizia: «Logo que esta carta te chegar às mãos, ficarás a saber que te envio o meu servo Naamã, para que o livres da sua lepra». Depois de ter lido a carta, o rei de Israel rasgou as vestes, exclamando: «Serei eu um deus que possa dar a morte e a vida, para este me mandar dizer que livre um homem da sua lepra? Reparai e vede como ele procura um pretexto contra mim». Quando Eliseu, o homem de Deus, soube que o rei de Israel tinha rasgado as vestes, mandou-lhe dizer: «Por que motivo rasgaste as tuas vestes? Esse homem venha ter comigo e saberá que existe um profeta em Israel». Naamã seguiu com os seus cavalos e o seu carro e parou à porta de Eliseu. Eliseu mandou-lhe dizer por um mensageiro: «Vai banhar-te sete vezes no Jordão e o teu corpo ficará limpo». Naamã irritou-se e decidiu ir-se embora, dizendo: «Eu pensava que ele mesmo viria ao meu encontro, invocaria o nome do Senhor, seu Deus, colocaria a mão sobre a parte doente e me livraria da lepra. Não valem os rios de Damasco, o Abana e o Farfar, mais do que todas as águas de Israel? Não poderia eu banhar-me neles para ficar limpo?» Deu meia volta e partiu indignado. Mas os servos aproximaram-se dele e disseram: «Meu pai, se o profeta te tivesse mandado uma coisa difícil, não a terias feito? Quanto mais, se ele te diz apenas: ‘Vai banhar-te e ficarás limpo’?» Naamão desceu e mergulhou sete vezes no Jordão, como lhe ordenara o homem de Deus. A sua carne tornou-se como a de uma criança e ficou limpo. Voltou de novo, com todo o seu séquito, à casa do homem de Deus, entrou e apresentou-se, dizendo: «Agora sei que não há Deus em toda a terra, senão em Israel».

Palavra do Senhor.

03 24 Segunda Feira da terceira semana da quaresma

Sintese do Evangelho

Para entender esta passagem, devemos ler os versículos anteriores, onde Jesus se declara Messias. Os seus conterrâneos rejeitam-no, pois viam a salvação como monopólio judeu. Hoje, somos chamados a testemunhar Cristo, comprometendo-nos com os pobres, guiados pelo Espírito, numa verdadeira conversão interior e missionária.

 

03 24 Lc 4, 24-30 Segunda Nenhum profeta é bem recebido na sua terra»

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Naquele tempo, Jesus veio a Nazaré e falou ao povo na sinagoga, dizendo: «Em verdade vos digo: Nenhum profeta é bem recebido na sua terra. Digo-vos a verdade: Havia em Israel muitas viúvas no tempo do profeta Elias, quando o céu se fechou durante três anos e seis meses e houve uma grande fome em toda a terra; contudo, Elias não foi enviado a nenhuma delas, mas a uma viúva de Sarepta, na região da Sidónia. Havia em Israel muitos leprosos no tempo do profeta Eliseu; contudo, nenhum deles foi curado, mas apenas o sírio Naamã». Ao ouvirem estas palavras, todos ficaram furiosos na sinagoga. Levantaram-se, expulsaram Jesus da cidade e levaram-n’O até ao cimo da colina sobre a qual a cidade estava edificada, a fim de O precipitarem dali abaixo. Mas Jesus, passando pelo meio deles, seguiu o seu caminho.

Palavra da salvação.

REFLEXÃO

Os versículos  precedentes em que Jesus se intitula de Messias
Salvador “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu: Enviou-me para dar a
boa notícia aos pobres, para anunciar aos cativos a liberdade e aos cegos avista, para dar
liberdade aos oprimidos,   para anunciar o ano de garça do Senhor…
Furiosos com as suas palavras “Levantaram-se, expulsaram Jesus da cidade e levaram-n’O até
ao cimo da colina sobre a qual a cidade estava edificada, a fim de O precipitarem dali abaixo.
Mas Jesus, passando pelo meio deles, seguiu o seu caminho.”
Os conterrâneos de Jesus, e de igual ‘modo o resto dos judeus, estavam convencidos de que a
salvação de Deus era monopólio judeu; as nações pagãs ficavam excluídas. Não conseguiram
aceitar como o Messias o filho de Maria e de José o artesão.
Nós cristãos, fomos ungidos pelo Espírito no Baptismo e Confirmação para testemunhar e
continuar a missão libertadora de Cristo. O dom do Espírito não é também monopólio da
hierarquia eclesiástica, como o demonstram os textos paulinos sobre os carismas, entre os
quais o amor cristão ostenta a primazia (iCor 12–13).
Um mesmo e único Espírito é o que anima a vida da Igreja para dentro e para fora na sua
projecção missionária. Temos de comprometer-nos na luta pela libertação dos mais pobres e

débeis, mas com o espírito de conversão estruturas sociais sem estarmos nós mesmos
convertidos, com o amor e a força do Espírito de Deus que nos liberta interiormente.

ORAÇÃO

Senhor Jesus, vós sois a realização de todas as nossas esperanças e sonhos. Através do dom
do vosso Espírito Santo, recebemos a verdade, liberdade e vida abundante. Enchei-nos com a
alegria do Evangelho e inflamai o nosso coração com amor e zelo por vós e pelo seu reino de
paz e justiça.

 

4o

Liturgia diária
Agenda litúrgica
2025-03-24
Segunda-feira da semana III
Roxo – Ofício da féria.
Missa da féria, pf. da Quaresma.

L 1 2Rs 5, 1-15a; Sl 41 (42), 2-3; 42, 3. 4
Ev Lc 4, 24-30

Nos dias feriais mais oportunos desta semana, em vez das leituras indicadas para esses dias, podem tomar-se as leituras dominicais do Ano A, para favorecer a catequese batismal na Quaresma.

* Dia dos Missionários Mártires.
* I Vésp. da Anunciação do Senhor – Compl. dep. I Vésp. dom.

Missa
Antífona de entrada Sl 83, 3
A minha alma suspira pelos átrios do Senhor,
o meu coração e a minha carne exultam no Deus vivo.

Oração coleta
Purificai, Senhor,
e protegei continuamente a vossa Igreja;
e, porque não pode salvar-se sem Vós,
governai-a com a vossa providência.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo,
por todos os séculos dos séculos.

LEITURA I 2 Reis 5, 1-15ª
«Havia muitos leprosos em Israel;
contudo nenhum deles foi curado, mas apenas o sírio Naamã»

Começa, nesta semana, a preparação mais diretamente orientada para o Batismo dos catecúmenos e para a renovação das promessas do Batismo dos já batizados, na Vigília Pascal. A saúde restituída a um leproso por meio de simples banho no rio é figura do Batismo, que, num gesto tão simples, é sacramento de uma graça espiritual tão grande, que nele, de simples homens naturais, nos tornamos filhos de Deus, participantes da vida e da glória de Cristo ressuscitado. E esta graça é oferecida a todos os homens: Naamã era estrangeiro e pagão, e foi curado.

Leitura do Segundo Livro dos Reis
Naqueles dias, Naamã, general dos exércitos do rei da Síria, era tido em grande consideração e estima pelo seu soberano, porque, por seu intermédio, o Senhor tinha dado a vitória à Síria. Mas este homem, valente guerreiro, estava leproso. Ora, numa incursão, os sírios tinham levado uma menina da terra de Israel, que ficou ao serviço da mulher de Naamã. Ela disse à sua senhora: «Se o meu senhor fosse ter com o profeta que vive na Samaria, ele decerto o livraria da lepra». Naamã foi contar ao soberano o que dissera a jovem da terra de Israel. O rei da Síria respondeu-lhe: «Vai, que eu escreverei uma carta ao rei de Israel». Naamã pôs-se a caminho, levando consigo dez talentos de prata, seis mil siclos de ouro e dez mudas de roupa; e entregou ao rei de Israel a carta, que dizia: «Logo que esta carta te chegar às mãos, ficarás a saber que te envio o meu servo Naamã, para que o livres da sua lepra». Depois de ter lido a carta, o rei de Israel rasgou as vestes, exclamando: «Serei eu um deus que possa dar a morte e a vida, para este me mandar dizer que livre um homem da sua lepra? Reparai e vede como ele procura um pretexto contra mim». Quando Eliseu, o homem de Deus, soube que o rei de Israel tinha rasgado as vestes, mandou-lhe dizer: «Por que motivo rasgaste as tuas vestes? Esse homem venha ter comigo e saberá que existe um profeta em Israel». Naamã seguiu com os seus cavalos e o seu carro e parou à porta de Eliseu. Eliseu mandou-lhe dizer por um mensageiro: «Vai banhar-te sete vezes no Jordão e o teu corpo ficará limpo». Naamã irritou-se e decidiu ir-se embora, dizendo: «Eu pensava que ele mesmo viria ao meu encontro, invocaria o nome do Senhor, seu Deus, colocaria a mão sobre a parte doente e me livraria da lepra. Não valem os rios de Damasco, o Abana e o Farfar, mais do que todas as águas de Israel? Não poderia eu banhar-me neles para ficar limpo?» Deu meia volta e partiu indignado. Mas os servos aproximaram-se dele e disseram: «Meu pai, se o profeta te tivesse mandado uma coisa difícil, não a terias feito? Quanto mais, se ele te diz apenas: ‘Vai banhar-te e ficarás limpo’?» Naamão desceu e mergulhou sete vezes no Jordão, como lhe ordenara o homem de Deus. A sua carne tornou-se como a de uma criança e ficou limpo. Voltou de novo, com todo o seu séquito, à casa do homem de Deus, entrou e apresentou-se, dizendo: «Agora sei que não há Deus em toda a terra, senão em Israel».
Palavra do Senhor.

*Entrevista com o General Naamã (2 Reis 5:1-15a)**

 

*Repórter:* General Naamã, como o senhor descreveria sua experiência de cura e o que ela significou para sua fé?

 

*Naamã:* Foi uma jornada humilhante, mas transformadora. Eu, um comandante do exército sírio, fui curado de uma doença terrível seguindo o conselho de uma simples serva e de um profeta de Israel. No início, resisti à ideia de me banhar no rio Jordão, mas, ao obedecer, fui curado. Isso me mostrou que a verdadeira fé não está em grandezas humanas, mas em confiar no poder de Deus, mesmo quando Suas instruções parecem simples ou insignificantes.

 

*Repórter:* E o que o senhor aprendeu sobre a fé cristã?

 

*Naamã:* Aprendi que a fé exige humildade e obediência. Não são nossos méritos ou posições que nos salvam, mas a confiança em Deus. Agora, reconheço que só Ele é o Senhor de toda a Terra. A fé verdadeira nos leva a agir, mesmo quando não entendemos completamente o plano divino.

 

 

 

 

 

SALMO RESPONSORIAL Salmo 41 (42), 2.3; 42 (43), 3.4 (R. Salmo 41, 3)
Refrão: A minha alma tem sede do Deus vivo:
quando verei a face do Senhor? Repete-se

Como suspira o veado pelas correntes das águas,
assim minha alma suspira por Vós, Senhor.
Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo:
quando irei contemplar a face de Deus? Refrão

Enviai a vossa luz e verdade,
sejam elas o meu guia e me conduzam
à vossa montanha santa
e ao vosso santuário. Refrão

E eu irei ao altar de Deus,
a Deus que é a minha alegria.
Ao som da cítara Vos louvarei,
Senhor, meu Deus. Refrão

ACLAMAÇÃO ANTES DO EVANGELHO Salmo 129 (130), 5.7
Refrão: Glória a Vós, Jesus Cristo, Palavra do Pai. Repete-se
Eu confio no Senhor, confio na sua palavra,
porque no Senhor está a misericórdia e a redenção. Refrão

EVANGELHO Lc 4, 24-30
Como Elias e Eliseu, Jesus não é enviado somente aos judeus

A liturgia de hoje põe em relevo a universalidade da redenção. É a todo o género humano que se abre a fonte do Batismo; todos são chamados a acolherem, na fé, o reino de Deus e a entrarem na sua Igreja. Mas, por vezes, os que estão mais perto são os que têm mais dificuldade em o acolher, como aconteceu com os de Nazaré. E foi a esse propósito que Jesus Se referiu ao acontecimento narrado na leitura anterior.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, Jesus veio a Nazaré e falou ao povo na sinagoga, dizendo: «Em verdade vos digo: Nenhum profeta é bem recebido na sua terra. Digo-vos a verdade: Havia em Israel muitas viúvas no tempo do profeta Elias, quando o céu se fechou durante três anos e seis meses e houve uma grande fome em toda a terra; contudo, Elias não foi enviado a nenhuma delas, mas a uma viúva de Sarepta, na região da Sidónia. Havia em Israel muitos leprosos no tempo do profeta Eliseu; contudo, nenhum deles foi curado, mas apenas o sírio Naamã». Ao ouvirem estas palavras, todos ficaram furiosos na sinagoga. Levantaram-se, expulsaram Jesus da cidade e levaram-n’O até ao cimo da colina sobre a qual a cidade estava edificada, a fim de O precipitarem dali abaixo. Mas Jesus, passando pelo meio deles, seguiu o seu caminho.
Palavra da salvação.

Oração sobre as oblatas
Apresentamos, Senhor,
estes dons sobre o vosso altar
e humildemente Vos pedimos
que os transformeis para nós em sacramento de salvação.
Por Cristo nosso Senhor.

Prefácio I-VI da Quaresma.

Antífona da comunhão Sl 116, 1-2
Louvai o Senhor, povos de toda a terra,
porque é eterna a sua misericórdia.

Oração depois da comunhão
A comunhão deste sacramento nos purifique, Senhor,
e nos confirme na unidade.
Por Cristo nosso Senhor.

Oração sobre o povo (facultativa)
Defendei, Senhor, com a vossa mão poderosa
este povo em oração,
purificai-o de todo o mal
e ensinai-lhe os vossos caminhos,
de modo que, confortado com os bens da vida presente,
procure sempre os bens da vida futura.
Por Cristo nosso Senhor.

03 23 .3º Domingo da Quaresma – Ano C 

..

Introdução

Neste terceiro domingo da Quaresma, as leituras chamam-nos à conversão e à renovação interior. O encontro de Moisés com Deus na sarça ardente revela-nos um Deus que vê, escuta e intervém na vida do Seu povo. O Salmo exalta a misericórdia divina e a bondade do Senhor para com aqueles que O buscam. São Paulo, na carta aos Coríntios, adverte-nos sobre a necessidade de perseverar e não cair na autossuficiência espiritual. No Evangelho, Jesus convida-nos a interpretar os acontecimentos como sinais para a conversão, recordando-nos que o tempo para mudar de vida é agora.


1ª Leitura: Êxodo 3, 1-8a.13-15 – A sarça ardente e a missão de Moisés

Versículos:

  • 1 Moisés apascentava o rebanho do seu sogro Jetro, sacerdote de Madiã. Um dia levou o rebanho para além do deserto e chegou ao monte de Deus, Horeb.
  • 2 O anjo do Senhor apareceu-lhe numa chama de fogo, do meio de uma sarça. Moisés olhou e viu que a sarça estava a arder, mas não se consumia.
  • 3 Disse Moisés: “Vou aproximar-me para ver esta coisa espantosa: porque será que a sarça não se consome?”
  • 4 O Senhor viu que ele se aproximava para observar e chamou-o do meio da sarça: “Moisés, Moisés!” Ele respondeu: “Aqui estou.”
  • 5 Deus disse: “Não te aproximes daqui. Tira as sandálias dos pés, porque o lugar onde estás é terra santa.”
  • 6 E acrescentou: “Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob.” Moisés cobriu o rosto, pois temia olhar para Deus.
  • 7 O Senhor disse: “Vi a aflição do meu povo no Egito e ouvi o seu clamor por causa dos seus opressores. Conheço os seus sofrimentos.
  • 8 Por isso desci para o libertar das mãos dos egípcios e fazê-lo subir para uma terra boa e espaçosa, terra onde corre leite e mel.
  • 13 Moisés disse a Deus: “Se eu for ter com os filhos de Israel e lhes disser: ‘O Deus dos vossos pais enviou-me a vós’, e me perguntarem: ‘Qual é o seu nome?’, que lhes hei de responder?”
  • 14 Deus disse a Moisés: “EU SOU AQUELE QUE SOU. Assim dirás aos filhos de Israel: ‘EU SOU enviou-me a vós’.”
  • 15 Deus acrescentou: “Assim dirás aos filhos de Israel: ‘O Senhor, Deus dos vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob, enviou-me a vós’. Este é o meu nome para sempre, e assim será invocado de geração em geração.”

Comentário Específico da Leitura:

Deus revela-se a Moisés como o Deus que vê, escuta e age em favor do Seu povo. O nome “EU SOU” manifesta a Sua presença constante e eterna. Esta leitura convida-nos a confiar na fidelidade de Deus e a reconhecer a sacralidade da Sua presença na nossa vida. A Quaresma é um tempo para nos descalçarmos das distrações e superficialidades, reconhecendo que estamos diante de um Deus vivo que nos chama à conversão.


Salmo: Salmo 102 (103) – “O Senhor é clemente e cheio de compaixão.”

Versículos:

  • 1 Bendiz, ó minha alma, o Senhor, e todo o meu ser bendiga o Seu santo nome!
  • 2 Bendiz, ó minha alma, o Senhor, e não esqueças nenhum dos Seus benefícios.
  • 3 Ele perdoa todos os teus pecados e cura todas as tuas enfermidades.
  • 4 Ele salva a tua vida do abismo e enche-te de graça e misericórdia.
  • 5 O Senhor é clemente e compassivo, paciente e cheio de bondade.
  • 6 Não nos trata segundo os nossos pecados, nem nos castiga segundo as nossas culpas.

Comentário Específico da Leitura:

O Salmo 102 recorda-nos que Deus não se cansa de perdoar e é sempre compassivo para com os Seus filhos. Durante a Quaresma, somos chamados a confiar na misericórdia do Senhor e a acolher o Seu amor restaurador.


2ª Leitura: 1 Coríntios 10, 1-6.10-12 – O exemplo de Israel como advertência

Versículos:

  • 1 Irmãos, não quero que ignoreis que os nossos pais estiveram todos sob a nuvem, passaram todos pelo mar,
  • 2 foram todos batizados em Moisés, na nuvem e no mar,
  • 3 comeram todos do mesmo alimento espiritual
  • 4 e beberam todos da mesma bebida espiritual, porque bebiam de uma rocha espiritual que os seguia; e essa rocha era Cristo.
  • 5 Mas a maior parte deles desagradou a Deus e caíram no deserto.
  • 6 Estas coisas aconteceram como exemplo para nós, para não cobiçarmos o mal, como eles cobiçaram.
  • 10 Nem murmureis, como alguns deles murmuraram, e pereceram às mãos do exterminador.
  • 11 Estas coisas aconteceram-lhes como advertência e foram escritas para nossa instrução, para nós, que vivemos no fim dos tempos.
  • 12 Portanto, quem julga estar de pé tenha cuidado para não cair.

Comentário Específico da Leitura:

São Paulo adverte-nos contra a presunção espiritual. A história do povo de Israel ensina-nos que não basta recebermos a graça de Deus; é necessário perseverarmos na fidelidade. A Quaresma desafia-nos a fazer um exame de consciência e a abandonar os caminhos que nos afastam de Deus.


Evangelho: Lucas 13, 1-9 – O apelo à conversão

Versículos:

  • 1 Naquele tempo, vieram contar a Jesus o caso dos galileus cujo sangue Pilatos misturara com o dos seus sacrifícios.
  • 2 Jesus respondeu: “Julgais que esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus, por terem sofrido tal coisa?
  • 3 Não! Eu vos digo: se não vos converterdes, perecereis todos da mesma forma.
  • 4 E aqueles dezoito que morreram quando a torre de Siloé caiu sobre eles, julgais que eram mais culpados do que os outros habitantes de Jerusalém?
  • 5 Não! Eu vos digo: se não vos converterdes, perecereis todos de modo semelhante.”
  • 6 E Jesus contou esta parábola: “Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha. Foi procurar fruto nela e não encontrou.
  • 7 Então disse ao agricultor: ‘Há três anos que venho procurar fruto nesta figueira e não encontro. Corta-a! Para que está ela a ocupar inutilmente a terra?’
  • 8 Mas o agricultor respondeu: ‘Senhor, deixa-a ficar ainda este ano. Vou cavar em volta dela e deitar adubo.
  • 9 Talvez venha a dar fruto. Se não der, então cortá-la-ás.’”

Comentário Específico da Leitura:

Jesus recorda-nos que a conversão não pode ser adiada. A parábola da figueira é um apelo à paciência de Deus, mas também à nossa responsabilidade de dar frutos. A Quaresma é o tempo favorável para correspondermos à graça e renovarmos a nossa vida.


Conclusão: Deus convida-nos hoje a uma mudança de coração. Ele é misericordioso, mas espera a nossa resposta. A Quaresma é o momento de nos abrirmos à conversão verdadeira.

03 22 Sábado da 2 semana da Quaresma

.

Introdução

Neste sábado, as leituras oferecem-nos uma profunda reflexão sobre o perdão e a misericórdia de Deus. O profeta Miqueias fala sobre o perdão completo de Deus, que lança nossos pecados ao fundo do mar, enquanto o Salmo 102 canta a compaixão e a misericórdia de Deus. O Evangelho, com a parábola do filho pródigo, revela o amor imensurável do Pai que acolhe o filho arrependido, independentemente dos seus erros. A Quaresma é um tempo propício para o arrependimento e para nos voltarmos a Deus com um coração sincero.


1ª Leitura: Miqueias 7, 14-15.18-20 – “Deus lançará ao fundo do mar todos os nossos pecados.”

Versículos:

  • 14 “Apascenta o teu povo com o teu cetro, o rebanho da tua herança, que habita isolado numa floresta, no meio de Carmelo; apascenta-os em Basã e em Gileade, como no tempo antigo.
  • 15 Como nos dias da tua saída do Egito, mostra-lhes maravilhas.
  • 18 Quem é como tu, que perdoas a iniquidade, e te esqueces da transgressão do resto da tua herança? Não manténs para sempre a tua ira, porque te deleitas na misericórdia.
  • 19 Tornar-te-ás a compadecer de nós, pisarás as nossas iniquidades, e lançarás todos os nossos pecados nas profundezas do mar.
  • 20 Darás a Jacob a fidelidade, e a Abraão a misericórdia, como juraste aos nossos pais desde os tempos antigos.”

Comentário Específico da Leitura:

Miqueias descreve a grandeza do perdão de Deus, que é tão profundo e abrangente que lança os nossos pecados ao fundo do mar, sem nunca mais se recordar deles. Este versículo é um convite para confiarmos plenamente no perdão divino, especialmente durante a Quaresma, tempo de arrependimento e renovação. Deus não nos trata conforme os nossos pecados, mas segundo a Sua misericórdia infinita. Este é o verdadeiro rosto de um Deus que perdoa e acolhe de braços abertos.


Salmo: Salmo 102 (103) – “O Senhor é compassivo e cheio de misericórdia.”

Versículos:

  • 1 “Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e tudo o que há em mim, bendiga o seu santo nome.
  • 2 Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e não te esqueças de nenhum dos seus benefícios.
  • 3 Ele perdoa todas as tuas iniquidades, cura todas as tuas enfermidades,
  • 4 resgata a tua vida da cova, e te coroa de graça e misericórdia.
  • 5 Ele sacia de bens a tua velhice, e a tua juventude se renova como a águia.
  • 6 O Senhor faz justiça e defende todos os oprimidos.
  • 7 Fez notório os seus caminhos a Moisés, e os seus feitos aos filhos de Israel.
  • 8 O Senhor é compassivo e misericordioso, tardio em irar-se e grande em misericórdia.”

Comentário Específico da Leitura:

O Salmo 102 exalta a misericórdia e a compaixão de Deus. Ele perdoa nossas iniquidades e nos cura das nossas enfermidades, oferecendo-nos uma renovação constante. A Quaresma é tempo para recordar e experimentar essa misericórdia de Deus, reconhecendo que, em Cristo, somos continuamente renovados. Este Salmo nos convida a bendizer e louvar a Deus por Suas bênçãos, particularmente o perdão que Ele nos oferece com generosidade.


Evangelho: Lucas 15, 1-3.11-32 – A parábola do filho pródigo.

Versículos:

  • 1 “Aproximavam-se de Jesus todos os publicanos e pecadores para o ouvir,
  • 2 e os fariseus e os escribas murmuravam, dizendo: ‘Este recebe os pecadores e come com eles.’
  • 3 Então ele lhes propôs esta parábola:
  • 11 Disse-lhe ainda: ‘Um homem tinha dois filhos;
  • 12 o mais novo disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte da herança que me toca.’ E ele repartiu por eles os bens.
  • 13 Poucos dias depois, o filho mais novo, juntando tudo, partiu para uma terra distante, e ali desperdiçou os seus bens, vivendo dissolutamente.
  • 14 E, depois de ter consumido tudo, houve uma grande fome naquela terra, e ele começou a passar necessidade.
  • 15 Então foi pedir trabalho a um dos cidadãos daquela terra, que o mandou para os seus campos a apascentar os porcos.
  • 16 E desejava encher o estômago com as alfarrobas que os porcos comiam, mas ninguém lhe dava nada.
  • 17 Caindo em si, disse: ‘Quantos trabalhadores de meu pai têm pão em abundância, e eu aqui morro de fome!
  • 18 Levantar-me-ei, irei ter com meu pai e direi-lhe: ‘Pai, pequei contra o céu e diante de ti;
  • 19 já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como a um dos teus trabalhadores.’
  • 20 E levantou-se e foi ter com seu pai. Estando ele ainda longe, viu-o seu pai, e, movido de íntima compaixão, correu, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou.
  • 21 O filho lhe disse: ‘Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho.’
  • 22 Mas o pai disse aos servos: ‘Trazei depressa a melhor túnica, e vestí-lhe-a; ponde-lhe um anel na mão e sandálias nos pés;
  • 23 trazei o novilho cevado e matai-o; comamos e alegremo-nos,
  • 24 porque este meu filho estava morto e reviveu, tinha-se perdido e foi encontrado.’ E começaram a fazer festa.
  • 25 O filho mais velho estava no campo; e, quando voltou, chegou perto de casa e ouviu a música e as danças.
  • 26 Chamou um dos servos e perguntou-lhe o que era aquilo.
  • 27 Ele lhe disse: ‘Veio teu irmão, e teu pai matou o novilho cevado, porque o recebeu são e salvo.’
  • 28 Então ele se indignou e não queria entrar. Saiu, porém, o pai, e instou com ele.
  • 29 Mas ele respondeu ao pai: ‘Eis que te sirvo há tantos anos, sem nunca transgredir um mandamento teu, e nunca me deste um cabrito para eu fazer festa com os meus amigos;
  • 30 mas, vindo este teu filho, que consumiu os teus bens com as meretrizes, mataste-lhe o novilho cevado.’
  • 31 Mas ele lhe disse: ‘Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu.
  • 32 Mas era justo que fizéssemos festa e nos alegremos, porque este teu irmão estava morto e reviveu, tinha-se perdido e foi encontrado.'”

Comentário Específico da Leitura:

A parábola do filho pródigo revela a imensa misericórdia de Deus, que acolhe o filho arrependido, independentemente dos seus erros. O pai, ao ver o filho distante, corre ao seu encontro e o abraça, simbolizando o amor incondicional de Deus por nós. A Quaresma é tempo para regressarmos ao Pai com um coração sincero, reconhecendo os nossos pecados e confiando na Sua misericórdia. A parábola também nos desafia a refletir sobre como tratamos os outros e a sermos generosos no perdão, assim como Deus o é conosco.


Comentário Geral Aplicado a Todas as Leituras

As leituras de hoje destacam a misericórdia e o perdão divinos. Miqueias e o Salmo nos lembram que Deus é compassivo e lança nossos pecados no fundo do mar. O Evangelho da parábola do filho pródigo revela a imensidão do amor do Pai, que acolhe sempre os Seus filhos, mesmo após a queda. A Quaresma é o tempo de nos voltarmos para Deus com um coração contrito e sincero, pois Ele está sempre disposto a nos perdoar. Que possamos, com coragem e confiança, regressar ao Pai, reconhecendo os nossos erros e acolhendo o Seu perdão generoso.

03 21 Sexta Feira segunda semana da Quaresma

Introdução

Hoje, as leituras convidam-nos a refletir sobre a fidelidade de Deus e o nosso compromisso com a Sua vontade. A história de José, vendido pelos seus irmãos, mostra-nos como a inveja e o pecado podem levar à separação, mas também aponta para a providência de Deus, que age nas nossas vidas, mesmo quando parece que tudo está perdido. O Salmo 104 lembra-nos da misericórdia de Deus, que está sempre presente, e o Evangelho desafia-nos a reconhecer Cristo como a pedra angular da nossa vida, para que possamos dar frutos de justiça e amor. A Quaresma é o tempo de conversão que nos chama a mudar de mentalidade e de atitudes.


1.ª Leitura: Génesis 37, 3-4.12-13a.17b-28 – José vendido pelos irmãos.

Versículos:

  • 3 “Israel amava mais a José do que a todos os seus filhos, porque ele nasceu-lhe na sua velhice, e fez-lhe uma túnica talar.
  • 4 Os irmãos, vendo que o pai o amava mais do que a todos eles, odiaram-no, e não podiam falar-lhe com paz.
  • 12 Quando os seus irmãos se foram apascentar o rebanho de seu pai, perto de Siquém,
  • 13 disse Israel a José: ‘Os teus irmãos estão a pastorear o rebanho perto de Siquém; vem, eu te envio até eles.’ Ele respondeu: ‘Aqui estou.’
  • 17b “José partiu para os seus irmãos, e encontrou-os em Dotã.
  • 18 Quando eles o viram de longe, antes que chegasse perto deles, conspiraram contra ele para o matar.
  • 19 Diziam uns aos outros: ‘Eis o sonhador que vem!
  • 20 Vamos matá-lo e lançá-lo numa destas cisternas, e diremos que uma fera o devorou. E veremos o que será dos seus sonhos.’
  • 21 Rúben, ouvindo isto, livrou-o das suas mãos, dizendo: ‘Não lhe tiremos a vida.’
  • 22 E disse-lhes: ‘Não derrameis sangue; lançai-o nesta cisterna que está no deserto, mas não ponhais a mão sobre ele.’ Ele dizia isto, para o livrar das suas mãos e entregá-lo ao pai.
  • 23 Quando José chegou aos seus irmãos, eles despiram-lhe a túnica talar que tinha,
  • 24 pegaram nele e lançaram-no na cisterna; mas a cisterna estava vazia, não havia água nela.
  • 25 Sentaram-se para comer, e, levantando os olhos, viram uma caravana de ismaelitas que vinha de Gileade, com camelos carregados de bálsamo, de mirra e de resina, para os levar ao Egito.
  • 26 Então, Judá disse aos seus irmãos: ‘Que vantagem temos em matar o nosso irmão e esconder o seu sangue?
  • 27 Vamos vendê-lo aos ismaelitas, e não ponhamos a mão sobre ele, pois ele é nosso irmão, nossa carne.’ E os seus irmãos concordaram.
  • 28 Quando os mercadores midianitas passaram, tiraram José da cisterna e o venderam a vinte peças de prata aos ismaelitas, que o levaram ao Egito.”

Comentário Específico da Leitura:

A história de José, que é vendido pelos seus irmãos, é um relato de inveja, traição e desprezo. Contudo, o plano de Deus se revela mesmo no meio da maldade humana, pois a venda de José acabaria por se transformar em um instrumento de salvação para o povo de Israel. Este episódio nos ensina sobre as complexas dinâmicas do mal, mas também nos lembra que Deus sempre tem um plano maior, que não pode ser frustrado. A Quaresma é um tempo para refletirmos sobre as nossas atitudes e pedirmos a graça de confiar nos planos de Deus, mesmo nas adversidades.


Salmo: Salmo 104 (105) – “Lembrai-vos, Senhor, das vossas misericórdias.”

Versículos:

  • 1 “Louvai ao Senhor, invocai o seu nome, fazei conhecidos os seus feitos entre os povos.
  • 2 Cantai-lhe, entoai-lhe salmos, falai de todas as suas maravilhas.
  • 3 Gloriado no seu nome santo, exulte o coração dos que buscam o Senhor.
  • 4 Procurai o Senhor e a sua força, buscai a sua face constantemente.
  • 5 Lembrai-vos das maravilhas que ele fez, dos seus prodígios e das sentenças dos seus lábios,
  • 6 vós, descendentes de Abraão, seu servo, filhos de Jacó, seus eleitos.
  • 7 Ele é o Senhor, nosso Deus, cujos juízos estão em toda a terra.
  • 8 Ele se recorda eternamente da sua aliança, da palavra dada a mil gerações,
  • 9 da aliança que fez com Abraão, e do juramento que fez a Isaque.
  • 10 A sua aliança ele a estabeleceu com Jacó por decreto eterno,
  • 11 dizendo: ‘A ti darei a terra de Canaã, por herança tua.'”

Comentário Específico da Leitura:

Este salmo é um cântico de louvor à fidelidade de Deus. Lembra-nos da aliança que Deus fez com os patriarcas, e como Ele permanece fiel às Suas promessas. A Quaresma é uma oportunidade para renovar a nossa confiança em Deus, que nunca abandona os Seus. Mesmo quando enfrentamos dificuldades, devemos recordar as maravilhas que Ele fez em nossa vida e nas nossas famílias, para nos fortalecer na fé e na esperança.


Evangelho: Mateus 21, 33-43.45-46 – A parábola dos vinhateiros homicidas.

Versículos:

  • 33 “Escutai outra parábola: Havia um homem que plantou uma vinha, cercou-a de um muro, cavou nela um lagar e construiu uma torre. Depois, arrendou-a a uns vinhateiros e partiu para outra terra.
  • 34 Quando chegou o tempo da colheita, mandou os seus servos aos vinhateiros para receberem os frutos.
  • 35 Mas os vinhateiros apoderaram-se dos servos, espancaram a um, mataram a outro e apedrejaram a outro.
  • 36 Mandou ainda outros servos, mais do que os primeiros, e fizeram-lhes o mesmo.
  • 37 Por fim, mandou-lhes o seu filho, dizendo: ‘Respeitarão o meu filho.’
  • 38 Mas os vinhateiros, vendo o filho, disseram entre si: ‘Este é o herdeiro; vamos matá-lo e apoderarmo-nos da sua herança.’
  • 39 E, apoderando-se dele, lançaram-no para fora da vinha e mataram-no.
  • 40 Quando o senhor da vinha voltar, o que fará a esses vinhateiros?’
  • 41 Dizem-lhe: ‘A esses malvados ele fará perecer de maneira cruel, e arrendará a vinha a outros vinhateiros, que lhe entregarão os frutos no devido tempo.’
  • 42 Jesus disse-lhes: ‘Nunca lestes nas Escrituras: ‘A pedra que os construtores rejeitaram, essa foi posta como pedra angular; isto foi feito pelo Senhor, e é maravilhoso aos nossos olhos?’
  • 43 Por isso, eu vos digo que o reino de Deus vos será tirado e será dado a um povo que produzirá os seus frutos.’
  • 45 Quando os príncipes dos sacerdotes e os fariseus ouviram as suas parábolas, perceberam que se referia a eles,
  • 46 e procuravam prendê-lo, mas temiam as multidões, porque o consideravam um profeta.”

Comentário Específico da Leitura:

A parábola dos vinhateiros homicidas é um forte alerta para aqueles que rejeitam a palavra de Deus e, por fim, o próprio Filho. Jesus, como a pedra angular, é o centro da nossa fé e da nossa vida. Esta parábola desafia-nos a refletir sobre a nossa postura diante de Cristo. Estamos a produzir os frutos que Ele espera de nós? Estamos a acolher o Seu amor e a partilhar com os outros? A Quaresma é tempo de avaliação e conversão, para que possamos ser fiéis ao Senhor e viver de acordo com a Sua vontade.


Comentário Geral Aplicado a Todas as Leituras

As leituras de hoje chamam-nos a refletir sobre a fidelidade a Deus e a nossa responsabilidade diante d’Ele. José, vendido pelos irmãos, é uma figura que, apesar de ser rejeitada, acaba por ser instrumento de salvação. O salmo lembra-nos da fidelidade eterna de Deus, e o Evangelho desafia-nos a acolher Cristo como a pedra angular das nossas vidas. A Quaresma é tempo de conversão, em que somos convidados a avaliar a nossa fidelidade a Deus e a dar frutos de justiça e amor. Que possamos, neste tempo de reflexão e arrependimento, renovar o nosso compromisso com Cristo, a pedra angular das nossas vidas.

03 20 Quinta-feira, 20 de março

📖 Quinta-feira, 20 de março

Introdução

No dia de hoje, a Palavra de Deus nos desafia a refletir sobre a nossa postura diante dos outros, especialmente dos mais necessitados. O Senhor, através do profeta Jeremias, lamenta a insensibilidade do povo que se afasta da Sua voz. No Evangelho, Jesus apresenta a parábola do rico e do pobre Lázaro, um forte apelo à compaixão e à partilha, recordando-nos que a indiferença ao sofrimento humano tem consequências eternas. A Quaresma, tempo de conversão, nos chama a uma mudança de coração, para que sejamos mais solidários e atentos às necessidades dos outros.


1.ª Leitura: Jeremias 7, 23-28 – “O Senhor falou ao povo, mas eles não ouviram.”

Versículos:

  • 23 “Mas o que vos ordenei foi isto: ‘Escutai a minha voz, e serei o vosso Deus, e vós sereis o meu povo. Andai por todos os caminhos que vos mandei, para o vosso bem.’
  • 24 Mas não ouviram nem prestaram atenção, antes seguiram os seus próprios pensamentos, a dureza do seu coração e andaram atrás de outros deuses, para os servirem e se prostrarem diante deles.
  • 25 Desde o dia em que os vossos pais saíram da terra do Egito até hoje, eu vos enviei todos os meus servos, os profetas, de manhã cedo, enviando-os, mas não me ouvistes nem prestastes ouvidos; antes, endurecestes o vosso pescoço e fizestes pior do que os vossos pais.
  • 26 Quando lhes falaste, não ouviram, e fizeram o que era mau aos meus olhos, para me provocarem à ira com a obra das suas mãos.
  • 27 E, como diz o Senhor, a palavra que anunciaste não será ouvida por eles.
  • 28 Não te assustes com a tua mensagem, pois tu não serás ouvido.”

Comentário Específico da Leitura:

O Senhor lamenta a obstinação do povo, que não ouviu a Sua voz através dos profetas. O chamado à conversão foi repetido, mas a dureza de coração impediu o povo de responder. Este aviso serve também para nós, que muitas vezes nos tornamos surdos às exortações de Deus. A Quaresma é o momento oportuno para nos abrirmos à voz de Deus e à Sua palavra de salvação, permitindo que ela transforme as nossas vidas e corações.


Salmo: Salmo 1 – “É feliz quem espera no Senhor.”

Versículos:

  • 1 “Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores.
  • 2 Antes, tem o seu prazer na lei do Senhor e nela medita, dia e noite.
  • 3 Ele será como a árvore plantada junto a correntes de águas, que dá o seu fruto na estação própria, e cuja folha não cai; tudo o que fizer prosperará.
  • 4 Não é assim com os ímpios, que são como a palha que o vento espalha.
  • 5 Por isso, os ímpios não prevalecerão no juízo, nem os pecadores na assembleia dos justos.
  • 6 Pois o Senhor conhece o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios perecerá.”

Comentário Específico da Leitura:

Este salmo nos apresenta dois caminhos: o do justo, que segue a palavra de Deus e prospera, e o do ímpio, que acaba se dispersando como a palha ao vento. Ele nos convida a refletir sobre as escolhas que fazemos. Na Quaresma, somos chamados a trilhar o caminho do justo, a ouvir a voz de Deus e a buscar a Sua vontade em todos os nossos atos. A verdadeira felicidade e prosperidade vêm da nossa fidelidade ao Senhor.


Evangelho: Lucas 16, 19-31 – A parábola do rico e do pobre Lázaro.

Versículos:

  • 19 “Havia um homem rico, que se vestia de púrpura e linho finíssimo, e vivia todos os dias com esbanjamento.
  • 20 E havia um pobre chamado Lázaro, que estava cheio de feridas, à porta daquele homem,
  • 21 desejando alimentar-se com as migalhas que caíam da mesa do rico; mas, além disso, até os cães vinham lamber-lhe as feridas.
  • 22 Morreu o pobre, e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão. Morreu também o rico e foi sepultado.
  • 23 Estando no Hades, no tormento, levantou os olhos e viu ao longe Abraão, e Lázaro no seu seio.
  • 24 E, gritando, disse: ‘Pai Abraão, tem misericórdia de mim e envia Lázaro para que molhe a ponta do seu dedo em água e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama.’
  • 25 Mas Abraão respondeu: ‘Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em vida, e Lázaro, da mesma forma, os males. Agora, ele está consolado aqui, e tu estás atormentado.
  • 26 E além disso, entre nós e vós está um grande abismo, de modo que os que quisessem passar daqui para vós não podem, nem os de lá passar para cá.’
  • 27 Então, disse: ‘Rogo-te, pois, ó pai, que o mandes à casa de meu pai,
  • 28 porque tenho cinco irmãos, para que os advirta, a fim de que não venham também para este lugar de tormento.’
  • 29 Mas Abraão respondeu: ‘Eles têm Moisés e os profetas; que os ouçam.’
  • 30 E ele disse: ‘Não, pai Abraão; mas se alguém dos mortos fosse ter com eles, arrepender-se-iam.’
  • 31 Abraão respondeu: ‘Se não ouvem a Moisés e aos profetas, também não acreditarão, mesmo que alguém ressuscite dos mortos.’”

Comentário Específico da Leitura:

Esta parábola de Jesus é um alerta sobre a nossa indiferença aos outros, especialmente aos mais necessitados. O rico viveu uma vida de excessos, sem se preocupar com a miséria de Lázaro, e isso teve consequências eternas. A mensagem é clara: nossa responsabilidade com os outros, especialmente com os pobres e marginalizados, é um reflexo de nossa verdadeira fé. A Quaresma é um tempo para corrigirmos a nossa atitude, para que possamos ser mais sensíveis e solidários, praticando a caridade e a justiça.


Comentário Geral Aplicado a Todas as Leituras

As leituras de hoje nos convidam à conversão, especialmente no que diz respeito à nossa relação com os outros. Jeremias nos mostra o povo que se recusa a ouvir a voz de Deus, enquanto o salmo nos lembra da importância de meditar na Palavra de Deus para viver de forma justa. O Evangelho, por sua vez, apresenta-nos a parábola do rico e de Lázaro, desafiando-nos a refletir sobre a nossa atitude face ao sofrimento do próximo. A Quaresma é um tempo propício para corrigirmos nossa postura diante dos outros, buscando viver com mais caridade, solidariedade e humildade. Que possamos, neste tempo de conversão, abrir os nossos corações para ouvir a voz de Deus e atender ao sofrimento daqueles que mais necessitam.

03 19 Quarta Festividade de S. Jos~e

📖 Quarta-feira, 19 de março – Solenidade de São José, esposo da Virgem Maria

Introdução

Hoje, celebramos a Solenidade de São José, esposo da Virgem Maria e pai adotivo de Jesus. São José é um modelo de justiça, obediência e confiança na providência divina. A sua vida de fé, mesmo diante das dificuldades e incertezas, é um exemplo para todos nós. As leituras de hoje nos recordam a importância de confiar nos planos de Deus, mesmo sem compreendê-los completamente, e de viver com fidelidade e coragem a missão que Ele nos confia.


1ª Leitura: 2 Samuel 7, 4-5a.12-14a.16 – A promessa de Deus a David

Versículos:

  • 4 Mas a palavra do Senhor veio a Natã, dizendo:
  • 5a Vai e fala a meu servo David: Assim diz o Senhor:
  • 12 Quando se completarem os teus dias e descansares com os teus pais, farei levantar depois de ti a tua descendência, que sairá de teus rins, e estabelecerei o seu reino.
  • 13 Ele edificará uma casa ao meu nome, e eu estabelecerei para sempre o trono do seu reino.
  • 14a Eu serei para ele um pai, e ele será para mim um filho.
  • 16 A tua casa e o teu reino serão firmados para sempre diante de mim; o teu trono será estabelecido para sempre.”

Comentário Específico da Leitura:

Nesta leitura, Deus faz uma promessa a Davi, assegurando-lhe que a sua descendência reinará para sempre. Esta promessa se cumpre em Jesus, que é da linhagem de Davi. A fidelidade de Deus a Davi é um sinal de que Ele cumpre Suas promessas. A leitura também nos prepara para entender o papel de São José como guardião da promessa de Deus. Assim como Deus fez com Davi, Ele confiou a São José a missão de cuidar do Messias, e José, com sua obediência e justiça, acolheu esta missão com fé.


Salmo: Salmo 88 (89) – “A sua descendência será eterna.”

Versículos:

  • 2 Eu cantarei eternamente as misericórdias do Senhor, com a minha boca proclamarei a tua fidelidade.
  • 3 Pois disse: “A minha misericórdia será edificada para sempre, e a minha fidelidade será firme como os céus.”
  • 4 Fiz uma aliança com o meu escolhido, jurando a Davi, meu servo:
  • 5 “Estabelecerei a tua descendência para sempre, e edificarei o teu trono para todas as gerações.”
  • 27 Ele me invocará: “Tu és o meu Pai, o meu Deus, e a rocha da minha salvação.”

Comentário Específico da Leitura:

O salmo celebra a fidelidade de Deus à Sua aliança com Davi. A promessa de que sua descendência será eterna é um reflexo da confiança que o povo pode ter nas promessas de Deus. Este salmo é particularmente significativo na Solenidade de São José, pois lembra a continuidade da linhagem de Davi, da qual São José faz parte. Ele é, portanto, o guardião dessa promessa divina, e sua fidelidade à missão dada por Deus reflete a fidelidade do Senhor à Sua aliança com o povo.


2ª Leitura: Romanos 4, 13.16-18.22 – Abraão, pai na fé

Versículos:

  • 13 Pois a promessa de que ele seria herdeiro do mundo não foi feita a Abraão ou à sua descendência, pela lei, mas pela justiça da fé.
  • 16 Por isso, é pela fé, para que seja segundo a graça, a fim de que a promessa seja garantida a toda a descendência, não apenas àquela que está sob a lei, mas também àquela que é da fé de Abraão, que é o pai de todos nós,
  • 17 como está escrito: “Eu te fiz pai de muitas nações.” Ele é nosso pai diante de Deus, em quem creu, o Deus que dá vida aos mortos e chama à existência as coisas que não existem.
  • 18 Contra toda a esperança, Abraão, com esperança, creu, e assim se tornou pai de muitas nações, conforme o que lhe fora dito: “Assim será a tua descendência.”
  • 22 Por isso, isso lhe foi creditado como justiça.

Comentário Específico da Leitura:

São Paulo apresenta Abraão como modelo da fé que justifica. Abraão creu na promessa de Deus, mesmo quando tudo parecia impossível. Ele acreditou que Deus poderia realizar o que prometeu. Este é o tipo de fé que São José também demonstrou, ao confiar nos planos de Deus, mesmo quando não compreendia totalmente a situação. São José, como Abraão, foi um homem de fé, disposto a aceitar a vontade de Deus, com humildade e confiança.


Evangelho: Mateus 1, 16.18-21.24a ou Lucas 2, 41-51a – A missão de São José

Versículos (Mateus):

  • 16 Jacó gerou José, o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, chamado Cristo.
  • 18 A origem de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José; antes de se unirem, ela se encontrou grávida, pelo Espírito Santo.
  • 19 José, seu marido, sendo justo e não querendo difamá-la, resolveu deixá-la secretamente.
  • 20 Enquanto pensava nisso, eis que lhe apareceu em sonho um anjo do Senhor, dizendo: “José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua esposa, pois o que nela foi gerado vem do Espírito Santo.
  • 21 Ela dará à luz um filho, e tu lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados.”
  • 24a Quando acordou do sonho, José fez como o anjo do Senhor lhe ordenara, e recebeu sua esposa.

Comentário Específico da Leitura:

Neste Evangelho, vemos a atitude de fé e obediência de São José. Quando ele se vê diante de uma situação difícil e aparentemente incompreensível, ele confia na palavra de Deus, que lhe é revelada em sonho, e toma a decisão de acolher Maria e o Filho que ela concebeu. São José, como homem justo, não agiu movido por interesses pessoais, mas pela obediência e fidelidade aos planos de Deus. Ele nos ensina a confiança total em Deus, mesmo quando a Sua vontade não é totalmente compreendida.


Comentário Geral Aplicado a Todas as Leituras

Hoje, na Solenidade de São José, refletimos sobre a vida de um homem justo e fiel, que confiou plenamente nos planos de Deus. Nas leituras de hoje, vemos a promessa de Deus a Davi, a fidelidade de Abraão e a obediência de São José, que, apesar das dificuldades e incertezas, aceitou a missão que lhe foi confiada. Deus escolheu São José para ser o guardião do Salvador, e ele cumpriu essa missão com humildade e confiança. O exemplo de São José é um convite para nós vivermos com a mesma fé e obediência, confiando plenamente em Deus, mesmo quando não compreendemos completamente os Seus planos.