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12 07 Domingo Mt 3, 1-12 «Arrependei-vos, porque está perto o reino dos Céus».

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus

Naqueles dias, apareceu João Batista a pregar no deserto da Judeia, dizendo: «Arrependei-vos, porque está perto o reino dos Céus». Foi dele que o profeta Isaías falou, ao dizer: «Uma voz clama no deserto: ‘Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas’». João tinha uma veste tecida com pêlos de camelo e uma cintura de cabedal à volta dos rins. O seu alimento eram gafanhotos e mel silvestre. Acorria a ele gente de Jerusalém, de toda a Judeia e de toda a região do Jordão; e eram batizados por ele no rio Jordão, confessando os seus pecados. Ao ver muitos fariseus e saduceus que vinham ao seu batismo, disse-lhes: «Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira que está para vir? Praticai ações que se conformem ao arrependimento que manifestais. Não penseis que basta dizer: ‘Abraão é o nosso pai’, porque eu vos digo: Deus pode suscitar, destas pedras, filhos de Abraão. O machado já está posto à raiz das árvores. Por isso, toda a árvore que não dá fruto será cortada e lançada ao fogo. Eu baptizo-vos com água, para vos levar ao arrependimento. Mas Aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu e não sou digno de levar as suas sandálias. Ele batizar-vos-á no Espírito Santo e no fogo. Tem a pá na sua mão: há de limpar a eira e recolher o trigo no celeiro. Mas a palha, queimá-la-á num fogo que não se apaga»..
Palavra da salvação.

REFLEXÃO….

. Preparai o Caminho!

Leitura (Lectio): No Evangelho deste Segundo Domingo do Advento (Mt 3:1-12), escutamos a voz poderosa de João Batista que ressoa no deserto da Judeia. Sua mensagem é direta e urgente: “Arrependei-vos, porque está perto o reino dos Céus“. Ele é “a voz que clama no deserto”, profetizada por Isaías, chamando a preparar o caminho do Senhor. João vive com radical simplicidade, vestindo pêlos de camelo e alimentando-se de gafanhotos e mel silvestre. As pessoas acorrem a ele, confessando pecados e sendo batizadas no Jordão. No entanto, sua pregação não é suave. Dirige-se com severidade aos fariseus e saduceus, chamando-os de “raça de víboras” e exigindo “frutos” de conversão, não apenas linhagem ou rituais vazios. Anuncia Aquele que vem depois dele, mais forte, que batizará “no Espírito Santo e no fogo”, e que, com a pá na mão, separará o trigo da palha.

Esta leitura é iluminada pela primeira leitura de Isaías (Is 11:1-10), que pinta o retrato do Messias esperado: um rebento do tronco de Jessé, sobre quem repousa o Espírito do Senhor. Ele será um rei de justiça e paz, um juiz para os pobres e humildes, que inaugurará uma era de reconciliação cósmica, onde “o lobo viverá com o cordeiro”. São Paulo, na segunda leitura (Rm 15:4-9), convida-nos a acolher-nos uns aos outros como Cristo nos acolheu, alimentando a mesma esperança que vem das Escrituras.

Meditação (Meditatio): O “deserto” onde João Batista prega é mais do que um lugar geográfico. É o espaço interior de austeridade, silêncio e verdade onde nos confrontamos com o essencial. O Advento convida-nos a ir a este deserto.

A conversão (em grego, metanoia) que João exige é uma mudança radical de mentalidade e de direção na vida. Não é um mero sentimento de culpa, mas uma reorientação ativa da existência para acolher o Reino de Deus que está próximo. No contexto da época, a mensagem de João era um choque para uma religiosidade estabelecida que, por vezes, confiava mais na pertença ao povo eleito (“Abraão é nosso pai”) do que numa vida coerente com a Aliança. João desafia essa segurança: “Deus pode suscitar, destas pedras, filhos de Abraão”. A autenticidade da fé prova-se nos “frutos”, nas ações concretas.

O batismo de água de João era um sinal deste arrependimento, mas ele aponta para um batismo superior, no “Espírito Santo e no fogo”, trazido por Jesus. O fogo simboliza tanto a purificação que destrói a palha do pecado, como o entusiasmo do Espírito que inflama os corações. A imagem do machado à raiz da árvore e da pá que limpa a eira fala de urgência e discernimento: o tempo da preparação é agora, e a vinda do Senhor trará um julgamento que separa o que é essencial (o trigo) do que é supérfluo e vazio (a palha).

Oração (Oratio): Senhor Deus, que enviastes João Batista para preparar os caminhos do vosso Filho, dai-nos a graça de escutar, hoje, a sua voz no deserto dos nossos dias. Concedei-nos um coração verdadeiramente arrependido, capaz de reconhecer os nossos caminhos tortuosos. Despertai em nós o desejo sincero de conversão, não de palavras, mas de frutos de justiça, de misericórdia e de paz. Fazei que o fogo do vosso Espírito purifique as nossas intenções e nos aqueça com a esperança da vossa vinda. Ajudai-nos a acolher-nos uns aos outros como Cristo nos acolhe, para que, endireitando as veredas das nossas vidas, possamos receber Aquele que batiza no Espírito Santo. Nós vo-lo pedimos, pela intercessão do Precursor. Amém.

Contemplação (Contemplatio): Contemplar a figura austera e apaixonada de João Batista. Ver a multidão que, movida por um anseio profundo, deixa a cidade e vai ao deserto em busca de sentido e de um novo início. Sentir a água fria do Jordão como símbolo do desejo de purificação. Ouvir o eco do seu grito: “Preparai o caminho!” E deixar que este apelo ecoe nos vales das nossas indiferenças e nos altos montes do nosso orgulho. Contemplar, já ao longe, Aquele que vem, portador do Espírito e do fogo, cumprimento da esperança de Isaías, que traz a justiça suave como a faixa nos rins e a paz reconciliadora entre o lobo e o cordeiro.

Ação (Actio) – Para o Aqui e Agora: O apelo de João Batista é intemporal, mas ressoa com desafios específicos no nosso presente. Descobrimos os nossos “desertos” modernos na solidão urbana, no ruído digital que nos impede de escutar, na ansiedade que nos afasta do essencial. A nossa “conversão” para hoje pode significar:

  • Endireitar veredas nas relações: Praticar o acolhimento e o perdão concretos, como Paulo recomenda, especialmente em ambientes familiares e sociais marcados pela polarização e intolerância.

  • Dar frutos de justiça: Como o Messias de Isaías que defende os pobres e oprimidos, a nossa fé deve traduzir-se em ações que promovam a dignidade humana, a equidade e a compaixão para com os mais vulneráveis.

  • Rejeitar a religiosidade vazia: Examinar se não confiamos mais em “rótulos” (ser católico, praticante) do que numa busca humilde e constante da vontade de Deus, que se manifesta no serviço aos irmãos.

  • Criar espaços de deserto: Buscar momentos de silêncio e oração neste tempo de Advento, para escutar a Palavra e discernir o que, em nossa vida, é trigo a guardar e palha a queimar.


Pequena Oração Pré-Natalícia

Ó Menino Deus, que estais prestes a chegar na fragrância do heno e no brilho da estrela,
nós, que ainda caminhamos na espera do Advento,
preparamos para Vós não um berço de madeira, mas o presépio do nosso coração.

Vinde limpar a eira da nossa alma com a pá do vosso amor.
Afastai a palha da pressa, do consumismo e da indiferença que tantas vezes nos envolve.
Reuni, como trigo precioso no celeiro, a nossa atenção aos que sofrem,
a nossa paciência em família, a nossa alegria simples de quem sabe esperar.

Ajudai-nos a endireitar, nestes dias, o caminho por onde haveis de entrar:
um caminho de portas abertas à reconciliação, de estradas niveladas pela justiça,
e de veredas iluminadas pela esperança de que, em cada noite de Natal,
renasce a possibilidade da Paz.

Vinde, Senhor Jesus, despertai-nos do sono da rotina.
Fazei do nosso tempo de espera uma vigília ativa e alegre,
para que, quando surgirdes na humildade de Belém,
nosso “sim” de acolhida seja tão genuíno como o dos pastores e tão cheio de fé como o de Maria.

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12 06 Sábado (Mt 9, 35 – 10, 1. 6-8).Compaixão de Jesus e a missão dos doze

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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus (Mt 9, 35 – 10, 1. 6-8).

.Naquele tempo, Jesus percorria todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas, pregando o Evangelho do reino e curando todas as doenças e enfermidades
Ao ver as multidões, encheu-Se de compaixão, porque andavam fatigadas e abatidas, como ovelhas sem pastor…..
Jesus disse então aos seus discípulos: «A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara».Depois chamou a Si os seus Doze discípulos e deu-lhes poder de expulsar os espíritos impuros e de curar todas as doenças e enfermidades.. .Jesus deu-lhes também as seguintes instruções: «Ide às ovelhas perdidas da casa de Israel. Pelo caminho, proclamai que está perto o reino dos Céus. Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, sarai os leprosos, expulsai os demónios. Recebestes de graça, dai de graça».

​..1. Lectio (Leitura e Escuta)

A Palavra de hoje (Mt 9, 35 – 10, 1. 6-8) desenha o Messias que o Advento nos convida a acolher. Jesus não é um Mestre distante, mas um Mestre que caminha (“percorria todas as cidades e aldeias”). O Seu ensino e as Suas curas não são apenas atos isolados, mas a pregação ativa do reino. O ponto de viragem do Evangelho é o Seu olhar: «Ao ver as multidões, encheu-Se de compaixão, porque andavam fatigadas e abatidas, como ovelhas sem pastor.» Este olhar é o motor de toda a Sua missão. Escutar esta passagem no Advento é reconhecer que a Vinda de Deus (o Natal) nasce da compaixão pelo nosso cansaço e pela nossa orfandade espiritual.

2. Meditatio (Meditação e o Nascimento do Senhor)

A compaixão de Jesus é mais do que um sentimento; é uma urgência missionária. Ele não Se limita a sentir; age imediatamente ao confrontar os discípulos com a realidade: «A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos.» O Natal, ao trazer-nos o Verbo Encarnado, é a maior manifestação desta compaixão, pois Deus desce até à nossa fragilidade para nos pastorear…

O Menino no presépio é a resposta de Deus à multidão fatigada e abatida. A nossa preparação para o Natal deve refletir esta compaixão. Como podemos ser “trabalhadores” na seara do Senhor neste tempo? A conversão do Advento é uma conversão da indiferença para a compaixão. Não podemos esperar pelo nascimento de Jesus de braços cruzados enquanto a “seara” (os nossos vizinhos, os nossos irmãos) está pronta a ser colhida.
O envio dos Doze com o poder de «Curai os enfermos… proclamai que está perto o reino dos Céus» não é apenas histórico; é um imperativo para a nossa vida de fé. A melhor maneira de preparar o caminho do Senhor é ser, nós próprios, a Sua compaixão em ação: curar as feridas dos outros com a nossa caridade, ressuscitar a esperança com o nosso testemunho, e proclamar a Boa Nova de que Deus está perto.

3. Oratio e Contemplatio (Oração e Fruto)

A ordem final, «Recebestes de graça, dai de graça», ilumina o verdadeiro espírito natalício. O Advento é a espera do Dom, e o Natal é a sua entrega. O nosso coração deve preparar-se para receber o Amor e, imediatamente, dar este Amor. O fruto da nossa oração é o impulso para a missão. Contemplar o presépio é contemplar Aquele que, sem pastor, Se fez nosso Pastor e nos enviou. Pedimos a Deus que aumente a nossa compaixão para que a nossa fé seja um serviço ativo e gratuito.

Oração do Advento

Senhor Jesus Cristo, Pastor de almas fatigadas,
Neste Advento, pedimos o dom do Teu olhar:
Olha a nossa vida e as multidões à nossa volta com a mesma compaixão que Te moveu.
Desperta em nós o desejo de sermos trabalhadores na Tua seara,
para que não fiquemos parados, mas anunciemos, com a nossa vida,
que o Reino dos Céus está perto.
Dá-nos a generosidade de darmos de graça o que de graça recebemos.
Que a Tua Vinda nos encontre em plena missão, a curar as feridas do mundo
e a apontar para a Luz do Natal.
Ámen.

12 05 sexta  Mt 9, 27-31 Dois cegos acreditam em Jesus e são curados

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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus

Naquele tempo, Jesus pôs-Se a caminho e seguiram-n’O dois cegos, gritando: «Filho de David, tem piedade de nós». Ao chegar a casa, os cegos aproximaram-se d’Ele. Jesus perguntou-lhes: «Acreditais que posso fazer o que pedis?» Eles responderam: «Acreditamos, Senhor». Então Jesus tocou-lhes nos olhos e disse: «Seja feito segundo a vossa fé». E abriram-se os seus olhos. Jesus advertiu-os, dizendo: «Tende cuidado, para que ninguém o saiba». Mas eles, quando saíram, divulgaram a fama de Jesus por toda aquela terra.

Palavra da salvação..

REFLEXÃO.

  1. Lectio (Leitura e Escuta)

A Palavra de Jesus ressoa no coração da nossa espera do Advento. O Evangelho apresenta-nos dois cegos que O seguem, insistentemente: «Filho de David, tem piedade de nós.» Este clamor, vindo da escuridão, é o reconhecimento mais puro de que Jesus é o Messias esperado, a descendência real. Eles não O veem, mas sentem-n’O e clamam o Seu título. Este é o nosso ponto de partida no Advento: reconhecer que somos, em alguma medida, cegos, envolvidos nas trevas da rotina, da falta de perspetiva ou da incredulidade. O nosso Advento começa com a oração mais honesta: “Mestre, que eu veja!” A fé é a primeira visão..

  1. Meditatio (Meditação e o Nascimento do Senhor)

Jesus, que caminha em direção ao mistério da Sua Encarnação, não realiza a cura na rua, mas numa casa, o que simboliza o espaço do coração e da intimidade. Ele confronta a nossa liberdade antes de conceder o milagre: «Acreditais que posso fazer o que pedis?» A cura não é um ato de magia, mas um encontro que exige a nossa adesão total. Os cegos respondem com uma fé simples e radical: «Acreditamos, Senhor.» O Natal, o nascimento do Messias, é o momento em que a Luz de Deus irrompe no mundo. A nossa cegueira é a incapacidade de ver esta Luz na fragilidade de um presépio, na simplicidade do Menino. A verdadeira visão que o Advento prepara não é apenas a vista dos olhos, mas a visão do coração que discerne Deus no pequeno. A fé é a única condição para a chegada do Emanuel. Se acreditarmos que Ele pode curar a nossa cegueira existencial, Ele fá-lo-á. A escuridão da noite de Belém é iluminada pela luz que emana da fé – a casa do nosso coração deve estar acesa..

  1. Oratio (Oração e Diálogo)

«Então Jesus tocou-lhes nos olhos e disse: ‘Seja feito segundo a vossa fé’. E abriram-se os seus olhos.» A fé destes homens tornou-se visível. O Advento convida-nos a ir além da fé teórica, a procurar o toque concreto de Jesus na Eucaristia, na caridade e na Palavra. O toque de Jesus é o toque do Verbo, da Palavra que se faz carne e que ilumina a nossa escuridão. O nosso Natal será luminoso na medida da nossa fé ativa e empenhada. Pedimos a Deus que toque os nossos olhos, a nossa mente e o nosso coração para que vejamos o que Ele quer que vejamos: a necessidade do irmão, o silêncio da Sua presença e o caminho da Sua Vontade..

  1. Contemplatio/Actio (Contemplação e Ação)

A ordem final de Jesus – «Tende cuidado, para que ninguém o saiba» – é desobedecida pela alegria da cura. A fé autêntica transborda, é contagiosa e não pode ser contida. O Advento e o Natal são tempos de alegria contida na espera e de anúncio explosivo no cumprimento. O fruto da nossa oração é o impulso para anunciar o que vimos e experimentámos. A verdadeira luz do Advento acesa em nós não pode ser escondida. O milagre de ver leva-nos ao milagre de anunciar, transformando a nossa vida numa testemunha da Vinda do Senhor.—-

-Oração.

Senhor Jesus Cristo, Filho de David e Luz do Mundo,.

Neste tempo de Advento, em que nos preparamos para o Teu Natal, reconhecemos que muitas vezes andamos cegos pela rotina, pelo medo e pela superficialidade.

Cegueira que nos impede de ver a Tua Vinda nos sinais simples do amor e da justiça.

Clamamos a Ti: “Tem piedade de nós!”

Dá-nos a fé simples e total dos cegos do Evangelho, a fé que se entrega, para que, ao tocares os nossos olhos, a Tua luz dissipe toda a escuridão.

Que a nossa fé se torne a nossa visão, e que o nosso coração, agora iluminado, seja a casa humilde onde Tu possas nascer.

Que a alegria de Te acolhermos nos impulsione a ser, com a nossa vida, o Teu anúncio de salvação…

.12 05 sexta  Mt 9, 27-31 Dois cegos acreditam em Jesus e são curados

12 05 sexta  Mt 9, 27-31 Dois cegos acreditam em Jesus e são curados

 

12 04 quinta Mt 7, 21. 24-27  «Aquele que faz a vontade de meu Pai entrará no reino dos Céus»…

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus.

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Nem todo aquele que Me diz ‘Senhor, Senhor’ entrará no reino dos Céus, mas só aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos Céus. Todo aquele que ouve as minhas palavras e as põe em prática é como o homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as torrentes e sopraram os ventos contra aquela casa; mas ela não caiu, porque estava fundada sobre a rocha. Mas todo aquele que ouve as minhas palavras e não as põe em prática é como o homem insensato que edificou a sua casa sobre a areia. Caiu a chuva, vieram as torrentes e sopraram os ventos contra aquela casa; ela desmoronou-se e foi grande a sua ruína»..

Palavra da salvação..

REFLEXÃO .

  1. Lectio (Leitura e Escuta)

A Palavra de Jesus ressoa em nós: «Todo aquele que ouve as minhas palavras e as põe em prática é como o homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha.» Neste tempo de Advento, que nos encaminha para a Natividade, esta passagem não é uma mera lição de ética, mas um profundo ensinamento sobre a nossa capacidade de acolher o Emanuel, o Deus connosco. O Evangelho de hoje convida-nos a inspecionar o nosso coração para saber que tipo de “hospedaria” estamos a preparar para o Menino Jesus..

  1. Meditatio (Meditação e o Nascimento do Senhor)

A “rocha” de que Jesus fala é, em última análise, Ele próprio, o Messias esperado. É na sua Palavra e na prática da Vontade do Pai que encontramos a estabilidade para a nossa vida. O nosso Advento e Natal não se limitam a enfeites exteriores; são, sobretudo, um exercício de arquitetura espiritual..

O homem prudente não é aquele que constrói a casa mais vistosa ou que mais vezes repete “Senhor, Senhor” em voz alta. O Evangelho alerta para a futilidade de uma religiosidade de fachada. A prudência está na discrição da obediência, na paciência de cavar fundo até assentar o alicerce na Rocha. O Natal convida-nos a ser prudentes, a reconhecer que a verdadeira morada do Senhor não é um palácio faustoso (a “casa na areia”), mas a casa humilde do coração que se esvazia de si para fazer a Vontade de Deus (a “casa na rocha”)..

As “chuvas, torrentes e ventos” não são apenas os desafios da vida, mas as crises que se abatem sobre a fé: a tentação do desânimo, a dúvida, a dureza do coração. Se a nossa “casa” (a nossa vida, a nossa família, o nosso projeto) não estiver alicerçada na prática da Palavra, na caridade concreta e na oração perseverante, ela ruirá. O presépio, com a sua fragilidade e simplicidade, torna-se a imagem suprema da casa construída sobre a Rocha da Humildade e da Obediência de Maria e José..

  1. Oratio e Contemplatio.

Ao olharmos para Belém, vemos que a Rocha não é apenas uma fundação, mas um refúgio. O Deus que vem é o nosso abrigo. A nossa preparação para o Natal deve ser a de um artesão que, em silêncio, trabalha para que a sua vida se torne um pequeno e seguro estábulo. O verdadeiro fruto é encontrar a alegria e a paz na coerência de vida: ouvir a Palavra e, simplesmente, pô-la em prática, fazendo a Vontade do Pai.-.


Oração..

Senhor Jesus Cristo, Rocha Eterna.
Teu Evangelho exige fé ativa.
Desperta-nos para praticar Tua Palavra, além do mero falar.
Dá-nos a humildade de edificar a vida sobre Tua presença firme, abandonando a superficialidade.
Que Teu nascimento encontre nossa alma simples e inabalável, preparada como a Rocha que Tu és.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Ámen.—–Sugestão de Imagem (Imagem)

 

Título: “O Presépio Ancorado na Rocha”

 

Descrição:

Uma imagem que não mostre o presépio sobre a palha ou areia, mas sim num nicho ou gruta escavada na pedra. O foco visual deve estar na rocha escura e firme que serve de base ao estábulo humilde.

  • Elementos: O Menino Jesus, Nossa Senhora e São José estão no centro, mas as suas figuras são emolduradas pela solidez da pedra em volta.

Significado: A rocha simboliza a fidelidade de Deus e a solidez da fé baseada na obediência (a casa que não cai). O Menino repousa na firmeza da Vontade do Pai, manifestada na humildade do presépio. A imagem sugere que a fragilidade do Natal (o bebé) assenta na maior das seguranças (a Rocha Eterna).

 

12 03 .Quarta Mc 16, 15-20 «Foi elevado ao Céu e sentou-Se à direita de Deus»

 

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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos

Naquele tempo, Jesus apareceu aos onze Apóstolos e disse-lhes: «Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura. Quem acreditar e for baptizado será salvo; mas quem não acreditar será condenado. Eis os milagres que acompanharão os que acreditarem: expulsarão os demónios em meu nome; falarão novas línguas; se pegarem em serpentes ou beberem veneno, não sofrerão nenhum mal; e quando impuserem as mãos sobre os doentes, eles ficarão curados». E assim o Senhor Jesus, depois de ter falado com eles, foi elevado ao Céu e sentou-Se à direita de Deus. Eles partiram a pregar por toda a parte e o Senhor cooperava com eles, confirmando a sua palavra com os milagres que a acompanhavam.

Palavra da salvação.

REFLEXÃO .

O Evangelho de Marcos 16, 15-20 apresenta-nos a solene despedida de Jesus e a missão confiada aos discípulos: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura”. É a expansão universal da salvação, a urgência de levar a Boa Nova aos confins da terra. O texto culmina com a Ascensão, não como um abandono, mas como o início de uma nova presença cooperante: “o Senhor cooperava com eles”. O sinal dessa presença são os milagres, sinais que rompem as barreiras da incredulidade e do sofrimento. A citação sobre São Francisco Xavier, “angustiado por não poder realizar o seu sonho”, coloca-nos diante de um coração que fez desta passagem o programa da sua vida. A angústia do Apóstolo nasce de um amor tão grande pela Palavra que não suporta vê-la enclausurada. O Advento, tempo de espera e de anúncio, ilumina-se com esta dupla chama: a do mandato de Cristo e a do ardor do missionário.

**2. MEDITATIO (Meditação)**

Medito sobre este “ide” que ecoa no silêncio do Advento. A Igreja espera o Senhor que vem, mas não numa espera passiva. É uma espera missionária, impaciente, como a de Xavier. A sua “carta patética” é um grito que atravessa os séculos e interpela a nossa comodidade. Quantas “multidões incontáveis” hoje ignoram, não por falta de meios, mas por falta de anunciadores? O Advento convida-nos a escutar este apelo no nosso coração: onde está a minha “Índia” pessoal? Onde posso levar, com as minhas palavras e gestos, a notícia alegre de que o Salvador está próximo? Francisco Xavier entendeu que a fé não é um tesouro para guardar, mas um fogo para espalhar. A sua angústia é santa; é a dor de quem vê a Palavra como semente urgente, incapaz de ficar parada. Medito também na promessa final: “o Senhor cooperava com eles”. Não estamos sozinhos na missão. A força do Alto, prometida no Advento e dada no Pentecostes, acompanha-nos.

**3. ORATIO (Oração)**

Senhor Jesus, que no mistério do Advento nos preparais para a vossa vinda, e que na vossa Ascensão nos confiastes a missão de ir a todos os povos:
Inflamai em nós o mesmo fogo sagrado que consumiu o coração de São Francisco Xavier.
Tirai-nos da letargia confortável e da glória passageira.
Que a vossa Palavra, semente de eternidade, nos cause uma santa angústia diante de quem ainda não Vos conhece.
Fazei dos nossos lábios anunciadores da vossa salvação, das nossas mãos instrumentos de cura e das nossas vidas um sinal credível do vosso amor.
E como prometestes, sede Vós mesmo a nossa força. Cooperai connosco, confirmai a nossa frágil palavra, para que, guiados pelo exemplo do Apóstolo das Índias, possamos também nós ser construtores do vosso Reino, que vem. Nós Vos pedimos, ó Cristo, que viveis e reinais com o Pador e o Espírito Santo, para sempre. Amém.

**4. CONTEMPLATIO (Contemplação)**

Contemplo, em silêncio, a figura de São Francisco Xavier. Vejo-o numa praia da Ásia, de olhar perdido no horizonte, angustiado pelas terras ainda por alcançar, mas com o crucifixo apertado ao peito. Contemplo a mão de Deus, invisível mas presente, que o guiava e confirmava a sua pregação. Deixo que este ícone de zelo apostólico me interrogue e me mobilize no meu quotidiano. O Advento é este horizonte aberto à esperança e à missão.

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