Daily Archives: October 4, 2025

12 10 Lc 17, 11-19 «Não se encontrou quem voltasse para dar glória a Deus senão este estrangeiro»

 

Evangelho  Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Naquele tempo, indo Jesus a caminho de Jerusalém, passava entre a Samaria e a Galileia. Ao entrar numa povoação, vieram ao seu encontro dez leprosos. Conservando-se a distância, disseram em alta voz: «Jesus, Mestre, tem compaixão de nós». Ao vê-los, Jesus disse-lhes: «Ide mostrar-vos aos sacerdotes». E sucedeu que no caminho ficaram limpos da lepra. Um deles, ao ver-se curado, voltou atrás, glorificando a Deus em alta voz, e prostrou-se de rosto em terra aos pés de Jesus, para Lhe agradecer. Era um samaritano. Jesus, tomando a palavra, disse: «Não foram dez os que ficaram curados? Onde estão os outros nove? Não se encontrou quem voltasse para dar glória a Deus senão este estrangeiro?». E disse ao homem: «Levanta-te e segue o teu caminho; a tua fé te salvou».

Palavra da salvação.

REFLEXÃO

O Evangelho de Lucas 17, 11-19, que nos relata a cura dos dez leprosos, é uma profunda lição sobre o itinerário da fé, destacando a importância de crer, confiar, agir e, crucialmente, agradecer. Este episódio, narrado durante a viagem de Jesus a Jerusalém, entre a Samaria e a Galileia, revela a universalidade da misericórdia divina e a resposta humana a essa graça.

O primeiro passo neste itinerário é Crer. Os dez leprosos, mantendo-se a distância devido à sua condição, clamaram a Jesus: «Jesus, Mestre, tem compaixão de nós». O seu grito não é apenas um pedido de ajuda, mas uma manifestação de fé na capacidade de Jesus para intervir nas suas vidas. Eles acreditavam que Ele poderia mudar a sua terrível realidade.

A seguir, vem o Confiar. Jesus não os curou imediatamente com um toque ou uma palavra direta de cura, mas deu-lhes uma instrução: «Ide mostrar-vos aos sacerdotes». Na lei judaica, apenas os sacerdotes podiam declarar um leproso curado e reintegrá-lo na sociedade. Para os leprosos, ir ter com os sacerdotes antes de se sentirem limpos era um ato de pura confiança na palavra de Jesus. Eles não questionaram; simplesmente obedeceram.

O terceiro elemento é o Agir. Foi “no caminho” que a cura aconteceu. A sua obediência ativa à instrução de Jesus, mesmo sem verem os resultados imediatos, foi o catalisador para a sua restauração. A fé não é estática; ela se manifesta no movimento, na obediência e na ação, mesmo quando o resultado é incerto. Os nove leprosos também agiram e foram curados, o que prova que a fé se expressa na obediência.

Contudo, a passagem culmina com o mais poderoso dos atos: o AGRADECER. Apenas um dos dez, um samaritano – um estrangeiro, marginalizado tanto pela sua doença quanto pela sua etnia – voltou. Ele voltou “glorificando a Deus em alta voz, e prostrou-se de rosto em terra aos pés de Jesus, para Lhe agradecer”. A gratidão deste homem transcende a mera educação; é um reconhecimento profundo da origem divina da sua cura e da identidade de Jesus como o Messias. A sua gratidão é um ato de adoração, um reconhecimento de que o dom recebido não é um direito, mas uma graça. Jesus sublinha a ausência dos outros, lamentando que apenas o estrangeiro tenha voltado para dar glória a Deus. A fé deste samaritano não só o curou fisicamente, mas também o “salvou” espiritualmente, uma salvação que se manifesta plenamente no seu ato de gratidão. A gratidão eleva a cura física a uma dimensão espiritual, transformando o ato de receber num ato de comunhão com Deus.


Oração:

Senhor Jesus, Mestre da compaixão e da graça,
Nós Te agradecemos por nos ensinares o caminho da verdadeira fé.
Ajuda-nos a crer em Teu poder, mesmo nas nossas maiores dificuldades.
Concede-nos a confiança para obedecer à Tua palavra,
mesmo quando o caminho parece incerto.
Impulsiona-nos a agir, a viver a nossa fé com obras e amor.
E, acima de tudo, infunde em nossos corações um espírito de profunda gratidão,
para que, como o samaritano, voltemos sempre para Te dar glória
por todas as bênçãos e milagres que realizas em nossas vidas.
Que a nossa fé nos salve e nos conduza sempre ao Teu amor.
Ámen.


Sugestão de Imagem:

Uma representação dos dez leprosos à distância, com Jesus ao centro, indicando o caminho, e um dos leprosos (o samaritano) já limpo, ajoelhado aos pés de Jesus, com as mãos erguidas em gratidão, enquanto os outros nove se afastam no horizonte. A imagem deve captar a luz e a esperança da cura, contrastando com a escuridão da doença.

O Evangelho de Lucas 17, 11-19, que nos relata a cura dos dez leprosos, é uma profunda lição sobre o itinerário da fé, destacando a importância de crer, confiar, agir e, crucialmente, agradecer. Este episódio, narrado durante a viagem de Jesus a Jerusalém, entre a Samaria e a Galileia, revela a universalidade da misericórdia divina e a resposta humana a essa graça.

O primeiro passo neste itinerário é Crer. Os dez leprosos, mantendo-se a distância devido à sua condição, clamaram a Jesus: «Jesus, Mestre, tem compaixão de nós». O seu grito não é apenas um pedido de ajuda, mas uma manifestação de fé na capacidade de Jesus para intervir nas suas vidas. Eles acreditavam que Ele poderia mudar a sua terrível realidade.

A seguir, vem o Confiar. Jesus não os curou imediatamente com um toque ou uma palavra direta de cura, mas deu-lhes uma instrução: «Ide mostrar-vos aos sacerdotes». Na lei judaica, apenas os sacerdotes podiam declarar um leproso curado e reintegrá-lo na sociedade. Para os leprosos, ir ter com os sacerdotes antes de se sentirem limpos era um ato de pura confiança na palavra de Jesus. Eles não questionaram; simplesmente obedeceram.

O terceiro elemento é o Agir. Foi “no caminho” que a cura aconteceu. A sua obediência ativa à instrução de Jesus, mesmo sem verem os resultados imediatos, foi o catalisador para a sua restauração. A fé não é estática; ela se manifesta no movimento, na obediência e na ação, mesmo quando o resultado é incerto. Os nove leprosos também agiram e foram curados, o que prova que a fé se expressa na obediência.

Contudo, a passagem culmina com o mais poderoso dos atos: o AGRADECER. Apenas um dos dez, um samaritano – um estrangeiro, marginalizado tanto pela sua doença quanto pela sua etnia – voltou. Ele voltou “glorificando a Deus em alta voz, e prostrou-se de rosto em terra aos pés de Jesus, para Lhe agradecer”. A gratidão deste homem transcende a mera educação; é um reconhecimento profundo da origem divina da sua cura e da identidade de Jesus como o Messias. A sua gratidão é um ato de adoração, um reconhecimento de que o dom recebido não é um direito, mas uma graça. Jesus sublinha a ausência dos outros, lamentando que apenas o estrangeiro tenha voltado para dar glória a Deus. A fé deste samaritano não só o curou fisicamente, mas também o “salvou” espiritualmente, uma salvação que se manifesta plenamente no seu ato de gratidão. A gratidão eleva a cura física a uma dimensão espiritual, transformando o ato de receber num ato de comunhão com Deus.


Oração:

Senhor Jesus, Mestre da compaixão e da graça,

Nós Te agradecemos por nos ensinares o caminho da verdadeira fé.

Ajuda-nos a crer em Teu poder, mesmo nas nossas maiores dificuldades.

Concede-nos a confiança para obedecer à Tua palavra,

mesmo quando o caminho parece incerto.

Impulsiona-nos a agir, a viver a nossa fé com obras e amor.

E, acima de tudo, infunde em nossos corações um espírito de profunda gratidão,

para que, como o samaritano, voltemos sempre para Te dar glória

por todas as bênçãos e milagres que realizas em nossas vidas.

Que a nossa fé nos salve e nos conduza sempre ao Teu amor.

Ámen.


Sugestão de Imagem:

Uma representação dos dez leprosos à distância, com Jesus ao centro, indicando o caminho, e um dos leprosos (o samaritano) já limpo, ajoelhado aos pés de Jesus, com as mãos erguidas em gratidão, enquanto os outros nove se afastam no horizonte. A imagem deve captar a luz e a esperança da cura, contrastando com a escuridão da doença.

 

 

 

 

10 06 Segunda Lc 10, 25-37 «Quem é o meu próximo?»


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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Naquele tempo, levantou-se um doutor da lei e perguntou a Jesus para O experimentar: «Mestre, que hei de fazer para receber como herança a vida eterna?». Jesus disse-lhe: «Que está escrito na lei? Como lês tu?». Ele respondeu: «Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração e com toda a tua alma, com todas as tuas forças e com todo o teu entendimento; e ao próximo como a ti mesmo». Disse-lhe Jesus: «Respondeste bem. Faz isso e viverás». Mas ele, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: «E quem é o meu próximo?». Jesus, tomando a palavra, disse: «Um homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos dos salteadores. Roubaram-lhe tudo o que levava, espancaram-no e foram-se embora, deixando-o meio morto. Por coincidência, descia pelo mesmo caminho um sacerdote; viu-o e passou adiante. Do mesmo modo, um levita que vinha por aquele lugar, viu-o e passou também adiante. Mas um samaritano, que ia de viagem, passou junto dele e, ao vê-lo, encheu-se de compaixão. Aproximou-se, ligou-lhe as feridas deitando azeite e vinho, colocou-o sobre a sua própria montada, levou-o para uma estalagem e cuidou dele. No dia seguinte, tirou duas moedas, deu-as ao estalajadeiro e disse: ‘Trata bem dele; e o que gastares a mais eu to pagarei quando voltar’. Qual destes três te parece ter sido o próximo daquele homem que caiu nas mãos dos salteadores?». O doutor da lei respondeu: «O que teve compaixão dele». Disse-lhe Jesus: «Então vai e faz o mesmo».

Palavra da salvação.

REFLEXÃO

Lectio Divina: Lucas 10, 25-37

1. Lectio (Leitura)

O texto apresenta-nos um diálogo entre um doutor da Lei e Jesus. A pergunta inicial é profunda: “Que hei de fazer para receber como herança a vida eterna?”. Jesus, mestre pedagogo, conduz o homem à própria Lei, que ele conhece perfeitamente: amar a Deus e ao próximo. A resposta parece satisfatória, mas o doutor, “querendo justificar-se”, faz a pergunta crucial: “E quem é o meu próximo?”. É então que Jesus conta a parábola do Bom Samaritano. Um homem é assaltado e fica à beira da morte. Um sacerdote e um levita, figuras religiosas, passam ao largo. Surge um samaritano – membro de um grupo desprezado pelos judeus – que, “ao vê-lo, encheu-se de compaixão”. Ele não só presta os primeiros socorros, como leva o homem a uma estalagem, paga pela sua estadia e assume os custos futuros. Jesus inverte a pergunta final: não se trata de saber “quem é o meu próximo”, mas de “de quem me torno próximo”.

2. Meditatio (Meditação)

Esta passagem é um espelho da nossa alma. Quantas vezes, como o doutor da lei, procuramos justificar os nossos limites ao amor, desenhando círculos de exclusão? A parábola desmonta todas as nossas barreiras. O próximo não é definido pela geografia, religião ou afinidade, mas pela compaixão ativa. O sacerdote e o levita representam a religião que pode tornar-se estéril quando o ritual se sobrepõe à misericórdia. O samaritano, o herege, torna-se o modelo do verdadeiro discípulo. A sua compaixão não é um mero sentimento; é um verbo conjugado em gestos concretos: “aproximou-se”, “ligou-lhe as feridas”, “colocou-o sobre a sua montada”, “levou-o”, “cuidou dele”. O amor aqui é custoso, exige tempo, recursos e um compromisso que se prolonga no tempo (“eu to pagarei quando voltar”). Deus não nos pergunta quantos regulamentos cumprimos, mas a quantos nos tornamos próximos.

3. Oratio (Oração)

Senhor Jesus, Bom Samaritano da humanidade ferida,
que na estrada da vida Te inclinaste sobre as nossas chagas para as curar,
dá-nos um coração vigilante e compassivo.
Afasta de nós a tentação de passar ao largo,
seja por pressa, indiferença ou preconceito.
Ensina-nos a ver, como Tu vês, o rosto sofredor
de cada irmão que a violência, a injustiça ou a solidão
deixaram à beira do caminho.
Que a nossa fé não se contente com belas palavras,
mas se faça serviço concreto, ousado e generoso.
Amen.

4. Contemplatio (Contemplação)

Contemplamos a figura do Samaritano, que é o próprio Cristo. É Ele que desce ao nosso caminho, Se inclina sobre a nossa humanidade ferida pelo pecado e nos carrega para a estalagem que é a Sua Igreja, pagando o preço com a Sua própria vida. A contemplação leva-nos a silenciar e a fixar este ato de amor puro. E, a partir deste silêncio admirado, nasce o impulso de nos levantarmos e irmos fazer o mesmo.


Mensagem para Cristãos Comprometidos

Irmãos, comprometidos na vinha do Senhor, a parábola do Bom Samaritano é um chamamento urgente a não normalizarmos a indiferença. Num mundo marcado por tantas “estradas de Jericó” – onde os feridos são os pobres, os migrantes, os idosos sós, os que sofrem em silêncio –, somos interpelados a ser a Igreja em saída. Não uma Igreja de funcionários do sagrado, que passam ao largo do grito humano, mas uma Igreja-Samaritana, que cheira a ovelha e se suja com o óleo e o vinho das feridas alheias. O nosso testemunho mais credível não será a perfeição doutrinal, mas a compaixão em ação. Que ninguém fique à beira do nosso caminho sem experimentar a misericórdia de Deus através das nossas mãos.


 

 

 

Celebração da Eucaristia  (Relação entre as Leituras) 

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A Palavra de Deus de hoje traça um poderoso itinerário da fuga à ação misericordiosa. A Primeira Leitura (Jonas 1,1 – 2,1.11) narra a experiência de Jonas, que tenta fugir da missão. Lançado ao mar e engolido pelo peixe, ele atinge o abismo. O Salmo (Jonas 2, 3. 4. 5. 8) é o seu clamor de socorro, o grito de quem, no fundo da angústia, se lembra do Senhor e é resgatado, reconhecendo a salvação que só a Deus pertence.

Esta dramática experiência da Misericórdia Divina encontra o seu reflexo na ação humana sugerida no Evangelho (Lucas 10, 25-37). À pergunta “Quem é o meu próximo?”, Jesus responde com a parábola do Bom Samaritano. Jonas foi resgatado da morte; o Samaritano, movido por compaixão, resgata o homem ferido, ao contrário do sacerdote e do levita.

Conclusão: O caminho para a vida eterna não é teórico, mas prático. A salvação experimentada (Jonas a ser salvo do abismo pela misericórdia de Deus) deve impulsionar a salvação praticada (o Samaritano a agir). A única forma de “viver” é “fazer a mesma coisa”: usar de misericórdia, reconhecendo no sofredor o nosso próximo.

 

 

 

L 1 Jn 1,1 – 2,1.11; Sl Jn 2, 3. 4. 5. 8
Ev Lc 10, 25-37