03 24 Mc 14, 1-39 Domingo  Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo

03 24 Mc 14, 1-39 Domingo  Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo

Commentary on Mark 1:29-39 - Working Preacher from Luther Seminary

Evangelho – forma longa Mc 14, 1 – 15, 47

N Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo

segundo São Marcos

Faltavam dois dias para a festa da Páscoa

e dos Ázimos

e os príncipes dos sacerdotes e os escribas

procuravam maneira de se apoderarem

de Jesus à traição para Lhe darem a morte.

Mas diziam:

R «Durante a festa, não,

para que não haja algum tumulto entre o povo».

N Jesus encontrava-Se em Betânia,

em casa de Simão o Leproso,

e, estando à mesa,

veio uma mulher que trazia um vaso de alabastro

com perfume de nardo puro de alto preço.

Partiu o vaso de alabastro

e derramou-o sobre a cabeça de Jesus.

Alguns indignaram-se e diziam entre si:

R «Para que foi esse desperdício de perfume?

Podia vender-se por mais de duzentos denários

e dar o dinheiro aos pobres».

N E censuravam a mulher com aspereza.

Mas Jesus disse:

J «Deixai-a. Porque estais a importuná-la?

Ela fez uma boa acção para comigo.

Na verdade, sempre tereis os pobres convosco

e, quando quiserdes, podereis fazer-lhes bem;

mas a Mim, nem sempre Me tereis.

Ela fez o que estava ao seu alcance:

ungiu de antemão o meu corpo para a sepultura.

Em verdade vos digo:

Onde quer que se proclamar o Evangelho,

pelo mundo inteiro,

dir-se-á também em sua memória o que ela fez».

N Então, Judas Iscariotes, um dos Doze,

foi ter com os príncipes dos sacerdotes

para lhes entregar Jesus.

Quando o ouviram, alegraram-se

e prometeram dar-lhe dinheiro.

E ele procurava uma oportunidade para entregar Jesus.

N No primeiro dia dos Ázimos,

em que se imolava o cordeiro pascal,

os discípulos perguntaram a Jesus:

R «Onde queres que façamos os preparativos

para comer a Páscoa?».

N Jesus enviou dois discípulos e disse-lhes:

J «Ide à cidade.

Virá ao vosso encontro um homem

com uma bilha de água.

Segui-o e, onde ele entrar, dizei ao dono da casa:

‘O Mestre pergunta: Onde está a sala,

em que hei-de comer a Páscoa com os meus discípulos?’.

Ele vos mostrará uma grande sala no andar superior,

alcatifada e pronta.

Preparai-nos lá o que é preciso».

N Os discípulos partiram e foram à cidade.

Encontraram tudo como Jesus lhes tinha dito

e prepararam a Páscoa.

Ao cair da tarde, chegou Jesus com os Doze.

Enquanto estavam à mesa e comiam,

Jesus disse:

J «Em verdade vos digo:

Um de vós, que está comigo à mesa, há-de entregar-Me».

N Eles começaram a entristecer-se e a dizer um após outro:

R «Serei eu?».

N Jesus respondeu-lhes:

J «É um dos Doze, que mete comigo a mão no prato.

O Filho do homem vai partir,

como está escrito a seu respeito,

mas ai daquele por quem o Filho do homem vai ser traído!

Teria sido melhor para esse homem não ter nascido».

N Enquanto comiam, Jesus tomou o pão,

recitou a bênção e partiu-o,

deu-o aos discípulos e disse:

J «Tomai: isto é o meu Corpo».

N Depois tomou um cálice, deu graças e entregou-lho.

E todos beberam dele.

Disse Jesus:

J «Este é o meu Sangue, o Sangue da nova aliança,

derramado pela multidão dos homens.

Em verdade vos digo:

Não voltarei a beber do fruto da videira,

até ao dia em que beberei do vinho novo

no reino de Deus».

N Cantaram os salmos e saíram para o monte das Oliveiras.

N Disse-lhes Jesus:

J «Todos vós Me abandonareis, como está escrito:

‘Ferirei o pastor e dispersar-se-ão as ovelhas’.

Mas depois de ressuscitar,

irei à vossa frente para a Galileia».

N Disse-Lhe Pedro:

R «Embora todos Te abandonem, eu não».

N Jesus respondeu-lhe:

J «Em verdade te digo:

Hoje, esta mesma noite, antes de o galo cantar

duas vezes, três vezes Me negarás».

N Mas Pedro continuava a insistir:

R «Ainda que tenha de morrer contigo, não Te negarei».

N E todos afirmaram o mesmo.

Entretanto, chegaram a uma propriedade

chamada Getsémani

e Jesus disse aos seus discípulos:

J «Ficai aqui, enquanto Eu vou orar».

N Tomou consigo Pedro, Tiago e João

e começou a sentir pavor e angústia.

Disse-lhes então:

J «A minha alma está numa tristeza de morte.

Ficai aqui e vigiai».

N Adiantando-Se um pouco, caiu por terra

e orou para que, se fosse possível,

se afastasse d’Ele aquela hora.

Jesus dizia:

J «Abá, Pai, tudo Te é possível:

afasta de Mim este cálice.

Contudo, não se faça o que Eu quero,

mas o que Tu queres».

N Depois, foi ter com os discípulos,

encontrou-os a dormir e disse a Pedro:

J «Simão, estás a dormir?

Não pudeste vigiar uma hora?

Vigiai e orai, para não entrardes em tentação.

O espírito está pronto, mas a carne é fraca».

N Afastou-Se de novo e orou,

dizendo as mesmas palavras.

Voltou novamente e encontrou-os dormindo,

porque tinham os olhos pesados

e não sabiam que responder.

Jesus voltou pela terceira vez e disse-lhes:

J «Dormi agora e descansai…

Chegou a hora: o Filho do homem

vai ser entregue às mãos dos pecadores.

Levantai-vos. Vamos.

Já se aproxima aquele que Me vai entregar».

N Ainda Jesus estava a falar,

quando apareceu Judas, um dos Doze,

e com ele uma grande multidão, com espadas e varapaus,

enviada pelos príncipes dos sacerdotes,

pelos escribas e os anciãos.

O traidor tinha-lhes dado este sinal:

«Aquele que eu beijar, é esse mesmo.

Prendei-O e levai-O bem seguro».

Logo que chegou, aproximou-se de Jesus

e beijou-O, dizendo:

R «Mestre».

N Então deitaram-Lhe as mãos e prenderam-n’O.

Um dos presentes puxou da espada

e feriu o servo do sumo sacerdote,

cortando-lhe a orelha.

Jesus tomou a palavra e disse-lhes:

J «Vós saístes com espadas e varapaus para Me prender,

como se fosse um salteador.

Todos os dias Eu estava no meio de vós,

a ensinar no templo,

e não Me prendestes!

Mas é para se cumprirem as Escrituras».

N Então os discípulos deixaram-n’O e fugiram todos.

Seguiu-O um jovem, envolto apenas num lençol.

Agarraram-no, mas ele, largando o lençol,

fugiu nu.

N Levaram então Jesus à presença

do sumo sacerdote,

onde se reuniram todos os príncipes dos sacerdotes,

os anciãos e os escribas.

Pedro, que O seguira de longe,

até ao interior do palácio do sumo sacerdote,

estava sentado com os guardas, a aquecer-se ao lume.

Entretanto, os príncipes dos sacerdotes

e todo o Sinédrio

procuravam um testemunho contra Jesus

para Lhe dar a morte,

mas não o encontravam.

Muitos testemunhavam falsamente contra Ele,

mas os seus depoimentos não eram concordes.

Levantaram-se então alguns,

para proferir contra Ele este falso testemunho:

R «Ouvimo-l’O dizer:

‘Destruirei este templo feito pelos homens

e em três dias construirei outro

que não será feito pelos homens’».

N Mas nem assim o depoimento deles era concorde.

Então o sumo sacerdote levantou-se no meio de todos

e perguntou a Jesus:

R «Não respondes nada ao que eles depõem contra Ti?».

N Mas Jesus continuava calado e nada respondeu.

O sumo sacerdote voltou a interrogá-l’O:

R «És Tu o Messias, Filho do Deus Bendito?».

N Jesus respondeu:

J «Eu Sou. E vós vereis o Filho do homem

sentado à direita do Todo-poderoso

vir sobre as nuvens do céu».

N O sumo sacerdote rasgou as vestes e disse:

R «Que necessidade temos ainda de testemunhas?

Ouvistes a blasfémia. Que vos parece?».

N Todos sentenciaram que Jesus era réu de morte.

Depois, alguns começaram a cuspir-Lhe,

a tapar-Lhe o rosto com um véu

e a dar-Lhe punhadas, dizendo:

R «Adivinha».

N E os guardas davam-Lhe bofetadas.

Pedro estava em baixo, no pátio,

quando chegou uma das criadas do sumo sacerdote.

Ao vê-lo a aquecer-se, olhou-o de frente e disse-lhe:

R «Tu também estavas com Jesus, o Nazareno».

N Mas ele negou:

R «Não sei nem entendo o que dizes».

N Depois saiu para o vestíbulo e o galo cantou.

A criada, vendo-o de novo,

começou a dizer aos presentes:

R «Este é um deles».

N Mas ele negou segunda vez.

Pouco depois, os presentes diziam também a Pedro:

R «Na verdade, tu és deles, pois também és galileu».

N Mas ele começou a dizer imprecações e a jurar:

R «Não conheço esse homem de quem falais».

N E logo o galo cantou pela segunda vez.

Então Pedro lembrou-se do que Jesus lhe tinha dito:

«Antes de o galo cantar duas vezes,

três vezes Me negarás».

E desatou a chorar.

N Logo de manhã,

os príncipes dos sacerdotes reuniram-se em conselho

com os anciãos e os escribas e todo o Sinédrio.

Depois de terem manietado Jesus,

foram entregá-l’O a Pilatos.

Pilatos perguntou-Lhe:

R «Tu és o Rei dos judeus?».

N Jesus respondeu:

J «É como dizes».

N E os príncipes dos sacerdotes

faziam muitas acusações contra Ele.

Pilatos interrogou-O de novo:

R «Não respondes nada? Vê de quantas coisas

Te acusam».

N Mas Jesus nada respondeu,

de modo que Pilatos estava admirado.

Pela festa da Páscoa,

Pilatos costumava soltar-lhes um preso à sua escolha.

Havia um, chamado Barrabás,

preso com os insurrectos

que numa revolta tinham cometido um assassínio.

A multidão, subindo,

começou a pedir o que era costume conceder-lhes.

Pilatos respondeu:

R «Quereis que vos solte o Rei dos judeus?».

N Ele sabia que os príncipes dos sacerdotes

O tinham entregado por inveja.

Entretanto, os príncipes dos sacerdotes

incitaram a multidão

a pedir que lhes soltasse antes Barrabás.

Pilatos, tomando de novo a palavra, perguntou-lhes:

R «Então que hei-de fazer d’Aquele

que chamais o Rei dos judeus?».

N Eles gritaram de novo:

R «Crucifica-O!».

N Pilatos insistiu:

R «Que mal fez Ele?».

N Mas eles gritaram ainda mais:

R «Crucifica-O!».

N Então Pilatos, querendo contentar a multidão,

soltou-lhes Barrabás

e, depois de ter mandado açoitar Jesus,

entregou-O para ser crucificado.

Os soldados levaram-n’O para dentro do palácio,

que era o pretório, e convocaram toda a coorte.

Revestiram-n’O com um manto de púrpura

e puseram-Lhe na cabeça uma coroa de espinhos

que haviam tecido. Depois começaram a saudá-l’O:

R «Salve, Rei dos judeus!».

N Batiam-Lhe na cabeça com uma cana, cuspiam-Lhe

e, dobrando os joelhos, prostravam-se diante d’Ele.

Depois de O terem escarnecido,

tiraram-Lhe o manto de púrpura

e vestiram-Lhe as suas roupas.

Em seguida levaram-n’O dali para O crucificarem.

N Requisitaram, para Lhe levar a cruz,

um homem que passava, vindo do campo,

Simão de Cirene, pai de Alexandre e Rufo.

E levaram Jesus ao lugar do Gólgota,

quer dizer, lugar do Calvário.

Queriam dar-Lhe vinho misturado com mirra,

mas Ele não o quis beber. Depois crucificaram-n’O.

E repartiram entre si as suas vestes,

tirando-as à sorte, para verem o que levaria cada um.

Eram nove horas da manhã quando O crucificaram.

O letreiro que indicava a causa da condenação

tinha escrito: «Rei dos Judeus».

Crucificaram com Ele dois salteadores,

um à direita e outro à esquerda.

Os que passavam insultavam-n’O

e abanavam a cabeça, dizendo:

R «Tu que destruías o templo e o reedificavas em três dias,

salva-Te a Ti mesmo e desce da cruz».

N Os príncipes dos sacerdotes e os escribas

troçavam uns com os outros, dizendo:

R «Salvou os outros e não pode salvar-Se a Si mesmo!

Esse Messias, o Rei de Israel, desça agora da cruz,

para nós vermos e acreditarmos».

N Até os que estavam crucificados com Ele O injuriavam.

Quando chegou o meio-dia,

as trevas envolveram toda a terra até às três horas da tarde.

E às três horas da tarde, Jesus clamou com voz forte:

J «Eloí, Eloí, lemá sabactáni?».

N Que quer dizer:

«Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonastes?».

Alguns dos presentes, ouvindo isto, disseram:

R «Está a chamar por Elias».

N Alguém correu a embeber uma esponja em vinagre

e, pondo-a na ponta duma cana, deu-Lhe a beber e disse:

R «Deixa ver se Elias vem tirá-l’O dali».

N Então Jesus, soltando um grande brado, expirou.

O véu do templo rasgou-se em duas partes de alto a baixo.

O centurião que estava em frente de Jesus,

ao vê-l’O expirar daquela maneira, exclamou:

R «Na verdade, este homem era Filho de Deus».

N Estavam também ali umas mulheres a observar de longe,

entre elas Maria Madalena,

Maria, mãe de Tiago e de José, e Salomé,

que acompanhavam e serviam Jesus,

quando estava na Galileia,

e muitas outras que tinham subido com Ele a Jerusalém.

Ao cair da tarde

– visto ser a Preparação, isto é, a véspera do sábado –

José de Arimateia, ilustre membro do Sinédrio,

que também esperava o reino de Deus,

foi corajosamente à presença de Pilatos

e pediu-lhe o corpo de Jesus.

Pilatos ficou admirado de Ele já estar morto

e, mandando chamar o centurião,

perguntou-lhe se Jesus já tinha morrido.

Informado pelo centurião,

ordenou que o corpo fosse entregue a José.

José comprou um lençol,

desceu o corpo de Jesus e envolveu-O no lençol;

depois depositou-O num sepulcro escavado na rocha

e rolou uma pedra para a entrada do sepulcro.

Entretanto, Maria Madalena e Maria, mãe de José,

observavam onde Jesus tinha sido depositado.

N Palavra da salvação.

REFLEXÃO 

O Evangelho de Marcos narra intensamente os eventos que culminaram na Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. A trama começa com os líderes religiosos  procurando a prisão de Jesus, preocupados com tumultos durante a festa da Páscoa. O contraste entre a mulher que unge Jesus com perfume caro, simbolizando um gesto amoroso, e a traição de Judas destaca a complexidade das reações humanas diante da presença divina.

A última ceia é marcada pela instituição da Eucaristia, onde Jesus compartilha o pão e o vinho como seu corpo e sangue, antecipando sua morte sacrificial. A negação de Pedro, apesar de sua fidelidade inicial, ressalta a fragilidade humana.

No Getsêmani, Jesus enfrenta angústia e solidão, orando para que o cálice seja afastado, mas submetendo-se à vontade divina. A cena da prisão, com Judas entregando Jesus, ilustra a traição e a violência que se seguirão.

O julgamento de Jesus perante Pilatos, as acusações dos líderes religiosos e a escolha da multidão por Barrabás revelam a manipulação política e a rejeição do Messias. A crucificação, com detalhes dolorosos, destaca o sacrifício redentor de Jesus.

A escuridão, o clamor de Jesus e a confissão do centurião enfatizam a natureza divina de Jesus. O rasgar do véu do templo simboliza a abertura do caminho para a comunhão com Deus.

Neste Domingo da Paixão, somos convidados a contemplar profundamente o amor sacrificial de Jesus, a enfrentar nossas próprias fraquezas e a reconhecer sua divindade. Que possamos, como comunidade de fé, encontrar significado na Paixão de Cristo e buscar a redenção em sua ressurreição. Amém.

ORAÇÃO 

Senhor, nesta reflexão sobre a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, abrimos nossos corações diante do sacrifício redentor que Ele realizou por nós. Reconhecemos nossas fraquezas e pecados, assim como a traição e rejeição que Jesus enfrentou. Pedimos, humildemente, a graça de compreender profundamente o significado desse sacrifício e a coragem de seguir Seus ensinamentos.

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