Daily Archives: June 21, 2025

06 24 Lc 1, 57-66. 80  Terça «Dar-te-á um filho, ao qual porás o nome de João» «Dar-te-á um filho, ao qual porás o nome de João»

06 24 Lc 1, 57-66. 80  Terça «Dar-te-á um filho, ao qual porás o nome de João» «Dar-te-á um filho, ao qual porás o nome de João»

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Nos dias de Herodes, rei da Judeia,vivia um sacerdote chamado Zacarias,da classe de Abias,cuja esposa era descendente de Aarão e se cham ava Isabel.Eram ambos justos aos olhos de Deuse cumpriam irrepreensivelmente e todos os mandamentos e leis do Senhor.

Não tinham filhos, porque Isabel era estéril  e os dois eram de idade avançada.Quando Zacarias exercia as funções sacerdotais diante de Deus,no turno da sua classe,coube-lhe em sorte, segundo o costume sacerdotal, entrar no Santuário do Senhor para oferecer o incenso.Toda a assembleia do povo, durante a oblação do incenso,estava cá fora em oração.Apareceu-lhe então o Anjo do Senhor,de pé, à direita do altar do incenso.Ao vê-lo, Zacarias ficou perturbado e encheu-se de temor.Mas o Anjo disse-lhe:
«Não temas, Zacarias, porque a tua súplica foi atendida.Isabel, tua esposa, dar-te-á um filho,ao qual porás o nome de João.Será para ti motivo de grande alegria e muitos hão de alegrar-se com o seu nascimento,porque será grande aos olhos do Senhor.Não beberá vinho nem bebida alcoólica;será cheio do Espírito Santo desde o seio maternoe reconduzirá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus.Irá à frente do Senhor, com o espírito e o poder de Elias,para fazer voltar os corações dos pais a seus filhos e os rebeldes à sabedoria dos justos,a fim de preparar um povo para o Senhor».

Palavra da salvação.

REFLEXÃO 

A solenidade do Nascimento de São João Baptista é uma celebração luminosa que revela o cuidado providente de Deus e o início de um tempo novo. O Evangelho segundo São Lucas narra com delicadeza e profundidade o anúncio do nascimento de João, filho de Zacarias e Isabel, um casal justo, mas marcado pela esterilidade e pelo peso da idade. A intervenção do anjo no templo rompe o silêncio e antecipa a alegria: *“A tua súplica foi atendida”*. Deus escuta o clamor dos corações fiéis.

João nasce como sinal de esperança, de renovação e de missão. É o último dos profetas e o primeiro a reconhecer o Messias, ainda no seio de Isabel. Ele será “grande aos olhos do Senhor” não pelo poder, mas pela fidelidade à sua vocação: preparar os caminhos do Senhor. A sua vida austera, marcada pelo deserto, pela palavra firme e pela conversão, aponta para o verdadeiro Cordeiro que tira o pecado do mundo.

A relação com a liturgia do dia 24 de junho enriquece-se ainda com a escolha do nome: *“chamar-se-á João”*, nome que significa “Deus é favorável”. Este nome não vem da tradição familiar, mas da vontade divina. Com ele, inaugura-se uma nova história, não construída por critérios humanos, mas pela ação do Espírito Santo.

Celebrar o nascimento de João é recordar que cada vida, mesmo nascida de condições improváveis, tem uma missão única. Tal como ele, somos chamados a preparar caminhos, a ser luz, a testemunhar a verdade, mesmo quando ela é incómoda. A vocação de João é, por isso, reflexo da nossa: viver como sentinelas da manhã, anunciando a proximidade do Senhor.

**Oração**

Senhor, que escolheste João Baptista desde o seio materno para preparar os Teus caminhos, desperta também em nós a coragem de anunciar a Tua presença. Que sejamos mensageiros da Tua luz, com palavras de verdade e gestos de amor. Ámen.

 

06 23 Mt 7, 1-5 Segunda “Tira primeiro a trave da tua vista”

Um homem a olhar-se ao espelho com um pedaço de madeira (trave) a tapar-lhe os olhos, enquanto uma pessoa ao fundo tenta retirar um pequeno cisco do olho. Uma cena com luz suave, sugerindo introspecção e conversão interior.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Não julgueis e não sereis julgados. Segundo o julgamento que fizerdes sereis julgados, segundo a medida com que medirdes vos será medido. Porque olhas o argueiro que o teu irmão tem na vista e não reparas na trave que está na tua? Como poderás dizer a teu irmão: ‘Deixa-me tirar o argueiro que tens na vista’, enquanto a trave está na tua? Hipócrita, tira primeiro a trave da tua vista e então verás bem para tirar o argueiro da vista do teu irmão».

Palavra da salvação.

REFLEXÃO

Neste breve mas incisivo trecho do Sermão da Montanha, Jesus alerta-nos contra o hábito de julgar os outros, uma tendência tão comum quanto perigosa. O julgamento precipitado revela uma atitude de superioridade moral, muitas vezes disfarçada de zelo ou correção fraterna, mas profundamente marcada pela falta de humildade. Jesus usa uma imagem forte e quase caricatural — a trave e o argueiro — para sublinhar o absurdo de querer corrigir os outros sem antes examinar a própria consciência.

No contexto socio-religioso e cultural contemporâneo, esta mensagem é extremamente actual. Vivemos numa sociedade marcada pela crítica constante nas redes sociais, pela cultura do cancelamento e pela tendência de apontar falhas alheias sem qualquer autocrítica. Na vida da Igreja, também não estamos imunes a esta tentação. Muitas vezes julgamos os irmãos com base em aparências, tradições ou comportamentos exteriores, esquecendo que só Deus conhece o coração.

A palavra de Jesus convida-nos a um exame pessoal sério e humilde, a começarmos por nós mesmos antes de emitirmos juízos sobre os outros. A trave representa os nossos pecados mais profundos — orgulho, inveja, vaidade, dureza de coração — que obscurecem a nossa visão espiritual. Só quando permitimos que Deus purifique o nosso olhar interior é que podemos ajudar, com caridade e verdade, aqueles que nos rodeiam.

No campo cultural, este ensinamento aponta para a necessidade de construir uma convivência mais misericordiosa, onde reine a empatia em vez da condenação. O mundo não precisa de mais juízes, mas de mais irmãos que saibam acompanhar, corrigir com ternura e crescer juntos no bem.

Oração

Senhor Jesus,purifica o meu olhar para que eu veja com verdade.
Livra-me do orgulho que julga, da pressa que condena,
e ensina-me a misericórdia que salva.
Que eu saiba reconhecer a trave nos meus olhos
e estenda a mão ao irmão com humildade e amor.
Ámen.