06 23 Mt 7, 1-5 Segunda “Tira primeiro a trave da tua vista”

Um homem a olhar-se ao espelho com um pedaço de madeira (trave) a tapar-lhe os olhos, enquanto uma pessoa ao fundo tenta retirar um pequeno cisco do olho. Uma cena com luz suave, sugerindo introspecção e conversão interior.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Não julgueis e não sereis julgados. Segundo o julgamento que fizerdes sereis julgados, segundo a medida com que medirdes vos será medido. Porque olhas o argueiro que o teu irmão tem na vista e não reparas na trave que está na tua? Como poderás dizer a teu irmão: ‘Deixa-me tirar o argueiro que tens na vista’, enquanto a trave está na tua? Hipócrita, tira primeiro a trave da tua vista e então verás bem para tirar o argueiro da vista do teu irmão».

Palavra da salvação.

REFLEXÃO

Neste breve mas incisivo trecho do Sermão da Montanha, Jesus alerta-nos contra o hábito de julgar os outros, uma tendência tão comum quanto perigosa. O julgamento precipitado revela uma atitude de superioridade moral, muitas vezes disfarçada de zelo ou correção fraterna, mas profundamente marcada pela falta de humildade. Jesus usa uma imagem forte e quase caricatural — a trave e o argueiro — para sublinhar o absurdo de querer corrigir os outros sem antes examinar a própria consciência.

No contexto socio-religioso e cultural contemporâneo, esta mensagem é extremamente actual. Vivemos numa sociedade marcada pela crítica constante nas redes sociais, pela cultura do cancelamento e pela tendência de apontar falhas alheias sem qualquer autocrítica. Na vida da Igreja, também não estamos imunes a esta tentação. Muitas vezes julgamos os irmãos com base em aparências, tradições ou comportamentos exteriores, esquecendo que só Deus conhece o coração.

A palavra de Jesus convida-nos a um exame pessoal sério e humilde, a começarmos por nós mesmos antes de emitirmos juízos sobre os outros. A trave representa os nossos pecados mais profundos — orgulho, inveja, vaidade, dureza de coração — que obscurecem a nossa visão espiritual. Só quando permitimos que Deus purifique o nosso olhar interior é que podemos ajudar, com caridade e verdade, aqueles que nos rodeiam.

No campo cultural, este ensinamento aponta para a necessidade de construir uma convivência mais misericordiosa, onde reine a empatia em vez da condenação. O mundo não precisa de mais juízes, mas de mais irmãos que saibam acompanhar, corrigir com ternura e crescer juntos no bem.

Oração

Senhor Jesus,purifica o meu olhar para que eu veja com verdade.
Livra-me do orgulho que julga, da pressa que condena,
e ensina-me a misericórdia que salva.
Que eu saiba reconhecer a trave nos meus olhos
e estenda a mão ao irmão com humildade e amor.
Ámen.

 

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