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10 08 Quarta Lc 11, 1-4 «Senhor, ensina-nos a orar»

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Naquele tempo, estava Jesus em oração em certo lugar. Ao terminar, disse-Lhe um dos discípulos: «Senhor, ensina-nos a orar, como João Batistaensinou também os seus discípulos». Disse-lhes Jesus: «Quando orardes, dizei: ‘Pai, santificado seja o vosso nome; venha o vosso reino; dai-nos em cada dia o pão da nossa subsistência; perdoai-nos os nossos pecados, porque também nós perdoamos a todo aquele que nos ofende; e não nos deixeis cair em tentação’».
Palavra da salvação.

Comentar o texto de Lucas 11, 1-4 segundo a Lectio Divina (leitura orante da Palavra) é um convite a mergulhar na essência da oração cristã. Este Evangelho apresenta o Pai-Nosso, a oração modelar, como resposta de Jesus ao pedido simples e profundo de um discípulo: “Senhor, ensina-nos a orar“.


1. Lectio (Leitura)

O texto é direto. Vemos Jesus em oração (“em certo lugar”) e um discípulo que, ao testemunhar esse momento íntimo, sente a necessidade de aprender a orar como o Mestre. O pedido é formulado com a referência a João Batista, mostrando que a oração era uma prática distintiva de diferentes escolas religiosas. Jesus não hesita e entrega-lhes uma fórmula concisa e poderosa: o Pai-Nosso (a versão de Lucas é mais breve que a de Mateus). A oração começa por invocar Deus como Pai e coloca o foco na santificação do Seu nome e na vinda do Seu Reino. Seguem-se as petições que cobrem as necessidades fundamentais da vida humana: o pão de cada dia (a subsistência, o essencial), o perdão (que está intrinsecamente ligado ao nosso perdão aos outros) e a proteção contra a tentação.


2. Meditatio (Meditação)

O que me diz este texto? O ponto de partida é o exemplo de Jesus. Se o Filho de Deus rezava, a oração é vital. O discípulo não pede “o que” rezar, mas “como” rezar, indicando que a oração é uma arte e uma relação que precisa ser aprendida.

A oração do Pai-Nosso ensina-nos a ordem correta das prioridades. Primeiro, Deus: Seu Nome, Seu Reino. A nossa oração deve ser teocêntrica, com foco na glória de Deus e na realização do Seu plano. Só depois vêm as nossas necessidades:

  • Pão de cada dia: uma fé na providência que nos liberta da ansiedade pelo futuro e nos foca no essencial de hoje. É um convite à sobriedade.
  • Perdão: esta é a petição mais desafiadora. O perdão de Deus torna-se condicional ao nosso perdão. Não há autêntica comunhão com o Pai sem reconciliação com o irmão. É o cerne da misericórdia.
  • Tentação: a humildade de reconhecer a nossa fraqueza e pedir a ajuda de Deus para nos mantermos fiéis. É um ato de confiança.

3. Oratio (Oração)

Qual é a minha resposta a Deus a partir deste texto? Devo re-aprender a rezar o Pai-Nosso. Não como uma fórmula repetida mecanicamente, mas como um programa de vida. Posso orar: “Senhor Jesus, obrigado por me ensinares a dirigir-me ao Pai com tanta simplicidade e profundidade. Perdoa-me por tantas vezes ter invertido as prioridades. Ajuda-me a desejar o Teu Reino acima de tudo e a ter um coração que perdoa, para que também eu seja digno do Teu perdão. Dá-me a graça de viver na dependência do ‘pão de cada dia’, sem apegos excessivos.” Peço a graça de permanecer em oração como Jesus.


4. Contemplatio (Contemplação)

Procuro saborear a presença de Deus, Pai carinhoso. O silêncio após a meditação é o lugar onde me reconheço filho amado, que pede com confiança. Contemplo a íntima união entre o rezar e o viver: a oração não é fuga, mas o fundamento para uma vida onde o Reino de Deus se manifesta no perdão, na partilha e na fidelidade. Repito no coração as palavras: “Pai, santificado seja o Vosso nome.”


 

10 07 Terça Lc 1, 26-38 «Conceberás e darás à luz um Filho» Nossa Senhora do Rosário

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Naquele tempo, o Anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia chamada Nazaré, a uma Virgem desposada com um homem chamado José, que era descendente de David. O nome da Virgem era Maria. Tendo entrado onde ela estava, disse o Anjo: «Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo». Ela ficou perturbada com estas palavras e pensava que saudação seria aquela. Disse-lhe o Anjo: «Não temas, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. Conceberás e darás à luz um Filho, a quem porás o nome de Jesus. Ele será grande e chamar-Se-á Filho do Altíssimo. O Senhor Deus Lhe dará o trono de seu pai David; reinará eternamente sobre a casa de Jacob e o seu reinado não terá fim». Maria disse ao Anjo: «Como será isto, se eu não conheço homem?». O Anjo respondeu-lhe: «O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Por isso o Santo que vai nascer será chamado Filho de Deus. E a tua parenta Isabel concebeu também um filho na sua velhice e este é o sexto mês daquela a quem chamavam estéril; porque a Deus nada é impossível». Maria disse então: «Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra».

Palavra da salvação.

REFLEXÃO 

Lectio Divina: Lucas 1, 26-38 – A Anunciação do Senhor

1. Leitura (Lectio): O que diz o texto?

O Evangelho de Lucas narra um momento crucial da história da salvação: a Anunciação. O Anjo Gabriel é enviado por Deus a Maria, uma virgem desposada com José, em Nazaré. Gabriel  saúda  a com palavras surpreendentes: “Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo.” Maria, perturbada, questiona o significado da saudação. O anjo a tranquiliza e anuncia que ela conceberá um filho, Jesus, que será grande, Filho do Altíssimo, e cujo reinado não terá fim. Maria, em sua pureza e humildade, pergunta “Como será isto, se eu não conheço homem?”. Gabriel explica que o Espírito Santo virá sobre ela, e o Santo que vai nascer será chamado Filho de Deus. Como sinal e confirmação, ele revela que sua parenta Isabel também concebeu na velhice, pois “a Deus nada é impossível”. A resposta final de Maria é de total entrega e fé: “Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra.”

2. Meditação (Meditatio): O que o texto me diz?

Este texto é um convite profundo à confiança e à abertura ao plano de Deus. A saudação do anjo a Maria como “cheia de graça” revela uma predestinação divina e uma presença constante do Senhor em sua vida, antes mesmo da encarnação. Maria, apesar da perturbação inicial, não se fecha. Sua pergunta “Como será isto?” não é de incredulidade, mas de busca por compreensão, uma atitude que nos ensina a dialogar com Deus em nossas dúvidas. A resposta de Gabriel sobre o Espírito Santo e a força do Altíssimo é um lembrete de que o impossível para o homem é possível para Deus. A concepção de Jesus, sem intervenção humana, aponta para a novidade radical da ação divina. A prontidão de Maria em dizer “sim”, sua total disponibilidade como “escrava do Senhor”, é o exemplo máximo de fé e obediência. Ela se torna o portal através do qual a Salvação entra no mundo.

3. Oração (Oratio): O que o texto me faz dizer a Deus?

Senhor, como Maria, muitas vezes nos sentimos perturbados diante das tuas palavras e dos teus planos. Perdoa-nos por nossa falta de fé e por nossa dificuldade em nos entregar completamente. Concede-nos a graça de reconhecer a tua presença em nossas vidas, de nos abrirmos à ação do Espírito Santo e de dizermos um “sim” sincero aos teus convites. Ajuda-nos a confiar que, para Ti, nada é impossível. Que possamos, como Maria, ser humildes servidores do teu amor, permitindo que a tua vontade se realize em nós e através de nós. Que a nossa vida seja um eco do “Faça-se em mim segundo a tua palavra”.

4. Contemplação (Contemplatio): O que o texto me faz desejar?

Desejo ter a fé inabalável de Maria, a humildade de me reconhecer “escrava do Senhor” e a coragem de aceitar os desígnios divinos, mesmo quando não os compreendo totalmente. Desejo sentir a “força do Altíssimo” me cobrindo com sua sombra, transformando o impossível em possível em minha vida e na vida daqueles que me rodeiam. Desejo ser um instrumento dócil nas mãos de Deus, para que Ele possa manifestar a Sua glória e o Seu amor através de mim.


Mensagem aos Cristãos:

Caros irmãos e irmãs em Cristo, a Anunciação não é apenas um evento passado, mas um convite contínuo para cada um de nós. Assim como Maria, somos chamados a acolher a Palavra de Deus em nossos corações e a permitir que o Espírito Santo opere em nós. Em um mundo onde tantas vozes competem por nossa atenção, somos desafiados a escutar a voz de Deus, a superar nossos medos e dúvidas, e a responder com um “sim” confiante e generoso. Lembremo-nos de que “a Deus nada é impossível”. Que a fé e a humildade de Maria nos inspirem a ser verdadeiros portadores de Cristo para o mundo.


 

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