Monthly Archives: July 2025

08 03 Lc 12, 13-21 Domingo «O que preparaste, para quem será?»

Cena simbólica dividida em duas metades: À esquerda: um homem vestido ricamente, de costas, a contemplar grandes celeiros cheios de trigo e bens, mas com um olhar vazio, isolado no seu mundo material. O céu ao fundo começa a escurecer. À direita: uma figura luminosa de Jesus, rodeado por pessoas simples, partilhando o pão com os pobres, com rostos serenos e corações abertos. O céu é claro e aberto, irradiando luz.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Naquele tempo, alguém, do meio da multidão, disse a Jesus: «Mestre, diz a meu irmão que reparta a herança comigo». Jesus respondeu-lhe: «Amigo, quem Me fez juiz ou árbitro das vossas partilhas?». Depois disse aos presentes: «Vede bem, guardai-vos de toda a avareza: a vida de uma pessoa não depende da abundância dos seus bens». E disse-lhes esta parábola: «O campo dum homem rico tinha produzido excelente colheita. Ele pensou consigo: ‘Que hei de fazer, pois não tenho onde guardar a minha colheita? Vou fazer assim: Deitarei abaixo os meus celeiros para construir outros maiores, onde guardarei todo o meu trigo e os meus bens. Então poderei dizer a mim mesmo: Minha alma, tens muitos bens em depósito para longos anos. Descansa, come, bebe, regala-te’. Mas Deus respondeu-lhe: ‘Insensato! Esta noite terás de entregar a tua alma. O que preparaste, para quem será?’. Assim acontece a quem acumula para si, em vez de se tornar rico aos olhos de Deus».

Palavra da salvação.

REFLEXÃ0

Lectio – Escuta da Palavra

O Evangelho de hoje (Lc 12, 13-21) insere-se num contexto em que Jesus se dirige a multidões, ensinando com autoridade sobre os caminhos do Reino. Um homem pede a Jesus que intervenha num litígio familiar relacionado com heranças — algo comum na sociedade judaica, onde a partilha dos bens familiares podia gerar conflitos entre irmãos. Mas Jesus recusa esse papel de juiz e conduz os ouvintes a um nível mais profundo: a relação com os bens materiais e o verdadeiro sentido da vida. Ele denuncia a avareza, o desejo insaciável de possuir, e conta uma parábola que mostra a ilusão da segurança nos bens acumulados. O rico pensa apenas em si, no seu conforto, e esquece Deus e os outros. Morre sem estar preparado para o encontro com o Senhor.

Oratio – Resposta em oração

Senhor Jesus, alertas-me para não confiar nas riquezas, nem fazer delas o centro da minha vida. Mostra-me que a vida verdadeira está em ser rico aos olhos de Deus, não em acumular bens terrenos. Dá-me um coração desapegado e generoso, atento às necessidades dos outros. Que a minha alma não adormeça na ilusão do conforto, mas esteja desperta para a Tua vontade e para o amor ao próximo.

Contemplatio – Silêncio adorante
Contemplo a figura do homem rico: rodeado de abundância, mas sozinho, fechado nos seus planos. Contemplo também a voz de Deus que o desperta da ilusão: “Insensato!”. É um convite a viver com sabedoria e a dar prioridade ao que é eterno. No silêncio, deixo ressoar em mim esta pergunta: “O que preparaste, para quem será?”.

Mensagem:
A vida não depende do que temos, mas do amor que damos e da comunhão que vivemos com Deus e com os irmãos. Ser rico aos olhos de Deus é viver com generosidade, sabedoria e fé.

Frase apelativa:
Não guardes tesouros nos celeiros da terra; abre o coração ao céu.

08 02 Mt 14, 1-12 Sábado Mt 14, 1-12 «Herodes mandou decapitar João na cadeia e os seus discípulos foram dar a notícia a Jesus»

08 02 Mt 14, 1-12 Sábado Mt 14, 1-12 «Herodes mandou decapitar João na cadeia e os seus discípulos foram dar a notícia a Jesus»

 Uma **vela acesa numa cela escura**, simbolizando a luz da verdade que brilha mesmo na prisão e a esperança que não se apaga.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus

Naquele tempo, o tetrarca Herodes ouviu falar da fama de Jesus e disse aos seus familiares: «Esse homem é João Batistaque ressuscitou dos mortos. Por isso é que nele se exercem tais poderes miraculosos». De facto, Herodes tinha mandado prender João e algemá-lo no cárcere, por causa de Herodíades, a mulher de seu irmão Filipe. Porque João dizia constantemente a Herodes: «Não te é permitido tê-la por mulher». E embora quisesse dar-Lhe a morte, tinha receio da multidão, que o considerava como profeta. Ocorreu entretanto o aniversário de Herodes e a filha de Herodíades dançou diante dos convidados. Agradou de tal maneira a Herodes, que este lhe prometeu com juramento dar-lhe o que ela pedisse. Instigada pela mãe, ela respondeu: «Dá-me agora mesmo num prato a cabeça de João Batista». O rei ficou consternado, mas por causa do juramento e dos convidados, ordenou que lha dessem e mandou decapitar João no cárcere. A cabeça foi trazida num prato e entregue à jovem, que a levou a sua mãe. Os discípulos de João vieram buscar o seu cadáver e deram-lhe sepultura. Depois foram dar a notícia a Jesus.

Palavra da salvação.

Reflexão

O texto de Mateus 14, 1-12 transporta-nos para a **Galileia do século I d.C.**, um território sob o domínio romano, governado por **Herodes Antipas**, filho de Herodes o Grande. Antipas era um tetrarca, ou seja, governava uma das quatro partes do reino do seu pai, e a sua autoridade, embora significativa, estava sempre sujeita à aprovação de Roma. Este contexto é crucial para entender a complexidade da situação. Herodes, como muitos governantes da época, era vaidoso, supersticioso e preocupado com a sua imagem pública e o seu poder. A sua menção a Jesus como um possível João Batista ressuscitado revela o seu medo e a sua consciência pesada, uma vez que ele próprio havia mandado prender João.

**João Batista** emerge neste cenário como uma voz profética solitária, um arauto da verdade num ambiente de corrupção e desvirtuamento moral. A sua coragem em confrontar Herodes publicamente sobre o seu casamento ilícito com Herodíades – a mulher do seu irmão Filipe – não era apenas uma crítica moral, mas também uma afronta à autoridade e à imagem do tetrarca. A **lei judaica** proibia explicitamente tal união (Levítico 18,16; 20,21), e João, fiel à Torá, não se calava. Esta oposição valeu-lhe a prisão.

Herodes, embora desejasse a morte de João, hesitava devido ao **medo da multidão**, que via João como um profeta. Esta hesitação sublinha a sua preocupação com a **popularidade e a legitimidade** do seu governo. No entanto, a intriga palaciana, orquestrada por **Herodíades**, e a imprudência de Herodes num momento de euforia e ostentação – o banquete de aniversário e a dança da filha de Herodíades, possivelmente Salomé – selaram o destino de João. O **juramento público** feito por Herodes, uma questão de honra na cultura da época, tornou-o refém da sua própria palavra e da malícia de Herodíades.

A **decapitação de João Batista** é um evento chocante que revela a fragilidade da justiça num sistema corrompido e a vulnerabilidade da voz profética face ao poder tirano. A entrega da cabeça num prato simboliza a total desumanização e o desprezo pela vida. A notícia levada a Jesus pelos discípulos de João não é apenas um lamento, mas também um **ponto de viragem**. É o prenúncio do destino que aguarda o próprio Jesus, que também viria a ser uma voz inconveniente para as autoridades da sua época. A mensagem é clara: **a verdade muitas vezes custa caro, mas é essencial para a transformação.**

## Oração

Senhor, ajudai-nos a ser vozes proféticas no nosso tempo, corajosos na defesa da verdade e da justiça, mesmo quando o mundo nos convida ao silêncio. Que a exemplo de João Batista, não nos curvemos perante a opressão e a injustiça, mas sejamos arautos do Vosso Reino. Amém.

## Mensagem

A voz da verdade pode ser silenciada, mas a sua **mensagem permanece viva e continua a ecoar**, inspirando a coragem e a transformação.

## Frase Apelativa

**O silêncio perante a injustiça é um convite à tirania.**

 

 

08 01 Mt 13, 54-58 “Não é Ele o filho do carpinteiro?”

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo, Jesus foi à sua terra e começou a ensinar os que estavam na sinagoga, de tal modo que ficavam admirados e diziam: «De onde Lhe vem esta sabedoria e este poder de fazer milagres? Não é Ele o filho do carpinteiro? A sua Mãe não se chama Maria e os seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? E as suas irmãs não vivem entre nós? De onde Lhe vem tudo isto?». E estavam escandalizados com Ele. Mas Jesus disse-lhes: «Um profeta só é desprezado na sua terra e em sua casa». E por causa da falta de fé daquela gente, Jesus não fez ali muitos milagres.

Palavra da salvação.

Lectio Divina – Mt 13, 54-58
Evangelho: «Não é Ele o filho do carpinteiro? Donde Lhe vem tudo isto?»

1. Lectio – O que diz o texto?
Jesus regressa à sua terra e ensina na sinagoga. A multidão admira-se, mas logo se fecha na incredulidade. Conhecem-No de forma superficial – filho do carpinteiro, familiar de gente comum – e não conseguem ver além disso. Por causa dessa familiaridade e preconceito, recusam a verdade mais profunda que n’Ele habita. Resultado? Jesus não realiza ali muitos milagres, porque a fé é a porta que abre o coração à acção de Deus.

2. Meditatio – O que me diz o texto?
Quantas vezes também nós, como os concidadãos de Jesus, deixamos que o preconceito, a rotina e a dureza do coração nos impeçam de reconhecer o extraordinário no ordinário. Esperamos Deus nas alturas, mas Ele manifesta-Se na humildade e simplicidade. Jesus, tal como os profetas, não é reconhecido pelos seus; também hoje, quem anuncia o Evangelho pode ser rejeitado pelos que o conhecem melhor.

3. Oratio – O que digo a Deus?
Senhor Jesus, dá-me um coração novo, capaz de Te reconhecer mesmo quando Te revelas nos rostos mais simples e nos gestos mais humildes. Livra-me da cegueira da familiaridade e da rigidez do julgamento. Que eu Te acolha com fé, mesmo quando Te escondes na carne da minha história.

4. Contemplatio – O que me leva a viver este texto?
Santo Afonso Maria de Ligório soube reconhecer a presença de Deus nas almas mais simples, nos pobres e nos pecadores. Fundou os Redentoristas para anunciar a Boa Nova àqueles que o mundo desprezava. A sua vida foi resposta fiel a Cristo rejeitado. Afonso não foi bem compreendido por muitos da sua época, mas permaneceu profeta da misericórdia.


Oração:
Senhor, ensina-me a ver com os olhos do coração. Que eu não despreze a Tua presença por estar disfarçada em rostos familiares. À semelhança de Santo Afonso, dá-me a coragem de anunciar-Te mesmo quando me rejeitam. Que a fé vença o medo e o amor supere o julgamento. Ámen.


Mensagem ao leitor:
Não deixes que a familiaridade com Jesus te torne indiferente. Escuta-O como se fosse a primeira vez.

Pensamento apelativo:
A fé cresce quando reconheces Deus no comum da vida.

 

 

07 31 Mt 13, 47-53 Quinta Feira «Escolhem os bons para os cestos e o que não presta deitam-no fora»

Lectio Divina sobre Mt 13,47-53 à luz da vida de Santo Inácio de Loiola

1. Lectio – O que diz o texto?
Jesus apresenta o Reino dos Céus como uma rede lançada ao mar que apanha peixes de toda a espécie. No final, faz-se a separação: os bons para os cestos, o que não presta é deitado fora. Jesus alerta para o juízo final, onde os anjos separarão os justos dos maus. Conclui com uma imagem do escriba que, conhecendo o Reino, sabe tirar do tesouro coisas novas e velhas.

2. Meditatio – O que me diz o texto?
O Evangelho provoca-nos a reflectir sobre a qualidade da nossa vida espiritual: que tipo de peixe sou eu nesta rede do Reino? A rede representa a Igreja, onde todos são acolhidos, mas onde a autenticidade será discernida no fim. Esta palavra exige de mim vigilância, coerência de vida e fidelidade ao Evangelho.

Santo Inácio de Loiola viveu profundamente este discernimento. Depois de uma vida mundana, ferido em batalha, descobriu que os “peixes maus” da sua antiga vida — vaidade, glória terrena, desejo de poder — não podiam entrar no Reino. Fez dos Exercícios Espirituais uma “rede” para ajudar outros a discernir o que é de Deus e o que não é. Inácio soube tirar do tesouro da Igreja “coisas novas e velhas”, unindo tradição e inovação, contemplação e acção.

3. Oratio – O que digo a Deus?
Senhor Jesus,
Tu que tudo vês e conheces os corações,
ajuda-me a ser um “peixe bom” na tua rede.
Purifica-me do que não presta, da falsidade,
do egoísmo, da indiferença.
Ensina-me, como Santo Inácio,
a discernir a tua vontade em todas as coisas
e a procurar, em tudo, a tua maior glória.
Ámen.

4. Contemplatio – O que faço a partir deste texto?
A contemplação leva-me a acolher a Palavra como critério de vida. Tal como Santo Inácio, quero deixar que o Evangelho modele o meu interior, para que, um dia, no fim da pesca, eu seja acolhido no cesto do Reino.

Mensagem ao leitor:
Não deixes para o fim o discernimento que Deus te convida a fazer hoje. A tua vida tem valor eterno.

Pensamento apelativo:
“Quem não se examina, deixa-se apanhar pelas redes da ilusão.” – à maneira de Santo Inácio

 

 

 

07 30  Mt 13, 44-46  Quarta «Vendeu tudo quanto possuía para comprar aquele campo»

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Sugestão de imagem Um campo verde e vasto com um brilho intenso a emergir do solo, sinal de um tesouro escondido. Ao lado, uma mão aberta segura uma pérola luminosa. Ao fundo, um homem caminha com decisão, deixando tudo para trás.

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EVANGELHO Mt 13, 44-46

«Vendeu tudo quanto possuía para comprar aquele campo»..

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus

Naquele tempo, disse Jesus à multidão: «O reino dos Céus é semelhante a um tesouro escondido num campo. O homem que o encontrou tornou a escondê-lo e ficou tão contente que foi vender tudo quanto possuía e comprou aquele campo. O reino dos Céus é semelhante a um negociante que procura pérolas preciosas. Ao encontrar uma de grande valor, foi vender tudo quanto possuía e comprou essa pérola».

Palavra da salvação.

Lectio – Leitura da Palavra (Mt 13, 44-46)

Neste trecho do Evangelho, Jesus oferece-nos duas imagens fortes e belas para descrever o Reino dos Céus: um tesouro escondido num campo e uma pérola preciosa. Em ambos os casos, há descoberta, encanto, decisão e entrega total. Quem encontra o Reino reconhece imediatamente o seu valor e age com determinação: vende tudo o que tem para o adquirir. A alegria da descoberta transforma radicalmente a vida do homem e do negociante.


Meditatio – Meditação pessoal

Estas parábolas levam-me a perguntar: o que considero o verdadeiro tesouro da minha vida? Tenho eu procurado o Reino de Deus com o mesmo entusiasmo de quem descobre uma riqueza incalculável? O Evangelho fala de uma decisão radical: vender tudo. Isto não significa renunciar a tudo de forma literal, mas priorizar, reorganizar os valores, colocar Deus no centro. Sou capaz de deixar o que me prende, para me entregar ao que realmente salva e preenche?


Oratio – Oração breve
Senhor, mostra-me o verdadeiro valor do teu Reino. Dá-me coragem para renunciar ao que é passageiro e abraçar o que é eterno. Que eu te procure com sinceridade, te descubra com alegria e te escolha com todo o meu coração…


Contemplatio – Permanecer na Palavra.

«Vendeu tudo quanto possuía para comprar aquele campo.»
Fica nesta frase… Repete-a lentamente.
Que “campo” me está hoje a ser revelado? Que “pérola” ainda hesito em escolher?
Escuta o silêncio onde Deus fala…


Texto-síntese com perguntas

O Reino de Deus é dom que se revela e tesouro que se descobre.
A alegria do encontro convida à entrega total.

  • Qual é o meu verdadeiro tesouro?
  • Que lugar ocupa Deus na minha escala de valores?
  • Tenho coragem de deixar tudo para ganhar o Reino?

Palavra apelativa final

Descobre. Alegra-te. Entrega-te. O Reino vale tudo, porque te dá tudo.


 

07 29 Lc 10, 38-42 Terça «Marta, Marta, andas inquieta e preocupada com muitas coisas»

.Sugestão de imagens para acompanhar a meditação Jesus em casa de Marta e Maria – imagem clássica com Maria aos pés de Jesus e Marta a servir ao fundo. Um coração dividido e um coração recolhido – ilustração simbólica do conflito interior entre serviço e escuta. Uma cadeira vazia diante da Palavra – espaço de silêncio e contemplação. Luz suave sobre um livro aberto (Bíblia) – presença da Palavra como fonte de paz. Um caminho com sinalizações “Agir” e “Escutar” – escolha d

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EVANGELHO Lc 10, 38-42
«Marta, Marta, andas inquieta e preocupada com muitas coisas»

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo,
Jesus entrou em certa povoação
e uma mulher chamada Marta recebeu-O em sua casa.
Ela tinha uma irmã chamada Maria,
que, sentada aos pés de Jesus,
ouvia a sua palavra.
Entretanto, Marta atarefava-se com muito serviço.
Interveio então e disse:
«Senhor, não Te importas
que minha irmã me deixe sozinha a servir?
Diz-lhe que venha ajudar-me».
O Senhor respondeu-lhe:
«Marta, Marta,
andas inquieta e preocupada com muitas coisas,
quando uma só é necessária.
Maria escolheu a melhor parte,
que não lhe será tirada».

Palavra da salvação.
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Leitura da Palavra (Lectio)

Jesus entra na casa de Marta e Maria. Marta acolhe-O com o serviço, Maria com a escuta. Marta, inquieta e sobrecarregada, pede a intervenção do Senhor. Jesus responde com ternura: «Marta, Marta, andas inquieta com muitas coisas… Maria escolheu a melhor parte».
Este episódio revela o equilíbrio entre acção e contemplação, entre o fazer e o ser.


Meditação pessoal (Meditatio)

Qual é o meu lugar na história: identifico-me mais com Marta ou com Maria?
Tenho dado espaço ao silêncio, à escuta da Palavra, à presença gratuita diante do Senhor?
Será que a minha vida está demasiado absorvida por preocupações, mesmo boas, mas que me impedem de reconhecer o essencial?


Oração breve (Oratio)

Senhor Jesus, ensina-me a parar, a escutar-Te com atenção e amor.
Que eu não me perca em mil tarefas, esquecendo a Tua presença viva.
Dá-me um coração como o de Maria, que Te escolhe acima de tudo, e como o de Marta, que Te serve com generosidade. Amen.


Contemplação (Contemplatio)

Permanece nesta palavra: «Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada»..

Repete-a em silêncio no coração. Deixa que a presença de Jesus se torne o centro do teu dia. Não corras. Fica com Ele.


Texto-síntese com perguntas

Jesus não rejeita o serviço de Marta, mas convida a redescobrir a prioridade da escuta.
O amor verdadeiro sabe agir e sabe parar.
Maria ensina-nos a escolher “a melhor parte”: a presença de Deus, a Palavra viva, o repouso interior que tudo ilumina.

  • Que “preocupações” ocupam o meu coração hoje?
  • Tenho dado tempo ao essencial, ou deixo-me consumir pelo acessório?
  • Que espaço dou à Palavra de Deus no meu dia?

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07 28 Mt 13, 31-35 «O grão de mostarda torna-se árvore, de modo que as aves do céu vêm abrigar-se nos seus ramos» Segunda-feira da semana XVII

 

..Uma pequena semente na palma da mão, com uma árvore enorme ao fundo. Ou então: um pedaço de fermento a ser envolvido numa grande massa de pão. Estas imagens ilustram a mensagem de transformação silenciosa e eficaz do Reino.

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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus

Naquele tempo, Jesus disse ainda à multidão a seguinte parábola: «O reino dos Céus pode comparar-se ao grão de mostarda que um homem tomou e semeou no seu campo. Sendo a menor de todas as sementes, depois de crescer, é a maior de todas as hortaliças e torna-se árvore, de modo que as aves do céu vêm abrigar-se nos seus ramos». Disse-lhes outra parábola: «O reino dos Céus pode comparar-se ao fermento que uma mulher toma e mistura em três medidas de farinha, até ficar tudo levedado». Tudo isto disse Jesus em parábolas, e sem parábolas nada lhes dizia, a fim de se cumprir o que fora anunciado pelo profeta, que disse: «Abrirei a minha boca em parábolas, proclamarei verdades ocultas desde a criação do mundo».

Palavra da salvação.

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REFLEXÃO.


📖 Lectio – Leitura da Palavra

Jesus fala em parábolas à multidão, revelando o mistério do Reino de Deus através de imagens simples e quotidianas:

  • O grão de mostarda, pequenino, cresce e torna-se uma grande árvore.

  • O fermento, em pequena quantidade, faz levedar toda a massa.

Estas imagens falam da lógica de Deus: começa com o pouco e alcança o muito. O Reino cresce em silêncio, por dentro, com força que vem do Alto.


🤔 Meditatio – Meditação pessoal

Estas parábolas desafiam-nos a olhar para a nossa própria vida de fé:

  • O que é que Deus semeou em mim e ainda parece pequeno, invisível?

  • Deixo que o fermento do Evangelho transforme a “massa” da minha vida, dos meus pensamentos, da minha relação com os outros?

  • Acredito na força da paciência, do escondido, do pequeno?


🙏 Oratio – Oração breve

Senhor Jesus,
dá-me a graça de confiar no pequeno que vem de Ti.
Faz crescer em mim a semente da fé
e transforma-me por dentro com o fermento do Teu amor.
Que eu seja sinal do Teu Reino, discreto mas vivo,
no meio do mundo. Ámen.


👁 Contemplatio – Permanecer na Palavra

Fica em silêncio.
Repete no coração:
«O Reino dos Céus pode comparar-se ao fermento…»
Permite que esta Palavra te habite.
Deixa que se torne vida em ti.


📌 Texto-síntese com perguntas

O Reino de Deus não se impõe, cresce.
É como semente pequena e fermento escondido.
A sua força está na discrição e na transformação silenciosa.
Perguntas para interiorização:

  • Sou impaciente com o processo de crescimento da fé?

  • Sei valorizar os pequenos gestos de bem?

  • Que tipo de “fermento” estou a ser na minha comunidade, na minha família?


📣 Palavra apelativa final

Crê no poder do pouco que vem de Deus.
Planta com esperança. Age com amor.
E o Reino crescerá!

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07 31 Lc 14, 1.7-14 «Quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado»

Imagem Sugerida:
Uma mesa de banquete simples, mas farta, com pessoas de todas as idades e condições sociais sentadas lado a lado, sorrindo e partilhando o alimento, com Jesus ao centro, servindo a todos com um olhar amoroso.

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Naquele tempo, Jesus entrou, num sábado, em casa de um dos principais fariseus para tomar uma refeição. Todos O observavam. Ao notar como os convidados escolhiam os primeiros lugares, Jesus disse-lhes esta parábola: «Quando fores convidado para um banquete nupcial, não tomes o primeiro lugar. Pode acontecer que tenha sido convidado alguém mais importante do que tu; então, aquele que vos convidou a ambos, terá que te dizer: ‘Dá o lugar a este’; e ficarás depois envergonhado, se tiveres de ocupar o último lugar. Por isso, quando fores convidado, vai sentar-te no último lugar; e quando vier aquele que te convidou, dirá: ‘Amigo, sobe mais para cima’; ficarás então honrado aos olhos dos outros convidados. Quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado». Jesus disse ainda a quem O tinha convidado: «Quando ofereceres um almoço ou um jantar, não convides os teus amigos nem os teus irmãos, nem os teus parentes nem os teus vizinhos ricos, não seja que eles por sua vez te convidem e assim serás retribuído. Mas quando ofereceres um banquete, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos; e serás feliz por eles não terem com que retribuir-te: ser-te-á retribuído na ressurreição dos justos.

Palavra da salvação.

Este texto da carta aos Hebreus e do Evangelho de Lucas oferece-nos uma profunda reflexão sobre a nossa relação com Deus e com o próximo.

Leitura da Palavra

Em Hebreus 12, 18-19. 22-24a, somos confrontados com a diferença entre a antiga aliança, marcada pelo temor e pela inacessibilidade do Monte Sinai, e a nova aliança. Agora, não nos aproximamos de um monte que arde em fogo, mas sim do Monte Sião, da Jerusalém celeste, de milhares de anjos em festa, da assembleia dos primogénitos e de Deus, o juiz de todos. Chegamos a Jesus, mediador de uma nova aliança, cujo sangue fala mais eloquentemente que o de Abel.

O Evangelho de Lucas 14, 1. 7-14, apresenta Jesus num banquete, observando como os convidados escolhiam os primeiros lugares. Ele ensina uma parábola sobre a humildade: quem se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado. Jesus aconselha a convidar para os banquetes não os amigos ou ricos que podem retribuir, mas sim os pobres, aleijados, coxos e cegos, pois a recompensa virá de Deus na ressurreição dos justos.

Meditação Pessoal

A leitura de Hebreus convida-nos a refletir sobre a graça da nova aliança. Não estamos sob o jugo do medo, mas numa relação de proximidade e confiança com Deus através de Jesus. A Jerusalém celeste é a nossa verdadeira pátria, e somos chamados a viver como cidadãos desse reino, onde a alegria e a comunhão prevalecem.

Lucas, por sua vez, desafia-nos à humildade radical e ao amor desinteressado. Quantas vezes procuramos o reconhecimento, a admiração, os “primeiros lugares” na vida? Jesus inverte a lógica do mundo: a verdadeira grandeza está em servir, em dar sem esperar recompensa, em acolher os marginalizados. A generosidade para com aqueles que nada podem retribuir é o verdadeiro sinal do discipulado.

Oração Breve

Senhor, agradecemos pela nova aliança em Jesus, que nos aproxima de Ti sem medo. Dá-nos a graça da humildade para servir os mais pobres e necessitados, sem buscar o nosso próprio engrandecimento. Que o nosso coração se alegre em dar, assim como o Teu se alegra em perdoar e amar. Amém.

Contemplação – Permanecer na Palavra

Permaneço na imagem de Jesus que nos convida para um banquete diferente, onde os últimos são os primeiros. Sinto o chamado a despir-me de qualquer pretensão e a abraçar a alegria de servir sem reservas. A verdadeira festa está na comunhão com Deus e com aqueles que o mundo esquece.

Texto-síntese com perguntas

A nova aliança em Cristo não é de temor, mas de proximidade a Deus. A verdadeira grandeza está na humildade e no serviço desinteressado aos que nada podem retribuir.

  • Como a sua vida reflete a diferença entre a antiga e a nova aliança?
  • Quais “primeiros lugares” você tem procurado na sua vida?
  • A quem você tem convidado para o “seu banquete” da vida?

Palavra apelativa final:

Serviço.

Imagem Sugerida:

Uma mesa de banquete simples, mas farta, com pessoas de todas as idades e condições sociais sentadas lado a lado, sorrindo e partilhando o alimento, com Jesus ao centro, servindo a todos com um olhar amoroso.

08 24 Domingo XXI do Tempo Comum – 24 de Agosto de 2025,

Sugestão de imagem
🖼️ Uma multidão diversa a aproximar-se de uma porta estreita iluminada, que dá acesso a uma mesa grande e luminosa onde reina a alegria e a comunhão.
(Símbolo do esforço pessoal e da universalidade do Reino.)


Lectio – Leitura da Palavra

Jesus, a caminho de Jerusalém, responde a uma pergunta curiosa: «São poucos os que se salvam?» Ele não responde com estatísticas, mas com um apelo: «Esforçai-vos por entrar pela porta estreita.» O Reino de Deus é um dom universal, aberto a todos — virão do Oriente e do Ocidente — mas exige resposta pessoal, conversão, compromisso. A familiaridade externa com Jesus — comer com Ele, ouvi-l’O — não substitui uma vida coerente com a Sua Palavra.


Meditatio – Meditação pessoal

Este Evangelho leva-me a fazer um exame de consciência. Estou apenas próximo de Jesus por hábito, tradição, ou vivo mesmo de acordo com a Sua vontade? A porta estreita não é uma metáfora de exclusão, mas de exigência: implica renúncia ao egoísmo, fidelidade no pequeno, perseverança no caminho.

A imagem da porta que se fecha lembra-me que há um tempo para responder — e que ele não é infinito. É hoje que devo escolher. É agora que devo esforçar-me.

A promessa final enche-me de esperança: virão de todos os cantos da terra. A salvação não está limitada por raça, cultura ou história — mas por uma única condição: acolher a Palavra com verdade e viver segundo ela.


Oratio – Oração breve

Senhor, ensina-me a entrar pela porta estreita com humildade, paciência e fé. Que eu não me contente com aparências, mas viva em coerência com o Teu Evangelho. Dá-me a coragem de caminhar para Ti todos os dias. Amen.


Contemplatio – Permanecer na Palavra

«Esforçai-vos por entrar pela porta estreita.» (Lc 13,24)
Deixo-me habitar por esta Palavra. É nela que encontro sentido e direcção.


Texto-síntese com perguntas

Sou discípulo de Jesus só de nome ou de coração? A minha vida está a corresponder ao convite de Deus? Que obstáculos preciso de vencer para entrar pela porta estreita?


Palavra apelativa final

“A porta é estreita, mas o coração de Deus é largo: entra quem ama com verdade.”


 

 

08 17 Domingo XX do Tempo Comum –

Sugestão de imagem Um coração em chamas a brilhar no meio da escuridão, com silhuetas humanas a avançar entre sombras — umas atraídas pela luz, outras a virar-lhe as costas.

Lectio – Leitura da Palavra

As leituras deste domingo colocam-nos diante da exigência da fidelidade ao Evangelho, mesmo quando ela nos custa. Jeremias é lançado numa cisterna por anunciar a verdade de Deus. Jesus declara no Evangelho que veio trazer fogo à terra, não paz fácil, mas divisão — aquela que acontece quando uns acolhem a Palavra e outros a rejeitam. A carta aos Hebreus convida-nos a correr com perseverança, mantendo os olhos fixos em Jesus, que sofreu a cruz por amor.


Meditatio – Meditação pessoal

Jeremias, sozinho e perseguido, representa todos os que não têm medo de proclamar a verdade, mesmo quando ela incomoda. Jesus retoma essa coragem profética, revelando que a Sua missão implica confrontos: o fogo que Ele quer acender é o do Espírito, da verdade, da escolha radical pelo Reino.

Quantas vezes preferimos uma paz aparente, evitando conflitos em nome da “boa convivência”, quando, na verdade, estamos a fugir da coerência? O seguimento de Jesus pode dividir famílias, amizades, comunidades — não por vontade de conflito, mas porque a verdade exige posicionamento.


Oratio – Oração breve

Senhor Jesus, que vieste lançar fogo sobre a terra, acende em mim o ardor da Tua verdade. Dá-me coragem para Te seguir mesmo quando isso me custa, e sabedoria para viver com paz interior no meio das divisões. Amen.


Contemplatio – Permanecer na Palavra

“Fixemos os olhos em Jesus, autor e consumador da fé” (Heb 12,2).
Permaneço em silêncio com esta Palavra. Nela encontro a luz para caminhar, mesmo quando o mundo à minha volta vacila.

Texto-síntese com perguntas

A Palavra de Deus hoje desafia-nos: estou disposto a pagar o preço da fidelidade ao Evangelho? Tenho fugido de situações que exigem coragem profética? O fogo de Cristo ainda arde em mim?


Palavra apelativa final

“Não fujas do fogo: é aí que Deus purifica, transforma e revela os corações.”


Sugestão de imagem

🖼️ Um coração em chamas a brilhar no meio da escuridão, com silhuetas humanas a avançar entre sombras — umas atraídas pela luz, outras a virar-lhe as costas.
(Representa o fogo de Cristo que ilumina, divide e transforma.)

 

08 10 Lc 12 32-48 “Onde estiver o vosso tesouro aí estará também o vosso coração “

 

08 10 Lc 12 32-48 “Onde estiver o vosso tesouro aí estará também o vosso coração “Sugere uma imagem Uma lâmpada a óleo acesa, com a chama brilhante, colocada numa janela escura, simbolizando a prontidão e a luz que dissipa a escuridão da espera.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Não temas, pequenino rebanho, porque aprouve ao vosso Pai dar-vos o reino. Vendei o que possuís e dai-o em esmola. Fazei bolsas que não envelheçam, um tesouro inesgotável nos Céus, onde o ladrão não chega nem a traça rói. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará o vosso coração. Tende os rins cingidos e as lâmpadas acesas. Sede como homens que esperam o seu senhor ao voltar do casamento, para lhe abrirem logo a porta, quando chegar e bater. Felizes esses servos, que o senhor, ao chegar, encontrar vigilantes. Em verdade vos digo: cingir-se-á e mandará que se sentem à mesa e, passando diante deles, os servirá. Se vier à meia-noite ou de madrugada, felizes serão se assim os encontrar. Compreendei isto: se o dono da casa soubesse a que hora viria o ladrão, não o deixaria arrombar a sua casa. Estai vós também preparados, porque na hora em que não pensais virá o Filho do homem». Disse Pedro a Jesus: «Senhor, é para nós que dizes esta parábola, ou também para todos os outros?». O Senhor respondeu: «Quem é o administrador fiel e prudente que o senhor estabelecerá à frente da sua casa, para dar devidamente a cada um a sua ração de trigo? Feliz o servo a quem o senhor, ao chegar, encontrar assim ocupado. Em verdade vos digo que o porá à frente de todos os seus bens. Mas se aquele servo disser consigo mesmo: ‘O meu senhor tarda em vir’, e começar a bater em servos e servas, a comer, a beber e a embriagar-se, o senhor daquele servo chegará no dia em que menos espera e a horas que ele não sabe; ele o expulsará e fará que tenha a sorte dos infiéis. O servo que, conhecendo a vontade do seu senhor, não se preparou ou não cumpriu a sua vontade, levará muitas vergastadas. Aquele, porém, que, sem a conhecer, tenha feito ações que mereçam vergastadas, levará apenas algumas. A quem muito foi dado, muito será exigido; a quem muito foi confiado, mais se lhe pedirá».

Palavra da salvação.

Leitura da Palavra (Lectio)

O Evangelho de Lucas 12, 32-48, intitulado «Estai vós também preparados», convida-nos a uma vigilância contínua, uma atitude que ecoa o espírito pascal. Jesus começa por tranquilizar o “pequenino rebanho”, garantindo-lhes o Reino do Pai. Esta promessa é acompanhada de exortações práticas: desprendimento material (“vendei o que possuís e dai-o em esmola”) e a acumulação de tesouros celestiais, onde o coração verdadeiramente se encontra. A parábola do senhor que regressa do casamento ilustra a importância de estar sempre alerta e vigilante, com “rins cingidos e lâmpadas acesas”. A felicidade é prometida aos servos encontrados em prontidão. Jesus estende o aviso a todos, comparando a sua vinda inesperada à chegada de um ladrão.

A questão de Pedro leva Jesus a aprofundar a parábola, distinguindo entre o administrador fiel e prudente e o infiel. A quem é confiado muito, muito será exigido. O administrador fiel é aquele que cumpre a sua missão, distribuindo “a sua ração de trigo” no tempo certo, enquanto o infiel, que se entrega à ociosidade e à opressão, será severamente punido. A parábola culmina com a ideia de que a responsabilidade é proporcional ao conhecimento e aos dons recebidos: quem conhece a vontade do senhor e não a cumpre, receberá mais castigo.

Meditação Pessoal (Meditatio)

Este texto de Lucas ressoa profundamente em mim, evocando uma sensação de urgência e propósito. A ideia de “não temer” é um bálsamo, especialmente quando confrontado com as incertezas da vida. A exortação ao desprendimento material e à busca por “tesouros inesgotáveis nos Céus” desafia-me a reavaliar as minhas prioridades. Onde está o meu coração? Será que as minhas ações refletem um investimento no que é eterno?

A imagem dos “rins cingidos e lâmpadas acesas” é poderosa. Ela não sugere uma espera passiva, mas uma vigilância ativa e preparada. Sinto-me chamado a estar em constante estado de prontidão, não por medo, mas por um desejo de acolher o Senhor em qualquer momento. A parábola do administrador fiel e prudente confronta-me com a minha própria administração dos dons e talentos que me foram confiados. Estou a usá-los para servir os outros e para o bem do Reino, ou estou a cair na tentação da complacência e do egoísmo? A responsabilidade acrescida para quem muito recebeu é um alerta solene.

Oração Breve (Oratio)

Senhor, concedei-me a graça de viver com os rins cingidos e a lâmpada acesa. Que o meu coração esteja verdadeiramente onde está o meu tesouro em Ti. Ajudai-me a ser um administrador fiel e prudente dos dons que me concedestes, para que, na vossa vinda, me encontreis vigilante e ocupado em fazer a vossa vontade. Amém.

Permanecer na Palavra (Contemplatio)

Permaneço na imagem do servo vigilante, com a lâmpada acesa, à espera do seu senhor. Esta não é uma espera ansiosa, mas uma espera cheia de esperança e propósito, fundamentada na certeza do amor do Pai que nos dá o Reino. A vigilância é um estado de espírito, uma atitude de vida.

Texto-síntese com perguntas

O Evangelho de Lucas 12, 32-48 nos convida a uma vigilância ativa e um desprendimento material para acumular tesouros no Céu. Onde está o nosso tesouro, lá estará o nosso coração. Somos chamados a ser como servos vigilantes que esperam o seu senhor, e a sermos administradores fiéis e prudentes dos dons que nos foram confiados, pois a quem muito foi dado, muito será exigido.

  • Estou verdadeiramente preparado para a vinda do Senhor em qualquer momento da minha vida?
  • As minhas prioridades refletem um investimento em tesouros celestiais ou terrenos?
  • Como estou a administrar os dons e talentos que Deus me deu para servir o Seu Reino?

Palavra apelativa final

VIGIA!

 

08 03 Lc 12, 13-21 Domingo “insensatos. Esta noite vão exigir que entregues a alma”

Celeiros vazios com um coração luminoso ao centro – Representa o contraste entre o vazio dos bens acumulados e a plenitude de um coração voltado para Deus. – O coração brilhante evoca a riqueza interior e espiritual, única que permanece.

EVANGELHO Lc 12, 13-21
«O que preparaste, para quem será?»

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Naquele tempo, alguém, do meio da multidão, disse a Jesus: «Mestre, diz a meu irmão que reparta a herança comigo». Jesus respondeu-lhe: «Amigo, quem Me fez juiz ou árbitro das vossas partilhas?». Depois disse aos presentes: «Vede bem, guardai-vos de toda a avareza: a vida de uma pessoa não depende da abundância dos seus bens». E disse-lhes esta parábola: «O campo dum homem rico tinha produzido excelente colheita. Ele pensou consigo: ‘Que hei de fazer, pois não tenho onde guardar a minha colheita? Vou fazer assim: Deitarei abaixo os meus celeiros para construir outros maiores, onde guardarei todo o meu trigo e os meus bens. Então poderei dizer a mim mesmo: Minha alma, tens muitos bens em depósito para longos anos. Descansa, come, bebe, regala-te’. Mas Deus respondeu-lhe: ‘Insensato! Esta noite terás de entregar a tua alma. O que preparaste, para quem será?’. Assim acontece a quem acumula para si, em vez de se tornar rico aos olhos de Deus».

Palavra da salvação.

Lectio divina sobre Lc 12, 13-21 – «O que preparaste, para quem será?»


Lectio – Leitura da Palavra

Jesus é interpelado por alguém que pretende resolver um conflito de herança. No entanto, em vez de assumir o papel de juiz, Jesus dirige-se à multidão com um ensinamento essencial: a vida não depende da abundância dos bens.
Conta então a parábola de um homem rico que, diante de uma grande colheita, só pensa em si mesmo, nos seus celeiros e no seu conforto. Esquece-se de Deus, dos outros e da fragilidade da vida. Mas Deus interrompe o seu monólogo interior com uma pergunta desconcertante:
«Insensato! Esta noite terás de entregar a tua alma. O que preparaste, para quem será?»


Meditatio – Meditação pessoal

Este Evangelho desafia-nos a rever o sentido que damos aos bens materiais.
Será que vivemos apegados ao que temos, acumulando como se a vida estivesse nas nossas mãos?
O rico da parábola não é condenado pela sua riqueza, mas pela ilusão de segurança e pela ausência de relação com Deus e com os outros.
Vivemos numa sociedade marcada pela lógica do “ter”. Jesus convida-nos a deslocar o foco para o “ser”:
👉 Ser ricos aos olhos de Deus, isto é, generosos, desprendidos, conscientes de que tudo é dom.


Oratio – Oração breve

Senhor,
liberta-me da ilusão de que a vida se constrói com bens acumulados.
Dá-me um coração simples, desprendido e atento às verdadeiras riquezas:
a fé, a caridade, a partilha e a comunhão Contigo.
Faz-me viver cada dia como dom,
e prepara-me para Te entregar a alma com confiança e gratidão.
Ámen.


Contemplatio – Permanecer na Palavra

Permanece nesta pergunta de Deus:
«O que preparaste, para quem será?»
Deixa que ela ilumine as tuas escolhas, os teus projectos e o modo como usas os teus dons.


Texto-síntese com perguntas

  • Onde coloco a minha segurança: em Deus ou nos bens?
  • O que estou a construir com a minha vida?
  • O que tenho serve apenas para mim ou para o bem dos outros?

Palavra apelativa final

Sê rico aos olhos de Deus: partilha o que és e o que tens com generosidade e confiança.


 

07 27 17-23 Domingo “Quanto mais o Pai Celeste dará o E. Santo aqules que lho pedirem

Uma porta entreaberta com luz a irradiar do interior – Em primeiro plano, vê-se uma mão prestes a bater na porta. – No fundo, a luz que sai da porta representa a presença amorosa de Deus, pronta a acolher. – Um caminho de pedras conduz até à porta, sugerindo o percurso da oração persistente.

EVANGELHO Lc 11, 1-13

«Pedi e dar-se-vos-á»

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, estava Jesus em oração em certo lugar. Ao terminar, disse-Lhe um dos discípulos: «Senhor, ensina-nos a orar, como João Batistaensinou também os seus discípulos». Disse-lhes Jesus: «Quando orardes, dizei: ‘Pai, santificado seja o vosso nome; venha o vosso reino; dai-nos em cada dia o pão da nossa subsistência; perdoai-nos os nossos pecados, porque também nós perdoamos a todo aquele que nos ofende; e não nos deixeis cair em tentação’». Disse-lhes ainda: «Se algum de vós tiver um amigo, poderá ter de ir a sua casa à meia-noite, para lhe dizer: ‘Amigo, empresta-me três pães, porque chegou de viagem um dos meus amigos e não tenho nada para lhe dar’. Ele poderá responder lá de dentro: ‘Não me incomodes; a porta está fechada, eu e os meus filhos estamos deitados e não posso levantar-me para te dar os pães’. Eu vos digo: Se ele não se levantar por ser amigo, ao menos, por causa da sua insistência, levantar-se-á para lhe dar tudo aquilo de que precisa. Também vos digo: Pedi e dar-se-vos-á; procurai e encontrareis; batei à porta e abrir-se-vos-á. Porque quem pede recebe; quem procura encontra e a quem bate à porta, abrir-se-á. Se um de vós for pai e um filho lhe pedir peixe, em vez de peixe dar-lhe-á uma serpente? E se lhe pedir um ovo, dar-lhe-á um escorpião? Se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo àqueles que Lho pedem!».
Palavra da salvação.

Lectio divina sobre Lc 11, 1-13 – «Pedi e dar-se-vos-á»

Lectio – Leitura da Palavra

Neste Evangelho, Jesus reza. E da sua oração nasce o desejo dos discípulos: «Senhor, ensina-nos a orar». Jesus responde ensinando a oração do Pai-Nosso, e segue com três imagens fortes: o amigo persistente, o pai que dá bons dons ao filho, e a promessa do Espírito Santo. Estas palavras revelam um Deus próximo, atento e generoso, que se comove com a nossa persistência e confiança.

Meditatio – Meditação pessoal

Este texto convida-nos a rever a nossa própria relação com Deus. Como é a minha oração?
Será um simples pedido ocasional, ou um diálogo confiante com o Pai?
Jesus não nos ensina apenas palavras, mas uma atitude: rezar com fé, confiança e perseverança.
A insistência não é teimosia, mas sinal de amor que não desiste. O Pai conhece as nossas necessidades, mas deseja que o procuremos com coração sincero.

Além disso, a promessa do Espírito Santo é o dom maior. Não se trata apenas de receber o que pedimos, mas de sermos transformados interiormente por aquilo que Deus nos quer dar — e muitas vezes não coincide com o que imaginamos.


Oratio – Oração breve

Senhor Jesus,
ensina-me a rezar com confiança e simplicidade,
como quem fala com um Pai cheio de amor.
Dá-me um coração que não desista de procurar,
um espírito que confie na tua bondade,
e a humildade de aceitar o que verdadeiramente preciso.
Dá-me, acima de tudo, o teu Espírito Santo.
Ámen.


Contemplatio – Permanecer na Palavra

Permanece nesta certeza: o Pai ouve-te, ama-te e responde com amor verdadeiro.
Deixa ecoar no teu coração:
«Quem pede recebe; quem procura encontra; a quem bate, abrir-se-á».
Confia. Espera. Persevera. Deus não falha.


Texto-síntese com perguntas para interiorização

  • Como é a minha oração: confiante ou apressada?
  • Procuro o dom do Espírito Santo ou apenas soluções imediatas?
  • Estou disposto a rezar com insistência, mesmo quando tudo parece fechado?

Palavra apelativa final

Reza com confiança: Deus escuta sempre o coração que bate à Sua porta.

 

07 26 Mt 13, 16-17 «Muitos profetas e justos desejaram ver o que vós vedes»

 

Imagine um casal idoso, com rostos serenos e mãos entrelaçadas, olhando para o horizonte com um brilho de esperança nos olhos. Ao fundo, um sol nascente ilumina uma paisagem de oliveiras, simbolizando a paz, a longevidade e a promessa de um novo dia. O sol pode ser interpretado como o prenúncio da vinda do Messias, a luz que dissipa as trevas da espera.

EVANGELHO Mt 13, 16-17
«Muitos profetas e justos desejaram ver o que vós vedes»

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo,
disse Jesus aos seus discípulos:
«Felizes os vossos olhos porque veem
e os vossos ouvidos porque ouvem!
Em verdade vos digo: muitos profetas e justos
desejaram ver o que vós vedes e não viram
e ouvir o que vós ouvis e não ouviram».

Palavra da salvação.

Leitura (Lectio)

O texto que nos é proposto hoje, de Mateus 13, 16-17, apresenta-nos Jesus a proclamar a bem-aventurança dos Seus discípulos. Ele diz: «Felizes os vossos olhos porque veem e os vossos ouvidos porque ouvem! Em verdade vos digo: muitos profetas e justos desejaram ver o que vós vedes e não viram e ouvir o que vós ouvis e não ouviram».

Esta passagem convida-nos a uma profunda reflexão sobre a graça da revelação. Jesus destaca a singularidade da experiência dos Seus discípulos, que têm o privilégio de ver e ouvir diretamente a manifestação do Reino de Deus em Sua pessoa e ensinamentos. Ele sublinha que esta é uma realidade ansiosamente aguardada por gerações de profetas e justos do Antigo Testamento, que viveram na expectativa e na esperança, mas não tiveram a oportunidade de presenciar o cumprimento das promessas divinas como os discípulos. A bem-aventurança não é por mérito próprio dos discípulos, mas sim um dom divino que lhes foi concedido.


Meditação (Meditatio)

Ao meditar sobre este Evangelho, somos levados a considerar a profundidade do desejo dos profetas e justos. Eles viveram na fé, muitas vezes em tempos de prova e escuridão, confiando na Palavra de Deus que lhes era dada, mas sem a plenitude da revelação que os discípulos de Jesus agora experimentam.

Aqui podemos traçar um paralelo com Joaquim e Ana, os pais de Maria. Eles são figuras veteranas, representantes dessa geração de justos que, embora não sendo profetas no sentido formal, viveram uma vida de retidão e profunda fé. A Tradição da Igreja apresenta-os como um casal idoso, pios e que desejaram ardentemente a vinda do Messias, tal como os profetas e justos.

Joaquim e Ana, apesar da sua avançada idade e da dor da esterilidade, mantiveram uma fé inabalável na providência divina. O seu desejo mais profundo não era apenas ter um filho, mas sim ver o cumprimento das promessas de salvação para o seu povo. Eles, à sua maneira, foram aqueles que “desejaram ver o que vós vedes e não viram”. A sua vida foi uma preparação silenciosa e uma espera paciente pela aurora da salvação.

Deus, na Sua infinita bondade, respondeu à sua fé e perseverança. Através deles, veio ao mundo Maria, a Mãe do Salvador, a Cheia de Graça que traria o próprio Cristo. Assim, Joaquim e Ana, embora não tenham visto Jesus em carne e osso, tiveram o seu desejo mais profundo realizado na pessoa de sua Filha, que se tornou a porta pela qual a plenitude da revelação entrou no mundo. A sua alegria e a sua bem-aventurança residem no facto de terem contribuído, pela sua santidade e fé, para a vinda daquele que “os olhos dos discípulos veem e os seus ouvidos ouvem”. Eles foram instrumentos preciosos na história da salvação, preparando o caminho para a vinda do Reino.


Oração (Oratio)

Senhor Jesus,Agradecemos pelos Teus ensinamentos e pela luz da Tua Palavra. Nós Te pedimos a graça de ter olhos que veem e ouvidos que ouvem,para que possamos reconhecer a Tua presença em nossas vidas e a riqueza do Teu Reino que se manifesta a cada dia.Com Joaquim e Ana, aprendemos a lição da perseverança na fé,mesmo quando os nossos desejos mais profundos parecem tardar.mesmo quando os nossos desejos mais profundos parecem tardar.e que a Tua bem-aventurança nos acompanhe  sempre.Abre os nossos corações para a Tua revelação, para que não sejamos cegos nem surdos à Tua voz que nos chama.Que a nossa vida seja um Ámen. contínuo “sim” à Tua graça,

Contemplação (Contemplatio)

Permita que esta verdade penetre no seu coração: a presença de Deus em nossas vidas é um dom inestimável. Somos convidados a uma vigilância atenta, para não deixarmos passar as manifestações da graça divina. Contemple a figura de Joaquim e Ana, a sua paciência, a sua fé, a sua esperança que não esmoreceu. Veja como a perseverança na oração e na retidão de vida pode preparar o terreno para as maiores bênçãos de Deus. Pense em como o “ver” e o “ouvir” de hoje são, para nós, o acesso à Palavra e aos Sacramentos, onde Jesus se nos revela continuamente.

Ação (Actio)

Que esta reflexão o inspire aaprofundar a sua escuta da Palavra de Deus e a sua participação na vida sacramental. Procure momentos de silêncio para ouvir a voz do Senhor. Aja com a mesma perseverança na fé de Joaquim e Ana, confiando que Deus opera em todas as circunstâncias da sua vida. Compartilhe a alegria da sua fé com aqueles que o rodeiam, testemunhando o que os seus olhos veem e os seus ouvidos ouvem do amor de Deus.


Mensagem

Que a bem-aventurança proclamada por Jesus neste Evangelho ressoe em nossos corações. Somos privilegiados por viver no tempo da plenitude da graça, onde a Palavra de Deus nos é plenamente revelada.

Olhemos para a vida de São Joaquim e Sant’Ana, os pais da Virgem Maria. Eles são um exemplo luminoso de fé paciente e esperança inabalável. As suas vidas, tecidas de oração e retidão, preparam o caminho para a maior das bênçãos: a vinda da Salvação através da sua Filha. Eles nos ensinam que a espera em Deus nunca é em vão, e que mesmo nas provações, a fidelidade é recompensada.

Que este Evangelho e a vida destes santos veteranos nos inspirem a abrir os nossos olhos e ouvidos para a presença constante de Deus em nosso quotidiano. Que possamos reconhecer os sinais da Sua graça e a voz que nos chama a uma vida de amor e serviço.


 

 

 

07 25 Mt 20, 20-28 Sexta O meu Cálice haveis de bebe-lo

07 25 Mt 20, 20-28 Sexta O meu Cálice haveis de bebe lo São Tiago com o bordão de peregrino, caminhando com o olhar firme no horizonte, segurando um cálice dourado resplandecente de luz. Ao fundo, o caminho de Santiago a perder-se no pôr-do-sol, com a cruz de Cristo desenhada nas nuvens.

EVANGELHO Mt 20, 20-28
«Bebereis do meu cálice»

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo,
a mãe dos filhos de Zebedeu
aproximou-se de Jesus com os filhos
e prostrou-se para Lhe fazer um pedido.
Jesus perguntou-lhe: «Que queres?».
Ela disse-Lhe:
«Ordena que estes meus dois filhos
se sentem no teu reino
um à tua direita e outro à tua esquerda».
Jesus respondeu:
«Não sabeis o que estais a pedir.
Podeis beber o cálice que Eu hei de beber?».
Eles disseram: «Podemos».
Então Jesus declarou-lhes:
«Bebereis do meu cálice.
Mas sentar-se à minha direita e à minha esquerda
não pertence a Mim concedê-lo;
é para aqueles a quem meu Pai o designou».
Os outros dez, que tinham escutado,
indignaram-se com os dois irmãos.
Mas Jesus chamou-os e disse-lhes:
«Sabeis que os chefes das nações exercem domínio sobre elas
e os grandes fazem sentir sobre elas o seu poder.
Não deve ser assim entre vós.
Quem entre vós quiser tornar-se grande
seja vosso servo
e quem entre vós quiser ser o primeiro
seja vosso escravo.
Será como o filho do homem,
que não veio para ser servido, mas para servir
e dar a vida pela redenção dos homens».
Palavra da salvação.

REFLEXÃO .

«Bebereis do meu cálice»

Na contemplação deste Evangelho, resplandece a figura de São Tiago, irmão de João, filho de Zebedeu, um dos primeiros a ser chamado por Jesus. A sua mãe aproxima-se de Jesus com um pedido ambicioso, mas sincero: quer para os seus filhos um lugar de honra no Reino. Jesus, porém, mostra que a glória no Reino de Deus não se mede por cadeiras de prestígio, mas pela disposição de beber o cálice da entrega, da dor, da fidelidade.

São Tiago, com João, responde prontamente: “Podemos.” E de facto, não foi uma resposta leviana. Mais tarde, Tiago será o primeiro dos Apóstolos a derramar o sangue pelo nome de Jesus (cf. Act 12,2), testemunhando até ao fim que compreendeu o verdadeiro caminho do discipulado: o da cruz.

No coração desta lectio, a voz de Cristo ressoa firme: “Quem quiser ser grande, seja vosso servo.” Jesus inverte a lógica do mundo: a autoridade no Reino manifesta-se na humildade do serviço. São Tiago aprendeu esta lição. Não pela ambição da mãe, mas pelo caminhar com Cristo, pela escuta atenta, pelo olhar que viu a glória no Tabor e a angústia no Getsémani.

Hoje, celebrando São Tiago, somos convidados a segui-lo nesse caminho: beber o cálice, deixar-nos purificar pela obediência, e viver a nossa vocação cristã ao serviço dos irmãos, na Igreja e no mundo..

ORAÇÃO

Senhor Jesus,
que vieste não para ser servido, mas para servir,
ensina-me a beber do teu cálice com coragem e amor.
Como São Tiago, dá-me um coração disponível,
pronto a seguir-Te na alegria e na dor,
na luz do Tabor e na noite do Getsémani.

Purifica os meus desejos, Senhor,
afasta de mim a ambição de grandeza
e faz-me crescer na humildade do serviço.
Que eu aprenda contigo a ser servo de todos,
a dar a vida pelos irmãos,
a viver com fidelidade o caminho da cruz.

Que o teu exemplo me transforme por dentro
e me ajude a ser sinal do teu Reino
no meio do mundo, na simplicidade,
na escuta e na entrega.
Ámen.

Mensagem

Irmão e irmã em Cristo,
Como São Tiago, sê peregrino da fé. Não busques lugares de destaque, mas entrega total. Aceita o cálice de Cristo: o cálice do amor que serve, do perdão que renuncia ao orgulho, da vida oferecida pelo bem dos outros.
Na tua fraqueza, Deus fará nascer frutos de eternidade.
Caminha. Não estás só. Cristo vai contigo.