Monthly Archives: October 2025

10 20 Segunda  Lc 12, 13-21 «O que preparaste, para quem será?»

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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Naquele tempo, alguém, do meio da multidão, disse a Jesus: «Mestre, diz a meu irmão que reparta a herança comigo». Jesus respondeu-lhe: «Amigo, quem Me fez juiz ou árbitro das vossas partilhas?». Depois disse aos presentes: «Vede bem, guardai-vos de toda a avareza: a vida de uma pessoa não depende da abundância dos seus bens». E disse-lhes esta parábola: «O campo dum homem rico tinha produzido excelente colheita. Ele pensou consigo: ‘Que hei de fazer, pois não tenho onde guardar a minha colheita? Vou fazer assim: Deitarei abaixo os meus celeiros para construir outros maiores, onde guardarei todo o meu trigo e os meus bens. Então poderei dizer a mim mesmo: Minha alma, tens muitos bens em depósito para longos anos. Descansa, come, bebe, regala-te’. Mas Deus respondeu-lhe: ‘Insensato! Esta noite terás de entregar a tua alma. O que preparaste, para quem será?’ Assim acontece a quem acumula para si, em vez de se tornar rico aos olhos de Deus».

Palavra da salvação.

Reflexão .

O Evangelho de Lucas 12,13-21 apresenta-nos uma das advertências mais contundentes de Jesus sobre o perigo de colocarmos a nossa segurança nos bens materiais. O pedido do homem – “Mestre, diz a meu irmão que reparta a herança comigo” – revela um coração já corrompido pela cobiça, mais preocupado com a parte da herança do que com o próprio irmão. Jesus, recusando-se a ser um mero árbitro de disputas materiais, vai à raiz do problema: a avareza.

A parábola do homem rico é um retrato atemporal da ilusão humana. O homem não é condenado por ser trabalhador ou bem-sucedido, mas pela sua profunda miopia espiritual. O seu erro reside em três atitudes: o diálogo é apenas “consigo mesmo”, excluindo Deus e o próximo; ele repete obsessivamente “os meus celeiros, a minha colheita, os meus bens”, num egocentrismo possessivo; e o seu projeto de vida se reduz a “descansar, comer, beber e regalar-se”, uma visão redutiva e hedonista da existência.

A voz de Deus soa como um alerta solene: “Insensato! Esta noite terás de entregar a tua alma. O que preparaste, para quem será?”. A verdadeira insensatez é construir a vida sobre o que é perecível, ignorando a realidade da morte e do juízo. A pergunta final ecoa através dos séculos, desafiando toda a nossa lógica de acumulação.

Para o cristão de hoje, imerso numa sociedade de consumo que glorifica o ter sobre o ser, este texto é um antídoto urgente. Aplica-se a toda a tentação de medir o sucesso pela conta bancária, de adiar a caridade para um “futuro mais folgado”, ou de buscar nos bens um refúgio para a ansiedade. Ser “rico para Deus”, como Jesus propõe, é investir em realidades eternas: a prática da justiça, a misericórdia, o amor fraterno e a partilha. Significa usar os bens como instrumentos para o bem, e não como fins em si mesmos. A vida é um dom que vale mais do que todas as coisas; vivê-la como se o ter fosse a sua essência é o maior dos enganos.

**Oração**

Senhor Jesus, libertai o meu coração do engano das riquezas.
Ensinai-me a sabedoria de partilhar hoje,
e não a insensatez de acumular para um amanhã incerto.
Que os bens que possuo não me possuam a mim,
e que eu seja rico em gestos de amor e obras de misericórdia,
acumulando, assim, um tesouro eterno no Céu.
Amém.

10 19 Domingo  Lc 18, 1-8 «Deus fará justiça aos seus eleitos, que por Ele clamam»

10 19 Domingo  Lc 18, 1-8 «Deus fará justiça aos seus eleitos, que por Ele clamam»

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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Naquele tempo, Jesus disse aos seus discípulos uma parábola sobre a necessidade de orar sempre sem desanimar: «Em certa cidade vivia um juiz que não temia a Deus nem respeitava os homens. Havia naquela cidade uma viúva que vinha ter com ele e lhe dizia: ‘Faz-me justiça contra o meu adversário’. Durante muito tempo ele não quis atendê-la. Mas depois disse consigo: ‘É certo que eu não temo a Deus nem respeito os homens; mas, porque esta viúva me importuna, vou fazer-lhe justiça, para que não venha incomodar-me indefinidamente’». E o Senhor acrescentou: «Escutai o que diz o juiz iníquo!… E Deus não havia de fazer justiça aos seus eleitos, que por Ele clamam dia e noite, e iria fazê-los esperar muito tempo? Eu vos digo que lhes fará justiça bem depressa. Mas quando voltar o Filho do homem, encontrará fé sobre a terra?».

Palavra da salvação.

Reflexão 

.– A necessidade de pedir (Lc 18, 1-8)

A parábola da viúva insistente é uma das mais belas lições de perseverança na oração. Jesus conta-a para nos ensinar “a necessidade de orar sempre, sem desanimar”. A imagem é simples: uma viúva, frágil e sem poder, enfrenta um juiz corrupto e insensível. Não tem recursos, mas tem uma força interior — a insistência. Essa força nasce da necessidade. O seu pedido repete-se até se tornar impossível ignorá-lo.

Jesus quer que reconheçamos nesta viúva o retrato do crente: fraco aos olhos do mundo, mas poderoso quando confia em Deus. A oração constante não é um acto de teimosia humana, mas um exercício de fé. Quem reza perseverantemente reconhece que precisa de Deus e espera d’Ele o que o mundo não pode dar. O contrário da oração é a autossuficiência, a ilusão de bastar-se a si mesmo.

O juiz iníquo acaba por ceder, não por compaixão, mas por cansaço. E Jesus pergunta: se até um juiz injusto acaba por atender a um pedido insistente, quanto mais Deus, que é justo e misericordioso, escutará os seus filhos! A demora de Deus não é indiferença, é pedagogia: ensina-nos a confiar, amadurecer e purificar o desejo.

No fim, Jesus lança uma pergunta que nos toca profundamente: “Quando voltar o Filho do Homem, encontrará fé sobre a terra?” A fé e a oração estão intimamente ligadas — quem deixa de rezar, enfraquece na fé; quem persevera na oração, mantém viva a chama da confiança.

Orar sempre é permanecer diante de Deus com o coração aberto, mesmo quando parece que Ele se cala. A fé autêntica não desiste. A necessidade de pedir não é sinal de fraqueza, mas de amor — é reconhecer que só Deus pode dar sentido e justiça à nossa vida.


 

Oração

Senhor, ensina-me a rezar com confiança e perseverança.
Dá-me a humildade de reconhecer que preciso de Ti em tudo.
Fortalece a minha fé quando o silêncio parece longo
e faz-me esperar com esperança, certo de que a tua justiça não falha.
Amém.

10 17 Jo 12, 24-26 «Se o grão de trigo, lançado à terra, morrer, dará muito fruto»

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“‘Sou trigo de Cristo.’ Como Santo Inácio, sejamos grãos lançados à terra pela fé, confiantes de que na doação total nos tornamos pão limpo para o mundo.”

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica só; mas se morrer, dará muito fruto. Quem ama a sua vida, perdê-la-á, e quem despreza a sua vida neste mundo conservá-la-á para a vida eterna. Se alguém Me quiser servir, que Me siga, e onde Eu estiver, ali estará também o meu servo. E se alguém Me servir, meu Pai o honrará».
Palavra da salvação.
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REFLEXÃO 

Eis uma reflexão sobre o Evangelho de João 12, 24-26, relacionada com a mensagem de ser “trigo de Deus” e com a figura de Santo Inácio de Antioquia.

### **Reflexão: O Trigo de Deus.

O Evangelho de hoje apresenta-nos uma das verdades mais fundamentais e desafiadoras da vida cristã: a lei divina do morrer para dar vida. Jesus, ao declarar “Se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica só; mas se morrer, dará muito fruto”, não propõe uma simples metáfora agrícola, mas revela o próprio mistério da sua missão redentora e o padrão de existência de todo aquele que O deseja seguir.

Cristo é o grão de trigo original, cuja morte na cruz e ressurreição gerou a multidão incontável de filhos de Deus, a Igreja. Ele é o primeiro a cumprir perfeitamente o princípio que ensina: “Quem ama a sua vida, perdê-la-á, e quem despreza a sua vida neste mundo conservá-la-á para a vida eterna”. Amar a vida aqui significa apegar-se ao ego, ao conforto, ao próprio projeto, fechando-se à vontade do Pai. Desprezá-la, no sentido evangélico, é ter a coragem de a entregar, de a gastar, de a “perder” por amor, na confiança de que só assim se alcança a Vida plena.

Santo Inácio de Antioquia é a encarnação vibrante deste grão de trigo. No seu ardente desejo de martírio, a caminho de Roma, ele não buscava a morte por si mesma, mas a união plena com Cristo. As suas palavras são célebres: “Sou trigo de Cristo, serei moído pelos dentes das feras para me tornar pão limpo”. Ele compreendeu que a sua vida só teria sentido completo se fosse imolada, como o grão, para se tornar puro pão eucarístico, oferta agradável a Deus. O seu “seguir” Jesus até ao local do suplício foi o cumprimento radical do “que Me siga” do Evangelho.

Para nós, hoje, ser “trigo de Deus” significa aceitar morrer diariamente para o nosso egoísmo, comodidade e orgulho. É na pequena mortificação, no serviço humilde, no perdão concedido, na aceitação das cruzes do dia a dia, que o grão da nossa vida se abre para a graça. A promessa de Jesus é clara: este caminho de entrega, que parece uma perda, é o único que conduz ao fruto abundante e à honra do Pai: “E se alguém Me servir, meu Pai o honrará”..

### **Oração .**

Senhor Jesus, grão de trigo bendito, que morrestes para dar-nos a vida eterna, concedei-nos a graça de morrer cada dia para o nosso eu. Que, seguindo-Vos com generosidade, como Santo Inácio, nos deixemos moer pelas provações da vida, para nos tornarmos pão bom e limpo na vossa mão, em alimento para os nossos irmãos. Onde Vós estiverdes, lá desejamos estar também, para sempre. Amen.

### **Sugestão de Imagem**

**Uma espiga de trigo que cresce de um cálice, com hóstias a brilhar no lugar dos grãos.** Esta imagem simboliza perfeitamente a união do sacrifício (o grão que morre) com a Eucaristia (o fruto que alimenta), ligando a oferta de Cristo e dos mártires como Santo Inácio ao alimento que sustenta a Igreja.

10 15 Quarta Lc 11 42-46 “Ai de vós fariseus, Ai de vós doutores da lei Quarta-feira da semana XXVIII S. Teresa de Jesus, virgem e doutora da Igreja – MO

 

 

 

EVANGELHO Lc 11, 42-46
«Ai de vós, fariseus! Ai de vós, doutores da lei!»

Esta passagem, na continuação da leitura de ontem, apresenta uma série de maldições, dirigidas contra os fariseus, por meio das quais o Senhor quer fazer compreender o espírito da sua nova doutrina. Jesus não condena as formas de vida anteriores à sua pregação, mas pretende levar os seus ouvintes a descobrir que, por detrás do cumprimento material da lei, está a justiça e o amor, a pobreza de espírito e a humildade de coração, coisas que os seus ouvintes ainda não tinham chegado a descobrir.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, disse o Senhor: «Ai de vós, fariseus, porque pagais o dízimo da hortelã, da arruda e de todas as hortaliças, mas desprezais a justiça e o amor de Deus! Devíeis praticar estas coisas, sem omitir aquelas. Ai de vós, fariseus, porque gostais do primeiro lugar nas sinagogas e das saudações na praça pública! Ai de vós, porque sois como sepulcros disfarçados, sobre os quais passamos sem o saber!». Então um dos doutores da lei tomou a palavra e disse a Jesus: «Mestre, ao dizeres essas palavras também nos insultas a nós». Jesus respondeu: «Ai de vós também, doutores da lei, porque impondes aos homens fardos insuportáveis e vós próprios nem com um só dedo tocais nesses fardos!».
Palavra da salvação.

REFLEXÃO

Celebrando Santa Teresa de Jesus, Virgem e Doutora da Igreja, no dia 15 de Outubro, a liturgia . apresenta  o desafiador Evangelho de Lucas 11, 42-46. ..

Neste trecho, Jesus profere os seus “Ais” aos fariseus e doutores da Lei, atacando a sua profunda hipocrisia e legalismo. O primeiro “Ai” (v. 42) condena a inversão de prioridades: eles são meticulosos na observância de preceitos externos e secundários, como pagar o dízimo de ervas minúsculas como a hortelã e a arruda, mas “deixais de lado a justiça e o amor de Deus”. A sua religiosidade é uma casca vazia, onde a lei é aplicada sem a misericórdia e a essência da relação com Deus e com o próximo.

Jesus é claro: “Vós deveríeis praticar isso, sem contudo deixar de fazer aquelas outras coisas”. A prática externa da fé deve ser um reflexo e não um substituto da justiça e do amor — os pilares do Reino. A crítica se estende ao desejo de honras (v. 43) e à vaidade de serem vistos como justos, agindo como “túmulos que não se veem” (v. 44), belos por fora, mas portadores de morte por dentro.

A repreensão final (v. 46) é dirigida aos doutores da Lei, que impõem aos outros “cargas insuportáveis” com suas interpretações rígidas da Lei, enquanto eles próprios se recusam a carregar qualquer peso. Este Evangelho é um eterno convite à coerência e à retidão de intenção, chamando-nos a não transformar a nossa fé num fardo pesado ou num espetáculo de exterioridades, mas sim num caminho de amor e serviço. A verdadeira religião está no coração e se manifesta na caridade..

Sobre Santa Teresa de Jesus (D’Ávila).

Santa Teresa de Jesus (1515-1582), Virgem e Doutora da Igreja, é uma das figuras mais grandiosas da mística católica. Nascida em Ávila, na Espanha, seu nome de batismo era Teresa de Cepeda y Ahumada. Ela foi a grande reformadora da Ordem do Carmo, fundando os Carmelitas Descalços (juntamente com São João da Cruz), um movimento que visava retornar à regra original, mais austera, enfatizando a oração e a contemplação.

Teresa é conhecida como a “Doutora da Oração”. A sua definição de oração é simples e profunda: “Não é, a meu ver, a oração mental senão tratar de amizade, estando muitas vezes a sós com Quem sabemos que nos ama”. As suas obras, como “O Castelo Interior” (ou “As Moradas”) e “Caminho de Perfeição”, são clássicos da literatura espiritual, descrevendo a jornada da alma até a união com Deus. Foi uma mulher de profunda experiência mística, mas também de enorme determinação, praticidade e bom humor. Ela soube unir perfeitamente a mais elevada contemplação com uma intensa ação apostólica e reformadora, vivendo a justiça e o amor de Deus que Jesus tanto exigia..

Oração.

Ó Santa Teresa de Jesus, Mestra da oração e Doutora do amor, ensinai-nos a entrar no Castelo Interior do nosso coração para encontrar a amizade íntima com Jesus. Que a nossa fé não se prenda a exterioridades vãs, mas floresça na justiça e na caridade, para que a nossa vida seja, como a vossa, um caminho de verdade e de coerência. Amém.


 

 

10 14 Terça . Lc 11, 37-41 «Dai esmola e tudo para vós ficará limpo»..

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Leitura do Evangelho de Nosso  Senhor Jesus Cristo Segundo S- Lucas

37 Enquanto Jesus falava, um fariseu convidou-o para jantar com ele. Jesus entrou e pôs-se à mesa..

38 O fariseu ficou admirado ao ver que Jesus não tivesse lavado as mãos antes da refeição.

39 O Senhor disse ao fariseu: “Vós, fariseus, limpais o copo e o prato por fora, mas o vosso interior está cheio de roubos e maldades.

40 Insensatos! Aquele que fez o exterior não fez também o interior?

41 Antes, dai esmola do que vós possuís e tudo ficará puro para vós”.

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REFLEXÃO

A cena de hoje desenrola-se à mesa, onde Jesus, convidado por um fariseu, quebra uma tradição de purificação ritual: não lava as mãos antes de comer. A admiração silenciosa do fariseu revela uma fixação no exterior e na estrita observância das normas. Jesus, lendo o coração, aproveita o momento para expor uma verdade fundamental: a hipocrisia é o pecado de quem inverte prioridades.

A metáfora do copo e do prato é usada para condenar a dupla moral. Os fariseus se preocupam em ter vasilhas imaculadas (o exterior, a aparência pública de piedade), mas permitem que o interior – a sua alma – esteja “cheio de roubos e maldades”. O Senhor chama-os de “insensatos”, pois o Criador do exterior é também o Criador do interior. A limpeza física é vã se o coração está sujo pela avareza, injustiça e falta de caridade.

A solução de Jesus é radical e imediata: “dai esmola do que vós possuís e tudo ficará puro para vós”. A pureza verdadeira não se alcança por rituais de água, mas por atos de amor e desprendimento. A caridade sincera – o dar o que se possui (não apenas o supérfluo) – é o que purifica o coração e, consequentemente, purifica o exterior. A única “lavagem” que importa é a doação de si mesmo, libertando-se da ganância que enche o interior de “roubos e maldades”. O caminho para a pureza é a conversão do coração à misericórdia.

Oração

Senhor Jesus Cristo, Mestre da Verdade, perdoa a minha superficialidade. Olho para a minha vida e casa, notando como me prendo às aparências, limpando o exterior enquanto o interior se enche de egoísmo e julgamentos. Tu, que criaste tudo, ensina-me que a santidade reside no coração. Que eu reconheça os meus “roubos e maldades”. Inspira-me a praticar a Tua Palavra, purificando a minha alma através da esmola e da caridade sincera, para encontrar a liberdade do Teu Reino. Amém..

10 13 Segunda .Lucas 11, 29-32 “Esta geração é uma geração má. Ela busca um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal de Jonas…

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​Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. Lucas 

29 Quando as multidões se reuniram em grande quantidade, Jesus começou a dizer: “Esta geração é uma geração má. Ela busca um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal de Jonas….30 Com efeito, assim como Jonas foi um sinal para os ninivitas, assim também será o Filho do Homem para esta geração

31 No dia do julgamento, a rainha do Sul se levantará juntamente com os homens desta geração e os condenará. Porque ela veio de uma terra distante para ouvir a sabedoria de Salomão. E aqui está quem é maior do que Salomão….

32 No dia do julgamento, os ninivitas se levantarão juntamente com esta geração e a condenarão. Porque eles se converteram quando ouviram a pregação de Jonas. E aqui está quem é maior do que Jonas”..

.​REFLEXÃO

Neste Evangelho, Jesus confronta a insistência das multidões em procurar sinais espetaculares para acreditar. Ele classifica essa busca como um sintoma de uma “geração má”, pois o maior dos sinais já está diante deles – a sua própria presença e a autoridade da sua Palavra…

O único sinal que lhes será dado é o sinal de Jonas. Tal como Jonas passou três dias no ventre do peixe antes de pregar e levar Nínive à conversão, Jesus aponta para o mistério central da fé: a sua morte e ressurreição. É na sua Páscoa – a sua descida à morte e o seu regresso glorioso – que reside a prova definitiva da sua missão. Quem rejeita o ensinamento e a vida de Cristo, esperando por um truque de magia, já perdeu o essencial…

Jesus usa dois exemplos de pagãos que souberam discernir o que era maior. A Rainha de Sabá (Rainha do Sul) viajou uma longa distância para beber da sabedoria de Salomão; e os ninivitas se converteram apenas com a pregação de Jonas. Estes exemplos mostram a falta de desprendimento e de coração aberto do povo de Israel. Se os pagãos acreditaram em algo menor, como pode esta geração recusar-se a ver e ouvir aquele que é “maior do que Salomão” e “maior do que Jonas”?..

A mensagem é um desafio direto à nossa capacidade de reconhecimento. Jesus não é um milagreiro a ser testado; Ele é a própria Sabedoria e a Salvação encarnada. A meditação de hoje convida-nos a cessar a procura incessante por provas extraordinárias e, em vez disso, a acolher a simplicidade e a profundidade da Palavra que nos é dada todos os dias, convertendo o coração como fizeram os ninivitas. O sinal já foi dado: a cruz vazia e o sepulcro vazio.

 

Senhor Jesus Cristo, Sabedoria de Deus, perdoa a minha cegueira. Muitas vezes busco sinais grandiosos para crer, duvidando da Tua presença diária. Abre meus olhos para reconhecer que és maior que Jonas e mais sábio que Salomão. Que o sinal da Tua Ressurreição seja suficiente para a minha fé. Dá-me um coração dócil para me converter à Tua pregação e encontrar a salvação na simples escuta. Que eu viva a certeza de que estás aqui e que a Tua graça me acompanha. Amém.

10 11 Sábado Lc 11, 27-28 «Feliz o ventre que Te trouxe! Mais felizes os que ouvem a palavra de Deus»

 

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Naquele tempo, enquanto Jesus falava à multidão, uma mulher levantou a voz no meio da multidão e disse: «Feliz Aquela que Te trouxe no seu ventre e Te amamentou ao seu peito». Mas Jesus respondeu: «Mais felizes são os que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática».

Palavra da salvação.

## Lectio Divina: Ouve a Palavra e Põe-na em Prática (Lc 11, 27-28)

**1. Leitura (*Lectio*): O que diz o texto?**

O Evangelho de Lucas apresenta um breve, mas profundo, diálogo. Enquanto Jesus fala à multidão, uma mulher interrompe ocom uma aclamação de felicidade dirigida à Mãe d’Ele: “Feliz Aquela que Te trouxe no seu ventre e Te amamento u ao seu peito”. Jesus responde, redirecionando o foco: “Mais felizes são os que **ouvem a palavra de Deus** e a **põem em prática**.” O texto contrasta a felicidade da relação carnal (ser mãe) com a alegria da relação espiritual (a obediência à Palavra).

**2. Meditação (*Meditatio*): O que o texto diz para mim?**

A exclamação da mulher é natural: o mistério da maternidade de Maria é a fonte da nossa Salvação. Contudo, Jesus revela a **verdadeira e maior bem-aventurança**: não reside nos laços de sangue, mas na **docilidade** à vontade de Deus. O “ouvir” e o “praticar” são inseparáveis e definem o caminho do discípulo
Isto lembra a atitude de **São João XXIII**, o “Papa Bom”, que demonstrou uma delicada **docilidade ao Espírito Santo** e à Palavra. Sua vida, e a decisão de convocar o Concílio Vaticano II, foi um ato de quem se deixou “guiar, guiado pelo Espírito”, em plena **confiança na Divina Providência** (cf. Result 1.2, 1.4). Ele pôs a Palavra em prática buscando a paz (*Obedientia et pax*), a misericórdia e a renovação, abrindo a Igreja ao mundo.

**3. Oração (*Oratio*): O que o texto me faz dizer a Deus?**

Senhor, muitas vezes buscamos a felicidade em méritos ou laços humanos, mas Tu nos ensinas que a maior alegria está em **ouvir e praticar** a Tua Palavra. Peço-Te a graça da **docilidade** de São João XXIII, para que a Tua voz não encontre resistências no meu coração. Ajuda-me a transformar a minha escuta em **ação concreta** de amor e serviço.

**4. Contemplação (*Contemplatio*) e Ação (*Actio*):**

Contemplo Maria, que é duplamente bem-aventurada: Mãe de Jesus e primeira a **ouvir e pôr em prática** a Palavra. E contemplo São João XXIII, cujo legado é um convite à mesma obediência confiante.

*Qual é a Palavra de Deus que estou sendo chamado a pôr em prática hoje?* O propósito é simples: escolher uma pequena exortação bíblica (por exemplo, um ato de bondade ou perdão) e realizá-la **hoje**, vivendo a bem-aventurança da escuta ativa.

10 05 Sunday Messages: Faith –

 

A imagem mostra um avião estilizado como um templo gótico ou uma catedral, voando majestosamente no céu, acima de uma paisagem montanhosa e um rio sinuoso.

​Detalhes do Avião da Fé

  • ​Fusão de Arquitetura e Aeronave: A fuselagem do avião é adornada com vitrais coloridos, arcos ogivais e outras características de igrejas medievais.
  • ​A cabine de comando na frente tem a forma da fachada de uma igreja, completa com uma cruz no topo (como um pináculo).
  • ​Asas Angelicais e Motor: As asas são amplas e parecem feitas de penas douradas ou emplumadas, sugerindo a ideia de asas angelicais. O avião possui um motor a hélice na parte da frente (na seção da igreja) e um motor a jato sob uma das asas.
  • ​Mensagens Centrais: Três mensagens-chave estão presentes:
  • ​Na lateral da fuselagem, em letras grandes e douradas, está escrito “COMBUSTÍVEL DA FÉ”.
  • ​Pendurado na parte inferior do avião, como uma faixa ou banner, estão as palavras “CRER”, “CONFIAR” e “AGIR”, dispostas verticalmente.

​Cenário e Atmosfera

  • ​Céu e Luz: O avião está envolto em nuvens brancas e douradas, com um poderoso feixe de luz solar (ou luz divina) que irradia do centro do céu, iluminando a aeronave e destacando o símbolo da cruz. A atmosfera é de grande esplendor e inspiração.
  • ​Paisagem Terrestre: Abaixo, uma paisagem ampla e serena de montanhas suaves e um rio serpenteando por um vale, sugerindo que a fé leva a grandes alturas e atravessa caminhos na vida.
  • ​Elementos Adicionais: Pássaros pequenos podem ser vistos voando ao redor do avião, reforçando a sensação de elevação e liberdade espiritual.

​A imagem é uma metáfora visualmente rica que combina a jornada do avião (progresso, destino) com a jornada espiritual, onde a fé é a força motriz, e “crer, confiar e agir” são os passos essenciais para o sucesso dessa “viagem”.

 

 

This is a highly imaginative and detailed digital artwork that combines elements of aviation, architecture, and religious symbolism.

The central subject is an airplane soaring through a bright, cloudy sky. However, the fuselage of the plane is designed to look like a Gothic church or cathedral, complete with stained-glass windows, arched buttresses, and a cross atop the nose.

Key details include:

  • Fuselage: Modeled after cathedral architecture, the main body of the aircraft has a central section that reads “FUEL OF FAITH” in large, bold, illuminated letters.
  • Engine/Wings: The wings have a slightly feathered, angelic appearance, and the engine on the right wing is visible, blending the mechanical with the mystical.
  • Banners: Hanging beneath the aircraft are three banners, like streamers or trailing flags, with the motivational words: “BELIEVE,” “TRUST,” and “ACT.”
  • Setting: The plane is flying high above a mountainous landscape crisscrossed by a winding river, all bathed in the warm, dramatic light of a sunset or sunrise. The sky is full of dynamic, illuminated clouds, and rays of brilliant light emanate from behind the plane, suggesting a divine or powerful source.

Overall, the image conveys a feeling of spiritual ascent, divine travel, and motivation, blending modern technology (the airplane) with ancient faith (the cathedral).

12 10 Lc 17, 11-19 «Não se encontrou quem voltasse para dar glória a Deus senão este estrangeiro»

 

Evangelho  Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Naquele tempo, indo Jesus a caminho de Jerusalém, passava entre a Samaria e a Galileia. Ao entrar numa povoação, vieram ao seu encontro dez leprosos. Conservando-se a distância, disseram em alta voz: «Jesus, Mestre, tem compaixão de nós». Ao vê-los, Jesus disse-lhes: «Ide mostrar-vos aos sacerdotes». E sucedeu que no caminho ficaram limpos da lepra. Um deles, ao ver-se curado, voltou atrás, glorificando a Deus em alta voz, e prostrou-se de rosto em terra aos pés de Jesus, para Lhe agradecer. Era um samaritano. Jesus, tomando a palavra, disse: «Não foram dez os que ficaram curados? Onde estão os outros nove? Não se encontrou quem voltasse para dar glória a Deus senão este estrangeiro?». E disse ao homem: «Levanta-te e segue o teu caminho; a tua fé te salvou».

Palavra da salvação.

REFLEXÃO

O Evangelho de Lucas 17, 11-19, que nos relata a cura dos dez leprosos, é uma profunda lição sobre o itinerário da fé, destacando a importância de crer, confiar, agir e, crucialmente, agradecer. Este episódio, narrado durante a viagem de Jesus a Jerusalém, entre a Samaria e a Galileia, revela a universalidade da misericórdia divina e a resposta humana a essa graça.

O primeiro passo neste itinerário é Crer. Os dez leprosos, mantendo-se a distância devido à sua condição, clamaram a Jesus: «Jesus, Mestre, tem compaixão de nós». O seu grito não é apenas um pedido de ajuda, mas uma manifestação de fé na capacidade de Jesus para intervir nas suas vidas. Eles acreditavam que Ele poderia mudar a sua terrível realidade.

A seguir, vem o Confiar. Jesus não os curou imediatamente com um toque ou uma palavra direta de cura, mas deu-lhes uma instrução: «Ide mostrar-vos aos sacerdotes». Na lei judaica, apenas os sacerdotes podiam declarar um leproso curado e reintegrá-lo na sociedade. Para os leprosos, ir ter com os sacerdotes antes de se sentirem limpos era um ato de pura confiança na palavra de Jesus. Eles não questionaram; simplesmente obedeceram.

O terceiro elemento é o Agir. Foi “no caminho” que a cura aconteceu. A sua obediência ativa à instrução de Jesus, mesmo sem verem os resultados imediatos, foi o catalisador para a sua restauração. A fé não é estática; ela se manifesta no movimento, na obediência e na ação, mesmo quando o resultado é incerto. Os nove leprosos também agiram e foram curados, o que prova que a fé se expressa na obediência.

Contudo, a passagem culmina com o mais poderoso dos atos: o AGRADECER. Apenas um dos dez, um samaritano – um estrangeiro, marginalizado tanto pela sua doença quanto pela sua etnia – voltou. Ele voltou “glorificando a Deus em alta voz, e prostrou-se de rosto em terra aos pés de Jesus, para Lhe agradecer”. A gratidão deste homem transcende a mera educação; é um reconhecimento profundo da origem divina da sua cura e da identidade de Jesus como o Messias. A sua gratidão é um ato de adoração, um reconhecimento de que o dom recebido não é um direito, mas uma graça. Jesus sublinha a ausência dos outros, lamentando que apenas o estrangeiro tenha voltado para dar glória a Deus. A fé deste samaritano não só o curou fisicamente, mas também o “salvou” espiritualmente, uma salvação que se manifesta plenamente no seu ato de gratidão. A gratidão eleva a cura física a uma dimensão espiritual, transformando o ato de receber num ato de comunhão com Deus.


Oração:

Senhor Jesus, Mestre da compaixão e da graça,
Nós Te agradecemos por nos ensinares o caminho da verdadeira fé.
Ajuda-nos a crer em Teu poder, mesmo nas nossas maiores dificuldades.
Concede-nos a confiança para obedecer à Tua palavra,
mesmo quando o caminho parece incerto.
Impulsiona-nos a agir, a viver a nossa fé com obras e amor.
E, acima de tudo, infunde em nossos corações um espírito de profunda gratidão,
para que, como o samaritano, voltemos sempre para Te dar glória
por todas as bênçãos e milagres que realizas em nossas vidas.
Que a nossa fé nos salve e nos conduza sempre ao Teu amor.
Ámen.


Sugestão de Imagem:

Uma representação dos dez leprosos à distância, com Jesus ao centro, indicando o caminho, e um dos leprosos (o samaritano) já limpo, ajoelhado aos pés de Jesus, com as mãos erguidas em gratidão, enquanto os outros nove se afastam no horizonte. A imagem deve captar a luz e a esperança da cura, contrastando com a escuridão da doença.

O Evangelho de Lucas 17, 11-19, que nos relata a cura dos dez leprosos, é uma profunda lição sobre o itinerário da fé, destacando a importância de crer, confiar, agir e, crucialmente, agradecer. Este episódio, narrado durante a viagem de Jesus a Jerusalém, entre a Samaria e a Galileia, revela a universalidade da misericórdia divina e a resposta humana a essa graça.

O primeiro passo neste itinerário é Crer. Os dez leprosos, mantendo-se a distância devido à sua condição, clamaram a Jesus: «Jesus, Mestre, tem compaixão de nós». O seu grito não é apenas um pedido de ajuda, mas uma manifestação de fé na capacidade de Jesus para intervir nas suas vidas. Eles acreditavam que Ele poderia mudar a sua terrível realidade.

A seguir, vem o Confiar. Jesus não os curou imediatamente com um toque ou uma palavra direta de cura, mas deu-lhes uma instrução: «Ide mostrar-vos aos sacerdotes». Na lei judaica, apenas os sacerdotes podiam declarar um leproso curado e reintegrá-lo na sociedade. Para os leprosos, ir ter com os sacerdotes antes de se sentirem limpos era um ato de pura confiança na palavra de Jesus. Eles não questionaram; simplesmente obedeceram.

O terceiro elemento é o Agir. Foi “no caminho” que a cura aconteceu. A sua obediência ativa à instrução de Jesus, mesmo sem verem os resultados imediatos, foi o catalisador para a sua restauração. A fé não é estática; ela se manifesta no movimento, na obediência e na ação, mesmo quando o resultado é incerto. Os nove leprosos também agiram e foram curados, o que prova que a fé se expressa na obediência.

Contudo, a passagem culmina com o mais poderoso dos atos: o AGRADECER. Apenas um dos dez, um samaritano – um estrangeiro, marginalizado tanto pela sua doença quanto pela sua etnia – voltou. Ele voltou “glorificando a Deus em alta voz, e prostrou-se de rosto em terra aos pés de Jesus, para Lhe agradecer”. A gratidão deste homem transcende a mera educação; é um reconhecimento profundo da origem divina da sua cura e da identidade de Jesus como o Messias. A sua gratidão é um ato de adoração, um reconhecimento de que o dom recebido não é um direito, mas uma graça. Jesus sublinha a ausência dos outros, lamentando que apenas o estrangeiro tenha voltado para dar glória a Deus. A fé deste samaritano não só o curou fisicamente, mas também o “salvou” espiritualmente, uma salvação que se manifesta plenamente no seu ato de gratidão. A gratidão eleva a cura física a uma dimensão espiritual, transformando o ato de receber num ato de comunhão com Deus.


Oração:

Senhor Jesus, Mestre da compaixão e da graça,

Nós Te agradecemos por nos ensinares o caminho da verdadeira fé.

Ajuda-nos a crer em Teu poder, mesmo nas nossas maiores dificuldades.

Concede-nos a confiança para obedecer à Tua palavra,

mesmo quando o caminho parece incerto.

Impulsiona-nos a agir, a viver a nossa fé com obras e amor.

E, acima de tudo, infunde em nossos corações um espírito de profunda gratidão,

para que, como o samaritano, voltemos sempre para Te dar glória

por todas as bênçãos e milagres que realizas em nossas vidas.

Que a nossa fé nos salve e nos conduza sempre ao Teu amor.

Ámen.


Sugestão de Imagem:

Uma representação dos dez leprosos à distância, com Jesus ao centro, indicando o caminho, e um dos leprosos (o samaritano) já limpo, ajoelhado aos pés de Jesus, com as mãos erguidas em gratidão, enquanto os outros nove se afastam no horizonte. A imagem deve captar a luz e a esperança da cura, contrastando com a escuridão da doença.

 

 

 

 

10 06 Segunda Lc 10, 25-37 «Quem é o meu próximo?»


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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Naquele tempo, levantou-se um doutor da lei e perguntou a Jesus para O experimentar: «Mestre, que hei de fazer para receber como herança a vida eterna?». Jesus disse-lhe: «Que está escrito na lei? Como lês tu?». Ele respondeu: «Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração e com toda a tua alma, com todas as tuas forças e com todo o teu entendimento; e ao próximo como a ti mesmo». Disse-lhe Jesus: «Respondeste bem. Faz isso e viverás». Mas ele, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: «E quem é o meu próximo?». Jesus, tomando a palavra, disse: «Um homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos dos salteadores. Roubaram-lhe tudo o que levava, espancaram-no e foram-se embora, deixando-o meio morto. Por coincidência, descia pelo mesmo caminho um sacerdote; viu-o e passou adiante. Do mesmo modo, um levita que vinha por aquele lugar, viu-o e passou também adiante. Mas um samaritano, que ia de viagem, passou junto dele e, ao vê-lo, encheu-se de compaixão. Aproximou-se, ligou-lhe as feridas deitando azeite e vinho, colocou-o sobre a sua própria montada, levou-o para uma estalagem e cuidou dele. No dia seguinte, tirou duas moedas, deu-as ao estalajadeiro e disse: ‘Trata bem dele; e o que gastares a mais eu to pagarei quando voltar’. Qual destes três te parece ter sido o próximo daquele homem que caiu nas mãos dos salteadores?». O doutor da lei respondeu: «O que teve compaixão dele». Disse-lhe Jesus: «Então vai e faz o mesmo».

Palavra da salvação.

REFLEXÃO

Lectio Divina: Lucas 10, 25-37

1. Lectio (Leitura)

O texto apresenta-nos um diálogo entre um doutor da Lei e Jesus. A pergunta inicial é profunda: “Que hei de fazer para receber como herança a vida eterna?”. Jesus, mestre pedagogo, conduz o homem à própria Lei, que ele conhece perfeitamente: amar a Deus e ao próximo. A resposta parece satisfatória, mas o doutor, “querendo justificar-se”, faz a pergunta crucial: “E quem é o meu próximo?”. É então que Jesus conta a parábola do Bom Samaritano. Um homem é assaltado e fica à beira da morte. Um sacerdote e um levita, figuras religiosas, passam ao largo. Surge um samaritano – membro de um grupo desprezado pelos judeus – que, “ao vê-lo, encheu-se de compaixão”. Ele não só presta os primeiros socorros, como leva o homem a uma estalagem, paga pela sua estadia e assume os custos futuros. Jesus inverte a pergunta final: não se trata de saber “quem é o meu próximo”, mas de “de quem me torno próximo”.

2. Meditatio (Meditação)

Esta passagem é um espelho da nossa alma. Quantas vezes, como o doutor da lei, procuramos justificar os nossos limites ao amor, desenhando círculos de exclusão? A parábola desmonta todas as nossas barreiras. O próximo não é definido pela geografia, religião ou afinidade, mas pela compaixão ativa. O sacerdote e o levita representam a religião que pode tornar-se estéril quando o ritual se sobrepõe à misericórdia. O samaritano, o herege, torna-se o modelo do verdadeiro discípulo. A sua compaixão não é um mero sentimento; é um verbo conjugado em gestos concretos: “aproximou-se”, “ligou-lhe as feridas”, “colocou-o sobre a sua montada”, “levou-o”, “cuidou dele”. O amor aqui é custoso, exige tempo, recursos e um compromisso que se prolonga no tempo (“eu to pagarei quando voltar”). Deus não nos pergunta quantos regulamentos cumprimos, mas a quantos nos tornamos próximos.

3. Oratio (Oração)

Senhor Jesus, Bom Samaritano da humanidade ferida,
que na estrada da vida Te inclinaste sobre as nossas chagas para as curar,
dá-nos um coração vigilante e compassivo.
Afasta de nós a tentação de passar ao largo,
seja por pressa, indiferença ou preconceito.
Ensina-nos a ver, como Tu vês, o rosto sofredor
de cada irmão que a violência, a injustiça ou a solidão
deixaram à beira do caminho.
Que a nossa fé não se contente com belas palavras,
mas se faça serviço concreto, ousado e generoso.
Amen.

4. Contemplatio (Contemplação)

Contemplamos a figura do Samaritano, que é o próprio Cristo. É Ele que desce ao nosso caminho, Se inclina sobre a nossa humanidade ferida pelo pecado e nos carrega para a estalagem que é a Sua Igreja, pagando o preço com a Sua própria vida. A contemplação leva-nos a silenciar e a fixar este ato de amor puro. E, a partir deste silêncio admirado, nasce o impulso de nos levantarmos e irmos fazer o mesmo.


Mensagem para Cristãos Comprometidos

Irmãos, comprometidos na vinha do Senhor, a parábola do Bom Samaritano é um chamamento urgente a não normalizarmos a indiferença. Num mundo marcado por tantas “estradas de Jericó” – onde os feridos são os pobres, os migrantes, os idosos sós, os que sofrem em silêncio –, somos interpelados a ser a Igreja em saída. Não uma Igreja de funcionários do sagrado, que passam ao largo do grito humano, mas uma Igreja-Samaritana, que cheira a ovelha e se suja com o óleo e o vinho das feridas alheias. O nosso testemunho mais credível não será a perfeição doutrinal, mas a compaixão em ação. Que ninguém fique à beira do nosso caminho sem experimentar a misericórdia de Deus através das nossas mãos.


 

 

 

Celebração da Eucaristia  (Relação entre as Leituras) 

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A Palavra de Deus de hoje traça um poderoso itinerário da fuga à ação misericordiosa. A Primeira Leitura (Jonas 1,1 – 2,1.11) narra a experiência de Jonas, que tenta fugir da missão. Lançado ao mar e engolido pelo peixe, ele atinge o abismo. O Salmo (Jonas 2, 3. 4. 5. 8) é o seu clamor de socorro, o grito de quem, no fundo da angústia, se lembra do Senhor e é resgatado, reconhecendo a salvação que só a Deus pertence.

Esta dramática experiência da Misericórdia Divina encontra o seu reflexo na ação humana sugerida no Evangelho (Lucas 10, 25-37). À pergunta “Quem é o meu próximo?”, Jesus responde com a parábola do Bom Samaritano. Jonas foi resgatado da morte; o Samaritano, movido por compaixão, resgata o homem ferido, ao contrário do sacerdote e do levita.

Conclusão: O caminho para a vida eterna não é teórico, mas prático. A salvação experimentada (Jonas a ser salvo do abismo pela misericórdia de Deus) deve impulsionar a salvação praticada (o Samaritano a agir). A única forma de “viver” é “fazer a mesma coisa”: usar de misericórdia, reconhecendo no sofredor o nosso próximo.

 

 

 

L 1 Jn 1,1 – 2,1.11; Sl Jn 2, 3. 4. 5. 8
Ev Lc 10, 25-37

 

 

 

 

 

 

 

 

10 10 Sexta Lc 11, 15-26 «Se Eu expulso os demónios pelo dedo de Deus, então o reino de Deus chegou até vós»

EvangelLHO Lc 11, 15-26
«Se Eu expulso os demónios pelo dedo de Deus,
então o reino de Deus chegou até vós»

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Naquele tempo, Jesus expulsou um demónio, mas alguns dos presentes disseram: «É por Belzebu, príncipe dos demónios, que Ele expulsa os demónios». Outros, para O experimentarem, pediam-Lhe um sinal do céu. Mas Jesus, que conhecia os seus pensamentos, disse: «Todo o reino dividido contra si mesmo, acaba em ruínas e cairá casa sobre casa. Se Satanás está dividido contra si mesmo, como subsistirá o seu reino? Vós dizeis que é por Belzebu que Eu expulso os demónios. Ora, se Eu expulso os demónios por Belzebu, por quem os expulsam os vossos discípulos? Por isso eles mesmos serão os vossos juízes. Mas se Eu expulso os demónios pelo dedo de Deus, então quer dizer que o reino de Deus chegou até vós. Quando um homem forte e bem armado guarda o seu palácio, os seus bens estão em segurança. Mas se aparece um mais forte do que ele e o vence, tira-lhe as armas em que confiava e distribui os seus despojos. Quem não está comigo está contra Mim e quem não junta comigo dispersa. Quando o espírito impuro sai do homem, anda a vaguear por lugares desertos à procura de repouso. Como não o encontra, diz consigo: ‘Voltarei para a casa de onde saí’. Quando lá chega, encontra-a varrida e arrumada. Então vai e toma consigo sete espíritos piores do que ele, que entram e se instalam nela. E o último estado daquele homem torna-se pior do que o primeiro»

Palavra da salvação.

C


Leitura (: O que o texto diz?

Lemos e relemos a passagem com atenção. O Evangelho de Lucas (Lc 11, 15-26) começa com Jesus a expulsar um demónio, um ato claro do Seu poder. No entanto, alguns dos presentes reagem com incredulidade e malícia: uns acusam-No de agir por Belzebu, o príncipe dos demónios, enquanto outros Lhe pedem um sinal do céu para O testar.

Jesus, conhecendo os seus pensamentos, responde com uma lógica irrefutável: um reino dividido contra si mesmo não subsiste. Se Ele expulsasse demónios pelo poder de Satanás, então Satanás estaria dividido contra si mesmo, o que seria absurdo. Em vez disso, Jesus afirma: “Se Eu expulso os demónios pelo dedo de Deus, então quer dizer que o reino de Deus chegou até vós.”

Ele continua com a parábola do “homem forte”: o homem forte guarda os seus bens, mas se um mais forte do que ele (Jesus) o vence, tira-lhe as armas e distribui os seus despojos. Isto significa a vitória de Jesus sobre o poder do mal. Jesus conclui com uma advertência: “Quem não está comigo está contra Mim e quem não junta comigo dispersa.”

A passagem termina com a parábola do espírito impuro que volta: quando sai do homem e não encontra repouso, regressa à sua “casa” (o homem), encontrando-a limpa e arrumada. Então, leva consigo sete outros espíritos piores, e o homem fica em pior estado do que antes. Esta parábola sublinha a necessidade de preencher o vazio com o bem e de manter a vigilância.


 

Meditação (): O que o texto me diz?

Esta passagem desafia-me a refletir sobre a fonte do poder e a discernir a verdade. Com que olhos vejo as obras de Deus na minha vida e no mundo? Sou como aqueles que veem o bem e o atribuem ao mal, por preconceito ou incredulidade? Ou estou aberto a reconhecer a chegada do Reino de Deus através dos sinais que Ele nos dá?

A afirmação de Jesus: “Se Eu expulso os demónios pelo dedo de Deus, então quer dizer que o reino de Deus chegou até vós” é um convite direto à conversão. Se reconheço as obras de Deus, sou chamado a abraçar o Seu Reino, que é um reino de amor, justiça e libertação. Jesus é o “mais forte” que vence o mal; n’Ele está a minha segurança e a minha libertação. Não posso ser neutro: “Quem não está comigo está contra Mim”. Sou chamado a escolher ativamente estar com Jesus, a “juntar” com Ele, a construir o Seu Reino.

A parábola do espírito que volta é uma advertência séria. Não basta “limpar” a vida de pecados ou maus hábitos; é preciso preencher o vazio com a presença de Deus, com o Espírito Santo, com a oração, com a caridade. De outro modo, o vazio torna-se uma porta aberta para males piores. É uma chamada à vigilância constante e à santidade ativa, não apenas à ausência do mal, mas à presença vibrante do bem.


Oração (): O que o texto me faz responder ao Senhor?

Senhor Jesus, eu Te agradeço por vires e estabeleceres o Teu Reino entre nós, manifestando o poder de Deus sobre todo o mal.

Perdoa-me, Senhor, quando, pela minha cegueira ou preconceito, não consigo reconhecer as Tuas obras ou quando atribuo ao mal o que vem de Ti. Ajuda-me a ter um coração puro e olhos abertos para discernir o “dedo de Deus” em tudo o que acontece.

Liberta-me, Jesus, de todo o poder do inimigo, pois Tu és o mais forte! Ajuda-me a escolher sempre estar Contigo, a “juntar” Contigo, a ser um construtor ativo do Teu Reino de amor e de paz.

Pai, peço-Te a graça da vigilância constante. Que a minha “casa” não fique apenas varrida e arrumada, mas que seja preenchida pela Tua presença, pelo Teu Espírito Santo, pela Tua Palavra e pelo Teu amor, para que o meu último estado seja melhor do que o primeiro, e eu possa viver plenamente em Ti.


 

Contemplação (): O que a Palavra realiza em mim?

 

Permaneço em silêncio, deixando que a Palavra de Jesus me transforme. Sinto a urgência da escolha: não há neutralidade na minha relação com Cristo. A sua vitória sobre o mal é uma realidade presente, e eu sou chamado a participar dela. A contemplação leva-me a um desejo profundo de permanecer em Jesus, de não deixar vazios na minha alma que possam ser preenchidos pelo mal. A necessidade de vigilância ativa e preenchimento constante com o Espírito Santo e a vida em Cristo torna-se um impulso forte. Esta palavra convida-me a uma vida de união íntima com Jesus, para que Ele seja o verdadeiro “Dono da casa” do meu ser.

 

10 09 Quinta Lc 11 5-13 Lc Pedi e-ão dar.vos-ão. Procurai e achareis Batei e hão de abrir-vos

EVANGELHO Lc 11, 5-13
«Pedi e dar-se-vos-á»

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Se algum de vós tiver um amigo, poderá ter de ir a sua casa à meia-noite, para lhe dizer: ‘Amigo, empresta-me três pães, porque chegou de viagem um dos meus amigos e não tenho nada para lhe dar’. Ele poderá responder lá de dentro: ‘Não me incomodes; a porta está fechada, eu e os meus filhos estamos deitados e não posso levantar-me para te dar os pães’. Eu vos digo: Se ele não se levantar por ser amigo, ao menos, por causa da sua insistência, levantar-se-á para lhe dar tudo aquilo de que precisa. Também vos digo: Pedi e dar-se-vos-á; procurai e encontrareis; batei à porta e abrir-se-vos-á. Porque quem pede recebe; quem procura encontra e a quem bate à porta, abrir-se-á. Se um de vós for pai e um filho lhe pedir peixe, em vez de peixe dar-lhe-á uma serpente? E se lhe pedir um ovo, dar-lhe-á um escorpião? Se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo àqueles que Lho pedem!».

Palavra da salvação

Leitura (): O que o texto diz?

. Jesus narra uma parábola noturna: um amigo chega inesperadamente e outro, sem ter como o alimentar, recorre a um terceiro vizinho à meia-noite, o auge da inoportunidade. O vizinho recusa-se inicialmente (porta fechada, família deitada), mas a insistência do pedinte fá-lo levantar-se e dar-lhe o necessário.

Jesus, então, aplica este ensinamento de forma direta: “Pedi e dar-se-vos-á; procurai e encontrareis; batei à porta e abrir-se-vos-á.” O texto sublinha a eficácia da oração perseverante. Por fim, Ele compara a bondade de um pai humano, que não daria “serpente em vez de peixe” ou “escorpião em vez de ovo”, com a imensurável generosidade do Pai do Céu, que “dará o Espírito Santo àqueles que Lho pedem!”


Meditação (): O que o texto me diz?

A Parábola do Amigo Inoportuno é um convite radical à confiança. O meu desejo por Deus e pelas Suas graças é suficientemente persistente? Identifico-me com o amigo que pede desesperadamente pão para o outro? O pão aqui é a necessidade vital, a graça urgente. Sinto-me, às vezes, a bater à porta de Deus “à meia-noite”, em momentos de desespero e inoportunidade? A resposta de Jesus é clara: a insistência vence. Se a importunação humana move um vizinho relutante, quanto mais o amor move o nosso Pai, que não é “mau” nem mesquinho.

A verdadeira viragem é a promessa final: a melhor dádiva não é o “pão” material, mas sim o Espírito Santo. O que peço na minha oração? Sou levado a pedir dons passageiros ou anseio pelo Dom fundamental, o Espírito que me transforma em filho de Deus e me ensina a pedir com sabedoria? O texto garante que a oração jamais volta vazia; o Pai dá sempre o que é bom, o melhor.

Oração (): O que o texto me faz responder ao Senhor?

Senhor Jesus, perdoa a minha falta de perseverança e a minha fé pequena. Muitas vezes, desisto de bater, pensando que a porta está fechada ou que Te incomodo.

Pai do Céu, eu Te peço a graça da insistência na oração. Ajuda-me a acreditar que Tu me escutas sempre e que o Teu desejo de me dar é maior do que o meu de pedir.

Acima de tudo, dá-me o Teu Espírito Santo! Que o Teu Espírito me ensine a amar, a servir e a ter a confiança inabalável de que Tu és um Pai bom que nunca me daria uma “serpente” ou um “escorpião”. Que a minha oração seja um diálogo confiante e constante Contigo.


Contemplação (): O que a Palavra realiza em mim?

Permaneço em silêncio na presença do Pai. Sinto a Sua bondade e generosidade. Deixo-me impregnar pela certeza de que Ele é o Doador do Espírito Santo. Esta palavra convida-me a descansar na Filiação Divina: sou filho de um Pai bondoso. A oração não é um fardo nem um meio de convencer um Deus relutante, mas um encontro de amor confiante. O desafio é persistir e reconhecer o Espírito Santo como a resposta suprema a todos os meus pedidos. Sinto-me impelido a ser mais persistente na minha súplica e mais generoso na minha partilha, tal como o vizinho, movido pela insistência.


 

10 08 Quarta Lc 11, 1-4 «Senhor, ensina-nos a orar»

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Naquele tempo, estava Jesus em oração em certo lugar. Ao terminar, disse-Lhe um dos discípulos: «Senhor, ensina-nos a orar, como João Batistaensinou também os seus discípulos». Disse-lhes Jesus: «Quando orardes, dizei: ‘Pai, santificado seja o vosso nome; venha o vosso reino; dai-nos em cada dia o pão da nossa subsistência; perdoai-nos os nossos pecados, porque também nós perdoamos a todo aquele que nos ofende; e não nos deixeis cair em tentação’».
Palavra da salvação.

Comentar o texto de Lucas 11, 1-4 segundo a Lectio Divina (leitura orante da Palavra) é um convite a mergulhar na essência da oração cristã. Este Evangelho apresenta o Pai-Nosso, a oração modelar, como resposta de Jesus ao pedido simples e profundo de um discípulo: “Senhor, ensina-nos a orar“.


1. Lectio (Leitura)

O texto é direto. Vemos Jesus em oração (“em certo lugar”) e um discípulo que, ao testemunhar esse momento íntimo, sente a necessidade de aprender a orar como o Mestre. O pedido é formulado com a referência a João Batista, mostrando que a oração era uma prática distintiva de diferentes escolas religiosas. Jesus não hesita e entrega-lhes uma fórmula concisa e poderosa: o Pai-Nosso (a versão de Lucas é mais breve que a de Mateus). A oração começa por invocar Deus como Pai e coloca o foco na santificação do Seu nome e na vinda do Seu Reino. Seguem-se as petições que cobrem as necessidades fundamentais da vida humana: o pão de cada dia (a subsistência, o essencial), o perdão (que está intrinsecamente ligado ao nosso perdão aos outros) e a proteção contra a tentação.


2. Meditatio (Meditação)

O que me diz este texto? O ponto de partida é o exemplo de Jesus. Se o Filho de Deus rezava, a oração é vital. O discípulo não pede “o que” rezar, mas “como” rezar, indicando que a oração é uma arte e uma relação que precisa ser aprendida.

A oração do Pai-Nosso ensina-nos a ordem correta das prioridades. Primeiro, Deus: Seu Nome, Seu Reino. A nossa oração deve ser teocêntrica, com foco na glória de Deus e na realização do Seu plano. Só depois vêm as nossas necessidades:

  • Pão de cada dia: uma fé na providência que nos liberta da ansiedade pelo futuro e nos foca no essencial de hoje. É um convite à sobriedade.
  • Perdão: esta é a petição mais desafiadora. O perdão de Deus torna-se condicional ao nosso perdão. Não há autêntica comunhão com o Pai sem reconciliação com o irmão. É o cerne da misericórdia.
  • Tentação: a humildade de reconhecer a nossa fraqueza e pedir a ajuda de Deus para nos mantermos fiéis. É um ato de confiança.

3. Oratio (Oração)

Qual é a minha resposta a Deus a partir deste texto? Devo re-aprender a rezar o Pai-Nosso. Não como uma fórmula repetida mecanicamente, mas como um programa de vida. Posso orar: “Senhor Jesus, obrigado por me ensinares a dirigir-me ao Pai com tanta simplicidade e profundidade. Perdoa-me por tantas vezes ter invertido as prioridades. Ajuda-me a desejar o Teu Reino acima de tudo e a ter um coração que perdoa, para que também eu seja digno do Teu perdão. Dá-me a graça de viver na dependência do ‘pão de cada dia’, sem apegos excessivos.” Peço a graça de permanecer em oração como Jesus.


4. Contemplatio (Contemplação)

Procuro saborear a presença de Deus, Pai carinhoso. O silêncio após a meditação é o lugar onde me reconheço filho amado, que pede com confiança. Contemplo a íntima união entre o rezar e o viver: a oração não é fuga, mas o fundamento para uma vida onde o Reino de Deus se manifesta no perdão, na partilha e na fidelidade. Repito no coração as palavras: “Pai, santificado seja o Vosso nome.”


 

10 07 Terça Lc 1, 26-38 «Conceberás e darás à luz um Filho» Nossa Senhora do Rosário

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Naquele tempo, o Anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia chamada Nazaré, a uma Virgem desposada com um homem chamado José, que era descendente de David. O nome da Virgem era Maria. Tendo entrado onde ela estava, disse o Anjo: «Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo». Ela ficou perturbada com estas palavras e pensava que saudação seria aquela. Disse-lhe o Anjo: «Não temas, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. Conceberás e darás à luz um Filho, a quem porás o nome de Jesus. Ele será grande e chamar-Se-á Filho do Altíssimo. O Senhor Deus Lhe dará o trono de seu pai David; reinará eternamente sobre a casa de Jacob e o seu reinado não terá fim». Maria disse ao Anjo: «Como será isto, se eu não conheço homem?». O Anjo respondeu-lhe: «O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Por isso o Santo que vai nascer será chamado Filho de Deus. E a tua parenta Isabel concebeu também um filho na sua velhice e este é o sexto mês daquela a quem chamavam estéril; porque a Deus nada é impossível». Maria disse então: «Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra».

Palavra da salvação.

REFLEXÃO 

Lectio Divina: Lucas 1, 26-38 – A Anunciação do Senhor

1. Leitura (Lectio): O que diz o texto?

O Evangelho de Lucas narra um momento crucial da história da salvação: a Anunciação. O Anjo Gabriel é enviado por Deus a Maria, uma virgem desposada com José, em Nazaré. Gabriel  saúda  a com palavras surpreendentes: “Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo.” Maria, perturbada, questiona o significado da saudação. O anjo a tranquiliza e anuncia que ela conceberá um filho, Jesus, que será grande, Filho do Altíssimo, e cujo reinado não terá fim. Maria, em sua pureza e humildade, pergunta “Como será isto, se eu não conheço homem?”. Gabriel explica que o Espírito Santo virá sobre ela, e o Santo que vai nascer será chamado Filho de Deus. Como sinal e confirmação, ele revela que sua parenta Isabel também concebeu na velhice, pois “a Deus nada é impossível”. A resposta final de Maria é de total entrega e fé: “Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra.”

2. Meditação (Meditatio): O que o texto me diz?

Este texto é um convite profundo à confiança e à abertura ao plano de Deus. A saudação do anjo a Maria como “cheia de graça” revela uma predestinação divina e uma presença constante do Senhor em sua vida, antes mesmo da encarnação. Maria, apesar da perturbação inicial, não se fecha. Sua pergunta “Como será isto?” não é de incredulidade, mas de busca por compreensão, uma atitude que nos ensina a dialogar com Deus em nossas dúvidas. A resposta de Gabriel sobre o Espírito Santo e a força do Altíssimo é um lembrete de que o impossível para o homem é possível para Deus. A concepção de Jesus, sem intervenção humana, aponta para a novidade radical da ação divina. A prontidão de Maria em dizer “sim”, sua total disponibilidade como “escrava do Senhor”, é o exemplo máximo de fé e obediência. Ela se torna o portal através do qual a Salvação entra no mundo.

3. Oração (Oratio): O que o texto me faz dizer a Deus?

Senhor, como Maria, muitas vezes nos sentimos perturbados diante das tuas palavras e dos teus planos. Perdoa-nos por nossa falta de fé e por nossa dificuldade em nos entregar completamente. Concede-nos a graça de reconhecer a tua presença em nossas vidas, de nos abrirmos à ação do Espírito Santo e de dizermos um “sim” sincero aos teus convites. Ajuda-nos a confiar que, para Ti, nada é impossível. Que possamos, como Maria, ser humildes servidores do teu amor, permitindo que a tua vontade se realize em nós e através de nós. Que a nossa vida seja um eco do “Faça-se em mim segundo a tua palavra”.

4. Contemplação (Contemplatio): O que o texto me faz desejar?

Desejo ter a fé inabalável de Maria, a humildade de me reconhecer “escrava do Senhor” e a coragem de aceitar os desígnios divinos, mesmo quando não os compreendo totalmente. Desejo sentir a “força do Altíssimo” me cobrindo com sua sombra, transformando o impossível em possível em minha vida e na vida daqueles que me rodeiam. Desejo ser um instrumento dócil nas mãos de Deus, para que Ele possa manifestar a Sua glória e o Seu amor através de mim.


Mensagem aos Cristãos:

Caros irmãos e irmãs em Cristo, a Anunciação não é apenas um evento passado, mas um convite contínuo para cada um de nós. Assim como Maria, somos chamados a acolher a Palavra de Deus em nossos corações e a permitir que o Espírito Santo opere em nós. Em um mundo onde tantas vozes competem por nossa atenção, somos desafiados a escutar a voz de Deus, a superar nossos medos e dúvidas, e a responder com um “sim” confiante e generoso. Lembremo-nos de que “a Deus nada é impossível”. Que a fé e a humildade de Maria nos inspirem a ser verdadeiros portadores de Cristo para o mundo.


 

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