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09 07 Lc 14, 25-33 Domingo «Quem não renunciar a todos os seus bens não pode ser meu discípulo»

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Naquele tempo, seguia Jesus uma grande multidão. Jesus voltou-Se e disse-lhes: «Se alguém vem ter comigo, e não Me preferir ao pai, à mãe, à esposa, aos filhos, aos irmãos, às irmãs e até à própria vida, não pode ser meu discípulo. Quem não toma a sua cruz para Me seguir, não pode ser meu discípulo. Quem de vós, desejando construir uma torre, não se senta primeiro a calcular a despesa, para ver se tem com que terminá-la? Não suceda que, depois de assentar os alicerces, se mostre incapaz de a concluir e todos os que olharem comecem a fazer troça, dizendo: ‘Esse homem começou a edificar, mas não foi capaz de concluir’. E qual é o rei que parte para a guerra contra outro rei e não se senta primeiro a considerar se é capaz de se opor, com dez mil soldados, àquele que vem contra ele com vinte mil? Aliás, enquanto o outro ainda está longe, manda-lhe uma delegação a pedir as condições de paz. Assim, quem de entre vós não renunciar a todos os seus bens, não pode ser meu discípulo».
Palavra da salvação.

.Lectio Divina: O Preço da Verdadeira Liberdade
Ler a Palavra

No Evangelho de hoje, encontramos Jesus a caminhar, seguido por uma grande multidão. A sua popularidade está no auge, mas Ele, em vez de a aproveitar, vira-se e confronta os seus seguidores  Apresenta três condições radicais e inegociáveis: preferi-l’O acima de todos os laços familiares e da própria vida; tomar a cruz diariamente; e renunciar a todos os bens. Para ilustrar a seriedade desta decisão, conta duas parábolas: a do homem que calcula o custo de uma torre e a do rei que avalia as suas forças antes da batalha.

Compreender a Palavra

As palavras de Jesus são duras e destinam-se a purificar as intenções da multidão. Segui-l’O não é um passatempo ou uma busca por milagres, mas uma decisão que reorienta toda a existência. “Preferir” Jesus à família não é um convite ao ódio ou ao desprezo, mas a uma reordenação do amor. No Reino de Deus, o amor a Deus é o absoluto que dá o verdadeiro lugar a todos os outros amores. Se um laço familiar nos impede de seguir a vontade de Deus, é preciso ter a coragem de escolher Deus.

“Tomar a sua cruz” significa aceitar as dificuldades, as perseguições e a lógica do serviço e da entrega que marcam o caminho de Cristo, em oposição à lógica do egoísmo e do conforto do mundo. Finalmente, “renunciar a todos os bens” não é apenas um desapego material, mas uma profunda liberdade interior. É a atitude de quem não se deixa possuir por nada – nem por coisas, nem por planos, nem pelo próprio ego – para poder ser inteiramente possuído por Deus. As parábolas da torre e do rei são um apelo à responsabilidade: a fé não é um impulso sentimental, mas um compromisso ponderado e total. Jesus procura discípulos, não meros admiradores.

“>Da Palavra à Vida

Esta Palavra interpela-nos diretamente: o que significa para mim, hoje, “renunciar a tudo”? Quais são os “bens” que me prendem? Talvez não seja a riqueza material, mas o meu orgulho, a minha necessidade de ter sempre razão, o meu tempo que não quero partilhar, o meu conforto ou a minha reputação. Que “familiares” – no sentido de laços, mentalidades ou tradições – coloco acima da minha fidelidade ao Evangelho?

“>Jesus convida-nos a “sentar e calcular”. Qual é o projeto da minha vida? Estou a construí-lo sobre a rocha sólida do Evangelho ou sobre as areias movediças das minhas vontades? A vida cristã exige uma decisão fundamental. Não podemos tentar construir a “torre” da santidade com os materiais do mundo. A renúncia que Jesus pede não é uma perda, mas a condição para um ganho infinitamente maior: a comunhão com Ele e a verdadeira liberdade.

Mensagem aos Cristãos

Irmãos, o mundo diz-nos: “Acumula para seres feliz”. Jesus diz-nos: “Renuncia para seres livre”. 

Ser discipulo  não é um caminho fácil, mas é o único que leva à vida em abundância. Não tenhamos medo das exigências de Jesus, pois nelas não há um peso, mas uma libertação. Ele não nos quer vazios, mas repletos de Deus. Que cada um de nós possa, com coragem e confiança, avaliar a sua vida e decidir, todos os dias, construir a sua torre sobre o único alicerce que não desilude: Jesus Cristo, nosso Senhor.

Oração

Senhor Jesus, as tuas palavras são exigentes porque o teu amor por mim é total. Dá-me a coragem de Te colocar em primeiro lugar, acima dos meus afetos, dos meus planos e dos meus bens. Ajuda-me a abraçar a minha cruz de cada dia, não como um fardo, mas como o caminho para a verdadeira vida. Que eu possa renunciar a tudo o que me prende, para ser inteiramente teu. Ámen..