Daily Archives: September 7, 2025

09 10 Quarta Lc 6, 20-26 «Bem-aventurados os pobres. Ai de vós, os ricos!»

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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Naquele tempo, Jesus, erguendo os olhos para os discípulos, disse: «Bem-aventurados vós, os pobres, porque é vosso o reino de Deus. Bem-aventurados vós, que agora tendes fome, porque sereis saciados. Bem-aventurados vós, que agora chorais, porque haveis de rir. Bem-aventurados sereis, quando os homens vos odiarem, quando vos rejeitarem e insultarem e proscreverem o vosso nome como infame, por causa do Filho do homem. Alegrai-vos e exultai nesse dia, porque é grande no Céu a vossa recompensa. Era assim que os seus antepassados tratavam os profetas. Mas ai de vós, os ricos, porque já recebestes a vossa consolação! Ai de vós, que agora estais saciados, porque haveis de ter fome! Ai de vós, que rides agora, porque haveis de entristecer-vos e chorar! Ai de vós, quando todos os homens vos elogiarem! Era assim que os seus antepassados tratavam os falsos profetas»..

Palavra da salvação.

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REFLEXÃO .

 I – Lectio Divina sobre Lucas 6, 20-26.

 📖 Ler a Palavra

O Evangelho de Lucas 6, 20-26 apresenta o cerne do Sermão da Planície, onde Jesus dirige-Se aos seus discípulos e à grande multidão proclamando as bem-aventuranças e os “ais”. Ele declara felizes os pobres, os que agora têm fome, os que agora choram e os que são odiados, excluídos e insultados por causa do Filho do Homem. A estes, promete o Reino de Deus, a saciedade, o riso e uma grande recompensa no céu. Em contrapartida, dirige “ai” aos ricos, aos saciados, aos que agora riem e aos que são elogiados por todos. A estes, adverte que já receberam a sua consolação, que terão fome e fome e luto, e que estão a seguir o mesmo caminho dos falsos profetas.

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 💭 Compreender a Palavra

Este texto é revolucionário e desconcertante. Jesus não está a fazer uma simples exortação moral, mas a proclamar uma **inversão de valores** escatológica. As bem-aventuranças não glorificam a pobreza ou o sofrimento em si mesmos, mas revelam que Deus está de forma especial do lado dos que não têm segurança a não ser n’Ele. Os “pobres” são os *anawim* do Antigo Testamento: os humildes, os que dependem absolutamente de Deus. Os “ais” não são maldições, mas **advertências graves** dirigidas aos autossuficientes, aos que colocam a sua confiança nas riquezas, no prazer e na aprovação social, fechando-se assim ao Reino de Deus. Jesus estabelece um novo critério de felicidade (*makarios*) que é contracultural e que encontra a sua plenitude não no presente, mas no futuro escatológico de Deus.

 🔄 Passar da Palavra à Vida

Este Evangelho desafia-nos a um exame de consciência profundo:

1.  **Onde está a minha segurança?** Confio no meu salário, nas minhas posses e no meu estatuto, ou confio radicalmente em Deus, como os pobres de espírito?

2.  **Qual é a minha fonte de felicidade?** Busco a saciedade imediata no consumo, o riso fácil do entretenimento vazio e o elogio dos outros, ou encontro alegria em Deus, mesmo nas dificuldades inerentes à fidelidade ao Evangelho?

3.  **De que lado estou?** Jesus desenha uma linha clara. A sua mensagem não permite neutralidade. Identifico-me mais com a atitude de dependência dos pobres ou com a autossuficiência dos ricos? A minha vida provoca o “ai” da advertência ou a “bem-aventurança” da promessa?.

🙏 Oração

Senhor Jesus, que anunciastes felizes os pobres e os que choram, destrói em nós a idolatria da riqueza, do poder e da vaidade. Dá-nos um coração de pobre, que sabe que tudo recebe de Vós. Que a nossa única herança seja o Vosso Reino, a nossa única fome seja a Vossa justiça, e a nossa única alegria seja sermos injuriados por Vosso amor. Amém..

 ✉️ Mensagem Apelativa

Jesus inverte a lógica do mundo: a verdadeira felicidade não se encontra no ter, no poder ou no prazer, mas em Deus. Ousa ser feliz segundo o coração de Deus. .

09 09 Lc 6, 12-19 Terça «Passou a noite em oração. E escolheu doze, a quem chamou apóstolos»

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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Naqueles dias, Jesus subiu ao monte para rezar e passou a noite em oração a Deus. Quando amanheceu, chamou os discípulos e escolheu doze entre eles, a quem deu o nome de apóstolos: Simão, a quem deu também o nome de Pedro, e seu irmão André; Tiago e João; Filipe e Bartolomeu, Mateus e Tomé; Tiago, filho de Alfeu, e Simão, chamado o Zelota; Judas, irmão de Tiago, e Judas Iscariotes, que veio a ser o traidor. Depois desceu com eles do monte e deteve-Se num sítio plano, com numerosos discípulos e uma grande multidão de pessoas de toda a Judeia, de Jerusalém e do litoral de Tiro e de Sidónia. Tinham vindo para ouvir Jesus e serem curados das suas doenças. Os que eram atormentados por espíritos impuros também ficavam curados. Toda a multidão procurava tocar Jesus, porque saía d’Ele uma força que a todos sarava.

Palavra da salvação..

REFLEXÃO ..

 I – Lectio Divina sobre Lucas 6, 12-19.

 📖 Ler a Palavra

O Evangelho de Lucas 6, 12-19 descreve um momento importante  no ministério de Jesus. Ele sobe à montanha para orar e passa toda a noite em comunhão com Deus. Ao amanhecer, chama os seus discípulos e escolhe doze entre eles, aos quais dá o nome de apóstolos: Simão (Pedro), André, Tiago, João, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago de Alfeu, Simão Zelota, Judas de Tiago e Judas Iscariotes. Jesus desce então com eles para um planalto, onde uma numerosa multidão de Judeia, Jerusalém, Tiro e Sidónia O aguarda para O ouvir e ser curada das suas doenças. Todos procuravam tocá-Lo, porque d’Ele emanava uma força que a todos curava..

💭 Compreender a Palavra

Este texto é profundamente rico em significado. Em primeiro lugar, revela a **primazia da oração** na vida de Jesus. A decisão crucial de escolher os Doze é precedida por uma noite de intimidade com o Pai, mostrando que a ação verdadeiramente fecunda brota da escuta. Em segundo lugar, a **escolha dos Doze** é um ato de fundação da nova Israel. A lista inclui homens de origens e temperamentos diversos – pescadores, um cobrador de impostos (publicano) e um nacionalista radical (zelota) – simbolizando que o Reino é para todos e que Cristo veio unir o que estava dividido. Por fim, a **cura das multidões** manifesta a natureza compassiva do Messias. O poder (dýnamis) que d’Ele saía não era um poder político ou de dominação, mas um poder que restaura a vida, que liberta do sofrimento e que responde ao clamor mais profundo da humanidade.

 

 🔄 Passar da Palavra à Vida

Este Evangelho convida-nos a uma conversão pessoal e comunitária:

1.  **Discernimento na Oração:** Quantas vezes agimos por impulso ou confiamos apenas na nossa razão? Jesus ensina-nos a levar as nossas decisões, grandes e pequenas, para a quietude da oração, confiando que Deus nos guiará.

2.  **Abrace  a Diversidade:** A comunidade dos apóstolos era heterogénea. A Igreja de hoje é chamada a ser este mesmo espaço de unidade na diversidade, onde não há lugar para divisões baseadas em origem, classe ou opinião. Somos todos um em Cristo.

3.  **Ser Canal de Cura:** A multidão buscava tocar em Jesus. Nós, como Seu corpo, somos agora os seus braços no mundo. Através de um sorriso, de um gesto de ajuda, de um tempo de escuta, podemos ser os canais através dos quais a força curadora de Cristo chega aos que sofrem ao nosso lado.

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🙏 Oração

Pai misericordioso, que inspiraste o Vosso Filho a buscar a Vossa vontade em noites de oração, dai-nos um coração sedento de silêncio e escuta. Fazei de nós, escolhidos e amados por Vós, instrumentos da Vossa paz e compaixão. Que a força do Espírito Santo nos cure das nossas enfermidades e nos envie para ser testemunhas do Vosso Reino de amor. Por Cristo Nosso Senhor. Amém.

 

 ✉️ Mensagem Apelativa

A força que cura o mundo não vem do poder, mas da oração e do amor. Para hoje. Ora. Escuta. E deixa que a compaixão de Cristo te use para curar alguém. .