01 25 Terça Conversão do Apóstolo São Paulo

Santos

CONVERSÃO DE S. PAULO, Apóstolo

Nota Histórica

Aguerrido perseguidor dos discípulos de Jesus, Paulo dirigia-se para Damasco, quando, inesperadamente, o Senhor Ressussitado lhe aparece e Se lhe revela. Vencido pela graça, entrega-se, incondi- cionalmente a Cristo, que o escolhe para Seu apóstolo e o encarrega de anunciar o Evangelho, em pé de igualdade com os Doze.
Este encontro marcou profundamente a vida, o pensamento e a acção deste Apóstolo. Paulo descobriu, nesse momento, o poder extraordinário da graça, poder capaz de transformar um perseguidor em Apóstolo. Descobriu, igualmente, que Jesus Ressuscitado Se identifica com os cristãos («Porque Me persegues?»).
Mas este acontecimento foi também de importância decisiva para o desenvolvimento da Igreja. O convertido de Damasco, na verdade, será o Apóstolo que mais virá a contribuir para a expansão missionária da Igreja entre os povos pagãos.

Missa

ANTÍFONA DE ENTRADA cf. 2 Tim 1, 12; 4, 8
Eu sei em quem pus a minha confiança
e sei que o Senhor, justo juiz,
me dará a recompensa no dia da sua vinda.

Diz-se o Glória.


ORAÇÃO COLECTA
Senhor Deus, que instruístes o mundo inteiro
com a palavra do apóstolo São Paulo,
concedei a quantos celebramos hoje a sua conversão
a graça de caminharmos para Vós, como ele,
dando testemunho da vossa verdade no mundo.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.


LEITURA I Act 22, 3-16

«Levanta-te, recebe o baptismo
e purifica-te dos teus pecados, invocando o seu nome»

Leitura dos Actos dos Apóstolos
Naqueles dias, Paulo disse ao povo:
«Eu sou judeu e nasci em Tarso da Cilícia.
Fui, porém, educado nesta cidade de Jerusalém
e recebi na escola de Gamaliel
uma formação estritamente fiel à Lei dos nossos pais.
Era tão zeloso no serviço de Deus,
como vós todos sois hoje.
Persegui até à morte esta nova religião,
algemando e metendo na prisão homens e mulheres,
como podem testemunhar o Sumo Sacerdote e todo o Senado.
Recebi até, da parte deles,
cartas para os irmãos de Damasco
e para lá me dirigi,
com a missão de trazer algemados os que lá estivessem,
a fim de serem castigados em Jerusalém.
Sucedeu, porém, que, no caminho,
ao aproximar-me de Damasco, por volta do meio-dia,
de repente brilhou ao redor de mim
uma intensa luz vinda do Céu.
Caí por terra e ouvi uma voz que me dizia:
‘Saulo, Saulo, porque Me persegues?’.
Eu perguntei: ‘Quem és Tu, Senhor?’.
E Ele respondeu-me:
‘Eu sou Jesus Nazareno, a quem tu persegues’.
Os meus companheiros viram a luz,
mas não ouviram a voz que me falava.
Então perguntei: ‘Que hei-de fazer, Senhor?’.
E o Senhor disse-me:
‘Levanta-te e vai a Damasco;
lá te dirão tudo o que deves fazer’.
Como eu deixei de ver, por causa do esplendor daquela luz,
cheguei a Damasco guiado pelas mãos dos meus companheiros.
Entretanto, veio procurar-me certo Ananias,
homem piedoso segundo a Lei
e de boa fama entre todos os judeus que ali viviam.
Ele veio ao meu encontro
e, ao chegar junto de mim, disse-me:
‘Saulo, meu irmão, recupera a vista’.
E, no mesmo instante, pude vê-lo.
Ele acrescentou:
‘O Deus dos nossos pais destinou-te
para conheceres a sua vontade,
para veres o Justo e ouvires a voz da sua boca.

Tu serás sua testemunha diante de todos os homens,
acerca do que viste e ouviste.
Agora, porque esperas?
Levanta-te, recebe o baptismo
e purifica-te dos teus pecados, invocando o seu nome’».
Palavra do Senhor.


Em vez da leitura anterior, pode utilizar-se a seguinte:

LEITURA I Act 9, 1-22
«Dir-te-ão o que deves fazer»


Leitura dos Actos dos Apóstolos
Naqueles dias,
Saulo, respirando ainda ameaças de morte
contra os discípulos do Senhor,
foi ter com o sumo sacerdote
e pediu-lhe cartas de recomendação para as sinagogas de Damasco,
a fim de trazer algemados para Jerusalém
quantos seguissem a nova doutrina,
tanto homens como mulheres.
Na viagem, quando estava já próximo de Damasco,
viu-se de repente envolvido numa luz intensa vinda do Céu.
Caiu por terra e ouviu uma voz que lhe dizia:
«Saulo, Saulo, porque Me persegues?».
Ele perguntou: «Quem és Tu, Senhor?».
O Senhor respondeu:
«Eu sou Jesus, a quem tu persegues.
Mas levanta-te, entra na cidade
e aí te dirão o que deves fazer».
Os companheiros de viagem de Saulo
tinham parado emudecidos;
ouviam a voz, mas não viam ninguém.
Saulo levantou-se do chão,
mas, embora tivesse os olhos abertos, nada via.

Por isso levaram-no pela mão e introduziram-no em Damasco.
Ficou três dias sem vista e sem comer nem beber.
Vivia em Damasco um discípulo chamado Ananias
e o Senhor chamou-o numa visão: «Ananias».
Ele respondeu: «Eis-me aqui, Senhor».
O Senhor disse-lhe:
«Levanta-te e vai à rua chamada Direita
procurar, em casa de Judas,
um homem de Tarso, chamado Saulo, que está a orar».
– Entretanto, Saulo teve uma visão,
em que um homem chamado Ananias
entrava e impunha-lhe as mãos,
para que recuperasse a vista – .
Ananias respondeu:
«Senhor, tenho ouvido contar a muitas pessoas
todo o mal que esse homem fez aos teus fiéis em Jerusalém;
e agora está aqui com plenos poderes dos príncipes dos sacerdotes
para prender todos os que invocam o teu nome».
O Senhor disse-lhe:
«Vai, porque esse homem é o instrumento escolhido por Mim,
para levar o meu nome ao conhecimento dos gentios,
dos reis e dos filhos de Israel.
Eu mesmo lhe mostrarei
quanto ele tem de sofrer pelo meu nome».
Então Ananias partiu, entrou na casa,
impôs as mãos a Saulo e disse-lhe:
«Saulo, meu irmão, quem me envia é o Senhor,
– esse Jesus que te apareceu no caminho por onde vinhas –
a fim de recuperares a vista e ficares cheio do Espírito Santo».
Imediatamente lhe caíram dos olhos uma espécie de escamas
e recuperou a vista.
Então levantou-se, recebeu o baptismo
e, tendo tomado alimento, readquiriu as forças.
Saulo passou alguns dias com os discípulos de Damasco
e começou logo a proclamar nas sinagogas
que Jesus era o Filho de Deus.

Todos os que o ouviam ficavam admirados e diziam:
Não é ele que em Jerusalém
perseguia os que invocam este nome?
E não veio aqui para os levar algemados
à presença dos príncipes dos sacerdotes?».
Mas Saulo, cada vez mais fortalecido,
confundia os judeus que habitavam em Damasco,
demonstrando que Jesus era o Messias.
Palavra do Senhor.

SALMO RESPONSORIAL Salmo 116 (117), 1.2 (R. Mc 16, 15)
Refrão: Ide por todo o mundo e anunciai o Evangelho.
Ou: Aleluia.

Louvai o Senhor, todas as nações,
aclamai-O, todos os povos.
É firme a sua misericórdia para connosco,
a fidelidade do Senhor permanece para sempre.


ALELUIA cf. Jo 15, 16
Refrão: Aleluia. Repete-se
Eu vos escolhi do mundo, para que vades e deis fruto
e o vosso fruto permaneça, diz o Senhor. Refrão


EVANGELHO Mc 16, 15-18
«Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho»
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo,
Jesus apareceu aos Onze e disse-lhes:
«Ide por todo o mundo
e pregai o Evangelho a toda a criatura.
Quem acreditar e for baptizado será salvo;
mas quem não acreditar será condenado.
Eis os milagres que acompanharão os que acreditarem:
expulsarão os demónios em meu nome;
falarão novas línguas;
se pegarem em serpentes ou beberem veneno,
não sofrerão nenhum mal;
e quando impuserem as mãos sobre os doentes,
eles ficarão curados».
Palavra da salvação.


Nas missas votivas de São Paulo utilizam-se estas leituras.


ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Desça sobre nós, Senhor, o vosso Espírito Santo,
na celebração dos divinos mistérios,
e nos ilumine com a luz da fé
que levou o apóstolo São Paulo
a anunciar ao mundo a vossa glória.
Por Nosso Senhor.


Prefácio dos Apóstolos I


ANTÍFONA DA COMUNHÃO Gal 2, 20
Vivo na fé em Cristo, Filho de Deus,
que me amou e Se entregou por mim.


ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
A comunhão deste sacramento, Senhor,
faça crescer em nós o ardor da caridade do apóstolo São Paulo,
que trazia sempre em seu coração
a solicitude por todas as Igrejas.
Por Nosso Senhor.

Liturgia das Horas

Das Homilias de São João Crisóstomo, bispo

(Hom. 2 sobre os louvores de S. Paulo: PG 50, 477-480) (Sec. IV)

Por amor de Cristo, Paulo tudo suportou

O que é o homem, quão grande é a dignidade da nossa natureza e de quanta virtude é capaz a criatura humana, Paulo o mostrou mais do que qualquer outro. Cada dia ele subia mais alto e aparecia mais ardente, cada dia lutava com energia sempre nova contra os perigos que lhe surgiam pela frente, de acordo com o que ele próprio afirmava: Esqueço-me do que já passou e avanço para as coisas que estão à minha frente.
Sentindo a morte já iminente, incitava os outros a comungarem da sua alegria, dizendo: Alegrai-vos e congratulai-vos comigo; frente aos perigos, às injúrias e aos insultos, igualmente se alegra, e escreve aos Coríntios: Sinto complacência nas minhas enfermidades, nos ultrajes, nas perseguições; porque sendo estas, segundo afirmava, as armas da justiça, mostrava que disto lhe vinha um grande proveito.
No meio das insídias dos inimigos, conquistava contínuas vitórias, triunfando de todos os seus assaltos. E, em todo o lado, sofrendo pancadas, injúrias e maldições, como se fosse conduzido em cortejo triunfal, cumulado de troféus, nelas se gloriava e dava graças a Deus, dizendo: Sejam dadas graças a Deus, que sempre triunfa em nós.
Avançava ao encontro da humilhação e das ofensas que tinha de suportar por causa da pregação, com mais entusiasmo do que o que pomos nós em alcançar o prazer das honras; punha mais empenho na morte do que nós na vida; ansiava mais pela pobreza do que nós pelas riquezas; e desejava sempre mais o trabalho sem descanso do que nós o descanso depois do trabalho. Uma única coisa o assustava e lhe metia medo: ofender a Deus; e uma única coisa desejava: agradar sempre a Deus.
Só se alegrava no amor de Cristo, que era para ele o maior de todos os bens; com isto considerava-se o mais feliz de todos os homens; sem isto para nada lhe servia a amizade dos senhores e dos poderosos. Preferia ser o último com este amor, isto é, ser do número dos réprobos, do que encontrar-se no meio dos homens famosos pela consideração e pela honra, mas privado do amor de Cristo.
Para ele, o maior e único tormento era separar-se deste amor; esta era a sua geena, o seu único castigo, este o infinito e intolerável suplício.
Gozar do amor de Cristo era para ele a vida, o mundo, o anjo, o presente, o futuro, o reino, a promessa, enfim, todos os bens; e fora disto, em nada punha tristeza ou alegria. De tudo o que se pode ter neste mundo, nada lhe era agradável ou desagradável.
Desprezava todas as coisas que admiramos, como se despreza a erva apodrecida. Para ele, tanto os tiranos como as multidões enfurecidas eram como mosquitos.
Considerava como jogos de crianças os mil suplícios, os tormentos e a própria morte, contanto que pudesse sofrer alguma coisa por Cristo.