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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Compreendei isto: se o dono da casa soubesse a que hora viria o ladrão, não o deixaria arrombar a sua casa. Estai vós também preparados, porque na hora em que não pensais virá o Filho do homem». Disse Pedro a Jesus: «Senhor, é para nós que dizes esta parábola, ou também para todos os outros?». O Senhor respondeu: «Quem é o administrador fiel e prudente que o senhor estabelecerá à frente da sua casa, para dar devidamente a cada um a sua ração de trigo? Feliz o servo a quem o senhor, ao chegar, encontrar assim ocupado. Em verdade vos digo que o porá à frente de todos os seus bens. Mas se aquele servo disser consigo mesmo: ‘O meu senhor tarda em vir’; e começar a bater em servos e servas, a comer, a beber e a embriagar-se, o senhor daquele servo chegará no dia em que menos espera e a horas que ele não sabe; ele o expulsará e fará que tenha a sorte dos infiéis. O servo que, conhecendo a vontade do seu senhor, não se preparou ou não cumpriu a sua vontade, levará muitas vergastadas. Aquele, porém, que, sem a conhecer, tenha feito ações que mereçam vergastadas, levará apenas algumas. A quem muito foi dado, muito será exigido; a quem muito foi confiado, mais se lhe pedirá»..
Palavra da salvação..
Reflexão : Vigilância e Fidelidade na Missão**
O Evangelho de Lucas convida-nos a uma vigilância ativa e a uma administração fiel dos dons recebidos. A imagem do senhor que regressa a qualquer hora exige de nós uma permanente prontidão, não um temor paralisante, mas uma entrega constante à vontade de Deus. A pergunta de Pedro—”é para nós ou para todos?”—encontra resposta na responsabilidade universal: a todos foi confiada uma missão, mas com particular exigência para aqueles a quem foi dada maior autoridade.
Esta passagem ilumina de modo singular a vida e o pontificado de São João Paulo II. A ele, como a Pedro, foi confiado o cuidado da casa de Deus, a Igreja. A sua vida foi um testemunho eloquente do “administrador fiel e prudente”. Ele compreendeu que o Senhor o havia colocado à frente dos seus servos para lhes dar “a sua ração de trigo” no tempo certo: o trigo da Verdade, através do seu magistério incansável; o trigo da Esperança, com o seu lema “Não tenhais medo!”; e o trigo da Misericórdia, promovendo a devoção à Divina Misericórdia.
João Paulo II viveu intensamente a máxima “a quem muito foi dado, muito será exigido”. Aos seus vastos talentos intelectuais, espirituais e pastorais, correspondeu uma entrega sem reservas, uma “vigilância missionária” que o levou aos quatro cantos do mundo. Ele nunca agiu como o servo infiel que, pensando que o senhor tardava, se acomodava ou oprimia os outros. Pelo contrário, acelerou o passo, sabendo que o tempo é precioso. A sua existência foi uma longa e fértil vigília, uma resposta generosa ao chamamento de Cristo até ao último suspiro, incarnando a bem-aventurança do servo a quem o Senhor encontra ocupado na sua vinha.
### . Oração**
Senhor Jesus, Mestre e Pastor,
que chamastes São João Paulo II a uma grande missão
e o encontrastes sempre vigilante na vossa vinha,
concedei-nos, por sua intercessão,
um coração de servos fiéis e prudentes.
Que, na incerteza da hora do vosso regresso,
nós vivamos cada dia com a intensidade de quem espera o Senhor,
amando a Vossa vontade e servindo os nossos irmãos
com a coragem e a paixão do vosso servo João Paulo.
Amém.
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