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XV Semana – Sábado – Tempo Comum – Anos Pares -18/07

SÁBADO

Sábado 18 de Julho

http://www.liturgia.pt/liturgiadiaria/dia.php?data=2020-7-18

 Sábado 18 de Julho

http://www.liturgia.pt/liturgiadiaria/dia.php?data=2020-7-18

 Miq 2, 1-5  A Palavra de Deus é contra aqueles que praticam a injustiça
 Salmo 9 (10), 22-23.24-25.28-29.35 (R. 33) e a favor dos humildes e pobres
Mt 12, 14-21 que recebem Jesus o filho de Deus e  o aceitam na sua vida

Lecionário comentado  Pag  750-753  Organização de Giuseppe Casarin

Primeira leitura: Miqueias 2, 1-5

1Ai dos que planeiam a iniquidade, dos que maquinam o mal em seus leitos, e o executam logo ao amanhecer do dia, porque têm o poder na sua mão!

2Cobiçam as terras e apoderam-se delas, cobiçam as casas e roubam-nas; fazem violência ao homem e à sua família, ao dono e à sua herança.

3Por isso, assim fala o Senhor: «Tenho planeado um mal contra esta raça, do qual não livrareis o pescoço. Não andareis mais com a cabeça erguida, porque será tempo calamitoso.

4Naquele dia será composta sobre vós uma sátira, e cantar-se-á uma elegia: ‘Estamos perdidos completamente, a parte do meu povo passa a outros. Ninguém a restituirá. Roubam e distribuem os nossos campos.’

5Por isso, não terás ninguém que meça com cordel as porções, na assembleia do Senhor.»

PRIMEIRA LEITURA (anos pares) Mq 2J-5
Cobiçam os campos e apoderam-se das casas.
Ler a Palavra
As palavras do profeta constituem a primeira parte de um díp- tico dirigido aos poderosos, que exercem com arbítrio e violência o seu poder (cf. MQ 2,6-11). O discurso, cujo texto hebraico nem sempre é claro, compõe-se de três unidades: a denúncia verda¬deira e própria do pecado, introduzida num modo já conhecido «Ai!» (v. 1-2); o anúncio do castigo anunciado pelo Senhor (v. 3); e as suas consequências, apresentadas sob a forma de provérbio e de lamentação (w. 4,5). a alegria de toda a terra. Refrão

Compreender a Palavra
O quadro inicial, que descreve a actuação dos poderosos, é extraordinariamente eficaz na sua brevidade. Miqueias não apre¬senta somente uma acusação de arbítrio e de prepotência, mas revela, com perspicácia, a perversão que se apodera daqueles que se tornam escravos do poder que exercem. A ânsia de possuir e de manifestar o poder não lhes dá tréguas, mas também de noite eles meditam o mal, todo o seu tempo é dominado por um sentimen¬to que transtorna todas as relações e conduz à injustiça.
A denúncia é no entanto introduzida pelos «Ai!», uma expres¬são que denuncia quer a ameaça, quer a lamentação sobre quem faz o mal, para que o possa reconhecer antes que seja tarde. O próprio mal, de facto, voltar-se-á contra os violentos: todos os que meditam sobre iniquidades dia e noite, iludem-se pensando que ficarão sem castigo. Também o Senhor medita, e o Seu pro¬jecto de castigo comportará para os violentos a perda de tudo aquilo que têm e a experiência amarga e dramática de ver que lhe tiram aquilo que desde sempre possuíram.

SALMO RESPONSORIAL Salmo 9 (10), 22-23.24-25.28-29.35 (R. 33)
Refrão: Senhor, não Vos esqueçais dos pobres. Repete-se

Senhor, porque Vos conservais à distância
e Vos escondeis nos momentos de angústia?
No seu orgulho, o ímpio oprime o pobre;
seja apanhado nas intrigas que tece. Refrão

O ímpio vangloria-se das suas ambições
e o avarento felicita-se a si mesmo.
Desprezando o Senhor, o ímpio diz na sua arrogância:
«Não há quem me castigue, Deus não existe». Refrão

A sua boca está cheia de maldição, perjúrio e mentira;
na sua língua só há malícia e iniquidade.
Faz emboscadas junto às povoações
e mata à traição o inocente. Refrão

Vós vedes e atendeis às canseiras e sofrimentos,
para tomar a causa deles em vossas mãos.
O pobre confia em Vós,
Vós sois o protector do órfão. Refrão

SALMO RESPONSORIAL SL 9,22-25.28-29.35
O salmo é uma súplica angustiada de um orante perante a vio¬lência, a injustiça perversa e o sucesso sem obstáculos dos ímpios. O Senhor parece estar ausente e parece dar razão à insolência de quem age convencido de que Deus não existe. O salmista, porém, ao contrário do que parece, está certo de que Deus escuta o grito e cuida dos pobres e dos oprimidos.
EVANGELHO MT 12,14-21
Intimou-os que não descobrissem quem Ele era, para se cumprir o que estava anunciado.
Ler a Palavra
O texto compõe-se de duas partes: no começo um breve su¬mário sobre uma decisão dos fariseus a respeito de Jesus e da Sua actividade terapêutica (w. 14-15); depqis, introduzida pela típica fórmula de cumprimento, segue-se uma ampla citação da profe¬cia de Isaías sobre o Servo de IHWH (cf. Is 42,1-4), citação aduzida somente por Mateus (w. 16-21).
O evangelista reconhece o cumprimento das palavras de Isaías no que Jesus realiza, em particular no facto de não se opor aos Seus adversários e na Sua actuação em favor das pessoas, identifi cadas por Mateus nos doentes.
Compreender a Palavra
O Evangelho começa com uma actuação diametralmen¬te oposta das personagens envolvidas: por um lado, os fariseus reúnem-se para fazerem desaparecer Jesus, ou seja, para decidi¬rem a Sua morte; por outro, Jesus vem a saber disso, afasta-Se e cura todos os que vêm ter com Ele, isto é, restitui-lhes a plenitude da vida, subtraindo-os ao abraço da morte.
Mateus vê na acção do Mestre o cumprimento das palavras do profeta Isaías, que anunciam o servo do Senhor. O Servo é aquele com que Deus se compraz e que é guiado somente pelo Espírito na sua missão de anunciar a justiça às multidões. O evangelis¬ta convida-nos a olhar para Jesus a partir desta perspectiva e a reconhecer os motivos da predilecção de Deus: ao furtar-Se aos adversários, sem exercer violência, e ao acolher e curar todos os doentes, sem procurar os favores e as aclamações da multidão, Jesus reafirma a opção do caminho da humildade e da mansidão (cf. MT 11,29). Só assim Ele sabe que revela a «justiça», isto é, a intenção de bem que o Pai tem para com todos os homens.


DA PALAVRA PARA A VIDA
O texto evangélico convida-nos com insistência a determo- -nos sobre uma das características mais significativas de Cris¬to: a de ser servo segundo as modalidades da humildade e da mansidão.
A condição de servo é a opção de Jesus desde sempre, é a modalidade do Seu fazer-Se homem (cf. Fl 2,7), submetido a Deus e solidário com os homens. Ele é o servo que não rei¬vindica nada para Si, mas que vive na constante atenção ao próximo, manifestando misericórdia, mansidão e paciência. Deste modo revela quais são os sentimentos de Deus, como é o Seu coração. Pode ajudar-nos a compreender a opção do Filho de Deus o Prefácio da Oração Eucarística V intitulada «Jesus passou fazendo o bem», o qual nos diz: «Porque nos destes o vosso Filho, Jesus Cristo, como Nosso Senhor e Re¬dentor. Ele foi sempre misericordioso para com os pobres e os
humildes, os doentes e os pecadores e aproximou -se dos opri¬midos e dos aflitos. Com a sua acção e a sua palavra anunciou ao mundo que sois Pai e olhais com solicitude por todos os vossos filhos.» Por isso reconhecemos que o encontro com Jesus corresponde à expectativa e à esperança que habitam no nosso coração, e por isso encontrá-1’0 quer dizer encontrar a paz e a alegria de pertencer ao Senhor. É só esta contempla ção de Jesus, servo por amor, que pode impelir-nos a ser, por nosso lado, servidor dos homens.
A esperança e o anuncio são para todos A universalidade da missão de Cristo cumpre até ao fim a promessa, inscrita na origem do chamamento de Israel, de ser bênção para todas as gentes, reafirmada ao longo da História através da libertação da escravidão, tambem para quem se une ao povo em fuga do Egipto (primeira leitura, anos ímpares).
Somente a obstinação do coração, que se manifesta numa vida de injustiça, de violência e de vexame, na procura espasmó¬dica dos seus interesses, isto é, uma escolha que é o contrário do serviço, pode impedir os homens de participar na bênção (primeira leitura, anos pares).
Oração
Pai sapiente e misericordioso, concedei-nos um coração humilde e manso, para contemplarmos o vosso Filho e escutar a sua Palavra que ressoa ainda na Igreja reunida em seu Nome, e para acolher e servir, segundo o Seu exemplo, todos os nossos irmãos.

https://www.dehonianos.org/portal/liturgia/?cid=my-calendar&mc_id=3066

Primeira leitura: Miqueias 2, 1-5

No contexto social e religioso da segunda metade do século VIII a. C., tal como Isaías, o profeta Miqueias denuncia os pecados sociais, cometidos pelos chefes, nomeadamente a casa real, os sacerdotes e os profetas, que acabam por arrastar para os mesmos crimes todo o povo. O profeta não faz uma lista exaustiva desses pecados, mas aponta alguns, que ilustram bem a malícia imperdoável da opressão dos fracos. O justo juízo de Deus é inevitável e não tardará. Infelizmente, as situações denunciadas por Ezequias, continuam actuais no mundo em que vivemos. O profeta usa expressões muito duras contra aqueles que praticam tais actos, ameaçando inclusivamente com o exílio, simbolizado pelo jugo ignominioso anunciado ao seu povo: «Tenho planeado um mal contra esta raça, do qual não livrareis o pescoço». «Nesse dia», o dia concreto que não tardará a tornar-se escatológico, a desgraça converter-se-á em motivo de sátiras e lamentações. Será a completa humilhação. Os grandes e poderosos roubaram terras e haveres aos pobres, e perderão a Terra Prometida, com todos os bens. O castigo será feito da mesma matéria que o pecado do homem. Mas, um pequeno «resto» conservou íntegra a fé. Por causa deles, Deus voltará a ter compaixão do seu povo, dar-lhe-á uma nova fecundidade, que lhe garantirá a subsistência.

Evangelho: Mateus 12, 14-21

Jesus atreveu-se a pôr em causa o absoluto da lei sobre o repouso sabático. Isso só não Lhe custou a vida, porque, ao saber que os seus adversários tinham decidido matá-lo, saiu dali, continuando noutros lugares a sua actividade taumatúrgica e missionária. Os milagres narrados por Mateus, logo depois da cura, ao sábado, do homem que tinha a mão paralisada (Mt 12, 10ss.), provam a autenticidade do amor misericordioso de Deus, que Jesus veio anunciar, e que é o centro e o sentido do seu ministério. Mateus vê realizada em Jesus a profecia de Is 42, 1-4, onde é apresentada a figura do Servo de Javé. Escolhido e enviado por Deus, que o encheu do seu Espírito, o Servo realizará a missão de dar a conhecer a todos os povos a verdadeira relação entre Deus e os homens. O estilo do Servo, manso e humilde, alheio a conflitos e a barulhos, atento a valorizar toda a possibilidade de vida, realiza-se totalmente em Jesus «manso e humilde de coração» (Mt 11, 29), e que pede silêncio sobre as suas obras (cf. Mt 12, 16).
Mateus, mais uma vez, acentua que, em Jesus se realizam as esperanças judaicas, ajuda a interpretar o evento-Jesus, a compreender-lhe o significado, e apresenta-O como modelo de obediência à palavra do Pai.

Meditatio

Os profetas do Antigo Testamento com muita frequência se atiram contra as prepotências dos ricos em relação aos pobres, por sensibilidade social, com certeza, mas, sobretudo, por sensibilidade teológica: as injustiças entre os homens quebram a relação com Deus. O mal que se faz ao homem é mal feito a Deus.
O império da lei da prepotência, dos que são economicamente mais poderosos, continua tragicamente actual. As tragédias que a ganância de poucos provocam, com indizíveis sofrimentos para muitos, repetem-se diariamente, por toda a face da terra. O dinheiro revela-se uma arma mais letal do que as ogivas nucleares, quando usado unicamente em vista dos interesses de alguns. Quando o dinheiro se torna o objectivo da vida, não admite rivais. Quem se entrega ao dinheiro, não consegue ver mais ninguém senão a si mesmo. É por isso que Jesus disse que, ou se serve a Deus, ou se serve ao dinheiro. Não há compromisso possível.
Mas, um dos sinais do nosso tempo, é também um crescente movimento contra as injustiças. Como cristãos, não podemos deixar de participar nele, com todos os homens de boa vontade. Mas o nosso verdadeiro modelo é Jesus. Ora o Senhor sabe juntar a força e a mansidão, que não levanta contendas e não grita, que não faz gestos espectaculares, mas também não volta atrás e que, se se afasta dos adversários, é para ajudar quem precisa: «Muitos seguiram-no e Ele curou-os a todos» (v. 15).
É esta a luta que Jesus leva por diante com mansidão e amor para com todos, sabendo que isso O levará à morte.
Como cristãos e como dehonianos, devemos ser contrários a toda a forma de luta violenta, mas também agir energicamente com todas as iniciativas não violentas, para afirmar a justiça, o respeito pelos direitos humanos e a caridade no mundo, como sugere o Segundo Sínodo dos Bispos sobre a Justiça no mundo, tendo presente os ensinamentos da História acerca da conquista não violenta da liberdade e da independência política em várias nações, desde a Índia de Gandhi, à Polónia, aos povos do Leste europeu.

Oratio

Senhor, livra-me de cometer a injustiça, de aceitá-la contra os outros, mas também de a querer combater por meios violentos. Tu, manso e humilde de coração, ensina-me a não-violência, porque a violência é já injustiça, mãe de outras violências e injustiças piores. Tu, que quiseste ser pobre por meu amor, faz-me compreender que não posso enriquecer de qualquer modo e a qualquer custo, mesmo à custa do respeito e dos direitos dos meus irmãos. Tu, que estás atento a todos, ajuda-me a esquecer-me de mim, e a cu
idar carinhosamente de todos os irmãos, particularmente dos mais frágeis e carenciados. Amen.

Contemplatio

O Coração sacerdotal de Jesus foi particularmente dedicado às classes populares. Era necessário renovar o mundo. Em Roma, a escravatura era como um animal de carga. Dez milhões de cidadãos eram servidos por cem milhões de escravos. Na Palestina, os fariseus eram arrogantes e sem coração. Só um Deus podia dizer aos homens: «Vós sois todos irmãos» (Mt 23). «Amai-vos uns aos outros» (Jo 15). É a missão de Jesus, foi sob este aspecto que os profetas no-lo apresentaram: «Será totalmente penetrado pelo Espírito de Deus, trará a boa nova aos pequenos e aos humildes, remediará todos os infortúnios, pregará o grande jubileu, com o perdão das dívidas e a reabilitação dos pobres» (Is 61).
Toda a reforma económica e social está em germe nos princípios que coloca: a paternidade divina e a fraternidade de todos os homens. Dá o exemplo da simplicidade e do trabalho. Escolheu a oficina para sua morada, os pastores para os seus primeiros adoradores. É operário e filho de operário. Vede-o em Nazaré com a mesa e os utensílios do carpinteiro. Despreza a riqueza, o luxo e as honras. Reclama para os operários a justiça, o respeito, a afeição fraterna. 1º A justiça. – «O trabalhador tem direito ao seu salário, ao seu pão, ao que exige a sua vida quotidiana: Dignus est operarius mercede sua, cibo suo» (Mt 10; Lc 10). S. Tiago desenvolve este preceito: «Ricos avarentos, exclama, os vossos tesouros atrairão a cólera de Deus sobre vós. Os vossos trabalhadores sofreram nos vossos campos e só lhes destes um salário tardio e insuficiente» (Tg 5). 2º Respeito. – «Bem-aventurados os que são mansos, pacíficos e misericordiosos» (Mt 5). – «Aquele que não tem cuidado com os seus servos é mais desprezível do que um pagão» (1 Tim 5). 3º A afeição fraterna. «Vós sois todos irmãos» (Jo 15). «Não deve haver entre vós distinção entre escravos e homens livres. Non est servus neque liber» (Gal 3). «Amai e praticai a fraternidade» (1 e 2Pd; Tes 4). (Leão Dehon, O Coração sacerdotal de Jesus, 26ª meditação, p. 603s.).

Actio

Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«N´Ele, hão-de esperar os povos!» (Mt 12, 21).

 

 

XV Semana – Sexta-feira – Tempo Comum – Anos Pares -17/07

6ª feira 17 de Julho
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Is 38, 1-6.21-22.7-8 Deus salva sempre aquele que pões nEle a sua confiança

Is 38, 10-11.12abcd.16-17ab (R. cf. 17b) Livra da morte a nossa vida

Mt 12, 1-8 – Deus um sentido mais profundo à lei que deve conduzir sempre ao Amor do homem

Primeira leitura: Isaías 38, 1-6.21-22.7-8

1Naqueles dias, o rei de Judá adoeceu de uma enfermidade mortal. O profeta Isaías, filho de Amós, veio visitá-lo e disse-lhe: «Eis o que diz o Senhor: Faz o testamento, porque vais morrer muito brevemente.» 2Ezequias voltou o rosto para a parede e fez ao Senhor esta oração: 3«Senhor, lembra-te que tenho andado fielmente diante de ti, com um coração sincero e íntegro, pois fiz sempre a tua vontade.» E começou a chorar, derramando lágrimas abundantes. 4Então, a palavra do Senhor foi dirigida a Isaías nestes termos: 5«Vai e diz a Ezequias: ‘Eis o que diz o Senhor, o Deus de teu pai David: Ouvi a tua oração e vi as tuas lágrimas; vou acrescentar à tua vida mais quinze anos. 6Hei-de livrar-te, a ti e a esta cidade, das mãos do rei da Assíria e protegê-la-ei.’» 21Depois, Isaías deu esta ordem: «Tragam um emplastro de figos e apliquem-no na parte doente e ficará curado.» 22E Ezequias perguntou: «Qual é o sinal que me garanta que ainda poderei ir ao templo do Senhor?» 7Tomarão até alguns dos teus próprios filhos, para fazerem deles eunucos no palácio do rei da Babilónia.» 8Ezequias respondeu a Isaías: «A palavra do Senhor, que acabas de proferir, é favorável.» E dizia para consigo: «Ao menos assim haverá paz e segurança durante a minha vida.»

PRIMEIRA LEITURA (anos pares)               Is            38,1-6.21-22.7-8

Escutei a tua prece e vi as tuas lágrimas.

Ler a Palavra

O capítulo 38 de Isaías faz parte de uma longa secção nar¬rativa (caps. 36-39) que conclui o chamado «Primeiro Livro de Isaías». A inteira narração coincide com o relato de 2Rs 18,17 -20,19 (no tocante ao texto de hoje, cf. 2Rs 20,1-11), que fornece o contexto histórico no qual se inserem as palavras do profeta. As intervenções de Isaías interpretam os acontecimentos históri¬cos, dando-lhes a chave de leitura mais apropriada, à luz da Pala¬vra do Senhor.

Compreender a Palavra

A narração da doença e da cura de Ezequias retrata um rei que coloca toda a sua confiança em JHWH: é a Ele que Ezequias doente e perto da morte se dirige; pode recordar-Lhe com verdade a sua lealdade e obediência passadas; e pode pedir-Lhe um sinal, sem que isto seja entendido com uma dúvida, mas antes como acolhi¬mento da promessa divina.

A súplica do soberano recebe uma resposta através do oráculo do profeta. O Senhor «escutou a sua prece» (cf. v. 5) e atendeu a.

É porventura coisa pouca o acrescento de «quinze anos de vida», não muitos segundo a nossa maneira de ver; e no entanto são os anos necessários para dar plena confiança a um homem prestes a morrer e desejoso de subir novamente ao Templo (v. 22), para contemplar e permanecer na presença do seu Deus.

A promessa do Senhor tem também um outro aspecto sig¬nificativo. No destino da doença mortal do rei reconhece-se e identifica-se o destino da cidade: o Senhor intervirá também em relação a Jerusalém e ambos serão objecto de libertação e de pro¬tecção (v. 6).

SALMO RESPONSORIAL Is            38,10-12,16-17

O salmo é uma parte da acção de graças que o rei Ezequias entoa depois da sua cura. Recorda-se («Eu disse»: v. 10) a des¬ventura passada, a percepção da vida que acaba violentamente, como uma tenda derrubada e um tecido rasgado; ao mesmo tem¬po, toma forma uma oração de súplica fundada na confiança no Senhor, o único que pode salvar.

SALMO RESPONSORIAL Is 38, 10-11.12abcd.16-17ab (R. cf. 17b)
Refrão: Senhor, livrastes da morte a minha vida. Repete-se

Eu disse:
«Em meio da vida vou descer às portas da morte,
privado do resto dos meus anos.
Não verei mais o Senhor na terra dos vivos,
não verei mais ninguém entre os habitantes do mundo». Refrão

Para longe de mim foi arrancada a minha morada,
como tenda de pastores.
Como tecelão eu tecia a minha vida,
mas cortaram-me a trama. Refrão

Por Vós, Senhor, viverá o meu espírito
e o meu sofrimento se converterá em paz.
Preservastes a minha alma da corrupção da morte,
perdoastes todos os meus pecados. Refrão


ALELUIA Jo 10, 27
Refrão: Aleluia Repete-se

As minhas ovelhas escutam a minha voz,
diz o Senhor;
Eu conheço as minhas ovelhas e elas seguem-Me.
Refrão

Evangelho: Mateus 12, 1-8

Naquele Tempo, 1Jesus passava, num dia de sábado, através das searas. Os seus discípulos, que tinham fome, começaram a arrancar espigas e a comê-las

. 2Ao verem isso, os fariseus disseram-lhe: «Aí estão os teus discípulos a fazer o que não é permitido ao sábado!»

 3Mas Ele respondeu-lhes:«Não lestes o que fez David, quando sentiu fome, ele e os que estavam com ele?


4Como entrou na casa de Deus e comeu os pães da oferenda, que não lhe era permitido comer, nem aos que estavam com ele, mas unicamente aos sacerdotes?

 5E nunca lestes na Lei que, ao sábado, no templo, os sacerdotes violam o sábado e ficam sem culpa?

6Ora, Eu digo-vos que aqui está quem é maior que o templo.

7E, se compreendêsseis o que significa: Prefiro a misericórdia ao sacrifício, não teríeis condenado estes que não têm culpa. O Filho do Homem até do sábado é Senhor.»

EVANGELHO    MT 12,1-8

O Filho do homem é Senhor do sábado.

Ler a Palavra

O texto refere a primeira de uma série de controvérsias, entre Jesus e os Seus adversários, que ocupam todo o capitulo 12 do Evangelho de Mateus. Neste caso o confronto tem por objecto o dia de sábado, que os discípulos de Jesus são acusados de violar. A observância do sábado é uma base da fé de Israel e Jesus, citan¬do o profeta Oseias (6,6), contra toda a forma de legalismo, torna manifesto o seu verdadeiro significado: o sábado é memória da acção misericordiosa de Deus.

Compreender a Palavra

Jesus enfrenta uma objecção séria suscitada pelos adversários: os Seus discípulos tinham apanhado espigas num dia de sábado, desobedecendo ao preceito do repouso. A acusação dirigida aos discípulos envolve na realidade Jesus que, como Mestre da Lei, não deveria permitir um comportamento desse genero.

A Sua resposta é, como sempre, articulada, não pelo gosto de manifestar grande sabedoria e dialéctica, mas para desmascarar a hipocrisia presente no coração dos interlocutores. De facto, a po¬lemica revela uma interpretação legalista do preceito, que não só não tem em conta as atenuantes («sentiam fome», repetidas duas vezes, primeiro em relação aos discípulos; e aos companheiros de David, depois: vv. 1-3), como também não compreende o espiri¬to da Lei. Obedecer ao preceito do sábado quer dizer recordar o amor misericordioso de Deus que se manifestou na Criação e na libertação do Egipto. Jesus veio cumprir até ao fim (cf. Jo 13,1) o desígnio da misericórdia do Pai.

DA PALAVRA PARA A VIDA         

As palavras de Jesus referidas pelo Evangelho podem parecer ligadas a uma questão típica do mundo judaico, longe das nossas situações; de facto, dirigem-nos uma forte provoca¬ção. Colocam em questão também a nossa maneira de nos comportarmos e de obedecer à Lei de Deus e, mais profunda¬mente, permitem-nos ler a qualidade da nossa relação com o Senhor. Também nós podemos acreditar que os preceitos que a Igreja nos dita são o meio que nos salva e podemos prestar uma obediência minuciosa, mas provada de amor, permane¬cendo assim fechados ao verdadeiro espírito da Lei o qual é, pelo contrário, promoção e defesa da vida do homem. Se não relembramos esse significado, arriscamo-nos a esquecer que é o Senhor Jesus que nos salva com a Sua morte e ressurreição, que é a relação de amizade com Ele que transforma a nossa vida e que a sua Palavra é a lâmpada que orienta os nossos passos (cf. Sl 17,29; 118,115).

A morte e ressurreição de Cristo são o cumprimento da an¬tiga Páscoa (primeira leitura, anos ímpares), a «nova passa gem» que comporta, para quem não crê, um juízo de morte, e para quem crê, libertação, salvação e vida. É Cristo o cordeiro pascal que, com o Seu sangue derramado, tira o pecado do mundo (cf. Jo 1,29), isto é, nos liberta da escravidão do peca¬do e nos restitui um olhar confiante na bondade de Deus. É o mistério que confessamos na Vigília Pascal, durante o canto do Exultet («Esta é a noite que liberta das trevas do pecado e da corrupção do mundo aqueles que hoje por toda a terra crêem em Cristo…»).

A passagem do Senhor é manifestação da Sua misericórdia para aqueles que são vítimas do mal, que sofrem e sentem que estão prestes a morrer (primeira leitura, anos pares), a res¬posta aos gemidos do homem: esta gera sempre uma dádiva de vida que ultrapassa a expectativa, envolvendo também a realidade que nos rodeia.

Oração

(Colecta, Missa do domingo VII do Tempo Comum)

Concedei-nos, Deus Todo poderoso, que, meditando continuamente nas realidades espirituais, pratiquemos sempre, em palavras e obras, o que Vos agrada.

https://www.dehonianos.org/portal/liturgia/?mc_id=3064

Primeira leitura: Isaías 38, 1-6.21-22.7-8

Este texto integra-se num bloco de capítulos (24-27) do livro de Isaías. São versículos extraídos de uma oração (Is 26, 7-19), que faz parte do chamado «Apocalipse de Isaías». O profeta começa com um grito de rectidão e justiça legal, que é todo um programa de vida: «O caminho do justo é recto; é o Senhor quem prepara o caminho do justo» (v. 7). A comunidade reunida em solene liturgia responde, afirmando a sua confiança na justiça de Javé. Isaías serve-se provavelmente de algum salmo popular, retocando-o e incorporando-o no cântico triunfal dos versículos anteriores. Os justos buscam o nome de Javé, isto é, o próprio Deus, na medida em que é possível à limitação humana conhecê-lo, compreendê-lo, amá-lo. Nada poderá desviá-los desse centro de gravidade. Deus realiza as suas obras no meio dos povos, para que todos possam conhecê-lo e viver de acordo com a sua vontade. Sem Deus, todo o empreendimento humano é abortivo. Só na comunhão com Deus podemos alcançar todos os bens e ter sucesso nas nossas iniciativas: «és Tu que realizas todos os nossos empreendimentos» (v. 12). A intervenção de Deus dará novamente a vida a um povo de «mortos», para uma nova e alegre existência (v. 19). O orante proclama uma esperança segura, expressão de fé n´Aquele a quem tudo pertence.

Evangelho: Mateus 11, 28-30

Mateus narra uma das numerosas controvérsias entre Jesus e os especialistas da Lei (os escribas), por um lado, e os leigos piedosos (os fariseus), por outro. Eram confrontos inevitáveis. A religião deve ser libertadora. Mas aqueles dirigentes tinham-me feito escravizante, tinham-na tornado aquele jugo insuportável de que falámos ontem.
O repouso sabático, inicialmente, era uma lei humanitária, que visava proporcionar descanso a quem trabalhava, aos homens livres e aos escravos, e mesmo aos animais. O sábado era um dia de festa para todos, lembrando a libertação da escravidão do Egipto, e antecipando o repouso escatológico, quando a criatura participar no repouso de Deus (cf. Heb 4, 9-11). Mas essa lei ao serviço do homem, tinha sido transformada na mais sagrada das instituições divinas. Por isso, a afirmação de Jesus «o sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado» (Mc 2, 27), soou a verdadeira blasfémia.
Hoje, encontramos outra grave declaração de Jesus sobre o sábado: «O Filho do Homem até do sábado é Senhor» (v. 8). Uma tal afirmação significa que a autoridade de Jesus é superior à de Moisés, em força da sua relação especial com aquele Deus a quem se pretende honrar com a observância do sábado. Ele, e só Ele, pode definir o que é lícito e o que o não é. Depois de revelar o amor do Pai, Jesus repõe o homem no centro do verdadeiro culto: prestar culto a Deus não pode ser algo de separado da atenção ao homem, que Deus criou e ama. Não pode haver conflito entre a lei religiosa e as exigências do amor ao próximo. A história de Israel confirma-o, uma vez que a sacralidade dos pães da oferenda não impediu David e os seus homens famintos de se alimentarem com eles (vv. 3s.).

Meditatio

Deus é o Absoluto, o Infinito, o Imutável. Mas não é rígido, estático e duro como uma pedra. O Deus da Bíblia é vivo, respeitoso das suas criaturas, pronto a acolher as súplicas dos homens, e até a mudar os seus desígnios. As leituras que hoje escutamos apontam nesse sentido.
Na primeira leitura, Isaías comunica a Ezequias a palavra do Senhor: «Faz o testamento, porque vais morrer muito brevemente» (v. 1). Parece uma decisão irrevogável. Mas Ezequias, amargurado, volta o rosto para a parede, suplica, derrama abundantes lágrimas. Deus deixa-se sensibilizar, e muda a sua decisão: «Vai e diz a Ezequias: ‘Eis o que diz o Senhor, o Deus de teu pai David: Ouvi a tua oração e vi as tuas lágrimas; vou acrescentar à tua vida mais quinze anos» (v. 5).
O evangelho revela-nos algo de semelhante. Os fariseus imaginavam um Deus rígido, inflexível, absolutamente cioso da observância da lei do sábado. Mas Deus, em Jesus, revela-se mais interessado no bem-estar do homem, do que na observância da lei sacralizada do repouso sabático. A lei é para ser observada, com certeza. Mas, mais do que o sacrifício, Deus, bom e compassivo, prefere a misericórdia. Só o amor é absolutamente prioritário. E o amor sabe adaptar-se às circunstâncias, torna-nos versáteis e misericordiosos. Uma religião do amor é mais exigente do que uma religi&atil
de;o que reduz tudo à observância de leis imutáveis e inflexíveis. A observância desse tipo de leis pode dar segurança, paz de consciência, e até oferecer um critério imediato de juízo do que é justo e do que o não é. Como no tempo de Jesus, é uma operação que continua a ter sucesso, também hoje, quando sentimos necessidade de pontos seguros de referência, verificáveis, mas nem sempre estamos dispostos a formar uma consciência iluminada, capaz de discernimento, para aprendermos a acolher cada pessoa na sua inconfundível unicidade.
Jesus continua a recordar aos fariseus, de ontem e de hoje, que Deus é misericórdia, e que tudo o que é feito em seu nome, ou apresenta os sinais característicos da misericórdia, ou é falso. Por isso, será bom interrogar-nos: Como é a minha religião? Jesus é, de facto, o meu Senhor e Mestre? Não será a minha religião uma construção minha, aparentemente devota, mas pagã? Se nos comportamos como patrões de Deus e da sua graça, se a nossa relação com Ele fica sempre pelo mínimo, pela lei, pelo dever, excluímo-l´O da nossa vida, julgando-nos senhores de nós mesmos e dos outros. Sirva-nos de exemplo o grito de Ezequias. Deus não se deixa vencer em generosidade, a sua misericórdia derrama-se sobre os que n´Ele confiam, e estão dispostos a alargar o coração à medida do seu Coração

Os capítulos 36 a 39 do livro atribuído a Isaías, donde foi extraída a perícopa com que terminamos a leitura litúrgica do profeta, são obra de um redactor pós-exílico. Os acontecimentos narrados remontam aos últimos anos do século VIII a. C., durante o reinado de Ezequias, estando documentados em 2 Reis e em textos assírios. Estamos antes do assédio posto a Jerusalém, pelo rei assírio Senaquerib, e quinze anos antes da morte de Ezequias. Isaías confirma os seus vaticínios com sinais e milagres. Ezequias adoece gravemente, e o profeta garante que a situação é sem esperança: «vais morrer muito brevemente» (v. 2). O rei, que interpreta a doença como castigo divino, não perde todavia a confiança em Deus e no seu profeta. Reage com uma oração ao estilo dos salmos de súplica, invocando a misericórdia divina. Apresenta a Deus a rectidão da sua vida, cheia de boas obras. Segundo o princípio da retribuição, Deus terá de usar de misericórdia para com ele. Como pode o justo morrer na flor da vida? Javé escuta Ezequias, e acrescenta quinze anos à sua vida de rei. E, não só o rei será curado, mas também Jerusalém, será libertada do rei da Assíria. Afinal estava em causa, não só a vida do rei, mas também a do seu povo.

Mateus narra uma das numerosas controvérsias entre Jesus e os especialistas da Lei (os escribas), por um lado, e os leigos piedosos (os fariseus), por outro. Eram confrontos inevitáveis. A religião deve ser libertadora. Mas aqueles dirigentes tinham-me feito escravizante, tinham-na tornado aquele jugo insuportável de que falámos ontem.
O repouso sabático, inicialmente, era uma lei humanitária, que visava proporcionar descanso a quem trabalhava, aos homens livres e aos escravos, e mesmo aos animais. O sábado era um dia de festa para todos, lembrando a libertação da escravidão do Egipto, e antecipando o repouso escatológico, quando a criatura participar no repouso de Deus (cf. Heb 4, 9-11). Mas essa lei ao serviço do homem, tinha sido transformada na mais sagrada das instituições divinas. Por isso, a afirmação de Jesus «o sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado» (Mc 2, 27), soou a verdadeira blasfémia.
Hoje, encontramos outra grave declaração de Jesus sobre o sábado: «O Filho do Homem até do sábado é Senhor» (v. 8). Uma tal afirmação significa que a autoridade de Jesus é superior à de Moisés, em força da sua relação especial com aquele Deus a quem se pretende honrar com a observância do sábado. Ele, e só Ele, pode definir o que é lícito e o que o não é. Depois de revelar o amor do Pai, Jesus repõe o homem no centro do verdadeiro culto: prestar culto a Deus não pode ser algo de separado da atenção ao homem, que Deus criou e ama. Não pode haver conflito entre a lei religiosa e as exigências do amor ao próximo. A história de Israel confirma-o, uma vez que a sacralidade dos pães da oferenda não impediu David e os seus homens famintos de se alimentarem com eles (vv. 3s.).

Oratio

Senhor, meu Deus, Tu és amor e revelaste-Te para nos ajudar a viver no amor e não numa passiva sujeição. Quão difícil é viver o teu dom! A liberdade do amor assusta-me e, muitas vezes, prefiro refugiar-me nos meandros da lei sem coração. A partir daí, entrincheirado nas minhas seguranças, disparo sentenças mortíferas como balas. Tu, meu Deus, sempre fiel e misericordioso, ensina-me o engano de uma justiça cega e impiedosa. Faz-me semelhante a Ti, de modo que, para os meus irmãos e irmãs, seja sempre sacramento da tua misericórdia infinita. Amen.

Contemplatio

«A terceira virtude que é preciso honrar no Sagrado Coração, diz ainda o P. Cláudio de la Colombière, é a sua compaixão muito sensível pelas nossas misérias, o seu amor imenso por nós apesar destas mesmas misérias, e, apesar destes movimentos e impressões, a sua igualdade inalterável causada por uma conformidade tão perfeita à vontade de Deus, que não podia ser perturbada por nenhum acontecimento».
Não foi na misericórdia do seu Coração que ele nos visitou: Per viscera misericordiae in quibus visitavit nos (Lc 1, 78). Quando Jesus encontra doentes, mortos, o seu Coração não pode resistir às lágrimas daqueles que os rodeiam. Emudecido de piedade, cura-os, dá-lhes a vida: misericordia motus (Lc 7, 13). Vendo a multidão sem provisões para a sua refeição, tem compaixão dela: misereor super turbam (Lc 10, 33).
«Este Coração está ainda, quanto isso ainda possa ser, nos mesmos sentimentos, observa o P. Cláudio de la Colombière, está sempre ardente de amor pelos homens, sempre aberto para espalhar todas as espécies de graças e de bênçãos, sempre tocado pelos nossos males, sempre pressionado pelo desejo de nos dar a participar nos seus tesouros e a dar-se a si mesmo a nós, sempre disposto a nos receber, e a nos servir de asilo, de morada e de paraíso, desde esta vida». Mantendo-me unido ao Coração de Jesus e meditando nos seus mistérios, participarei cada vez mais nas suas virtudes (Leão Dehon, OSP 3, p. 668s.).

Actio

Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Prefiro a misericórdia ao sacrifício» (Mt 12, 7).

XV Semana – Quinta-feira – Tempo Comum – Anos Pares -16/07


XV Semana – Quinta-feira – Tempo Comum – Anos Pares

5ª feira 16 de Julho
http://www.liturgia.pt/liturgiadiaria/dia.php?data=2020-7-16

(Is 26, 7-9.12.16-19) O povo humilde e fiel confessa o seu pecado e proclama a justiça
( Salmo 101 (102), 13-14ab e 15.16-18.19-21 (R. 20b))Ele se dignará olhar para o povo pecador
(Mt 11, 28-30) Ele vem dar consolação, paz e salvação a todos aqueles que aceitam a sua mensagem

QUINTA-FEIRA
Leccionário comentado Tempo Comum (páginas 740-743)Organização Giuseppe Cassarin
Primeira leitura: Isaías 26, 7-9.12.16-19

7O caminho do justo é recto; é o Senhor quem prepara o caminho do justo. 8Seguindo os caminhos dos teus desejos, Senhor, esperamos em ti. E com que ansiedade pronunciamos o teu nome e nos lembramos de ti! 9A minha alma suspira por ti de noite, e do mais profundo do meu espírito, eu te procuro pela manhã, porque quando exerces sobre a terra os teus julgamentos, os habitantes do mundo aprendem a justiça. 12Senhor, dá-nos a paz, porque és Tu que realizas todos os nossos empreendimentos. 16Senhor, na tribulação, nós recorríamos a ti, quando a força do teu castigo nos abatia.
17Como a mulher grávida, prestes a dar à luz, se torce e grita nas suas dores, assim éramos nós na tua presença, Senhor. 18Nós concebemos, sofremos dores de parto, e o que demos à luz foi vento. Não demos a salvação ao nosso país, nem nasceram novos habitantes na terra. 19Os teus mortos reviverão, os seus cadáveres ressuscitarão. Despertai e rejubilai vós que jazeis no sepulcro! Pois o teu orvalho é um orvalho de luz, que fará renascer os que não passavam de sombras

PRIMEIRA LEITURA (anos pares) Is 26,7-9.12.16-19
Despertai e cantai de alegria, vós que habitais no pó da terra.
Ler a Palavra
Este texto pertence à secção do Livro de Isaías conhecida como «Apocalipse de Isaías» (caps. 24-27), que remonta à segun¬da metade do século vi a. C. ou a um período sucessivo. O pano de fundo destes capítulos podemos procurá-lo num aconteci¬mento verosímil da época. No texto litúrgico de hoje é proposta uma meditação sobre o modo com o qual Deus actua na História, modo que se torna lição de sabedoria e razão de esperança para aqueles que confiam na ressurreição dos mortos.
Compreender a Palavra
As palavras do profeta apresentam dois temas principais: no começo o dos juízos de Deus e depois o da confiança na ressur¬reição. Serve de motivo unificador o pano de fundo sapiencial: o profeta, em nome de todo o povo, reconhece que da acção de Deus na História, dos Seus juízos, e também da tribulação e das tentativas sem sucesso, os homens aprendem a justiça e são corri-gidos. A sabedoria manifesta-se, antes de mais, na espera de um acontecimento impossível aos homens, os quais, não obstante os seus esforços e apesar dos seus sofrimentos, podem somente dar à luz vento, isto é, são apenas capazes de gerar uma vida que se esfuma e não tem consistência.
Só o Senhor com o Seu orvalho luminoso pode realmente dar de novo vida à terra e luz a quantos já estão nas trevas da mor¬te («Em Vós esperamos, Senhor: […] Os teus mortos voltarão à vida»: w. 8,19). Esta é a justiça e a paz que Deus concede aos Seus fiéis; este é o verdadeiro sucesso concedido às empresas dos homens.

SALMO RESPONSORIAL SL 101,13-21
Dois motivos se entrelaçam no salmo com o qual a liturgia nos convida a responder à leitura de Isaías agora escutada: a súplica pela cidade de Sião em ruínas e a invocação de quem indirec¬tamente se reconhece na miséria, mas a quem o Senhor dirige o Seu olhar. A esperança emerge em todo o texto e funda-se na eternidade de Deus, que vence os limites do homem e concede nova vida ao povo e à cidade.

SALMO RESPONSORIAL Salmo 101 (102), 13-14ab e 15.16-18.19-21 (R. 20b)
Refrão: Do alto do Céu, o Senhor olhou para a terra. Repete-se

Vós, Senhor, permaneceis para sempre,
o vosso nome será lembrado de geração em geração.
Levantai-Vos e compadecei-Vos de Sião,
já é tempo de serdes propício.
Os vossos servos têm amor às suas pedras
e sentem pena das suas ruínas. Refrão

Os povos temerão, Senhor, o vosso nome,
todos os reis da terra a vossa glória.
Quando o Senhor reconstruir Sião
e manifestar a sua glória,
atenderá a súplica do infeliz
e não desprezará a sua oração. Refrão

Escreva-se tudo isto para as gerações vindouras
e o povo que se há-de formar louvará o Senhor.
Debruçou-Se do alto da sua morada,
lá do Céu o Senhor olhou para a terra,
para ouvir os gemidos dos cativos,
para libertar os condenados à morte. Refrão

Evangelho: Mateus 11, 28-30

Naquele tempo, Jesus exclamou:
28«Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, que Eu hei-de aliviar-vos.
29Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração e encontrareis descanso para o vosso espírito.
30Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.»

EVANGELHO MT 11,28-30
Sou manso e humilde de coração.
Ler a Palavra
Os três versículos do Evangelho são a continuação imedia¬ta da oração de bênção que Jesus dirige ao Pai, louvando-0 por ter escolhido os pequeninos para destinatários da Sua revelação (Evangelho de ontem). Aqui os pequeninos assumem o rosto dos «cansados» e dos «oprimidos». (Cf. v. 28) A eles é que é dirigido o convite a seguirem Jesus, manso e humilde de coração, com a promessa de encontrarem a paz. A terminologia utilizada refere- -se ao contexto sapiencial tardio no qual «sabedoria» e «lei» coin¬cidem e são representadas pela imagem do jugo.
Compreender a Palavra
O convite de Jesus a segui-1’0 dirige-se aqui não apenas a al¬guns homens, como aconteceu com a vocação do Doze, mas a todos. O unico requisito para sentir-se destinatário do chama¬mento é fazer parte dos que andam «cansados e oprimidos». A expressão que fala de jugo refere-se provavelmente àqueles que sentiam o peso opressor dos Mandamentos, agravados por uma interpretação que oprimia a vida do crente, embora o significado se possa alargar a todos os que experimentam situações dolorosas e difíceis. A esses dirige Jesus a exortação «Vinde a Mim» (v. 28) e «Tomai sobre vós o meu jugo», (v. 29) Duas vezes, nestas pou¬cas linhas Ele promete que «aliviará» e dará «descanso» às almas dos oprimidos. O caminho para chegar ao descanso é «aprender d’Ele», que é «manso e humilde de coração».
Raramente encontramos expressa uma qualidade do Mestre, e neste caso é Ele mesmo que se define assim: Ele é o Senhor que não impõe nem exerce violência, mas se inclina sobre o coração do homem para lhe curar as feridas. O Seu jugo é suave e leve, porque é revestido de intenso amor e de profunda compaixão.

DA PALAVRA PARA A VIDA

Podemos imaginar dirigida a nós a exortação de Jesus a apren¬der d’Ele, manso de humilde de coração (Evangelho). Pode¬mos ouvir este chamamento como um convite a descobrir o rosto autêntico do Senhor, precisamente de quem é humilde e manso, de quem acolhe, de quem não se serve da violência, de quem se fez solidário com a nossa história, as nossas dores, a nossa fadiga, para as assumir e resgatar. Jesus é o Senhor e é o Mestre: somente na Sua sequela podemos esperar que o nosso coração se torne humilde e manso, fonte de paz e de descanso para aqueles que encontramos, e construtores de re¬lações entretecidas de compaixão e acolhimento. Perante esse rosto sentimos que o jugo que devemos tomar é suave e leve, que não pesa sobre os nossos ombros esmagando-nos, mas que é possível e simples levá-lo atrás d’Ele. Vemos como são
verdadeiras as palavras que a Igreja canta no Prefácio comum VIII, com o título «Cristo, o bom samaritano»: «Na sua vida mortal, Ele passou fazendo o bem e socorrendo todos os que eram prisioneiros do mal. Ainda hoje (…) vem ao encontro de todos os homens atribulados no corpo ou no espirito e derrama sobre as suas feridas o óleo da consolação e o vi nho da esperança.» A essa certeza leva a experiência do co nhecimento do «Nome», isto é, da identidade de Deus, cujo Povo fez ao longo da sua história, confessando que o Senhor é sempre Aquele que livremente está ao lado do homem para o libertar e amparar em todas as situações (primeira leitura, anos ímpares).
O jugo de Jesus, o caminho que Ele traçou é o percurso divi¬no e justo, a sabedoria autêntica que alimenta o nosso desejo, a nossa esperança de viver uma vida que não venha a gerar vento, isto é, que não seja inconsistente e vã, mas que tenha solidez e significado, aberta a um futuro de ressurreição e ple¬nitude (primeira leitura, anos pares).
Oração
(Colecta. Missa do domingo XXI do Tempo Comum)
Senhor Deus,
que unis os corações dos fiéis num único desejo,
fazei que o vosso Povo ame o que mandais
e espere o que prometeis, para que,
no meio da instabilidade deste mundo,
fixemos os nossos corações
onde se encontram as verdadeiras alegrias.

Primeira leitura: Isaías 26, 7-9.12.16-19

Este texto integra-se num bloco de capítulos (24-27) do livro de Isaías. São versículos extraídos de uma oração (Is 26, 7-19), que faz parte do chamado «Apocalipse de Isaías». O profeta começa com um grito de rectidão e justiça legal, que é todo um programa de vida: «O caminho do justo é recto; é o Senhor quem prepara o caminho do justo» (v. 7). A comunidade reunida em solene liturgia responde, afirmando a sua confiança na justiça de Javé. Isaías serve-se provavelmente de algum salmo popular, retocando-o e incorporando-o no cântico triunfal dos versículos anteriores. Os justos buscam o nome de Javé, isto é, o próprio Deus, na medida em que é possível à limitação humana conhecê-lo, compreendê-lo, amá-lo. Nada poderá desviá-los desse centro de gravidade. Deus realiza as suas obras no meio dos povos, para que todos possam conhecê-lo e viver de acordo com a sua vontade. Sem Deus, todo o empreendimento humano é abortivo. Só na comunhão com Deus podemos alcançar todos os bens e ter sucesso nas nossas iniciativas: «és Tu que realizas todos os nossos empreendimentos» (v. 12). A intervenção de Deus dará novamente a vida a um povo de «mortos», para uma nova e alegre existência (v. 19). O orante proclama uma esperança segura, expressão de fé n´Aquele a quem tudo pertence.

Evangelho: Mateus 11, 28-30

Depois de ter dado graças ao Pai pela revelação recebida, e de ter anunciado o conteúdo dessa revelação (Mt 11, 25-27), Jesus dirige um convite-chamamento a todos «cansados e oprimidos» (v. 28). A imagem do «jugo» (v. 29) fazia parte, primeiramente, da relação «escravo-senhor». Depois foi aplicada à relação «discípulo-mestre». As alianças humanas, também com a divindade, exprimiam-se em categorias de submissão-obediência. A lei de Moisés, tal como a aplicavam os escribas (cf Mt 23, 4), era um «jugo» particularmente duro, um «jugo insuportável» (Heb 12, 10). Cada mestre tinha que impor um «jugo» aos seus discípulos. Os discípulos de Jesus são convidados a pôr-se ao lado d´Ele, a carregar o mesmo jugo, a levar o mesmo estilo de vida: o dos mansos e humildes, dos pobres e pequenos, que compreenderam o mandamento novo da obediência a Deus e do serviço aos irmãos. O jugo, em si mesmo, é pesado. Mas, levá-lo com Jesus, é causa de doçura. O amor exige pesada renúncia aos próprios instintos egoístas. Mas abre os horizontes da verdadeira vida.
Meditatio

Isaías convida os seus ouvintes à confiança no Senhor, sempre fiel às suas promessas, atento aos pobres e oprimidos. Do mesmo modo que Deus devasta as cidades pagãs, tornando impraticáveis os seus caminhos, assim também aplana a estrada daqueles que conformam a vida aos seus preceitos. Os que esperam no Senhor, e desejam ardentemente estar em comunhão com Ele, serão saciados de todos os bens, simbolizados na paz.
O que os homens do Antigo Testamento desejavam e esperavam, foi-nos dado em Jesus Cristo: «Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos … e encontrareis descanso para o vosso espírito». Jesus experimentou os nossos cansaços. Por isso, nos compreende, como compreendeu os Apóstolos, quando, depois de um dia de missão, lhes disse: «Vinde e descansai um pouco» (Mc 6, 31). Ser compreendido já alivia o sofrimento.
Hoje muitos de nós experimentamos o cansaço e a opressão de uma vida intensa e exigente, muitas vezes marcada por duras tribulações. O Senhor permite-as para que O busquemos: «Senhor, na tribulação, nós recorríamos a ti» (v. 16). É este recurso ao Senhor que nos permite suportar os sofrimentos da vida e torná-los úteis e fecundos, para nós, para o mundo, para a Igreja. E melhor será, se soubermos escutar o convite do Senhor: «Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração e encontrareis descanso para o vosso espírito» (v. 29). Parece uma contradição: carregar um jugo para descansar! Mas o jugo de Jesus é um jugo de amor. Estando sós, os nossos esforços são vãos, e o sofrimento aproxima-se do desespero, porque não vemos o sentido das nossas fadigas. Mas se aceitarmos o jugo de Jesus, e caminharmos com Ele, tudo ganha sentido, tudo se torna fecundo, e temos a certeza de caminhar para a luz e para a vida.
«Aprendei de Mim que sou manso e humilde de coração e encontrareis repouso para as vossas almas. O Meu jugo é suave e a minha carga é leve» (Mt 11, 29-30). Jesus não engana ninguém, e muito menos nos engana a nós, chamados a percorrer o seu próprio caminho. As exigências do amor evangélico são um “jugo”, uma “carga”. Podem, por vezes, exigir-nos heroísmo, como no caso do amor pelos inimigos, no fazer o bem a quem nos faz mal, no rezar pelos nossos perseguidores; mas o “jugo” de Jesus é “suave”, a sua “carga leve”, porque Ele o carregou antes de nós e agora o leva connosco. Faz-se presente a nós, particularmente no dom dos sacramentos, e na efusão do Espírito Santo, para ser o nosso amparo e guia no caminho das virtudes, possibilitando-nos exercê-las até de modo heróico, irradiando os Seus saborosos frutos na vida comunitária e no apostolado. Assim, podemos transmitir alegria e paz àqueles que encontramos. Assim, como Jes
us, podemos vencer o mal praticando o bem. Assim, podemos semear esperança, e gritar aos nossos contemporâneos: «Despertai e rejubilai…! O teu orvalho é um orvalho de luz, que fará renascer os que não passavam de sombras» (v. 19).

Oratio

Senhor, venho ao teu encontro carregando o peso do meu dia, com o peso dos sofrimentos que oprimem os que me são próximos. Mas dou Contigo a carregar a tua cruz e as cruzes de todos os homens, de quem Te fizeste solidário, irmão. Obrigado Senhor! Como poderia levar sozinho a minha cruz, se nem posso comigo? Obrigado pelo teu convite: «Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, que Eu hei-de aliviar-vos». Apoiado por Ti, e em Ti, quero ajudar e levar alívio a tantos irmãos e irmãs, que sofrem muito mais do que eu. No amor, estou certo, todo o peso se torna leve. Amen.

Contemplatio

Adoremos Nosso Senhor contemplando no seu Coração sagrado a virtude de humildade e de doçura… Meditamos sobre a virtude de humildade e de doçura. Pode aplicar-se o mesmo método às outras virtudes do divino Coração de Jesus, à sua obediência, à sua pureza, à sua paciência, à sua misericórdia, à sua caridade.
Consideremos com atenção como Nosso Senhor praticou esta virtude no seu interior e no seu exterior, em Nazaré, na sua vida pública e na sua Paixão.
Pelo exercício desta virtude, prestou uma glória infinita ao seu Pai; – reparou plenamente as ofensas que lhe tínhamos feito pelos pecados contrários a esta mesma virtude; – libertou-nos das penas eternas que podíamos ter merecido por estes pecados; – ensinou-nos pelo seu exemplo o modo de praticar esta virtude; – finalmente mereceu-nos a graça necessária e conveniente para o fazer.
Demos-lhe graças por todos estes favores; – ofereçamo-nos a ele para efectuarmos os desejos mais ardentes que ele tem de nos ver ornados com esta virtude; – rezemos-lhe para que nos dê todas as graças de que temos necessidade para cumprirmos em nós os santos desejos do seu Coração (Leão Dehon, OSP 3, p. 535).

Actio

Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração» (Mt 11, 29).

XV Semana – Quarta-feira – Tempo Comum – Anos Pares -15/07

15 julho 2020

Tempo Comum – Anos Pares

XV Semana – Quarta-feira              

Síntese  a completar…

4ª feira  15 de Julho
http://www.liturgia.pt/liturgiadiaria/dia.php?data=2020-7-15
 Is 10, 5-7.13-16 – Deus está sempre em qualquer acontecimento humano ; ( Salmo 93 (94), 5-6.7-8.9-10.14-15 (R.14a) Ele não abandona o seu Povo; (Mt 11, 25-27) se receber a sua Palavra com a simplicidade e Fé.

https://www.dehonianos.org/portal/liturgia/?cid=my-calendar&mc_id=3063

 Primeira leitura: Isaías 10, 5-7. 13-16

Assim fala o Senhor: 5Ai da Assíria, vara da minha cólera, o bastão das suas mãos é o bastão do meu furor!

 6Eu o atirei contra uma nação ímpia, e o lancei contra o povo, objecto do meu furor, para o saquear e despojar e para o calcar aos pés como lama das ruas

. 7Mas ele não entendeu assim, nem eram estes os planos do seu coração. O seu propósito era destruir e exterminar muitas nações.

 13Realmente ele afirma: «Foi pela força da minha mão que fiz isto, com a minha sabedoria, porque sou inteligente. Mudei as fronteiras dos povos, saqueei os seus tesouros, como um herói derrubei toda aquela gente.

 14Apanhei com a minha mão a riqueza dos povos, como quem recolhe os ovos deixados num ninho. Juntei a terra inteira e ninguém bateu as asas, nem abriu a boca para piar.»

15Acaso gloriar-se-á o machado contra quem o maneja? Ou levantar-se-á a serra contra o serrador? Um bastão não pode comandar um homem, é o homem que faz mover o bastão.

16Por isso, o Senhor Deus do universo enfraquecerá com a doença aqueles guerreiros; debaixo do fígado acender-lhes-á uma febre como um fogo de incêndio.

Leccionário comentado Tempo Comum  (páginas 735-738) Organização Giuseppe Cassarin

Compreender a Palavra

Deus apresenta o Seu projecto acerca da história do povo hebreu. Para reconduzir Israel à fidelidade da Aliança, serve- -Se tambem do poderoso império assírio, destinando-lhe uma tarefa certamente punitiva, embora limitada na sua brutalidade (v. 6). Os homens, porém, não compreendem o desígnio divino, interpretam e usam de forma soberba e violenta o poder colocado nas suas mãos, como se dependesse deles. A intervenção que os Assírios imaginam fazer não tem já uma finalidade correctiva, mas pretende destruir para afirmar o domínio de uma potência estrangeira em prejuízo da vida das vítimas. Esta é a atitude de quem anda cego devido à sua força, de quem não sabe ja ver e re conhecer a origem do seu poder, e se sente protagonista e detentor de supremacia e sabedoria. As palavras de Isaías, denunciando a arrogância, evidenciam a estultícia que anima este pensamento e anunciam a sua falência.

 

SALMO RESPONSORIAL Salmo 93 (94), 5-6.7-8.9-10.14-15 (R.14a)
Refrão: O Senhor não abandona o seu povo. Repete-se

Eles esmagam, Senhor, o vosso povo
e oprimem a vossa herança.
Matam a viúva e o estrangeiro
e tiram a vida aos órfãos. Refrão

E dizem: «O Senhor não vê,
o Deus de Jacob não presta atenção».
Ó gente estulta, reflecti;
e vós, insensatos, quando sereis prudentes? Refrão

Quem fez o ouvido não ouvirá?
Quem fez os olhos não verá?
Não poderá castigar quem educa as nações,
quem ensina aos homens a ciência? Refrão

O Senhor não rejeita o seu povo
nem abandona a sua herança.
Mas há-de julgar com justiça
e hão-de segui-la todos os corações rectos. Refrão

 

SALMO RESPONSORIAL                SL          93,5-10.14-15

O salmo é uma súplica na qual se implora ao Senhor para que intervenha e faça justiça em favor dos mais fracos da comunida¬de, contra aqueles que actuam com arrogância. A soberba dos violentos é testemunho da sua estultícia e da sua falta de conheci¬mento: Deus de facto não pode abandonar a Sua herança.

Evangelho: Mateus 11, 25-27

25Naquele tempo, Jesus tomou a palavra e disse: «Bendigo-te, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos entendidos e as revelaste aos pequeninos. 26Sim, ó Pai, porque isso foi do teu agrado. 27Tudo me foi entregue por meu Pai; e ninguém conhece o Filho senão o Pai, como ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar.»

O texto que hoje escutamos é como que um meteorito caído do céu joânico. Jesus louva e dá graças ao Pai por actuar de modo tão diferente da lógica humana que exalta o poder e a força em qualquer âmbito da existência. Jesus verifica que são os «pequeninos» que beneficiam da revelação do Pai (v. 25). A revelação da paternidade divina, de que Deus é Pai, sobretudo de Jesus e, por meio d´Ele, dos crentes, é o núcleo fundamental da pregação de Jesus. Na paternidade divina está resumido tudo quanto poderia dizer-se da relação de Deus com os homens. Na filiação divina está resumido tudo o que poderia dizer-se da relação dos homens com Deus. É, pois, o melhor resumo do evangelho.
O evangelista aproveita a ocasião para declarar a consciência de Jesus e a fé da igreja no mistério das relações trinitárias. O Pai, por amor, dá tudo ao Filho que, por amor, tudo acolhe e tudo restitui ao Pai. O movimento eterno de dom recíproco entre o Pai e o Filho permanece incognoscível à criatura humana. Todavia, por obra do Espírito, efusão perene de amor, o Pai torna-se acessível no Filho e revela-se a si mesmo (v. 27). Tal manifestação é incompreensível à sabedoria humana. Só quem se torna «pequenino», disponível a entrar na lógica da gratuidade de Deus, pode compreendê-la.

EVANGELHO     MT         11,25-27

Escondeste estas verdades aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos.

Ler a Palavra

Jesus dirige-Se a Deus chamando-Lhe «Pai» e bendizendo-0 pela escolha dos «pequeninos», destinatários da Sua revelação em vez dos «sábios», aos quais, não obstante a sua inteligência, preci¬samente «estas verdades» permanecem escondidas.

À oração de bênção, uma das poucas descritas pelos evange¬lhos de forma tão directa, segue-se uma afirmação geral sobre a relação de conhecimento recíproco entre o Pai e o Filho, único Revelador do Pai.

Compreender a Palavra

O texto começa com uma indicação do evangelista sobre as circunstâncias do discurso de Jesus: «Naquele tempo.» (v. 25) O contexto das palavras de louvor pronunciadas pelo Mestre deve procurar-se nas numerosas resistências até agora encontradas pe¬las Suas mensagens e pela Sua obra, e resumidas no juízo contra «esta geração» e contra as cidades do lago (cf. MT 11,16-24). Pre cisamente neste clima de não acolhimento, Jesus, surpreenden temente, eleva a Sua oração de bênção ao Pai. Uma exclamação que é ao mesmo tempo reconhecimento, proclamação e acção de graças pela sabedoria no Seu modo de agir. O Filho, que Se fez pequeno, isto é, pobre e humilde, reconhece e celebra publica mente a opção que o Pai, desde sempre, fez em favor daqueles que são pequenos e por isso abertos e à espera de uma mensagem de esperança. A relação de recíproco e profundo conhecimento e de comunhão entre o Pai e o Filho torna Jesus o unico revelador do rosto de Deus, que concede aos pequenos a maior sabedoria.

DA PALAVRA PARA A VIDA        

As palavras dirigidas por Jesus ao Pai não são apenas uma proclamação de louvor a Deus, mas tambem o anúncio de uma novidade extraordinária para todos aqueles que se reco¬nhecem «pequenos», para todos os que fazem a experiência dos seus limites, para quantos se sentem tão pobres e inade¬quados que quase não conseguem falar. De um modo diverso, Jesus repete o que já afirmou em Mt 5,3, anunciando as bem- -aventuranças dos «pobres em espírito», plenamente felizes porque é deles o Reino de Deus. Ouvir esta Palavra liberta- nos do medo dos limites pessoais e abre-nos ao acolhimento grato de uma revelação que desde sempre o nosso coração esperou: Deus está totalmente do nosso lado, melhor dizendo, a nossa pobreza é o lugar que Ele, no Seu amor generoso, gra¬tuito e abundante, escolhe para nos encher da riqueza maior, a participação na relação de comunhão entre o Pai e o Filho (Evangelho).

A opção em favor dos pequeninos, isto é, dos que são humildes e simples e que vivem numa condição de necessidade e de po¬breza, pertence desde sempre ao nosso Deus. Também Moisés, o grande libertador do povo, porventura a maior personagem da história de Israel, experimenta a falência e a pequenez. E é nesse momento que encontra o Senhor, é a partir desta con¬dição que é constituído profeta e recebe a missão de salvar o seu povo da escravidão (primeira leitura, anos ímpares).

Os que, pelo contrário, julgam ser grandes, se apoiam no po¬der, na força, na inteligência, julgando que tudo isso tem a sua origem neles e que é algo que podem usar em seu benefício, não uma dádiva que devem colocar ao serviço dos outros, fracassam miseravelmente e não participam na sabedoria de Deus, na revelação do rosto do Pai que cuida de todos os que confiam n’Ele (primeira leitura, anos pares: cf. Sl 19,8-9;

 

 

                      

 

 

 

https://www.dehonianos.org/portal/liturgia/?cid=my-calendar&mc_id=3063

Primeira leitura: Isaías 10, 5-7. 13-16

Este oráculo deve ser entendido no contexto da iminente ameaça da invasão assíria. O rei de Judá, Acaz primeiro, e o seu filho Ezequias, depois, adoptam políticas diferentes diante da super-potência estrangeira. Acaz opta por uma aliança-vassalagem; Ezequias, pela oposição. Mas ambos não escutam Isaías, que prega a fé em Deus, como garantia de estabilidade e de segurança para o reino de Judá. O profeta vê, cada vez mais, a Assíria como instrumento de punição usado por Deus para advertir o seu povo e chamá-lo à conversão. Assim, lança um dos pilares básicos da teologia bíblica: tudo está nas mãos de Deus. A criação e a história estão submetidas aos seus desígnios. Para melhor se fazer compreender, o profeta descreve antropomorficamente a Deus, como se fosse uma pessoa ofendida e ultrajada, e o seu povo espezinhado como pó dos caminhos. A situação não podia durar muito. Se Judá não compreendia o papel da Assíria nos planos divinos, menos ainda Assur o compreenderia. Nunca lhe passaria pela cabeça ser simples instrumento de um Deus estrangeiro. Mas enganou-se, diz Isaías, teólogo da história. A grandeza de um povo, Judá ou outro qualquer, não está na política ou sabedoria humanas, mas na fidelidade aos desígnios de Deus. A história veio a confirmar os oráculos de Isaías.

 

Evangelho: Mateus 11, 25-27

 

O texto que hoje escutamos é como que um meteorito caído do céu joânico. Jesus louva e dá graças ao Pai por actuar de modo tão diferente da lógica humana que exalta o poder e a força em qualquer âmbito da existência. Jesus verifica que são os «pequeninos» que beneficiam da revelação do Pai (v. 25). A revelação da paternidade divina, de que Deus é Pai, sobretudo de Jesus e, por meio d´Ele, dos crentes, é o núcleo fundamental da pregação de Jesus. Na paternidade divina está resumido tudo quanto poderia dizer-se da relação de Deus com os homens. Na filiação divina está resumido tudo o que poderia dizer-se da relação dos homens com Deus. É, pois, o melhor resumo do evangelho.
O evangelista aproveita a ocasião para declarar a consciência de Jesus e a fé da igreja no mistério das relações trinitárias. O Pai, por amor, dá tudo ao Filho que, por amor, tudo acolhe e tudo restitui ao Pai. O movimento eterno de dom recíproco entre o Pai e o Filho permanece incognoscível à criatura humana. Todavia, por obra do Espírito, efusão perene de amor, o Pai torna-se acessível no Filho e revela-se a si mesmo (v. 27). Tal manifestação é incompreensível à sabedoria humana. Só quem se torna «pequenino», disponível a entrar na lógica da gratuidade de Deus, pode compreendê-la.

Meditatio

O homem que recusa a Deus, fecha-se no gueto dos seus instintos, dos seus pontos de vista, de uma inteligência que, por muito que possa percorrer os espaços siderais ou penetrar nas mais pequenas partículas da matéria, não encontra o caminho da alegria, da paz, da plenitude interior. Do mesmo modo, o homem que se sente senhor do mundo, da sua existência e da existência dos outros, não atinge o âmago do que é viver, o seu significado último, que, só por si, lhe dá consistência. Pelo contrário, é isso que é revelado a quem aceita a realidade de ser criatura, pequena diante do Criador, mas tão preciosa para Ele, que a chama a participar da sua vida.
A primeira leitura apresenta-nos um «entendido» que erra completamente: «Foi pela força da minha mão que fiz isto, com a minha sabedoria, porque sou inteligente. Mudei as fronteiras dos povos, saqueei os seus tesouros… derrubei toda aquela gente» (v. 13). Julga-se inteligente, e não se dá conta de que é um simples instrumento nas mãos de Deus: «Ai da Assíria, vara da minha cólera, o bastão das suas mãos é o bastão do meu furor!… Um bastão não pode comandar um homem, é o homem que faz mover o bastão» (vv. 5.15b).
Ao contrário do «sábio e entendido» da primeira leitura, os «pequeninos» do evangelho, sobre os quais se inclina o olhar comprazido de Deus, entendem os mistérios do Reino: «Bendigo-te, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos entendidos e as revelaste aos pequeninos» (v. 25).
É preciso ser «pequeninos» para acolher o dom de reconhecer o mistério de Jesus, para entrar no conhecimento do Pai e do Filho, no segredo da sua vida, conforme é da vontade de Deus. Jesus bendiz o Pai por esta sua vontade, Ele que se fez «pequenino», humilde, manso, completamente disponível a realizar a sua vontade.
O verdadeiro poder do homem, não depende do que tem, dos meios de que dispõe, mas dos dons do Pai, que os dá a quem é suficientemente pobre para os receber: «Eu Te bendigo, ó Pai, porque revelaste estas coisas aos pobres…» (Mt 11, 25ss). A pobreza cristã, e mesmo a pobreza dos religiosos, não é algo de simplesmente negativo. É bem-aventurança: «Bem-aventurados os pobres» (Lc 6, 20). Bem-aventurados porque lhes é oferecido um encontro de conhecimento e de amor com Jesus e, por meio d
e Jesus, com o Pai. Bem-aventurados porque, nesse encontro-conhecimento, experimentam a alegria, a paz, o amor, que é Jesus, bem-aventurança de todas as bem-aventuranças.

 

Oratio

Eu Te bendigo, ó Pai, porque nos destes o teu Filho Jesus e, n´Ele, nos revelastes quanto nos amas. Porque decidiste manifestar-Te a nós, posso, agora, falar-Te com a confiança e o atrevimento de um filho.
Renova no meu coração a certeza da presença do Espírito, que me garanta que és Pai, que Jesus é o Senhor, que sou chamado à bem-aventurança da comunhão Contigo. Sei que sou uma criatura pequena e frágil. Mas também sei que me amas. Que o teu Espírito de sabedoria e de piedade acenda em mim o gosto pela minha pequenez e pela simplicidade, para que possa sempre acolher-Te, qualquer seja o modo com que decidas manifestar-Te. Amen.

Contemplatio

São os pobres que Nosso Senhor convida para o festim do reino dos céus (Lc 14, 21). Toda a sua simpatia vai para o pobre Lázaro, abandonado pelo mau rico, e atribui-lhe uma compensação eterna no céu (Lc 16, 19).O único estremecimento de alegria que manifesta na sua vida, vem do facto de que o Pai se digna revelar aos simples e aos pequenos, os mistérios que esconde aos sábios e aos prudentes; e exprime então nitidamente a sua preferência: «O meu Pai colocou tudo nas minhas mãos, diz, chamo quem eu quero ao seu conhecimento, vinde portanto a mim vós que penais e sofreis e vos consolarei» (Mt 11, 25). O Coração de Jesus tem os seus preferidos, amigos que escolheu e que se prendem a ele na vida religiosa, mas é sob a condição de que abracem a pobreza como ele e se façam os amigos dos pobres (Leão Dehon, OSP 4, p. 136s.).

Actio

Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Eu Te bendigo, ó Pai, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos entendidos e as revelaste aos pequeninos» (Mt 11, 25)

XV Semana – Terça-feira – Tempo Comum – Anos Pares -14/07

Síntese  a completar

  • http://www.liturgia.pt/liturgiadiaria/dia.php?data=2020-7-14
    ( 1 Is 7, 1-9 exorta-nos à Fé e confiança mesmo perante acontecimento aparentemente impossíveis ; pois o Senhor está por nós e nos defende
  • ( Salmo 47 (48), 2-3a.3b-4.5-6.7-8 (R. cf. 9d)) mas nos amaldiçoa se tivermos o coração empedernido (Mt 11, 20-24)
  • Refletir em Valorizar a FÉ (nunca perder a confiança em nós nem em DEUS)
  • Não aceitar essa condição era usurpar o lugar de Deus, era ser infiel à Aliança. Acaz despede-se com uma atitude diplomática de escuta. Mas o profeta não acredita nele.
    Pedir, suplicar, ralhar e depois dep Não aceitar essa condição era usurpar o lugar de Deus, era ser infiel à Aliança. Acaz despede-se com uma atitude diplomática de escuta.

Mas o profeta não acredita nele.ois  SFVV

 

leitura: Isaías 7, 1-9

No tempo em que, 1em Judá, reinava Acaz, filho de Jotam e neto de Uzias. Aconteceu que Recin, rei de Damasco e Pecá, filho de Remalias, rei de Israel, marcharam contra Jerusalém para a combater, mas não puderam apoderar-se dela. 2Chegou a notícia ao herdeiro de David: «Os sírios acampam em Efraim.» Ao ouvir isto, agitou-se o coração do rei e do seu povo, como se agitam as árvores das florestas impelidas pelo vento. 3Então o Senhor disse a Isaías: «Sai ao encontro de Acaz com o teu filho Chear-Yachub, na extremidade do aqueduto da piscina superior, junto à Calçada do Bataneiro, 4e diz-lhe: ‘Tranquiliza-te, tem calma, não temas nem te acobardes diante do furor de Recin, rei da Síria, e de Pecá, filho de Remalias: não passam de dois tições fumegantes. 5De facto, a Síria, Efraim e o filho de Remalias decidiram a tua ruína dizendo: 6Vamos contra Judá e sitiemo-la, e proclamaremos rei o filho de Tabiel.’» 7Assim diz o Senhor Deus: «Tal não acontecerá nem se realizará. 8Assim como é verdade que a capital da Síria é Damasco, e que o chefe de Damasco é Recin; 9que a capital de Efraim é Samaria, e que o chefe da Samaria é o filho de Remalias; também é verdade que daqui a cinco ou seis anos Efraim será destruída, deixará de ser povo. Se não o acreditardes, não subsistireis.»

Leccionário comentado Tempo Comum  (páginas 730-733) Organização Giuseppe Cassarin

PRIMEIRA LEITURA (anos pares)               Is            7,1-9

Se não tiverdes fé, não podereis sobreviver.

Ler a Palavra

Em 734 a. C., a Assíria tinha reduzido a estados vassalos Is¬rael e Damasco, suscitando nas duas casas reais o medo de serem engolidas pelo grande império. Os soberanos dos dois países fi¬zeram por isso uma aliança, pedindo o apoio do rei de Judá, que o negou. A recusa provocou a chamada «guerra siro-efraimita», movida pela coligação Síria-Israel contra Judá para depor o rei Acaz. O oráculo de Isaías coloca-se provavelmente depois do primeiro ataque a Jerusalém e pretende infundir coragem ao rei, procurando evitar que ele alinhe com a Assíria como pelo contrá¬rio irá acontecer.

Compreender a Palavra

Depois da introdução histórica dos primeiros versículos, o Se¬nhor dirige a Isaías uma ordem acompanhada de algumas especificações. O profeta deve, antes de mais, ir ter com o rei levando o filho, o qual, devido ao seu nome (SearJasub, «um resto voltará»), deve constituir aos olhos do soberano o símbolo da esperança para Judá. Isaías, alem disso, deve encontrar-se com Acaz junto do lado mais débil de Jerusalém, o virado a norte, e aqui deve dirigir-lhe a palavra. O conteúdo da mensagem está cheio de esperança (v. 4) e alude à certeza de que o Senhor combate pelo seu Povo: diante da rocha figurada pelo Senhor e do poder do Seu fogo, os inimigos não são mais que «um tição fumegante».

A única possibilidade real de sobrevivência para Jerusalém não está em procurar uma aliança humana, mas em alimentar a esperança em JHWH, contando exclusivamente com o Seu apoio. O versículo 9b, jogando com a raiz que exprime estabilidade, diz literalmente: «Se não encontrardes estabilidade no Senhor, não sereis estáveis.»

SALMO RESPONSORIAL                SL 47,2-8

O salmo canta a grandeza e o poder da cidade de Deus, celebrada pela presença da morada divina, fonte de alegria para toda a terra. A sua força não vem das imponentes fortificações: o próprio Deus é baluarte, a Sua presença é que a torna inexpugnável e motivo de grande temor para os inimigos.

SALMO RESPONSORIAL Salmo 47 (48), 2-3a.3b-4.5-6.7-8 (R. cf. 9d)
Refrão: Guardai para sempre, Senhor, a vossa morada. Repete-se

Grande é o Senhor e digno de louvor
na cidade do nosso Deus.
A sua montanha sagrada é a mais bela das montanhas,
a alegria de toda a terra. Refrão

O monte Sião, no extremo norte,
é a cidade do grande Rei.
Deus Se mostrou em seus palácios
um baluarte seguro. Refrão

Os reis aliaram-se
e avançaram todos juntos.
Mal a avistaram, tomaram-se de pânico
e, perturbados, puseram-se em fuga. Refrão

Ali se apoderou deles o pavor,
angústia como a da mulher que dá à luz,
como quando o vento leste
despedaça as naus de Társis. Refrão


ALELUIA cf. Salmo 94 (95), 8ab
Refrão: Aleluia Repete-se

Se hoje ouvirdes a voz do Senhor,
não fecheis os vossos corações. Refrão

 

EVANGELHO     MT         11,20-24

O dia do Juizo será mais tolerável para Tiro e Sidónia do que para vós.

Naquele tempo, 20Jesus começou então a censurar as cidades onde tinha realizado a maior parte dos seus milagres, por não se terem convertido: 21«Ai de ti, Corozaim! Ai de ti, Betsaida! Porque, se os milagres realizados entre vós, tivessem sido feitos em Tiro e em Sídon, de há muito se teriam convertido, vestindo-se de saco e com cinza. 22Aliás, digo-vos Eu: No dia do juízo, haverá mais tolerância para Tiro e Sídon do que para vós. 23E tu, Cafarnaúm, julgas que serás exaltada até ao céu? Serás precipitada no abismo. Porque, se os milagres que em ti se realizaram tivessem sido feitos em Sodoma, ela ainda hoje existiria. 24Aliás, digo-vos Eu: No dia do juízo, haverá mais tolerância para os de Sodoma do que para ti.»

Ler a Palavra

Nos capítulos 11-12, Mateus apresenta uma série de tomadas de posição perante a Palavra e as obras de Jesus, e a consequente formação de dois blocos, o de quem se opõe ao Mestre e o de quem, pelo contrário, acolhe a Sua mensagem. São as próprias palavras de Jesus que ilustram a incredulidade de uns e impelem os outros a estarem do lado d’Ele. Quem não crê (como as cidades do lago) arrisca-se a um juízo de condenação.

Compreender a Palavra

A invetiva de Jesus contra as cidades do lago compõe-se de duas partes simétricas entre si: a primeira e endereçada a Cora- zim e a Betsaida (w. 2-22); a segunda a Cafarnaum (w. 23-24). Em ambos os casos as cidades, palco da actuação de Jesus e da manifestação do Seu poder em favor dos homens, são postas em confronto com outras tantas cidades pagãs, emblemáticas na Es¬critura pela sua violência e fim ruinoso. O fechamento espiritual e a obstinação destas cidades galileias suscitam no Senhor um lamento amargurado, e ao mesmo tempo indignado, introduzi¬do pela interjeição «Ai de ti!» Perdurar na atitude de cegueira conduzi-las-á a uma sorte mais dramática do que aquela que está reservada às cidades pagãs. Mas as palavras de Jesus, que parecem ameaçadoras e duras, não são o juízo definitivo. A severidade e a indignação que as acompanham pretendem ser mais um apelo e um convite à conversão, a acolher a mensagem de esperança da qual os milagres são sinal.

 

DA PALAVRA PARA A VIDA        

O destino das cidades do lago, profetizado por Jesus no Evan¬gelho, devido à rejeição delas, é para nós uma chamada de atenção forte e exigente. Não basta serem lugares nos quais o Senhor está presente com a sua Palavra e a Sua acção: é ne¬cessária sobretudo uma profunda conversão de coração e o real acolhimento d’Ele e da Sua vontade. Pormo-nos à escuta da sua Palavra permite-nos desmascarar a nossa incredulida¬de e cegueira, que nos impedem de olhar para o Senhor com gratidão, confiança e esperança. De facto, a invectiva não tem a função de encher-nos de medo, não é uma ameaça de um castigo inevitável já decretado e sem apelo; revela-nos, pelo contrário, e ainda mais uma vez, o coração de Jesus e o Seu desejo de que, seguindo-O, nós possamos encontrar a vida.

A dureza e a severidade das palavras têm a finalidade de nos estimular a tomar consciência de que o caminho percorrido sem o Evangelho conduz à morte e não à vida.

O que nos dá segurança e portanto consistência, solidez, es¬tabilidade é somente permanecermos firmes no Senhor (pri¬meira leitura, anos pares). Ele é a rocha sobre a qual a casadeve ser assente (cf. M r 7,24 ss.), e só firmes n’Ele é que pode¬mos reconhecer a inconsistência daquilo que parece ameaçar a nossa vida.

Acreditar em Deus não nos permite somente vencer o ini¬migo, de estarmos a salvo {salmo, anos ímpares), emergir das águas da morte, mas é também o caminho que nos consente descobrir qual é a nossa verdadeira identidade (primeira lei¬tura, anos ímpares). Como Moisés, também nós fazemos ex¬periência de que só numa atitude de expectativa confiante no Senhor podemos descobrir as modalidades para responder e realizar o nosso desejo de justiça e de bem, em conformidade com o desígnio de Deus.

Oração

Aumentai em nós, ó Pai, com o poder do vosso Espírito, a disponibilidade para acolher a vossa Palavra, para que frutifique em obras de conversão e de justiça e revele ao mundo a feliz esperança do Reino de vosso Filho fesus.

https://www.dehonianos.org/portal/liturgia/?cid=my-calendar&mc_id=3063

leitura: Isaías 7, 1-9

A partir dos anos 735-733 a. C. a independência política de Judá estava seriamente ameaçada, seja a partir da Assíria, seja a partir de Efraim, aliado à Síria. É com este pano de fundo que abre, no capítulo 7 de Isaías, o chamado «livrinho do Emanuel». Enquanto Acaz prepara a defesa de Jerusalém, e o seu abastecimento de água em caso de assédio, Isaías vai ao encontro dele, com o seu filho simbolicamente chamado «um resto há-de voltar».

 Não foi um encontro propriamente amistoso, dadas as posições opostas do rei e do profeta no que se referia a política de alianças. Enquanto o rei pretendia aliar-se à Assíria, contra Efraim e a Síria, o profeta opunha-se a essa ideia, insistindo na necessidade de confiar unicamente no Deus da Aliança e das Promessas. O rei pode levar por diante os seus intentos. Judá sofrerá as consequências. Mas Deus não vai faltar à aliança estabelecida com a casa de David. Sobrará «um resto», que garantirá o cumprimento das promessas. Os reis vizinhos são bem pouca coisa diante do rei de Jerusalém, que é o próprio Javé. Há, pois, que confiar plenamente n´Ele!

Acaz, céptico, deve ter sorrido às palavras de Isaías. O profeta, indignado, ameaça: «Se não o acreditardes, não subsistireis» (v. 9). Acaz devia saber que não era um rei semelhante aos seus vizinhos, mas apenas o representante de Javé, o verdadeiro rei de Jerusalém. Não aceitar essa condição era usurpar o lugar de Deus, era ser infiel à Aliança. Acaz despede-se com uma atitude diplomática de escuta. Mas o profeta não acredita nele.

Meditatio

Acaz pensava que a estabilidade do seu reino podia vir da sua política de alianças. Mas Isaías insiste que a única garantia de estabilidade é a fé, que põe à nossa disposição a força de Deus. Na iminência da invasão sírio-efraimita, o rei treme e agita-se «como se agitam as árvores das florestas impelidas pelo vento» (v. 2). Mas Deus, por meio do seu profeta, diz-lhe: «Tranquiliza-te, tem calma» (v. 4). Trata-se de um claro convite à fé e à confiança n´Aquele que pode salvar (cf. Heb 7, 25). Precisamos de regressar a esta atitude de fé e confiança em Deus. Os nossos bons propósitos valem se, em vez de confiarmos em nós, confiamos em Deus. A vida cristã não existe sem a fé, e não subsiste se a fé não for alimentada e não crescer cada dia, porque, sem a fé, é impossível o amor.

A fé, todavia, não afasta a lucidez da análise do que acontece à nossa volta. Pelo contrário, permite ver em profundidade e tirar as últimas consequências dos fenómenos políticos, sociais, familiares… A fé não impede a aquisição da necessária competência para tratar as questões contingentes. Pelo contrário, estimula-a, com a certeza de que nada se perde, nem mesmo as derrotas e os fracassos, porque Deus é o salvador de tudo quanto existe. A fé alarga os horizontes para além das aparências, e permite reconhecer a obra do Espírito Santo, que orienta o homem para a plena revelação do Pai em Cristo. Abrir-se a este reconhecimento é abrir-se à alegria, mesmo nas dificul dades e sofrimentos que a vida nos apresenta.

Ao analisar a sociedade do seu tempo, com todos os problemas que a afligiam, o Pe. Dehon não o faz como um qualquer sociólogo. O seu olhar de teólogo e de místico, o seu olhar de fé, leva-o a observar a causa mais profunda dos males da sociedade e os remédios adequados para os combater. O mal-estar social é consequência da recusa do amor de Cristo, é consequência do pecado. Para remediar esse mal-estar, é preciso instaurar o Reino de Cristo nas almas e nas sociedades; «a solução da actual questão social» está na «reparação por meio do puro amor…». Esta afirmação do Fundador, perante os seus noviços, pode soar a espiritualismo. Mas a intensa acção social em S. Quintino, os congressos, o jornal, a revista, e os muitos livros de denúncia das injustiças e de divulgação da doutrina social da Igreja, dizem-nos que era um homem com os pés bem assentes na terra. Mas a sua fé mostrava-lhe que, para além de todas as medidas humanas, só a vivência do puro amor pode construir a tão suspirada “civilização do amor”.

Oratio

Senhor Deus, vivifica em mim o dom da fé, para que possa vivê-lo e testemunhá-lo. Perdoa a dureza do meu coração, que, por vezes, me leva a viver como se Tu não existisses, ou a querer-Te diferente do que és. Perdoa-me escandalizar-me pelo modo como Te revelas na vida de Jesus, e, sobretudo, pelo modo como hoje Te queres revelar na vida da Igreja, e de cada um dos cristãos, também da minha, com todas as contradições, incoerências, fragilidades e infidelidades.

Dá-me suficiente humildade para acolher-Te no modo como Te queres revelar: no Pão, na Palavra, no irmão, nos acontecimentos da história. Amen.

Contemplatio

É na docilidade às inspirações divinas que se encontra a paz, a alegria e a luz. Observemos como as coisas se passavam quando Nosso Senhor ensinava na Palestina. Encontrava corações dóceis, discípulos fiéis que o seguiam com diligência até nos desertos. Acreditavam na sua missão. Consideravam as suas acções, escutavam as suas palavras com fé, com respeito, com edificação. Convertiam-se, agarravam-se a Ele. Eram as ovelhas dóceis do Bom Pastor: Oves vocem ejus audiunt : As suas ovelhas ouvem-no (Jo 10, 3).

Mas havia também corações indóceis, espíritos rebeldes, como os habitantes de Corozaim, de Cafarnaúm, de Betsaida. Nem os milagres, nem as pregações de Nosso Senhor os convertiam. Procuravam interpretar tudo humanamente e de tudo se escandalizavam. Aos seus olhos, João Baptista era um possesso e Nosso Senhor era o amigo dos pecadores.

Quais são os escolhos nos quais encalham os espíritos indóceis? É a falta de fé, o orgulho secreto e a lassidão. A nossa pouca fé faz com que prestemos pouca atenção e estima por aquilo que nos vem de Deus; os mistérios não nos tocam, pensamos neles de um modo tão fraco, tão depressa os esquecemos; a sua palavra, as inspirações de Nosso Senhor fazem-nos pouca impressão, somos tão distraídos e tão esquecidos!

O nosso orgulho secreto coloca-se de parte. Envergonhamo-nos da cruz, não nos podemos decidir a amar os desprezos. A nossa lassidão afasta-nos da doutrina da cruz, recuamos diante da mortificação, a nossa sensualidade tem medo dela. Recordemos as recomendações divinas: já no antigo Testamento o Espírito Santo nos tinha dito: «Tende para com o Senhor sentimentos rectos e buscai-o com sinceridade de coração» (Sab 1). E ainda: «A sabedoria divina entretém-se com as almas simples» (Prov 3, 32).

Nosso Senhor recomendou a simplicidade dos cordeiros, a das pombas, a das crianças. Esta simplicidade honra-o, alegra-o, ganha o seu coração. (Leão Dehon, OSP 4, p. 570s.).

Actio

Repete frequentemente e vive hoje a palavra:

«Se acreditardes, subsistireis» (cf. Is 7, 9b).