2020-09-15
TERÇA-FEIRA da semana XXIV
Nossa Senhora das Dores – MO
Branco – Ofício da memória.
M
2020-09-15
Nossa Senhora das Dores – MO
Branco – Ofício da memória.
M
2020-09-14
Tópicos de reflexão: .
O caminho da RAZÃO escandalo dos Judeus, a loucura para os pagãos
O caminho da FÉ : glória para os Cristãos.
Valor Valor ao mistério da Cruz JESUS valoriza todo o sofrimento . Saibamos acolher e aceitar a sua mensagem e prosseguir a nossa caminhada olhando para a Cruz da nossa salvação
PALAVRA
No deserto; A água e a sede / O castigo / O reconhecimento e a Cura
O deserto dos judeus , a revolta (sede e cansaço) a falta de Fé . Já não é capaz de reconhecer o poder de Deus, já não tem fé no Senhor que agora vê como Aquele que lhe envenena a vida.
Castigo
Deus manifesta o seu juízo de castigo em relação ao povo, mandando serpentes venenosas (v. 6). Na experiência da morte, os hebreus reconhecem o pecado cometido contra Deus e pedem perdão.
Reconhecimento e cura
E, tal como a mordedura da serpente era letal, assim, agora, a imagem de bronze erguida sobre um poste torna-se motivo de salvação física para quem for mordido.
S. João reconhece na serpente de bronze erguida no deserto por Moisés a prefiguração profética da elevação do Filho do homem crucificado.
Acreditar com olhos de Fé em JESUS
Jesus é enviado pelo Pai para revelar o mistério de amor que se há-de realizar com a sua morte na cruz. Jesus crucificado é a suprema manifestação da glória de Deus. Por isso, a cruz torna-se símbolo de vitória, de dom, de salvação, de amor
Só se acreditamos em Cristo crucificado, isto é, se nos dispomos a acolher o mistério de Deus livres para nos deixar amar e, por nossa vez, tornar-nos dom de amor aos irmãos, Com a Cruz reencontramos o verdadeiro significado da vida,significado em o sofrimento, a injustiça, a perseguição, a morte
– -, “Do Coração de Cristo, aberto na cruz, nasce o homem de coração novo, animado pelo Espírito e unido aos seus irmãos na comunidade de amor, que é a Igreja” (n. 3).
Pedir a Deus
Abraço a tua cruz. Quero carregá-la hoje e todos os dias, trabalhando e suportando as provações da vida
—-
Exaltação da Santa Cruz (14 Setembro)
da Santa Cruz – FESTA
Vermelho – Ofício da festa. Te Deum.
Missa própria, Glória, pf. próprio ou I da Paixão.
Foi na Cruz que Jesus consumou a sua oblação de amor para glória e alegria de Deus e nossa salvação. É, pois, justo que veneremos o sinal e o instrumento da Redenção.
Esta festa nasceu em Jerusalém e difundiu-se por todo o Médio Oriente, onde ainda hoje é celebrada, em paralelo com a Páscoa. A 13 de Setembro foi consagrada a Basílica da Ressurreição, em Jerusalém mandada construir por Santa Helena e Constantino. No dia seguinte, foi explicado ao povo o significado profundo da igreja, mostrando-lhe o que restava da Cruz do Salvador. No século VI esta festa em honra da Santa Cruz já era conhecida em Roma. Em meados do século VII, começou a ser celebrada no dia 14 de Setembro, quando se expunham à veneração dos fiéis as relíquias da Santa Cruz.
Lectio
Primeira leitura: Números 21, 4b-9
Naqueles dias, o povo de Israel impacientou e falou contra Deus e contra Moisés: «Porque nos fizestes sair do Egipto? Foi para morrer no deserto, onde não há pão nem água, estando enjoados com este pão levíssimo?» 6Mas o Senhor enviou contra o povo serpentes ardentes, que mordiam o povo, e por isso morreu muita gente de Israel. 7O povo foi ter com Moisés e disse-lhe: «Pecámos ao protestarmos contra o Senhor e contra ti. Intercede junto do Senhor para que afaste de nós as serpentes.» E Moisés intercedeu pelo povo. Senhor disse a Moisés: «Faz para ti uma serpente abrasadora e coloca-a num poste. Sucederá que todo aquele que tiver sido mordido, se olhar para ela, ficará vivo.» 9Moisés fez, pois, uma serpente de bronze e fixou-a sobre um poste. Quando alguém era mordido por uma serpente e olhava para a serpente de bronze, vivia.
Nos capítulos 20-21 dos Números são narradas as últimas peripécias dos hebreus no deserto, antes da entrada na terra prometida. O povo murmura porque não tem o que deseja; revolta-se, não suporta o cansaço do caminho (v. 2) por causa da fome e da sede (v. 5). Já não é capaz de reconhecer o poder de Deus, já não tem fé no Senhor que agora vê como Aquele que lhe envenena a vida. Deus manifesta o seu juízo de castigo em relação ao povo, mandando serpentes venenosas (v. 6). Na experiência da morte, os hebreus reconhecem o pecado cometido contra Deus e pedem perdão. E, tal como a mordedura da serpente era letal, assim, agora, a imagem de bronze erguida sobre um poste torna-se motivo de salvação física para quem for mordido.
S. João reconhece na serpente de bronze erguida no deserto por Moisés a prefiguração profética da elevação do Filho do homem crucificado.
Evangelho: João 3, 13-17
Naquele tempo, Jesus disse a Nicodemos: 3Ninguém subiu ao Céu a não ser aquele que desceu do Céu, o Filho do Homem. 14Assim como Moisés ergueu a serpente no deserto, assim também é necessário que o Filho do Homem seja erguido ao alto, 15a fim de que todo o que nele crê tenha a vida eterna. 16Tanto amou Deus o mundo, que lhe entregou o seu Filho Unigénito, a fim de que todo o que nele crê não se perca, mas tenha a vida eterna. 17De facto, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele.
O texto do evangelho faz parte do longo discurso com que Jesus responde a Nicodemos, apontando a necessidade da fé para obter a vida eterna e fugir ao juízo de condenação. Jesus, o Filho do homem (v. 13), provém do seio do Pai; é aquele que «desceu do Céu» (v. 13), o único que viu a Deus e pode comunicar o seu projeto de amor, que se realiza na oblação do Filho unigénito. Jesus compara-se à serpente de bronze (cf. Nm 21, 4-9), afirmando que a plena realização do que aconteceu no deserto irá verificar-se quando Ele for elevado na cruz (v. 14) para salvação do mundo (v. 17). Quem olhar para Ele com fé, isto é, quem acreditar que Cristo crucificado é o Filho de Deus, o salvador, terá a vida eterna. Acolhendo n´Ele o dom de amor do Pai, o homem passa da morte do pecado à vida eterna. No horizonte deste texto, transparece o cântico do “Servo de Javé” (cf. Is 52, 13ss.), onde encontramos juntos os verbos “elevar” e “glorificar”. Compreende-se, portanto, que S. João quer apresentar a cruz, ponto supremo de ignomínia, como vértice da glória.
Meditatio
Jesus veio dar cumprimento à história do povo hebreu e à nossa história. Verificamo-lo todas as vezes que lemos a palavra de Deus. De facto, como Ele mesmo afirma, não veio abolir, mas dar pleno cumprimento à Lei. Jesus é Aquele que desceu do céu, Aquele que conhece o Pai, e que está em íntima união com Ele: “Eu e o Pai somos Um” (Jo 10, 30). Jesus é enviado pelo Pai para revelar o mistério da salvação, o mistério de amor que se há-de realizar com a sua morte na cruz. Jesus crucificado é a suprema manifestação da glória de Deus. Por isso, a cruz torna-se símbolo de vitória, de dom, de salvação, de amor. Tudo o que podemos entender com a palavra “cruz” – o sofrimento, a injustiça, a perseguição, a morte – é incompreensível se for olhado apenas com olhos humanos. Mas, aos olhos da fé e do amor, tudo aparece como meio de conformidade com Aquele que nos amou por primeiro. Então, o sofrimento não é vivido como fim em si mesmo, mas como participação no mistério de Deus, caminho que leva à salvação.
Só se acreditamos em Cristo crucificado, isto é, se nos dispomos a acolher o mistério de Deus que incarna e dá a vida por todos; só se nos pomos diante da vida com humildade, livres para nos deixar amar e, por nossa vez, tornar-nos dom de amor aos irmãos, saberemos receber a salvação: participaremos na vida divina de amor. Celebrar a festa da Exaltação da Santa Cruz significa tomar consciência do amor de Deus Pai, que não hesitou em enviar-nos o seu Filho, Jesus Cristo: esse Filho que, despojado do seu esplendor divino, se tornou semelhante aos homens, deu a vida na cruz por cada um dos seres humanos, crente ou não crente (cf. Fil, 2, 6-11). A Cruz torna-se o espelho em que, refletindo a nossa imagem, podemos reencontrar o verdadeiro significado da vida, as portas da esperança, o lugar da renovada comunhão com Deus.
Como dizem as nossas Constituições, “Do Coração de Cristo, aberto na cruz, nasce o homem de coração novo, animado pelo Espírito e unido aos seus irmãos na comunidade de amor, que é a Igreja” (n. 3).
O Pe. Dehon adere, com toda a sua vida, ao “amor de Cristo que aceita a morte” e é trespassado na Cruz. Ele experimenta esse amor, não tanto intelectualmente, mas sobretudo com o coração, e manifesta-o e derrama-o nos irmãos, com a sua bondade. Todos o chamam o “Très bon Père”.
Ao contemplar o amor de Cristo que dá “a vida pelos homens” até morrer pela sua “salvação”, em “obediência filial ao Pai”, na cruz, o Pe. Dehon aprende que o único verdadeiro amor é o amor oblativo. O “Coração de Cristo, aberto na cruz” é a própria fonte do amor oblativo. E a oblação de amor, entendida como imolação, é, para o Pe. Dehon, “a própria fonte da salvação”(Cst 3), é a força do nosso apostolado (cf. Cst 5), é a alma da nossa santidade “para Glória e Alegria de Deus” (Cst 25; cf. Cst 35-39).
“Do Coração de Cristo, aberto na cruz, nasce o homem de coração novo, animado pelo Espírito” (Cst 3). Este nascimento, preanunciado a Nicodemos (cf. Jo 3, 3.5), realizou-se na transfixão do Lado, onde a água que brota de Cristo é sinal do dom do Espírito, do Batismo, do nascimento da Igreja e, na Igreja, de cada um de nós.
Oratio
Divino Coração de Jesus, Tu amaste e quiseste a cruz, como nos mostras nas chamas do teu amor; não tinhas modo mais forte de nos dizer que devemos amá-la. Abraço a tua cruz. Quero carregá-la hoje e todos os dias, praticando a regra, obedecendo, trabalhando e suportando as provações que vierem. (Pe. Dehon, OSP 4, p. 254)
Contemplatio
Esta festa mostra-nos o valor do sinal da cruz. É o sinal da salvação… A cruz fala a Deus, apresenta-lhe tudo o que Nosso Senhor sofreu por nós. Mas a cruz é também símbolo da penitência, da reparação, do sacrifício. A cruz coroou a vida de Nosso Senhor, que foi totalmente passada na humildade, no desapego, no desprezo pelos prazeres terrestres, e na expiação dos nossos pecados. A cruz fala às nossas almas, como um sinal sagrado, como um estandarte eloquente. Ela tornou-se o sinal do cristão. Ela indica o carácter da nossa vida. Somos cruzados, somos marcados pela luta e pelo sacrifício. Uma obra não é verdadeiramente cristã se não for marcada pela cruz. As nossas ações serão santas se tiverem esse sinal, se forem feitas em espírito de humildade, de penitência, de reparação. As nossas iniciativas serão abençoadas por Deus se forem marcadas pela cruz e, sendo preciso, será o próprio Deus a marcá-las com alguma provação, sobretudo se se tratar de uma obra importante. (Leão Dehon, OSP 4, p. 254).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a Palavra:
«Quem acreditar em Jesus elevado na cruz,
terá a vida eterna» (cf. Jo 3, 15)
—-
Exaltação da Santa Cruz (14 Setembro)
da Santa Cruz – FESTA
Vermelho – Ofício da festa. Te Deum.
Missa própria, Glória, pf. próprio ou I da Paixão.
L 1 Num 21, 4b-9 ou Filip 2, 6-11; Sal 77 (78), 1-2. 34-35. 36-37. 38
Ev Jo 3, 13-17
2020-09-13
Verde – Ofício do domingo (Semana IV do Saltério). Te Deum.
+ Missa própria, Glória, Credo, pf. dominical.
L 1 Sir 27, 33 – 28, 9; Sal 102 (103), 1-2. 3-4. 9-10. 11-12
L 2 Rom 14, 7-8
Ev Mt 18, 21-35
2020-09-12
Santíssimo Nome de Maria – MF
Verde ou br. – Ofício da féria ou da memória.
Missa à escolha (cf. p. 18, n. 18).
2020-09-11
Verde – Ofício da féria.
L 1 1 Cor 9, 16-19. 22b-27; Sal 83 (84), 3. 4. 5-6. 12
Ev Lc 6, 39-42
2020-09-10
Verde – Ofício da féria.
Missa à escolha (cf. p. 18, n. 18).
L 1 1 Cor 8, 1b-7. 11-13; Sal 138 (139), 1-2 e 3b. 13-14ab. 23-24
Ev Lc 6, 27-38
2020-09-09
S. Pedro Claver, presbítero – MF
Verde ou br. – Ofício da féria ou da memória.
Missa à escolha (cf. p. 18, n. 18).
L 1 1 Cor 7, 25-31; Sal 44 (45), 11-12. 14-15. 16-17
Ev Lc 6, 20-26
Natividade da Virgem Santa Maria – FESTA
Branco – Ofício da festa. Te Deum.
Missa própria, Glória, pf. de Nossa Senhora.
L 1 Miq 5, 1-4a ou Rom 8, 28-30; Sal 12, 6ab. 6cd
Ev Mt 1, 1-16. 18-23 ou Mt 1, 18-23
2020-09-07
Verde – Ofício da féria.
Missa à escolha (cf. p. 18, n. 18).
L 1 1 Cor 5, 1-8; Sal 5, 5-6a. 6b-7. 12
Ev Lc 6, 6-11
2020-09-06
Verde – Ofício do domingo (Semana III do Saltério). Te Deum.
+ Missa própria, Glória, Credo, pf. dominical.
L 1 Ez 33, 7-9; Sal 94 (95), 1-2. 6-7. 8-9
L 2 Rom 13, 8-10
Ev Mt 18, 15-20
Santa Maria no Sábado – MF
Verde ou br. – Ofício da féria ou da memória.
Missa à escolha (cf. p. 18, n. 18).
L 1 1 Cor 4, 6b-15; Sal 144 (145), 17-18. 19-20. 21
Ev Lc 6, 1-5
L 1 1 Cor 4, 1-5; Sal 36 (37), 3-4. 5-6. 27-28. 39-40ac
Ev Lc 5, 33-39
3 de Setembro S. Gregório Magno, papa e doutor da Igreja – MO
Branco – Ofício da memória.
LEITURA I (anos pares) 1 Cor 3, 18-23
«Tudo é vosso; vós sois de Cristo; Cristo é de Deus»
As divisões que existiam entre os Coríntios eram devidas a uma perspectiva errada que eles tinham acerca dos pregadores do Evangelho. Uns diziam que eram de Paulo, outros de Pedro. E não é assim que as coisas devem ser encaradas. Eles não são de nenhum dos pregadores; os pregadores é que são para eles. Tudo está ao serviço deles. Deus tudo fez para nós, para que todos estejamos agora ao serviço de Cristo e do seu reino, como Cristo está ao serviço de Deus.
Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo
aos Coríntios
Irmãos: Ninguém tenha ilusões. Se alguém entre vós se julga sábio aos olhos do mundo, faça-se louco, para se tornar sábio. Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus, como está escrito: «Apanharei os sábios na sua própria astúcia». E ainda: «O Senhor sabe como são vãos os pensamentos dos sábios». Por isso, ninguém deve gloriar-se nos homens. Tudo é vosso: Paulo, Apolo e Pedro, o mundo, a vida e a morte, as coisas presentes e as futuras. Tudo é vosso; mas vós sois de Cristo, e Cristo é de Deus.
Palavra do Senhor.
PRIMEIRA LEITURA (anos pares) ICOR 3,18-23
Tudo é vosso; vós sois de Cristo; Cristo é de Deus.
Ler a Palavra
O texto está construído sobre uma antítese entre sabedoria e loucura, categorias caras ao mundo grego, que servem para dis¬tinguir o homem verdadeiro do «que nada vale». A equivalência entre os opostos parece muito clara: loucura e sabedoria humana não coincidem com loucura e sabedoria divina, pelo que o que é loucura humana e sabedoria diante de Deus (cf. w. 18-19), já que tudo o que vem de Deus continua a maravilhar o crente.
O fundamento de toda a verdadeira sabedoria é a convicção de que nada do que nos pertence pode ser idolatrado, porque nós pertencemos a Cristo, verdadeira sabedoria do Pai.
Compreender a Palavra
«Tudo é vosso!» Por duas vezes (w. 21 e 22) o Apóstolo Paulo afirma esta verdade, que parece exagerada aos ouvidos de quem se esforça por obter dos homens um pouco de glória, procurando merecê-la com a habilidade ou com a astúcias de um concorrente que quer vencer a todo o custo o desafio da vida. É trabalho vão, porquanto tudo o que é mais desejável aos nossos olhos, está já nas nossas mãos, pronto a ser vivido na medida em que a cons¬ciência o sugere.
A verdadeira sabedoria é então reconhecer que tudo aquilo que se é e se tem vem de Deus, ao qual é necessário dirigir-se com espirito de gratidão, quer por aquilo que se possui, quer por aqui¬lo que ainda não se alcançou. As outras pessoas, então, não estão ao serviço da glória pessoal de algum indivíduo mais importante, mas são destinatárias das capacidades de bem de cada um, cons¬cientes de que tudo o que se tem é dom de Deus e se deve colocar ao serviço de todos.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 23 (24), 1-2.3-4ab.5-6 (R. 1)
Refrão: Do Senhor é a terra e tudo o que nela existe. Repete-se
Do Senhor é a terra e o que nela existe,
o mundo e quantos nele habitam.
Ele a fundou sobre os mares
e a consolidou sobre as águas. Refrão
Quem poderá subir à montanha do Senhor?
Quem habitará no seu santuário?
O que tem as mãos inocentes e o coração puro,
que não invocou o seu nome em vão nem jurou falso. Refrão
Este será abençoado pelo Senhor
e recompensado por Deus, seu Salvador.
Esta é a geração dos que O procuram,
que procuram a face do Deus de Jacob. Refrão
Comentário
O salmista afirma o domínio de Deus sobre todas as coisas. O imperscrutável desígnio divino sustenta o homem, que é colocado na Criação como administrador, não podendo já julgar-se dono de tudo o que possui, porque ele próprio pertence ao Se¬nhor, cujas feições devem ser procuradas na história de cada dia.
ALELUIA Mt 4, 19
Refrão: Aleluia. Repete-se
Vinde comigo, diz o Senhor,
e farei de vós pescadores de homens. Refrão
PRIMEIRA LEITURA (anos pares) ICOR 3,18-23
Tudo é vosso; vós sois de Cristo; Cristo é de Deus.
Ler a Palavra
O texto está construído sobre uma antítese entre sabedoria e loucura, categorias caras ao mundo grego, que servem para dis¬tinguir o homem verdadeiro do «que nada vale». A equivalência entre os opostos parece muito clara: loucura e sabedoria humana não coincidem com loucura e sabedoria divina, pelo que o que é loucura humana e sabedoria diante de Deus (cf. w. 18-19), já que tudo o que vem de Deus continua a maravilhar o crente.
O fundamento de toda a verdadeira sabedoria é a convicção de que nada do que nos pertence pode ser idolatrado, porque nós pertencemos a Cristo, verdadeira sabedoria do Pai.
Compreender a Palavra
«Tudo é vosso!» Por duas vezes (w. 21 e 22) o Apóstolo Paulo afirma esta verdade, que parece exagerada aos ouvidos de quem se esforça por obter dos homens um pouco de glória, procurando merecê-la com a habilidade ou com a astúcias de um concorrente que quer vencer a todo o custo o desafio da vida. É trabalho vão, porquanto tudo o que é mais desejável aos nossos olhos, está já nas nossas mãos, pronto a ser vivido na medida em que a cons¬ciência o sugere.
A verdadeira sabedoria é então reconhecer que tudo aquilo que se é e se tem vem de Deus, ao qual é necessário dirigir-se com espirito de gratidão, quer por aquilo que se possui, quer por aqui¬lo que ainda não se alcançou. As outras pessoas, então, não estão ao serviço da glória pessoal de algum indivíduo mais importante, mas são destinatárias das capacidades de bem de cada um, cons¬cientes de que tudo o que se tem é dom de Deus e se deve colocar ao serviço de todos.
EVANGELHO Lc 5, 1-11
«Deixaram tudo e seguiram Jesus»
Jesus continua nas margens do lago junto dos pescadores. Através da experiência da sua vida de trabalho, Jesus leva-os a compreender, particularmente a Simão Pedro, que o seu futuro será outro. A cena da pesca miraculosa tem uma significação mais larga do que a simples abundância do peixe que foi apanhado na rede: Pedro, a barca, a rede, a pesca, o acto de fé de Pedro e dos colegas, o chamamento e a resposta dos futuros Apóstolos, traduzem o mistério da Igreja e o dos Apóstolos no meio da Igreja: doravante eles serão pescadores de homens. E eles compreenderam a lição: deixaram as redes e seguiram Jesus.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, estava a multidão aglomerada em volta de Jesus, para ouvir a palavra de Deus. Ele encontrava-Se na margem do lago de Genesaré e viu dois barcos estacionados no lago. Os pescadores tinham deixado os barcos e estavam a lavar as redes. Jesus subiu para um barco, que era de Simão, e pediu-lhe que se afastasse um pouco da terra. Depois sentou-Se e do barco pôs-Se a ensinar a multidão. Quando acabou de falar, disse a Simão: «Faz-te ao largo e lançai as redes para a pesca». Respondeu-Lhe Simão: «Mestre, andámos na faina toda a noite e não apanhámos nada. Mas, já que o dizes, lançarei as redes». Eles assim fizeram e apanharam tão grande quantidade de peixes que as redes começavam a romper-se. Fizeram sinal aos companheiros que estavam no outro barco para os virem ajudar; eles vieram e encheram ambos os barcos de tal modo que quase se afundavam. Ao ver o sucedido, Simão Pedro lançou-se aos pés de Jesus e disse-Lhe: «Senhor, afasta-Te de mim, que sou um homem pecador». Na verdade, o temor tinha-se apoderado dele e de todos os seus companheiros, por causa da pesca realizada. Isto mesmo sucedeu a Tiago e a João, filhos de Zebedeu, que eram companheiros de Simão. Jesus disse a Simão: «Não temas. Daqui em diante serás pescador de homens». Tendo conduzido os barcos para terra, eles deixaram tudo e seguiram Jesus.
Palavra da salvação.EVANGELHO Lc 5,1-11
Deixaram tudo e seguiram Jesus.
Ler a Palavra
O chamamento dos discípulos e parte integrante da activida¬de de Jesus pregador. A vocação é um chamamento que se com preende enquanto se escuta a Palavra do Mestre, que ensina todas as gentes. O sinal da pesca milagrosa confirma a eficácia real da sua Palavra, capaz de maravilhar a todos e de tornar os primeiros discípulos conscientes da distância que existe entre eles (pesca¬dores) e Jesus. A confiança na Palavra do Senhor transfigura a identidade do discípulo, que aprende um novo modo de viver.
Compreender a Palavra
O horizonte de referência do texto é a actividade de ensino de Jesus, cuja palavra está sob o signo da abundância, não só porque
atrai muita gente para junto de Si, mas também porque é eficaz e produz fruto como a pesca milagrosa, tanto é verdade que suscita a resposta livre e generosa de Pedro, após ter tomado consciência do seu ser pecador.
O protagonista absoluto é então a Palavra de Deus que Jesus anuncia e que se mostra capaz de mudar a vida dos homens. O pressuposto da sua eficácia, porém, não é a escuta passiva, mas a coragem de fazer o que Jesus ordena, por mais absurdo que pa¬reça. É por isso que Pedro se destaca como um dos primeiros discípulos que experimenta a força dessa Palavra, verdadeira e in-trigante. Seguir o Mestre, respeitável na sua Palavra e na Sua vida, torna-se a solução mais autêntica que se deve pôr em prática para aprender a fazer-se ao largo e para continuar a receber alimento do mar da vida divina.
DA PALAVRA PARA A VIDA
«Faz-te ao largo!» (Lc 5,4) Mais uma vez, a Palavra poderosa e eficaz do Evangelho, que acompanhou as primeiras passa¬gens do Ano Jubilar de 2000, continua a ressoar como convite urgente a medir-se com a santidade de Cristo, meta de todos os caminhos humanos.
O convite a fazer-se ao largo e a lançar as redes pode ser en¬tendido também, seguindo o texto grego do Evangelho, como um avançar para o profundo, onde a água é mais escura e há mais incerteza. Jesus lança um desafio aos pescadores da Ga- lileia a não se deterem onde os peixes se vêem, mas também a irem para onde parece não haver nada. Porque não se vê nada: lá o Senhor preparou já a Sua messe.
A dinâmica do Evangelho de hoje explicita um dado que para o crente é claro: a fadiga humana por si só é estéril, porque sendo inutilizada pelo medo não sabe ousar e procura sempre novas seguranças, com a ilusão de que tudo o que vemos e pensamos seja a totalidade e a possibilidade das coisas que existem. O esforço humano, pelo contrário, guiado e sugeri¬do pela Palavra de Cristo, é porventura mais cansativo, mas é
indubitavelmente mais satisfatório, porque onde não se pensa ousar, é aí que se encontra a abundância dos frutos desejados.
O homem não é feito para estar e agir sozinho, mas foi criado para a relação com Deus e nela é que encontra sustento, fe¬cundidade e alegria.
A reacção de Pedro, depois, não é menos importante, visto que o Apóstolo não se detém a considerar o fruto tão abun¬dante, mas tem a coragem de ir à origem do milagre, reco¬nhecendo em Jesus a nascente e a fonte do bem Na Palavra e na Pessoa de Jesus reside um poder único, cujos frutos são evidentes para quem aceita o desafio de crer n’Ele e de fazer o que Ele diz. O reconhecimento do próprio pecado e da pró¬pria indignidade não impede que se trabalhe segundo o con¬vite do Mestre, antes permite não confiar excessivamente nas próprias forças e saber que todas as forças de vida vêm d’Ele.
A sequela de Jesus nasce do assombro pela Sua coragem e pela Sua confiança na vida, e os frutos que os discípulos podem conseguir dependem unicamente da experiência e do conhe¬cimento que terão feito do seu Mestre {cf. Cl 1,9, primeira leitura, anos pares).
Oração
Deus de infinita grandeza,
que confiais aos nossos lábios impuros
e às nossas frágeis mãos
a tarefa de levar aos homens o anúncio do Evangelho,
amparai-nos com o vosso Espírito,
para que a vossa Palavra,
acolhida por corações abertos e generosos,
frutifique em todos os cantos da terra.Bento XVI
Excertos extraídos de alocuções em 28.5.2008 e 4.6.2008 Publicado em 03.09.2015
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Memória de São Gregório Magno, papa e doutor da Igreja. Depois de ter entrado na vida monástica, exerceu a missão de legado pontifício a Constantinopla e foi eleito neste dia para a Sede Romana; exerceu a missão de conciliador em assuntos temporais e atendeu como servo dos servos às suas funções sagradas. Procedeu como bom pastor no governo da Igreja, no cuidado dos pobres, na promoção da vida monástica e especialmente na consolidação e propagação da fé em toda a parte; escreveu muitas obras excelentes sobre teologia moral e teologia pastoral. Morreu no dia doze de Março.
O Papa São Gregório, que foi Bispo de Roma entre 590 e 604, e que mereceu da tradição o título de Magnus/Grande, foi um dos maiores Padres da história da Igreja, um dos quatro Doutores do Ocidente.
Gregório foi verdadeiramente um grande Papa e um grande Doutor da Igreja! Nasceu em Roma, por volta de 540, de uma rica família patrícia da gens Anicia, que se distinguia não só pela nobreza de sangue, mas também pela dedicação à fé cristã e pelos serviços prestados à Sé Apostólica. Desta família nasceram dois Papas: Félix III (483-492), trisavô de Gregório, e Agapito (535-536).
A casa na qual Gregório cresceu estava situada no Clivus Scauri, circundada por solenes edifícios que testemunhavam a grandeza da Roma antiga e a força espiritual do cristianismo. Os exemplos dos pais Gordiano e Sílvia, ambos venerados como santos, e os das duas tias paternas, Emiliana e Tarsília, que viveram na própria casa como virgens consagradas num caminho partilhado de oração e de ascese, inspiraram-lhe altos sentimentos cristãos.
Gregório entrou cedo na carreira administrativa, que também o pai tinha seguido, e em 572 alcançou o seu ápice, tornando-se prefeito da cidade. Esta função, complicada pela tristeza dos tempos, consentiu-lhe dedicar-se num amplo raio a todos os géneros de problemas administrativos, haurindo luzes para as futuras tarefas.
Em particular, permaneceu-lhe um profundo sentido da ordem e da disciplina: tornando-se Papa, sugerirá aos Bispos que tomarem como modelo na gestão dos assuntos eclesiásticos a diligência e o respeito pelas leis próprias dos funcionários civis.
Contudo, esta vida talvez não o satisfizesse porque, não muito tempo depois, deixou todo o cargo civil, para se retirar na sua casa e iniciar a vida de monge, transformando a casa de família no mosteiro de Santo André “al Celio”.
Deste período de vida monástica, vida de diálogo permanente com o Senhor na escuta da sua palavra, permanecer-lhe-á uma profunda saudade que se vê sempre de novo e cada vez mais nas suas homilias: entre as obsessões das preocupações pastorais, recordá-lo-á várias vezes nos escritos como um tempo feliz de recolhimento em Deus, de dedicação à oração, de serena imersão no estudo. Assim pôde adquirir aquele conhecimento profundo da Sagrada Escritura e dos Padres da Igreja do qual se serviu depois nas suas obras.
Mas o retiro claustral de Gregório não durou muito tempo. A preciosa experiência maturada na administração civil num período caracterizado por graves problemas, as relações mantidas nesse cargo com os bizantinos, a estima universal que tinha adquirido, levaram o Papa Pelágio a nomeá-lo diácono e a enviá-lo a Constantinopla como seu “apocrisário” – hoje dir-se-ia “Núncio Apostólico” – para favorecer a superação dos últimos vestígios da controvérsia monofisita e, sobretudo, para obter o apoio do imperador no esforço de conter a pressão longobarda.
A permanência em Constantinopla, onde um grupo de monges tinha retomado a vida monástica, foi importantíssima para Gregório, porque lhe deu a ocasião de adquirir experiência direta com o mundo bizantino, assim como de entrar em contacto com o problema dos Longobardos, que depois teria posto à dura prova a sua habilidade e a sua energia nos anos do Pontificado.
Depois de alguns anos foi chamado de novo para Roma pelo Papa, que o nomeou seu secretário. Eram anos difíceis: as chuvas contínuas, o transbordar dos rios, a carestia afligiam muitas zonas da Itália e também Roma. No final desencadeou-se também a peste, que fez numerosas vítimas, entre as quais também o Papa Pelágio II.
O clero, o povo e o senado foram unânimes em escolher como seu sucessor na Sé de Pedro precisamente a ele, Gregório. Ele procurou opor resistência, tentando até a fuga, mas sem êxito: no final teve que ceder. Era o ano 590.
Reconhecendo em quanto tinha acontecido a vontade de Deus, o novo Pontífice pôs-se imediatamente com alento à obra. Desde o início revelou uma visão singularmente lúcida da realidade com a qual se devia medir, uma extraordinária capacidade de trabalho ao enfrentar os assuntos quer eclesiásticos quer civis, um constante equilíbrio nas decisões, até corajosas, que o cargo lhe impunha.
Conserva-se do seu governo uma ampla documentação graças ao Registo das suas cartas (cerca de 800), nas quais se reflete o confronto quotidiano com as interrogações complexas que afluíam à sua mesa. Eram questões que lhe chegavam dos Bispos, dos Abades, dos clérigos, e também das autoridades civis de qualquer ordem e grau.
Entre os problemas que afligiam naquele tempo a Itália e Roma encontrava-se um de particular realce em âmbito tanto civil como eclesial: a questão longobarda. A ela o Papa dedicou todas as energias possíveis em vista de uma solução verdadeiramente pacificadora.
Ao contrário do Imperador bizantino, que partia do pressuposto de que os Longobardos fossem apenas indivíduos grosseiros e saqueadores, a serem derrotados ou exterminados, São Gregório via este povo com os olhos de um bom pastor, preocupado em lhes anunciar a palavra da salvação, estabelecendo com eles relações de fraternidade em vista de uma paz futura fundada no respeito recíproco e na serena convivência entre italianos, imperiais e longobardos.
Preocupou-se com a conversão dos jovens povos e da nova organização civil da Europa: os Visigodos da Espanha, os Francos, os Saxões, os imigrados na Bretanha e os Longobardos, foram os destinatários privilegiados da sua missão evangelizadora. (…)
Para obter uma paz efetiva em Roma e na Itália, o Papa comprometeu-se profundamente era um verdadeiro pacificador, empreendendo uma cerrada negociação com o rei longobardo Agilulfo. Tal negociação levou a um período de trégua que durou cerca de três anos (598-601), depois dos quais foi possível estabelecer em 603 um armistício mais estável.
Este resultado positivo foi obtido também graças aos contactos paralelos que, entretanto, o Papa mantinha com a rainha Teodolinda, que era uma princesa bávara e, ao contrário dos chefes dos outros povos germânicos, era católica, profundamente católica. (…)
No fundo, os objetivos nos quais Gregório apostou constantemente foram três: conter a expansão dos Longobardos na Itália; subtrair a rainha Teodolinda à influência dos cismáticos e fortalecer a fé católica; mediar entre Longobardos e Bizantinos em vista de um acordo que garantisse a paz na península e ao mesmo tempo consentisse desempenhar uma ação evangelizadora entre os próprios Longobardos. Portanto, foi dúplice a sua constante orientação na complexa vicissitude: promover entendimentos a nível diplomático-político, difundir o anúncio da verdadeira fé entre as populações.
Ao lado da ação meramente espiritual e pastoral, o Papa Gregório tornou-se protagonista ativo também de uma multiforme atividade social. Com os rendimentos do conspícuo património que a Sé romana possuía na Itália, especialmente na Sicília, comprou e distribuiu trigo, socorreu quem estava em necessidade, ajudou sacerdotes, monges e monjas que viviam na indigência, pagou resgates de cidadãos que caíram prisioneiros dos Longobardos, comprou armistícios e tréguas.
Além disso, desempenhou quer em Roma quer noutras partes da Itália uma atenta obra de reorganização administrativa, dando instruções claras para que os bens da Igreja, úteis para a sua subsistência e a sua obra evangelizadora no mundo, fossem geridos com absoluta retidão e segundo as regras da justiça e da misericórdia. Exigia que os colonos fossem protegidos das prevaricações dos concessionários das terras de propriedade da Igreja e, em caso de fraude, fossem imediatamente indemnizados, para que o rosto da Esposa de Cristo não fosse maculado com lucros desonestos.
Gregório desempenhou esta intensa atividade apesar da saúde frágil, que o obrigava com frequência a permanecer de cama por longos dias. Os jejuns praticados durante os anos da vida monástica tinham-lhe causado sérias complicações no aparelho digestivo. Além disso, a sua voz era muito débil e assim, com frequência, era obrigado a confiar ao diácono a leitura das suas homilias, para que os fiéis presentes nas basílicas romanas pudessem ouvi-lo.
Contudo, fazia o possível para celebrar nos dias de festa a Missarum sollemnia, isto é, a Missa solene, e então encontrava-se pessoalmente como povo de Deus, que lhe estava muito afeiçoado, porque via nele a referência autorizada da qual haurir segurança: não por acaso lhe foi depressa atribuído o título de consul Dei.
Apesar das condições dificílimas nas quais teve que desempenhar a sua obra, conseguiu conquistar, graças à santidade da vida e à rica humanidade, a confiança dos fiéis, obtendo para o seu tempo e para o futuro resultados verdadeiramente grandiosos.
Era um homem imerso em Deus: o desejo de Deus estava sempre vivo no fundo da sua alma e precisamente por isso ele vivia sempre muito próximo das pessoas, das necessidades do povo do seu tempo.
Numa época desastrosa, aliás desesperada, soube criar paz e dar esperança. Este homem de Deus mostra-nos onde estão as verdadeiras nascentes da paz, de onde vem a verdadeira esperança e torna-se assim um guia também para nós, hoje.
Não obstante os múltiplos compromissos ligados à sua função de Bispo de Roma, ele deixou-nos numerosas obras, nas quais nos séculos sucessivos a Igreja se inspirou abundantemente. Além do conspícuo epistolário o Registo, (…) com mais de 800 missiva, ele deixou-nos antes de tudo escritos de caráter exegético, entre os quais se distinguem o Comentário moral de Job conhecido sob o título latino de Moralia in Iob, as Homilias sobre Ezequiel e as Homilias sobre os Evangelhos. Depois há uma importante obra de cariz hagiográfico, os Diálogos, escrita por Gregório para a edificação da rainha longobarda Teodolinda.
Sem dúvida, a obra principal e mais conhecida é a Regra pastoral, que o Papa redigiu no início do Pontificado, com finalidades claramente programáticas. (…)
Ele foi um leitor apaixonado da Bíblia, da qual se aproximou com compreensões não simplesmente especulativas: na sua opinião, da Sagrada Escritura o cristão deve tirar não tanto conhecimentos teóricos, como sobretudo o alimento quotidiano para a sua alma, para a sua vida de homem neste mundo.
Por exemplo, nas Homilias sobre Ezequiel ele insiste fortemente acerca desta função do texto sagrado: aproximar-se da Escritura simplesmente para satisfazer o próprio desejo de conhecimento significa ceder à tentação do orgulho e, assim, expor-se ao risco de cair na heresia.
A humildade intelectual é a regra primária para quem procura penetrar as realidades sobrenaturais, começando pelo do Livro sagrado. Obviamente, a humildade não exclui o estudo sério; mas para fazer com que ele seja espiritualmente profícuo, permitindo entrar de modo real na profundidade do texto, a humildade permanece indispensável. Somente com esta atitude interior é possível ouvir real e finalmente a voz de Deus.
Por outro lado, quando se trata da Palavra de Deus, compreender nada significa, se a compreensão não levar à ação. Nestas Homilias sobre Ezequiel encontra-se também a bonita expressão segundo a qual “o pregador deve banhar a sua pena no sangue do seu coração; assim, poderá chegar também ao ouvido do próximo”. Lendo estas homilias, vê-se que Gregório realmente escreveu com o sangue do seu coração e, por isso, ainda hoje nos fala.
Gregório desenvolve este discurso inclusive no Comentário moral de Job. Seguindo a tradição patrística, ele examina o texto sagrado nas três dimensões do seu sentido: literal, alegórica e moral, que são dimensões do único sentido da Sagrada Escritura. Todavia, Gregório atribui uma clara prioridade ao sentido moral.
Nesta perspetiva, ele propõe o seu pensamento através de alguns binómios significativos saber-fazer, falar-viver, conhecer-agir, em que evoca os dois aspetos da vida humana, que deveriam ser complementares, mas que muitas vezes terminam por ser antitéticos.
Ele comenta que o ideal moral consiste sempre em realizar uma harmoniosa integração entre palavra e ação, pensamento e compromisso, oração e dedicação aos deveres do próprio estado: este é o caminho para realizar aquela síntese, graças à qual o divino desce ao homem e o homem se eleva até à identificação com Deus. O grande Papa traça assim, para o verdadeiro fiel, um projeto de vida completo; por isso, este Comentário moral de Job constituirá, durante a idade média, uma espécie de Suma da moral cristã. (…)
No seu coração, Gregório permaneceu um simples monge e por isso era decididamente contrário aos grandes títulos. Ele queria ser, como costumava escrever sob a sua assinatura, servus servorum Dei. Esta palavra por ele cunhada não era uma fórmula piedosa, mas a verdadeira manifestação do seu modo de viver e de agir.
Sensibilizava-o intimamente a humildade de Deus, que em Cristo se fez nosso servo, nos lavou e lava os pés sujos. Portanto, ele estava persuadido de que, sobretudo um Bispo, deveria imitar esta humildade de Deus e assim seguir Cristo.
Verdadeiramente, o seu desejo era de viver como monge, em diálogo permanente com a Palavra de Deus, mas por amor de Deus soube fazer-se servo de todos numa época repleta de tribulações e de sofrimentos, soube fazer-se “servo dos servos”. Precisamente porque foi assim, ele é grande e mostra-nos também a nós a medida da verdadeira grandeza.
PRIMEIRA LEITURA (anos pares) ICOR 3,18-23
2 de Setembro
QUARTA-FEIRA
PRIMEIRA LEITURA (anos pares) ICOR 3,1-9
Nós somos colaboradores de Deus;vós sois o campo de Deus; vós sois o edifício de Deus.
Ler a Palavra
Paulo, embora começando pelos dons espirituais presentes em Corinto, declara a completa ignorância destes dons por parte dos Coríntios, devido às divisões presentes na comunidade. A origem das divisões é o protagonismo de alguns membros os quais, por dotes particulares, pretendem ter alguns direitos sobre a vida dos fiéis. Mas o ministro de Deus é só um instrumento nas mãos do Senhor, e contribui para o crescimento da Sua obra. Ao ministro, embora julgando-se servo inútil, é confiada a tarefa de colaborar com o Senhor.
Primeira Leitura (1Cor 3,1-9)
Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios.
1Irmãos, não pude falar-vos como a pessoas espirituais. Tive de vos falar como a pessoas carnais, como a crianças na vida em Cristo. 2Pude oferecer-vos somente leite, não alimento sólido, pois ainda não éreis capazes de tomá-lo. E nem atualmente sois capazes de receber alimento sólido, 3visto que ainda sois carnais. As rivalidades e rixas que existem aí, no meio de vós, acaso não mostram que sois carnais e que procedeis de acordo com os impulsos naturais?
4Quando um declara: “Eu sou de Paulo”, e outro: “Eu sou de Apolo”, não estais procedendo como pessoas simplesmente naturais? 5Pois, que é Apolo? Que é Paulo? Não passam de servidores, pelos quais chegastes à fé. E cada um deles exerce seu serviço segundo o dom recebido de Deus. 6Eu plantei, Apolo regou, mas Deus é que fazia crescer. 7De modo que nem o que planta, nem o que rega são, propriamente, importantes. Quem é importante é aquele que faz crescer: Deus.
8Aquele que planta e aquele que rega formam uma unidade, mas cada um receberá o seu próprio salário, proporcional ao seu trabalho. 9Com efeito, nós somos cooperadores de Deus, e vós sois lavoura de Deus, construção de Deus.
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
Compreender a Palavra
A distinção entre «pessoas naturais» e «pessoas espirituais» (v. 1) criou diversas incompreensões na História da Igreja, julgando-se ideal dividir os fiéis em classes, conforme o grau de compreensão da própria fé. Mas a intenção do Apóstolo Paulo não era criar mais divisões no interior da Igreja, já que declara que todos os Coríntios são «homens naturais», precisamente por¬que procuravam separar-se uns dos outros distinguindo-se por privilégios ou pertenças especiais.
É «espiritual» quem possui o mesmo espírito de Cristo, que Se fez servo de todos, para que cada qual, desempenhando o seu tra¬balho, possa estar ao serviço do bem comum. Por isso as tarefas pessoais e os carismas individuais devem colocar-se ao serviço da comunhão, para que a comunidade cristã se torne pólo de atrac¬ção para todas as pessoas. Quem é ministro na Igreja para um de¬terminado cargo que lhe foi confiado, sabe que não pode almejar mais do que ser colaborador de Deus e da alegria dos irmãos.
SALMO RESPONSORLAL SL 32,12-15.20-21
O Salmo 32 descreve a actuação de Deus como um acto de co¬nhecimento de tudo o que o homem faz. Actua verdadeiramen¬te quem conhece as coisas pelo que elas são, e portanto só Deus pode dizer-Se verdadeiro construtor da História, desautorizando todos os que, como no caso dos Coríntios, pretendem orientar os acontecimentos sem os conhecer em profundidade.
Salmo Responsorial (Sl 32)
— Feliz o povo que o Senhor escolheu por sua herança!
— Feliz o povo que o Senhor escolheu por sua herança!
— Feliz o povo cujo Deus é o Senhor, e a nação que escolheu por sua herança! Dos altos céus o Senhor olha e observa; ele se inclina para olhar todos os homens.
— Ele contempla do lugar onde reside e vê a todos os que habitam sobre a terra. Ele formou o coração de cada um e por todos os seus atos se interessa.
— No Senhor nós esperamos confiantes, porque ele é nosso auxílio e proteção! Por isso o nosso coração se alegra nele, seu santo nome é nossa única esperança.
EVANGELHO Lc 4,38-44
Tenho de ir também às outras cidades anunciar a boa nova do reino de Deus.
Ler a Palavra
Jesus apresenta-Se como pregador e curador do homem, das muitas doenças que o afligem. A actividade taumaturgica traz para o Mestre fama e atrai para Ele grandes multidões, tanto mais que os demónios que Ele expulsa continuam a reconhecê-1’0 não só como o Santo, mas também como o «Filho de Deus» (v. 41), o título mais elevado da identidade de Cristo. Mas não é o sucesso de curador que consola Jesus, o qual, pelo contrário, acha priori¬tário anunciar o Reino com a Palavra e a vida.
Evangelho (Lc 4,38-44)
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 38Jesus saiu da sinagoga e entrou na casa de Simão. A sogra de Simão estava sofrendo com febre alta, e pediram a Jesus em favor dela. 39Inclinando-se sobre ela, Jesus ameaçou a febre, e a febre a deixou. Imediatamente, ela se levantou e começou a servi-los.
40Ao pôr-do-sol, todos os que tinham doentes atingidos por diversos males, os levaram a Jesus. Jesus punha as mãos em cada um deles e os curava. 41De muitas pessoas também saíam demônios, gritando: “Tu és o Filho de Deus”. Jesus os ameaçava, e não os deixava falar, porque sabiam que ele era o Messias.
42Ao raiar do dia, Jesus saiu e foi para um lugar deserto. As multidões o procuravam e, indo até ele, tentavam impedi-lo de as deixar. 43Mas Jesus disse: “Eu devo anunciar a Boa Nova do Reino de Deus também a outras cidades, porque para isso é que eu fui enviado”. 44E pregava nas sinagogas da Judeia.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Evangelho (Lc 4,38-44)
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 38Jesus saiu da sinagoga e entrou na casa de Simão. A sogra de Simão estava sofrendo com febre alta, e pediram a Jesus em favor dela. 39Inclinando-se sobre ela, Jesus ameaçou a febre, e a febre a deixou. Imediatamente, ela se levantou e começou a servi-los.
40Ao pôr-do-sol, todos os que tinham doentes atingidos por diversos males, os levaram a Jesus. Jesus punha as mãos em cada um deles e os curava. 41De muitas pessoas também saíam demônios, gritando: “Tu és o Filho de Deus”. Jesus os ameaçava, e não os deixava falar, porque sabiam que ele era o Messias.
42Ao raiar do dia, Jesus saiu e foi para um lugar deserto. As multidões o procuravam e, indo até ele, tentavam impedi-lo de as deixar. 43Mas Jesus disse: “Eu devo anunciar a Boa Nova do Reino de Deus também a outras cidades, porque para isso é que eu fui enviado”. 44E pregava nas sinagogas da Judeia.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Compreender a Palavra
O evangelista Lucas narra um episódio particular acerca da sogra de Simão (w. 38-39), para depois alargar o horizonte da actividade curadora de Jesus a todos os enfermos (v. 40).
Jesus é apresentado como o único e verdadeiro médico, que consegue curar doenças e libertar o homem daquilo que o cor¬rompe e ameaça. Os efeitos da Sua acção são pelo menos dois: habilita a pessoa curada para o serviço (como aconteceu com a sogra de Simâo) e recondu-la na condição de liberdade de deci¬dir por si mesma, sem ter de sofrer o condicionamento de forças obscuras.
Cura e liberdade atraem muitos para o Mestre, mas quando Ele repara que querem retê-1’0, não O deixando livre de conti¬nuar a Sua missão, retira Se. Jesus sente a urgência do anúncio do Reino de Deus, cujos efeitos devem ser, antes de mais, a con versão para uma ordem divina da vida So a partir desta ordem se pode beneficiar da saúde e da liberdade.
DA PALAVRA PARA A VIDA
A actividade curadora testemunhada unanimemente pelos quatro evangelhos acompanha o ensino autoritário e cheio de humanidade do Senhor. Curar os doentes e expulsar os espí¬ritos, que violentam o homem, é fatigante e exige do Mestre um tempo de repouso Curar e retirar-se são dois temas que têm grande importância para nós ainda hoje.
Cura-se somente quem sabe que está doente e por isso se diri¬ge ao médico ou toma remédios. A condição humana perante a plenitude de vida, que é o mistério de Deus, é sempre ca duca e débil, necessitada de ser socorrida, para que o óleo da alegria e da esperança possa restituir vigor à criatura amada por Deus. Saber que se está doente, é a condição necessária para que alguém procure o médico e se deixe tratar Jesus não faz milagres onde falta este reconhecimento de base e onde não há a humildade suficiente para aceitar ser curado.
A procura recorrente da multidão, porém, não distrai o Mestre de recuperar o motivo autêntico da Sua actividade taumatúr gica. A Sua necessidade de Se isolar corresponde ao dever de repousar, mas o vigor recuperado dá a entender que o Senhor reencontrou, na oração silenciosa com o Pai, o motivo autên¬tico de toda a Sua actividade: o anúncio do Reino de Deus. Esta breve anotação do evangelista Lucas sobre o «retirar-se» de Jesus tem uma importância capital para todo o discípulo enviado por Cristo a continuar a Sua obra de evangelizador.
Há uma ordem teologal que devemos seguir continuamente, para que o cansaço das obras não faça abrandar e o sucesso das empresas não faça perder de vista o horizonte autêntico que dá valor às coisas, que é o Reino de Deus. Porventura, este é um modo verdadeiro para traduzir a fidelidade: não só cumprir o próprio dever, mas procurar manter vivo o motivo pelo qual se fazem as coisas.
É nesta linha que deve ler-se também o louvor do autor sa¬grado a Epafras em Cl 1,7 (primeira leitura, anos ímpares), chamando-lhe «fiel ministro de Cristo». A fidelidade de Epa¬fras é a garantia do seu ministério.
A fidelidade dos nossos contactos com o Senhor seja o tes¬temunho da nossa necessidade de estarmos continuamente curados e assistidos por Ele, o médico verdadeiro.
Oraçao
Senhor, na vossa vida mortal passastes fazendo o bem e curando a todos os que estavam prisioneiros do mal.
Vinde ainda hoje, como bom samaritano,
para junto de cada homem ferido na alma e no espírito
e derramai sobre as suas chagas
o óleo da consolação e o vinho da esperança.
O1 de Setembro 2020