Daily Archives: June 13, 2025

06 23 Mt 6, 19-23 sexta feira Onde estiver o teu tesouro, aí estará o teu coração»

**Sugestão de Imagem:** Uma imagem poderosa seria **mãos humanas abertas para o céu, com luz dourada emanando delas, enquanto ao fundo, desfocadas, aparecem símbolos de riqueza material (moedas, um smartphone, um carro) sendo corroídos simbolicamente (por traças digitais ou ferrugem abstrata)**. Isso contrasta o tesouro verdadeiro (a luz, o céu, a oferta livre) com a fragilidade das posses terrenas. EVANGELHO Mt 6, 19-23 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Não acumuleis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem os destroem e os ladrões os assaltam e roubam. Acumulai tesouros no Céu, onde a traça e a ferrugem não os destroem e os ladrões não os assaltam nem roubam. Porque onde estiver o teu tesouro, aí estará o teu coração. A lâmpada do teu corpo são os olhos. Se o teu olhar for límpido, todo o teu corpo ficará iluminado. Mas se o teu olhar for mau, todo o teu corpo andará nas trevas. E se a luz que há em ti são trevas, como serão grandes essas trevas!».

Palavra da salvação.

REFLEXÃO

O ensinamento central de Jesus – *”Onde estiver o teu tesouro, aí estará o teu coração”* (Mt 6,21) – ressoa com urgência em nossa era marcada pelo consumo desenfreado, pela busca incessante de segurança material e pela valorização excessiva das posses. Vivemos imersos numa cultura que nos impele a acumular “tesouros na terra”: bens, status, seguranças financeiras, aparências digitais (curtidas, seguidores) e experiências efêmeras. Como alerta Jesus, estes são vulneráveis à “traça e ferrugem” da obsolescência, da crise econômica e da instabilidade, e aos “ladrões” do fracasso, da doença ou da volatilidade do mundo.

A advertência sobre o olhar – *”A lâmpada do teu corpo são os olhos. Se o teu olhar for límpido, todo o teu corpo ficará iluminado. Mas se o teu olhar for mau, todo o teu corpo andará nas trevas”* (Mt 6,22-23) – ganha nova dimensão na sociedade da informação. Nossos “olhos” são constantemente bombardeados por mensagens que exaltam o ter sobre o ser, o prazer imediato sobre o bem duradouro, o individualismo sobre a comunhão. Um olhar “mau” ou distorcido por estes valores mundanos nos leva às “trevas” da insatisfação crônica, da ansiedade, da comparação tóxica e da perda do sentido mais profundo da vida. Precisamos purificar nosso olhar interior, discernindo o que verdadeiramente tem valor eterno.

 

A Igreja, ecoando Jesus, nos convoca ao desapego e à busca dos verdadeiros tesouros. O Catecismo da Igreja Católica afirma: *”O desapego das riquezas é necessário para entrar no Reino dos céus. ‘Bem-aventurados os pobres em espírito'”* (CIC 2544). O “pobre em espírito” é aquele que, livre da escravidão aos bens, coloca sua confiança em Deus e abre o coração à caridade e ao bem comum. O verdadeiro tesouro está nas virtudes, nas relações autênticas, no serviço aos necessitados e na vida em Deus – realidades que nenhuma crise pode destruir.

ORAÇÃO 

Senhor Jesus, purifica o nosso olhar! Liberta nosso coração da sedução dos tesouros passageiros. Ensina-nos a buscar, acima de tudo, o Tesouro do Teu Reino: a justiça, o amor e a paz. Que nossa vida brilhe com a luz das coisas eternas. Amém.

06 19 Lc 19, 11b 17 Quinta Feira “Todos comeram e ficaram saciados”

Imagem sugerida:
Jesus a distribuir pão com os discípulos, rodeado por uma multidão sentada em grupos, com um foco suave sobre os cestos cheios de sobras — sinal de uma Eucaristia inesgotável.

06 19 Lc 19, 11b 17 Quinta Feira “Todos comeram e ficaram saciados”

Comentário ao Evangelho de Lc 9, 11b-17
«Comeram e ficaram saciados»

Este relato da multiplicação dos pães toca o coração da liturgia e da missão da Igreja: alimentar o povo de Deus, tanto material como espiritualmente. A frase central — «Comeram e ficaram saciados» — expressa mais do que uma necessidade satisfeita: revela o amor abundante de Cristo, que continua a saciar-nos na Eucaristia.

Num tempo em que tantos ainda passam fome — de pão, de sentido, de escuta, de verdade —, este Evangelho torna-se apelo e compromisso. Jesus não manda a multidão embora. Pelo contrário, envolve os discípulos e diz-lhes: «Dai-lhes vós de comer». É o mesmo convite que hoje nos dirige, a cada cristão e à Igreja inteira. A caridade e a partilha não são opcionais: fazem parte da identidade eucarística.

O Papa Francisco lembra: «A Eucaristia é pão de pecadores, não prémio de perfeitos» — é alimento para a caminhada, partilhado em comunidade, oferecido com compaixão. Assim como Jesus parte o pão e o dá aos discípulos para distribuírem, também hoje confia à Igreja a missão de alimentar o mundo com o Evangelho e a Eucaristia.

Neste gesto está prefigurada a Missa: Jesus acolhe, ensina, cura, abençoa, parte e entrega. E no fim, sobram doze cestos, sinal de que o amor de Deus não se esgota, e que há sempre mais para repartir.

Oração
Senhor Jesus, Pão vivo descido do Céu, ensina-me a ver as necessidades dos irmãos e a confiar na Tua generosidade. Faz de mim discípulo disponível, que reparte com fé, que acolhe com compaixão e que acredita que, nas Tuas mãos, o pouco se torna abundância.
Amen.

0618 Mt 6, 1-6.16-18 Quarta feira «Teu Pai, que vê no que está oculto, te dará a recompensa»

Sugestão de imagem
Uma vela acesa num espaço escuro e silencioso, com uma Bíblia aberta ao lado — símbolo da luz que nasce no segredo da relação com Deus.

EVANGELHO Mt 6, 1-6.16-18

«Teu Pai, que vê no que está oculto, te dará a recompensa»

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Tende cuidado em não praticar as vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles. Aliás, não tereis nenhuma recompensa do vosso Pai que está nos Céus. Assim, quando deres esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas, nas sinagogas e nas ruas, para serem louvados pelos homens. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa. Quando deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita, para que a tua esmola fique em segredo; e teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a recompensa. Quando rezardes, não sejais como os hipócritas, porque eles gostam de orar de pé, nas sinagogas e nas esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa. Tu, porém, quando rezares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora a teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a recompensa. Quando jejuardes, não tomeis um ar sombrio, como os hipócritas, que desfiguram o rosto, para mostrarem aos homens que jejuam. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa. Tu, porém, quando jejuares, perfuma a cabeça e lava o rosto, para que os homens não percebam que jejuas, mas apenas o teu Pai, que está presente no que é oculto; e teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a recompensa».

Palavra da salvação.

REFLEXÃO

O Evangelho de hoje (Mt 6,1-6.16-18) convida-nos a purificar as nossas intenções e a reencontrar o silêncio fecundo da fé. Jesus não critica a esmola, a oração ou o jejum — práticas fundamentais da vida cristã — mas sim a tentação de as transformar em exibição pública. A frase repetida por três vezes, como um refrão sagrado, dá o tom do texto: «Teu Pai, que vê no que está oculto, te dará a recompensa». Aqui está o coração da mensagem: Deus não olha as aparências, mas o interior do homem.

Vivemos tempos de exposição constante. Nas redes sociais, nas conversas, até nas ações caritativas, há uma tendência a mostrar o bem que se faz, procurando validação exterior. Porém, a fé autêntica nasce e cresce no segredo: no quarto fechado, no rosto limpo, no gesto escondido. O verdadeiro discípulo vive para Deus, não para os aplausos. Como ensina o Catecismo da Igreja Católica, “a oração é o encontro da sede de Deus com a sede do homem” (n.º 2560) — e este encontro dá-se na intimidade do coração.

O versículo central poderia ser: «Quando deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita» (v. 3). Uma imagem de delicadeza e verdade: fazer o bem sem o registar, sem querer que se saiba, sem contabilizar méritos. Esta atitude liberta-nos do ego e liga-nos diretamente ao coração de Deus.

Esta palavra é um apelo à autenticidade cristã: viver a fé como entrega silenciosa, discreta, profunda. O bem feito no escondido é luz que ilumina sem se impor. É aí que Deus habita.

Oração

Senhor, ensina-me a fazer o bem sem procurar recompensa, a rezar com simplicidade e verdade, a viver diante dos teus olhos e não dos olhares do mundo. Que o meu coração seja o lugar do teu encontro. Ámen.

06 17 Mt 5, 43-48 Terca feira

Um sol nascendo sobre uma paisagem dividida (ex.: campo devastado ao lado de um jardim florido), simbolizando que a graça divina não faz distinções. Luz dourada unificando os opostos, reforçando Mt 5, 45. 

Mt 5, 43-48: O Amor Radical no Nosso Tempo**  

EVANGELHO Mt 5, 43-48

«Amai os vossos inimigos»

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Ouvistes que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo’. Eu, porém, digo-vos: Amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem, para serdes filhos do vosso Pai que está nos Céus; pois Ele faz nascer o sol sobre bons e maus e chover sobre justos e injustos. Se amardes aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem a mesma coisa os publicanos? E se saudardes apenas os vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não o fazem também os pagãos? Portanto, sede perfeitos, como o vosso Pai celeste é perfeito».

Palavra da salvação.

REFLEXÃO 

O cerne deste trecho do Sermão da Montanha é a revolução do amor proposta por Jesus: **”Amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem”** (v. 44). Num mundo marcado por polarizações (políticas, sociais, religiosas), guerras e discursos de ódio nas redes, este mandamento soa como um desafio urgente. Jesus desmonta a lógica do “nós contra eles”, revelando que o amor condicional (“amar só quem nos ama”) é insuficiente e comum a todos. O critério divino é outro: **”Para serdes filhos do vosso Pai que está nos Céus; pois Ele faz nascer o sol sobre bons e maus e chover sobre justos e injustos”** (v. 45).  

A perfeição divina (v. 48) não é impecabilidade, mas amor *incondicional*, como recorda o Papa Francisco: *”A medida do amor é amar sem medida”*. A Igreja insiste que este amor aos inimigos é “o ápice da caridade cristã” (CIC 1933), antídoto contra a cultura do descarte. Hoje, “inimigos” podem ser os que pensam diferente, os que nos feriram, ou grupos estigmatizados. Orar por eles não é concordar com o mal, mas recusar-se a desumanizá-los, reconhecendo que também eles são alvos da graça divina.  

ORAÇÃO 

*Pai misericordioso, que fizeste brilhar o sol sobre todos, ensina-nos a romper as barreiras do ódio. Dá-nos coragem para amar os que nos ferem e orar por quem nos persegue, para que, vivendo como verdadeiros filhos teus, sejamos testemunhas da tua perfeição que acolhe e transforma. Amém.*  

 

06 16 Mt 5, 38-42 Segunda «Amai os vossos inimigos»

Uma mão estendida em gesto de reconciliação sobre um fundo de mural urbano com sinais de violência ou grafitis riscados — sinal de que o amor pode escrever por cima do ódio.

EVANGELHO Mt 5, 38-42

«Amai os vossos inimigos»

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Ouvistes que foi dito aos antigos: ‘Olho por olho e dente por dente’. Eu, porém, digo-vos: Não resistais ao homem mau. Mas se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a esquerda. Se alguém quiser levar-te ao tribunal, para ficar com a tua túnica, deixa-lhe também o manto. Se alguém te obrigar a acompanhá-lo durante uma milha, acompanha-o durante duas. Dá a quem te pedir e não voltes as costas a quem te pede emprestado».

Palavra da salvação.

REFLEXÃO

No coração do Evangelho de hoje (Mt 5,38-42) encontramos o apelo radical de Jesus à não-violência, à generosidade e à superação do instinto de vingança. Num mundo onde reina, tantas vezes, a lógica da retribuição e da justiça calculada, estas palavras do Senhor soam como provocação e desafio: «Não resistais ao homem mau» (v. 39). Jesus não nos pede passividade, mas sim uma revolução interior: transformar a agressão em ocasião de misericórdia, o conflito em encontro, a injustiça em liberdade interior.

Num tempo marcado por polarizações, discursos agressivos e indiferença ao outro — nas redes sociais, na política, até nas famílias — esta proposta de Jesus é profundamente atual. O mundo precisa de cristãos que não apenas condenem o mal, mas que escolham conscientemente desarmar o coração. A resposta cristã não é olho por olho, mas rosto por rosto, caminho partilhado, túnica entregue com o manto. Isto não é fraqueza, é força de quem ama até ao fim.

A insistência de Jesus em “dar mais do que te pedem” remete-nos ao coração do Evangelho: a lógica da graça. Citando Santo Inácio de Antioquia: “O amor não exige nada senão a si mesmo”. Esta entrega desinteressada não é desumanizante, é libertadora. Porque quem vive nesta lógica não está à mercê dos outros, mas é conduzido pelo Espírito.

O versículo-chave poderá ser: «Se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a esquerda» (v. 39). É aqui que o amor cristão se mostra na sua mais pura radicalidade: não responder ao mal com o mal, mas com o bem. Tal atitude exige oração, maturidade espiritual e confiança total no Pai.

Oração

Senhor Jesus, ensina-me a responder ao mal com o bem, a superar o orgulho com humildade, a vencer a violência com a força da mansidão. Que o teu Espírito me dê a coragem de amar como Tu amaste. Ámen.