TERÇA FEIRA DA XX SEMANA 18 DE AGOSTO
Índice
PRIMEIRA LEITURA (anos pares) Ez 28,1-10. 1
SALMO RESPONSORLAL DT 32,26 28.30.35-36. 1
PRIMEIRA LEITURA (anos pares) Ez 28,1-10
Tu que és um homem e não Deus, pretendes ter um coração semelhante ao coração de Deus!
Leitura da Profecia de Ezequiel.
1A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos: 2“Filho do homem, dize ao príncipe da cidade de Tiro: Assim fala o Senhor Deus: Porque o teu coração se tornou orgulhoso, tu disseste: ‘Eu sou um deus e ocupo o trono divino no coração dos mares’. Tu, porém, és um homem e não um deus, mas pensaste ter a mente igual à de um deus. 3Sim, tu és mais sábio do que Daniel! Segredo algum te é obscuro. 4Com talento e habilidade adquiriste uma fortuna, acumulaste ouro e prata em teus tesouros. 5Com grande tino comercial aumentaste tua fortuna, e com ela teu coração se tornou soberbo. 6Por isso, assim diz o Senhor Deus: Por teres igualado tua mente à de um deus, 7vou trazer contra ti os povos mais violentos dos estrangeiros. Eles puxarão suas espadas contra a tua bela sabedoria e profanarão o teu esplendor. 8Eles te farão baixar à cova, e morrerás de morte violenta no coração dos mares. 9Porventura, ousarás dizer: ‘Sou um deus!’ na presença de teus algozes, tu que és um homem e não deus, nas mãos dos que te apunhalam? 10Morrerás da morte dos incircuncisos, pela mão de estrangeiros, pois fui eu que falei — oráculo do Senhor Deus
Ler a Palavra
Estamos na parte do Livro de Ezequiel que contém, e é um elemento constante na literatura profética, alguns oráculos contra os povos pagãos. A tentação mais perigosa para cada pessoa é a de se julgar Deus, como a serpente tinha sugerido aos primeiros homens: «Sereis como deuses.» (Cf. GN 3,4) Também o rei de Tiro julgava ser Deus, ser omnipotente, mas a dura palavra do profeta vem sacudi-lo desta ilusão/tentação.
Compreender a Palavra
A serpente tinha dito aos nossos primeiros pais: «Podeis decidir vós da vossa vida: aquilo que é bem e aquilo que é mal para vós.» Mas foi um engano. Adão e Eva, ao excluírem o Senhor das suas vidas, verificaram imediatamente que eram apenas criaturas, despojadas de amor, egoístas, aterrorizadas perante a morte. Como o primeiro homem, também o rei de Tiro tinha comido da árvore do conhecimento do bem e do mal. Julgava-se sábio. Com a sua argúcia e inteligência conseguira ter o domínio dos mares, criando um império mercantil. Tinha acreditado também ele, como Adão, nas palavras da serpente: «Serás como Deus!» Todos deviam estar submetidos aos seus pés. É a atitude daquele que não quer conhecer a sua situação. Também para o rei de Tiro a realidade era bem diversa: ele não passava de um simples homem e irá experimentá-lo bem depressa, quando – não obstante a sua astúcia e inteligência – não conseguir opor-se à espada do rei de Babilónia e morrer como todos os outros homens.
SALMO RESPONSORLAL DT 32,26 28.30.35-36
O Senhor serviu-se dos povos pagãos para punir e corrigir Israel, e agora castiga o orgulho estulto dessas nações, que atribuem a si mesmas os sucessos militares, conseguidos contra o povo eleito. Não reconhecer a ação de Deus que lhes «entregou» Israel nas suas mãos é sinal de insipiência e de estultícia.
Salmo Responsorial (Dt 32,26-36)
— Sou eu que tiro a vida, sou eu quem faz viver!
— Sou eu que tiro a vida, sou eu quem faz viver!
— Pensei: “Vou espalhá-los pela terra, farei cessar sua memória inteiramente”. Mas receava a reação dos inimigos, a má interpretação dos adversários.
— Eles diriam: Nossa mão prevaleceu, não foi o Senhor Deus que isto fez. Porque meu povo é gente sem juízo, é gente que não tem discernimento.
— Como pode um homem só perseguir mil, como dois podem fazer fugir dez mil? Não é porque sua Rocha os vendeu, não é porque o Senhor os entregou?
— Já vem o dia em que serão arruinados e o seu destino se apressa em chegar. Porque o Senhor fará justiça ao seu povo e salvará todos aqueles que o servem.
EVANGELHO MT 19,23-30
É mais fácil passar um camelo pelo fundo duma agulha do que um rico entrar no reino de Deus.
Ler a Palavra
Depois do encontro com o «jovem rico», Jesus continua a tratar o tema da riqueza com uma advertência sobre o perigo que ela comporta (w. 23-26), e o anúncio da recompensa preparada para quem abandona os seus bens por causa do seu Nome (w. 27-30). A questão não é de possuir muitos bens, nem o facto de nem sempre os ter adquirido com justiça, nem mesmo por avareza. O «rico», protagonista dos ensinamentos do Mestre, é aquele que coloca nos bens a segurança da sua vida.
MT 19,23-30
Naquele tempo, 23Jesus disse aos discípulos: “Em verdade vos digo, dificilmente um rico entrará no Reino dos Céus. 24E digo ainda: é mais fácil um camelo entrar pelo buraco de uma agulha, do que um rico entrar no Reino de Deus”. 25Ouvindo isso, os discípulos ficaram muito espantados, e perguntaram: “Então, quem pode ser salvo?” 26Jesus olhou para eles e disse: “Para os homens isso é impossível, mas para Deus tudo é possível”. 27Pedro tomou a palavra e disse a Jesus: “Vê! Nós deixamos tudo e te seguimos. Que haveremos de receber?” 28Jesus respondeu: “Em verdade vos digo, quando o mundo for renovado e o Filho do Homem se sentar no trono de sua glória, também vós, que me seguistes, havereis de sentar-vos em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel. 29E todo aquele que tiver deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos, campos, por causa do meu nome, receberá cem vezes mais e terá como herança a vida eterna. 30Muitos que agora são os primeiros, serão os últimos. E muitos que agora são os últimos, serão os primeiros.
Compreender a Palavra
Para Jesus, a riqueza não é algo neutro. Ela tem a força de subjugar os homens. A «Mamona» está em concorrência com o próprio Deus (cf. MT 6,24). Ninguém pode libertar-se do seu abraço, senão abandonando-se completamente a Deus. Di-lo Jesus com uma imagem drástica: certamente um camelo não pode passar pelo fundo duma agulha. Então, todos os ricos estão excluídos da vida eterna? Jesus disse que é difícil salvar-se, mas que não é impossível. Ele quer provocar. O jovem tinha falhado, não obstante estivesse sinceramente disposto a tal, porque o seu coração não estava livre da sedução dos bens. Com estas palavras os discípulos assustam-se. A resposta do Mestre não é consolatória, e no entanto liberta os homens do medo. Devemos confiar em Deus. Só nas Suas mãos está o destino de salvação. Ele é um Pai, não um tiranoÀ pergunta de Pedro, Jesus dá duas respostas: quem abandonou, encontrará (cf. v. 29); quem O seguir na humildade, participará na Sua glória (cf. v. 28).
DA PALAVRA PARA A VIDA
Todos nós precisamos de certezas para viver. Temos absoluta necessidade de algo seguro para nos apoiarmos. Possuirmos muitos bens, sentirmo-nos protegidos de eventuais imprevistos, podermos – através do dinheiro – obter tudo aquilo que queremos, dá-nos um sentido de segurança e, por vezes, até de que nada nos poderá atacar. A riqueza é símbolo de poder, de estima, de afeto. Uma vez que o seu abraço nos estreitou, dificilmente conseguimos libertar-nos dela só com as nossas forças. Torna-se algo que nos devora, um ídolo que, em vez de nos dar a vida, no-la pede: para termos mais dinheiro, uma casa maior, um automóvel mais potente, a quantas realidades da vida por vezes temos de renunciar! As relações familiares, fazer companhia aos filhos, dar a nós mesmos o justo e necessário repouso e lazer, dedicarmo-nos a cultivar a nossa relação com Deus… tudo passa para segundo plano. O homem seduzido pela riqueza perde o dom do discernimento: já não sabe o que de verdade tem valor na vida, o que é que resta quando tudo desaba, como sempre pode acontecer de um momento para o outro. Este julga-se Deus, como fez Adão, o primeiro homem, e como o rei de Tiro (primeira leitura, anos pares). Nesta posição já não pede ajuda a ninguém, senão às suas próprias forças. Mas ele não possui senão as forças de uma simples criatura, incapaz de dar a vida a si mesma.
Então, quais são as possibilidades que o rico tem de se salvar? Tudo esta nas mãos de Deus, o qual, mediante uma intervenção gratuita, através de uma palavra que sacode (como fez Ezequiel com o príncipe de Tiro) ou com uma intervenção na sua história pessoal (como aconteceu com Gedeão), pode encaminhá-lo para a humildade, o único caminho que conduz o homem para a proteção celeste. O primeiro passo é parar e interrogar-se: em que é que eu hoje coloco a minha esperança?
Oração
Ó Deus,
que abateis os ricos e os poderosos
e volveis o Vosso olhar para os pobres e os humildes,
dai-nos a sabedoria do coração
para sabermos avaliar a fragilidade
dos bens que passam e procurar os bens eternos.
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