06 16 Mt 5, 38-42 Segunda «Amai os vossos inimigos»

Uma mão estendida em gesto de reconciliação sobre um fundo de mural urbano com sinais de violência ou grafitis riscados — sinal de que o amor pode escrever por cima do ódio.

EVANGELHO Mt 5, 38-42

«Amai os vossos inimigos»

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Ouvistes que foi dito aos antigos: ‘Olho por olho e dente por dente’. Eu, porém, digo-vos: Não resistais ao homem mau. Mas se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a esquerda. Se alguém quiser levar-te ao tribunal, para ficar com a tua túnica, deixa-lhe também o manto. Se alguém te obrigar a acompanhá-lo durante uma milha, acompanha-o durante duas. Dá a quem te pedir e não voltes as costas a quem te pede emprestado».

Palavra da salvação.

REFLEXÃO

No coração do Evangelho de hoje (Mt 5,38-42) encontramos o apelo radical de Jesus à não-violência, à generosidade e à superação do instinto de vingança. Num mundo onde reina, tantas vezes, a lógica da retribuição e da justiça calculada, estas palavras do Senhor soam como provocação e desafio: «Não resistais ao homem mau» (v. 39). Jesus não nos pede passividade, mas sim uma revolução interior: transformar a agressão em ocasião de misericórdia, o conflito em encontro, a injustiça em liberdade interior.

Num tempo marcado por polarizações, discursos agressivos e indiferença ao outro — nas redes sociais, na política, até nas famílias — esta proposta de Jesus é profundamente atual. O mundo precisa de cristãos que não apenas condenem o mal, mas que escolham conscientemente desarmar o coração. A resposta cristã não é olho por olho, mas rosto por rosto, caminho partilhado, túnica entregue com o manto. Isto não é fraqueza, é força de quem ama até ao fim.

A insistência de Jesus em “dar mais do que te pedem” remete-nos ao coração do Evangelho: a lógica da graça. Citando Santo Inácio de Antioquia: “O amor não exige nada senão a si mesmo”. Esta entrega desinteressada não é desumanizante, é libertadora. Porque quem vive nesta lógica não está à mercê dos outros, mas é conduzido pelo Espírito.

O versículo-chave poderá ser: «Se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a esquerda» (v. 39). É aqui que o amor cristão se mostra na sua mais pura radicalidade: não responder ao mal com o mal, mas com o bem. Tal atitude exige oração, maturidade espiritual e confiança total no Pai.

Oração

Senhor Jesus, ensina-me a responder ao mal com o bem, a superar o orgulho com humildade, a vencer a violência com a força da mansidão. Que o teu Espírito me dê a coragem de amar como Tu amaste. Ámen.

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