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10 15 Quarta Lc 11 42-46 “Ai de vós fariseus, Ai de vós doutores da lei Quarta-feira da semana XXVIII S. Teresa de Jesus, virgem e doutora da Igreja – MO

 

 

 

EVANGELHO Lc 11, 42-46
«Ai de vós, fariseus! Ai de vós, doutores da lei!»

Esta passagem, na continuação da leitura de ontem, apresenta uma série de maldições, dirigidas contra os fariseus, por meio das quais o Senhor quer fazer compreender o espírito da sua nova doutrina. Jesus não condena as formas de vida anteriores à sua pregação, mas pretende levar os seus ouvintes a descobrir que, por detrás do cumprimento material da lei, está a justiça e o amor, a pobreza de espírito e a humildade de coração, coisas que os seus ouvintes ainda não tinham chegado a descobrir.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, disse o Senhor: «Ai de vós, fariseus, porque pagais o dízimo da hortelã, da arruda e de todas as hortaliças, mas desprezais a justiça e o amor de Deus! Devíeis praticar estas coisas, sem omitir aquelas. Ai de vós, fariseus, porque gostais do primeiro lugar nas sinagogas e das saudações na praça pública! Ai de vós, porque sois como sepulcros disfarçados, sobre os quais passamos sem o saber!». Então um dos doutores da lei tomou a palavra e disse a Jesus: «Mestre, ao dizeres essas palavras também nos insultas a nós». Jesus respondeu: «Ai de vós também, doutores da lei, porque impondes aos homens fardos insuportáveis e vós próprios nem com um só dedo tocais nesses fardos!».
Palavra da salvação.

REFLEXÃO

Celebrando Santa Teresa de Jesus, Virgem e Doutora da Igreja, no dia 15 de Outubro, a liturgia . apresenta  o desafiador Evangelho de Lucas 11, 42-46. ..

Neste trecho, Jesus profere os seus “Ais” aos fariseus e doutores da Lei, atacando a sua profunda hipocrisia e legalismo. O primeiro “Ai” (v. 42) condena a inversão de prioridades: eles são meticulosos na observância de preceitos externos e secundários, como pagar o dízimo de ervas minúsculas como a hortelã e a arruda, mas “deixais de lado a justiça e o amor de Deus”. A sua religiosidade é uma casca vazia, onde a lei é aplicada sem a misericórdia e a essência da relação com Deus e com o próximo.

Jesus é claro: “Vós deveríeis praticar isso, sem contudo deixar de fazer aquelas outras coisas”. A prática externa da fé deve ser um reflexo e não um substituto da justiça e do amor — os pilares do Reino. A crítica se estende ao desejo de honras (v. 43) e à vaidade de serem vistos como justos, agindo como “túmulos que não se veem” (v. 44), belos por fora, mas portadores de morte por dentro.

A repreensão final (v. 46) é dirigida aos doutores da Lei, que impõem aos outros “cargas insuportáveis” com suas interpretações rígidas da Lei, enquanto eles próprios se recusam a carregar qualquer peso. Este Evangelho é um eterno convite à coerência e à retidão de intenção, chamando-nos a não transformar a nossa fé num fardo pesado ou num espetáculo de exterioridades, mas sim num caminho de amor e serviço. A verdadeira religião está no coração e se manifesta na caridade..

Sobre Santa Teresa de Jesus (D’Ávila).

Santa Teresa de Jesus (1515-1582), Virgem e Doutora da Igreja, é uma das figuras mais grandiosas da mística católica. Nascida em Ávila, na Espanha, seu nome de batismo era Teresa de Cepeda y Ahumada. Ela foi a grande reformadora da Ordem do Carmo, fundando os Carmelitas Descalços (juntamente com São João da Cruz), um movimento que visava retornar à regra original, mais austera, enfatizando a oração e a contemplação.

Teresa é conhecida como a “Doutora da Oração”. A sua definição de oração é simples e profunda: “Não é, a meu ver, a oração mental senão tratar de amizade, estando muitas vezes a sós com Quem sabemos que nos ama”. As suas obras, como “O Castelo Interior” (ou “As Moradas”) e “Caminho de Perfeição”, são clássicos da literatura espiritual, descrevendo a jornada da alma até a união com Deus. Foi uma mulher de profunda experiência mística, mas também de enorme determinação, praticidade e bom humor. Ela soube unir perfeitamente a mais elevada contemplação com uma intensa ação apostólica e reformadora, vivendo a justiça e o amor de Deus que Jesus tanto exigia..

Oração.

Ó Santa Teresa de Jesus, Mestra da oração e Doutora do amor, ensinai-nos a entrar no Castelo Interior do nosso coração para encontrar a amizade íntima com Jesus. Que a nossa fé não se prenda a exterioridades vãs, mas floresça na justiça e na caridade, para que a nossa vida seja, como a vossa, um caminho de verdade e de coerência. Amém.