Daily Archives: April 18, 2025

04 27 Jo 20, 19-31 Domingo da Misericórdia «Oito dias depois, veio Jesus…»

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João

Na tarde daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, apresentou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor. Jesus disse-lhes de novo: «A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós». Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes ser-lhes-ão retidos». Tomé, um dos Doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. Disseram-lhe os outros discípulos: «Vimos o Senhor». Mas ele respondeu-lhes: «Se não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, se não meter o dedo no lugar dos cravos e a mão no seu lado, não acreditarei». Oito dias depois, estavam os discípulos outra vez em casa e Tomé com eles. Veio Jesus, estando as portas fechadas, apresentou-Se no meio deles e disse: «A paz esteja convosco». Depois disse a Tomé: «Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; aproxima a tua mão e mete-a no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente». Tomé respondeu-Lhe: «Meu Senhor e meu Deus!». Disse-lhe Jesus: «Porque Me viste acreditaste: felizes os que acreditam sem terem visto». Muitos outros milagres fez Jesus na presença dos seus discípulos, que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para acreditardes que Jesus é o Messias, o Filho de Deus, e para que, acreditando, tenhais a vida em seu nome.

Palavra da Salvação

 

REFLEXÃO

Este Evangelho leva-nos ao coração da fé pascal e revela o rosto misericordioso de Jesus. No primeiro dia da semana, ao cair da tarde, os discípulos estão fechados por medo. É nesse cenário de fragilidade e insegurança que Jesus entra, atravessando portas trancadas, e oferece o dom da paz: «A paz esteja convosco».

Com este gesto, Jesus não apenas acalma os corações; Ele dá início a uma nova criação. Sopra sobre eles o Espírito Santo, como Deus soprou sobre o homem no Génesis. A missão é clara: levar o perdão dos pecados ao mundo, prolongar no tempo a misericórdia do Ressuscitado.

A figura de Tomé destaca-se neste relato. A sua ausência inicial e posterior incredulidade não são censuradas por Jesus. Pelo contrário, o Senhor acolhe as suas dúvidas e oferece-Lhe os sinais que ele precisa. O Ressuscitado não rejeita quem hesita, mas aproxima-Se com delicadeza e convida à fé. Quando Tomé toca as chagas, não toca apenas a carne, mas toca o amor ferido que se fez dom até ao fim. A sua resposta é a mais bela profissão de fé do Evangelho: «Meu Senhor e meu Deus».

Este Domingo celebra-se a Divina Misericórdia, instituído por São João Paulo II. É o dia em que a Igreja proclama que o coração de Jesus, transpassado na cruz, permanece aberto para acolher, perdoar e renovar. A paz que Ele oferece, o Espírito que sopra e as feridas que mostra são sinais vivos da Sua ternura.

Hoje, somos convidados a abrir as portas do nosso coração, a deixar que o Ressuscitado entre nas nossas angústias e a sermos testemunhas do Seu perdão. A misericórdia não é uma ideia, mas uma experiência concreta de encontro com Cristo.

🙏 Oração
Jesus, Senhor da Paz e da Misericórdia,

 entra também nas minhas portas fechadas,
 toca as minhas feridas e fortalece a minha fé.
 Que eu proclame com Tomé: Meu Senhor e meu Deus! Ámen.

.

04 26 Mc 16, 9-15 – Sábado 📌 As aparições de Jesus e o envio dos discípulos

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos

Jesus ressuscitou na manhã do primeiro dia da semana e apareceu em primeiro lugar a Maria Madalena, da qual tinha expulsado sete demónios. Ela foi anunciar aos que tinham andado com Ele e estavam mergulhados em tristeza e pranto. Eles, porém, ouvindo dizer que Jesus estava vivo e fora visto por ela, não acreditaram. Depois disto, manifestou-Se com aspecto diferente a dois deles que iam a caminho do campo. E eles correram a anunciar aos outros, mas também não lhes deram crédito. Mais tarde apareceu aos Onze, quando eles estavam sentados à mesa, e censurou-os pela sua incredulidade e dureza de coração, porque não acreditaram naqueles que O tinham visto ressuscitado. E disse-lhes: «Ide por todo o mundo e proclamai o Evangelho a toda a criatura».

Palavra da salvação.

 

REFLEXÃO

 

Este breve mas intenso trecho do Evangelho de Marcos apresenta-nos três momentos decisivos: a manifestação do Ressuscitado, a resistência à fé dos discípulos, e o envio missionário. A sequência revela a paciência divina e a força da missão.

Jesus aparece primeiro a Maria Madalena, figura de profundo amor e gratidão, pois d’Ele recebera libertação e vida nova. Ela torna-se a primeira anunciadora da Ressurreição, mas a sua palavra não é acolhida. De igual modo, dois discípulos, no caminho, testemunham o encontro com o Senhor, mas são também ignorados. Esta recusa inicial dos discípulos não é ocultada: é posta à luz, revelando a dificuldade real de aceitar a vitória de Cristo sobre a morte.

Jesus, ao aparecer finalmente aos Onze, não esconde a Sua decepção com a incredulidade deles. Mas não os abandona nem os substitui. Pelo contrário, confia-lhes a missão mais importante da história: levar o Evangelho a toda a criatura. É um gesto de grande misericórdia: Jesus escolhe como apóstolos os mesmos que duvidaram d’Ele. A fé nasce assim da misericórdia e do envio.

Esta página convida-nos a reconhecer o Ressuscitado na nossa vida, a superar o cansaço, o medo e o cepticismo, e a colocar-nos em marcha. A missão nasce do encontro com o Ressuscitado e da certeza de que Ele continua vivo, presente, atuante. O Evangelho não é uma teoria, mas uma Pessoa viva que transforma.

Hoje, somos também nós enviados. Mesmo com as nossas dúvidas e limites, Jesus chama-nos a anunciar com a vida a esperança da Ressurreição. Não se trata apenas de pregar com palavras, mas de ser testemunhas vivas do amor de Deus.

🙏 Oração
Senhor Jesus, ressuscitado e vivo,
liberta o meu coração da incredulidade
e envia-me com coragem a proclamar o Teu Evangelho.
Que eu seja sinal do Teu amor no mundo. Ámen.

🖼️

 

 

 

 

 

04 25 Jo 21, 1-14 – Sexta-feira 📌 A pesca milagrosa e a refeição com Jesus ressuscitado

 

«Jesus aproximou-Se, tomou o pão e deu-lho,

fazendo o mesmo com o peixe»

..

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João

Naquele tempo, Jesus manifestou-Se novamente aos discípulos junto ao Mar de Tiberíades. Manifestou-Se deste modo: Estavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado Dídimo, e Natanael, que era de Caná da Galileia. Também estavam presentes os filhos de Zebedeu e mais dois discípulos de Jesus. Disse-lhes Simão Pedro: «Vou pescar». Eles responderam-lhe: «Nós vamos contigo». Saíram de casa e subiram para o barco, mas naquela noite não apanharam nada. Ao romper da manhã, Jesus apresentou-Se na margem, mas os discípulos não sabiam que era Ele. Disse-lhes então Jesus: «Rapazes, tendes alguma coisa para comer?» Eles responderam: «Não». Disse-lhes Jesus: «Lançai a rede para a direita do barco e encontrareis». Eles lançaram a rede e já mal a podiam arrastar por causa da abundância de peixes. Então o discípulo predileto de Jesus disse a Pedro: «É o Senhor». Simão Pedro, quando ouviu dizer que era o Senhor, vestiu a túnica que tinha tirado e lançou-se ao mar. Os outros discípulos, que estavam distantes apenas uns duzentos côvados da margem, vieram no barco, puxando a rede com os peixes. Logo que saltaram em terra, viram brasas acesas com peixe em cima, e pão. Disse-lhes Jesus: «Trazei alguns dos peixes que apanhastes agora». Simão Pedro subiu ao barco e puxou a rede para terra, cheia de cento e cinquenta e três grandes peixes. E, apesar de serem tantos, não se rompeu a rede. Disse-lhes Jesus: «Vinde comer». Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar: «Quem és Tu?»: bem sabiam que era o Senhor. Então Jesus aproximou-Se, tomou o pão e deu-lho, fazendo o mesmo com o peixe. Foi esta a terceira vez que Jesus Se manifestou aos discípulos, depois de ter ressuscitado dos mortos.

Palavra da salvação.

Reflexão

Este belíssimo relato da pesca milagrosa e da refeição com Jesus ressuscitado é um dos momentos mais ternos e simbólicos do Evangelho. Após a noite infrutífera, os discípulos são surpreendidos ao romper da manhã por uma voz que os orienta. Obedecem, sem ainda reconhecerem quem fala, e a abundância de peixes revela-lhes a identidade de quem está na margem: “É o Senhor!”

Esta manifestação de Jesus acontece quando os discípulos estão a retomar a sua actividade anterior: a pesca. É ali, no contexto do trabalho e da vida quotidiana, que o Ressuscitado se faz presente. Isto revela-nos que o encontro com Cristo não se limita ao templo ou a momentos sagrados, mas pode dar-se no meio da nossa rotina, do cansaço e até do fracasso.

A pesca abundante é sinal da eficácia da missão quando é orientada por Cristo. Sozinhos, os discípulos nada apanham; com a palavra do Senhor, a rede enche-se de vida. A cena é também profundamente eucarística: Jesus oferece pão e peixe, como no milagre da multiplicação, num gesto de comunhão e cuidado.

O discípulo predilecto reconhece Jesus pela fé, Pedro responde com amor ardente e impulsivo. Todos juntos participam do banquete com o Senhor, sinal da comunhão que nasce da Ressurreição.

Hoje, este Evangelho convida-nos a reconhecer o Senhor nas nossas manhãs, nas nossas falhas e nos frutos inesperados da obediência. Ele está connosco, orienta-nos, convida-nos a partilhar e a confiar. Onde houver amor, partilha, escuta e fé, aí está o Ressuscitado.

🙏 Oração
Senhor Jesus Ressuscitado,
quando as redes da vida nos parecem vazias,
vem Tu ao nosso encontro e enche-as com a Tua presença.
Faz-nos reconhecer-Te no partir do pão e na abundância dos dons
que nos ofereces cada manhã. Ámen.

.

 

 

 

04 24 Lc 24, 35-48 – Quinta-feira 📌 Jesus aparece aos discípulos e come com eles

EVANGELHO Lc 24, 35-48

«Assim está escrito que o Messias havia de sofrer

e de ressuscitar dos mortos ao terceiro dia»


. .Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Naquele tempo, os discípulos de Emaús contaram o que tinha acontecido no caminho e como tinham reconhecido Jesus ao partir do pão. Enquanto diziam isto, Jesus apresentou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco». Espantados e cheios de medo, julgavam ver um espírito. Disse-lhes Jesus: «Porque estais perturbados e porque se levantam esses pensamentos nos vossos corações? Vede as minhas mãos e os meus pés: sou Eu mesmo; tocai-Me e vede: um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que Eu tenho». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e os pés. E como eles, na sua alegria e admiração, não queriam ainda acreditar, perguntou-lhes: «Tendes aí alguma coisa para comer?» Deram-Lhe uma posta de peixe assado, que Ele tomou e começou a comer diante deles. Depois disse-lhes: «Foram estas as palavras que vos dirigi, quando ainda estava convosco: ‘Tem de se cumprir tudo o que está escrito a meu respeito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos’». Abriu-lhes então o entendimento para compreenderem as Escrituras e disse-lhes: «Assim está escrito que o Messias havia de sofrer e de ressuscitar dos mortos ao terceiro dia, e que havia de ser pregado em seu nome o arrependimento e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém. Vós sois as testemunhas de todas estas coisas».

Palavra da salvação.

 

Reflexão

Este Evangelho continua o relato do dia da Ressurreição, ligando-se diretamente à narrativa dos discípulos de Emaús. Agora, Jesus aparece no meio dos discípulos reunidos, oferecendo-lhes a Sua paz e confirmando que está verdadeiramente vivo, com corpo e presença real. Ao mostrar-lhes as mãos e os pés, e ao comer diante deles, Jesus desfaz qualquer dúvida: não é um espírito, é o Ressuscitado, aquele mesmo que foi crucificado.

Os discípulos ainda hesitam entre a alegria e o espanto, incapazes de compreender o que os olhos veem. Mas Jesus, com paciência e amor, conduz os seus à fé plena. Ele abre-lhes o entendimento para compreenderem as Escrituras, mostrando que tudo o que aconteceu — paixão, morte e ressurreição — estava já anunciado na Lei, nos Profetas e nos Salmos.

Neste gesto de abertura das Escrituras, Jesus cumpre o que é central para a fé cristã: a unidade entre o Antigo e o Novo Testamento, a continuidade do plano de Deus, e a necessidade do sofrimento redentor para alcançar a glória da Ressurreição. E depois deste dom, Jesus confia-lhes uma missão: serem testemunhas da sua morte e ressurreição, e anunciarem o perdão dos pecados a todos os povos.

Também nós somos hoje chamados a viver e a testemunhar esta verdade. A fé no Ressuscitado não é um sentimento íntimo e secreto, mas uma certeza alegre e pública, que nos envia ao mundo com a missão de proclamar a paz, a misericórdia e o perdão de Deus.

🙏 Oração
Senhor Jesus Ressuscitado,
Tu que vieste ao nosso encontro com paz e ternura,
fortalece a nossa fé vacilante
e abre o nosso entendimento para compreender as Escrituras.
Faz de nós testemunhas corajosas do Teu amor e da Tua vitória. Ámen.

04 23 Lc 24, 13-35 – Quarta-feira 📌 Os discípulos de Emaús

 

EVANGELHO Lc 24, 13-35

«Reconheceram-n’O ao partir o pão»

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Dois dos discípulos de Jesus iam a caminho duma povoação chamada Emaús, que ficava a duas léguas de Jerusalém. Conversavam entre si sobre tudo o que tinha sucedido. Enquanto falavam e discutiam, Jesus aproximou-Se deles e pôs-Se com eles a caminho. Mas os seus olhos estavam impedidos de O reconhecerem. Ele perguntou-lhes: «Que palavras são essas que trocais entre vós pelo caminho?» Pararam, com ar muito triste, e um deles, chamado Cléofas, respondeu: «Tu és o único habitante de Jerusalém a ignorar o que lá se passou nestes dias». E Ele perguntou: «Que foi?» Responderam-Lhe: «O que se refere a Jesus de Nazaré, profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo; e como os príncipes dos sacerdotes e os nossos chefes O entregaram para ser condenado à morte e crucificado. Nós esperávamos que fosse Ele quem havia de libertar Israel. Mas, afinal, é já o terceiro dia depois que isto aconteceu. É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos sobressaltaram: foram de madrugada ao sepulcro, não encontraram o corpo de Jesus e vieram dizer que lhes tinham aparecido uns Anjos a anunciar que Ele estava vivo. Alguns dos nossos foram ao sepulcro e encontraram tudo como as mulheres tinham dito. Mas a Ele não O viram». Então Jesus disse-lhes: «Homens sem inteligência e lentos de espírito para acreditar em tudo o que os profetas anunciaram! Não tinha o Messias de sofrer tudo isso para entrar na sua glória?» Depois, começando por Moisés e passando pelos Profetas, explicou-lhes em todas as Escrituras o que Lhe dizia respeito. Ao chegarem perto da povoação para onde iam, Jesus fez menção de seguir para diante. Mas eles convenceram-n’O a ficar, dizendo: «Ficai connosco, porque o dia está a terminar e vem caindo a noite». Jesus entrou e ficou com eles. E quando Se pôs à mesa, tomou o pão, recitou a bênção, partiu-o e entregou-lho. Nesse momento abriram-se-lhes os olhos e reconhe¬¬ceram-n’O. Mas Ele desapareceu da sua presença. Disseram então um para o outro: «Não ardia cá dentro o nosso coração, quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?» Partiram imediatamente de regresso a Jerusalém e encontraram reunidos os Onze e os que estavam com eles, que diziam: «Na verdade, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão». E eles contaram o que tinha acontecido no caminho e como O tinham reconhecido ao partir o pão.

 Palavra da salvação.

 REFLEXÃ0

O episódio dos discípulos de Emaús é um dos mais belos e reveladores da presença do Ressuscitado. Nele se entrelaçam dor, esperança, escuta e fé. Os dois discípulos caminham desiludidos, com o coração pesado pela morte de Jesus. A esperança que n’Ele tinham depositado parece ter-se desfeito. No entanto, é precisamente nesse caminho de tristeza e partilha que Jesus Se faz presente, discreto e paciente, caminhando ao seu lado.

O Senhor escuta, questiona, interpreta as Escrituras e revela, progressivamente, que a paixão e a cruz faziam parte do caminho da glória. Mas só ao partir o pão os olhos se abrem plenamente. Aqui, a narração torna-se eucarística: a Palavra que aquece o coração, a hospitalidade que acolhe Jesus, e o gesto da partilha do pão que revela a Sua identidade.

Este relato reflete a estrutura da Eucaristia: escutamos a Palavra, acolhemos Cristo na comunidade, reconhecemo-l’O no Pão partido e somos enviados a anunciar o que vimos e vivemos. Assim, como os discípulos de Emaús, também nós somos chamados a deixar que o nosso coração arda quando a Palavra é proclamada, a abrir os olhos no partir do pão e a correr de novo ao encontro dos irmãos com a Boa Nova no coração.

Na vida, todos nós caminhamos, tantas vezes sem esperança, sem entender os acontecimentos. Mas Jesus caminha connosco. Ele fala-nos, ilumina-nos e parte o pão connosco. Resta-nos pedir: “Fica connosco, Senhor!”

🙏 Oração
Senhor Jesus,
Tu que caminhas connosco nos momentos de dúvida e dor,
acende em nós o fogo da Tua Palavra
e abre os nossos olhos ao partir do pão.
Fica connosco, porque o dia declina
e só a Tua presença nos faz viver. Ámen.

E

04 22 Jo 20, 11-18 – Terça-feira 📌 A aparição a Maria Madalena

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João

Naquele tempo, Maria Madalena estava a chorar junto do sepulcro. Enquanto chorava, debruçou-se para dentro do sepulcro e viu dois Anjos vestidos de branco, sentados, um à cabeceira e outro aos pés, onde estivera deitado o corpo de Jesus. Os Anjos perguntaram a Maria: «Mulher, porque choras?» Ela respondeu- lhes: «Porque levaram o meu Senhor e não sei onde O puseram». Dito isto, voltou-se para trás e viu Jesus de pé, sem saber que era Ele. Disse-lhe Jesus: «Mulher, porque choras? A quem procuras?» Pensando que era o jardineiro, ela respondeu-Lhe: «Senhor, se foste tu que O levaste, diz-me onde O puseste, para eu O ir buscar». Disse-lhe Jesus: «Maria!» Ela voltou-se e respondeu em hebraico: «Rabuni!», que quer dizer: «Mestre!» Jesus disse-lhe: «Não Me detenhas, porque ainda não subi para o Pai. Vai ter com os meus irmãos e diz-lhes que vou subir para o meu Pai e vosso Pai, para o meu Deus e vosso Deus». Maria Madalena foi anunciar aos discípulos: «Vi o Senhor». E contou-lhes o que Ele lhe tinha dito.

Palavra da salvação.

Reflexão

Maria Madalena surge neste evangelho como a primeira testemunha da Ressurreição, e como ícone da Igreja nascente, ainda marcada pela dor, mas prestes a ser iluminada pela alegria pascal. No jardim do sepulcro, chora a ausência de Jesus, sem perceber que Ele está já ali, ao seu lado. A sua busca é sincera, carregada de amor, mesmo que envolta em confusão e desconhecimento. É neste lugar de dor e fidelidade que se dá o encontro com o Ressuscitado.

O momento decisivo é a palavra de Jesus: «Maria!». Ao escutar o seu nome pronunciado por Cristo, ela reconhece-O. O Ressuscitado não Se impõe com demonstrações poderosas, mas revela-Se na intimidade do chamamento pessoal. Esta é a força da Ressurreição: Deus conhece-nos pelo nome, fala ao nosso coração, e nesse encontro somos transformados.

A resposta de Maria — «Rabuni!» — é cheia de ternura e reverência. No entanto, Jesus convida-a a não O reter. A nova relação não será mais física, mas espiritual, vivida na fé e na comunhão com o Pai. O envio que se segue faz de Maria apóstola dos apóstolos: ela é enviada a anunciar aos discípulos a grande novidade pascal.

Neste episódio ecoam as grandes verdades do tempo pascal: Cristo está vivo, Ele conhece-nos pelo nome, chama-nos a anunciar a Boa Nova e faz-nos participantes da vida com Deus. Tal como Maria, também nós somos enviados a proclamar: “Vi o Senhor!”, com a vida, com as palavras, com a fé que se faz testemunho.

🙏 Oração
Senhor Jesus,

 Tu que chamaste Maria Madalena pelo nome
 e encheste o seu coração de luz,
 chama também por mim nas minhas sombras e dúvidas.
 Faz-me reconhecer-Te no meio da dor,
 e envia-me como anunciador da Tua vida nova. Ámen.

**************************************************************************************************************************************************************

Introdução ao convite à partilha

A cena do jardim naquela manhã de Páscoa continua a ecoar milénios depois. A dor de Maria Madalena, a sua fidelidade, o seu amor — e, sobretudo, o seu encontro com o Ressuscitado — são espelho de tantas vidas que choram, que buscam, que não compreendem… até escutarem o seu nome chamado por Cristo.

Hoje, talvez sejas tu quem chora no jardim da tua vida. Ou talvez conheças alguém que procura, sem saber que já está a ser olhado com amor.

Convido-te a responder a uma ou mais perguntas que se seguem. As tuas palavras podem ajudar outros a ver, a ouvir, a crer. Páscoa é vida partilhada.

Perguntas para partilha

  • Maria chora porque sente que perdeu Jesus. Já te sentiste assim na tua vida? Queres partilhar esse momento?
  • Jesus chama Maria pelo nome. Que importância tem para ti saber que Deus te conhece pessoalmente?
  • O que achas mais difícil: acreditar na Ressurreição ou reconhecê-la na tua própria vida? Porquê?
  • Maria é enviada a anunciar o que viu. O que é que tu hoje dirias aos outros se tivesses de anunciar a tua experiência com Deus?
  • Se estivesses nesse jardim naquela manhã, o que terias dito ou feito? Consegues imaginar-te nesse lugar?

O que te diz hoje a palavra “Ressurreição”? Que luz traz para a tua vida concreta?