«Eis o teu filho…Eis a tua Mãe»
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo,
estavam junto à cruz de Jesus
sua Mãe, a irmã de sua Mãe,
Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena.
Ao ver sua Mãe e o discípulo predileto,
Jesus disse a sua Mãe:
«Mulher, eis o teu filho».
Depois disse ao discípulo:
«Eis a tua Mãe».
E a partir daquela hora,
o discípulo recebeu-a em sua casa.
Sabendo que tudo estava consumado
e para que se cumprisse a Escritura,
Jesus disse:
«Tenho sede».
Estava ali um vaso cheio de vinagre.
Prenderam a uma vara uma esponja embebida em vinagre
e levaram-Lha à boca.
Quando Jesus tomou o vinagre, exclamou:
«Tudo está consumado».
E, inclinando a cabeça, expirou.
Por ser a Preparação da Páscoa,
e para que os corpos não ficassem na cruz durante o sábado
– era um grande dia aquele sábado –
os judeus pediram a Pilatos
que se lhes quebrassem as pernas e fossem retirados.
Os soldados vieram e quebraram as pernas ao primeiro,
depois ao outro que tinha sido crucificado com ele.
Ao chegarem a Jesus, vendo-O já morto,
não Lhe quebraram as pernas,
mas um dos soldados trespassou-Lhe o lado com uma lança,
e logo saiu sangue e água.
Palavra da salvação.
REFLEXÃO
O Evangelho de João apresenta-nos um momento de profunda dor e imenso amor: a Mãe de Jesus, fiel até ao fim, está de pé junto à Cruz. Nas palavras finais de Jesus, “Mulher, eis o teu filho” e ao discípulo, “Eis a tua Mãe” (Jo 19:26-27), consuma-se um mistério central para os cristãos devotos de Maria.
Ao confiar sua Mãe ao “discípulo amado” (que representa todos os discípulos fiéis, a Igreja), e o discípulo a Ela, Jesus estabelece Maria como Mãe espiritual de todos os crentes. O discípulo “recebeu-a em sua casa” – não apenas física, mas sobretudo no seu coração e vida de fé. Maria torna-se assim a “Mãe da Igreja”.
A presença de Maria no Calvário, compartilhando o sofrimento do Filho, é o auge da sua fé e obediência. Ela aceita esta nova missão materna, mesmo no meio da maior dor, tornando-se modelo de perseverança e aceitação da vontade de Deus.
* **A Nova Família de Deus:** A cena da Cruz é também o nascimento da nova família de Deus. Aos pés do Redentor que oferece a vida (“Tudo está consumado” – Jo 19:30), nasce a relação materno-filial entre Maria e cada cristão. O sangue e água que jorram do lado trespassado de Cristo (Jo 19:34), símbolos dos Sacramentos (Batismo e Eucaristia) que dão vida à Igreja, brotam no mesmo momento em que Maria é dada como Mãe a essa mesma Igreja.
Este Evangelho é o fundamento bíblico da devoção a Nossa Senhora como nossa Mãe espiritual. Aceitar Maria como “Mãe”, como fez o discípulo, significa acolhê-la no coração, confiar na sua intercessão poderosa junto a Jesus, seu Filho, e procurar imitar as suas virtudes, especialmente a fé inabalável e a adesão total à vontade de Deus, mesmo nas provações. Ela é o modelo do discípulo que escuta e guarda a Palavra.
**Oração Curta:**
> “Ó Maria, Mãe da Igreja e minha Mãe querida,
> aos pés da Cruz foste dada a mim como dom precioso.
> Aceito-te com o amor do discípulo amado:
> guia-me, protege-me e ensina-me a seguir teu Filho.
> Rogai por mim, agora e sempre,
> para que, acolhido em vossa casa espiritual,
> alcance a graça da perseverança e da salvação.
> Amém.”
**Sugestão de Imagem:**
* **Cena da Crucificação com foco em Maria e João:** Uma imagem clássica representando o momento descrito no Evangelho. Mostra Jesus na Cruz, com Maria e o Apóstolo João (o discípulo amado) aos seus pés. Jesus olha para eles, unindo-os com seu olhar ou gesto. Esta imagem captura diretamente o instante em que Maria é entregue como Mãe e o discípulo como filho.
* **Por quê esta imagem?:** É a representação visual mais direta e poderosa do texto de João 19:25-27. Coloca o devoto no lugar do discípulo amado, convidando-o a contemplar o sofrimento redentor de Cristo e a acolher, ao lado de Maria, a maternidade espiritual que dali nasce para toda a Igreja. Evoca imediatamente o fundamento bíblico da devoção.