EVANGELHO Mc 4, 26-34
«O homem lança a semente e dorme,
enquanto ela cresce, sem ele saber como»
Evangelho segundo São Marcos
Naquele tempo, disse Jesus à multidão: «O reino de Deus é como um homem que lançou a semente à terra. Dorme e levanta-se, noite e dia, enquanto a semente germina e cresce, sem ele saber como. A terra produz por si, primeiro a planta, depois a espiga, por fim o trigo maduro na espiga. E quando o trigo o permite, logo se mete a foice, porque já chegou o tempo da colheita». Jesus dizia ainda: «A que havemos de comparar o reino de Deus? Em que parábola o havemos de apresentar? É como um grão de mostarda, que, ao ser semeado na terra, é a menor de todas as sementes que há sobre a terra; mas, depois de semeado, começa a crescer e torna-se a maior de todas as plantas da horta, estendendo de tal forma os seus ramos que as aves do céu podem abrigar-se à sua sombra». Jesus pregava-lhes a palavra de Deus com muitas parábolas como estas, conforme eram capazes de entender. E não lhes falava senão em parábolas; mas, em particular, tudo explicava aos seus discípulos.
Palavra da salvação.
EVANGELHO Mc 4, 26-34
«O homem lança a semente e dorme,
enquanto ela cresce, sem ele saber como»
Duas breves parábolas põem em realce duas características do reino de Deus: a primeira refere-se à força interior desde reino, que o faz nascer e crescer pela força de Deus e não do homem; a segunda põe em contraste os começos humildes deste Reino e a pujança final para onde se encaminha, e que bem manifesta a força interior que o animava desde o início. É, na realidade, grande mistério este Reino de Deus, presente já na Igreja sobre a terra e um dia glorioso no Céu.
[14:11, 28/01/2021] dictof: para explicar uma verdade complexa. Jesus contava parábolas para ensinar o evangelho aos seus discípulos. Uma parábola não narra coisas que necessariamente tenham acontecido; são histórias ilustrativas que revelam verdades profundas.
Alguns conceitos são difíceis de explicar, porque são abstratos. Mas dentro de uma história, uma ideia tem uma aplicação prática e se torna mais fácil de entender. Parábolas são pequenas histórias que explicam um conceito, usando exemplos do dia a dia.
[14:26, 28/01/2021] dictof: As duas parábolas, que Marcos põe na boca de Jesus, ilustram dois aspectos da inevitável tensão dialéctica do reino de Deus na história.
A parábola da semente, que cresce sem a intervenção do agricultor, diz-nos que o Reino é uma iniciativa de Deus, que deve permanecer sempre acima de toda a tentativa humana para guiar o curso do seu crescimento e maturação. É claro que Deus conta com a colaboração humana: «O Reino de Deus é como um homem que lançou a semente à terra» (v. 26). Para sublinhar a acção de Deus, a parábola esquece diversos trabalhos necessários, à sementeira, à limpeza, à rega, etc. Mas alude ao acto de semear. É essa a tarefa dos discípulos que, depois, devem aguardar, com paciência, que a Palavra actue pela força que tem em si mesma e dê fruto no tempo e no modo que Deus quiser.
A segunda parábola apresenta o reino como um grão de mostarda, que dá origem a um grande arbusto. Também aqui encontramos uma importante mensagem de confiança para a comunidade primitiva e para nós. Não havemos de preocupar-nos por sermos poucos e pequenos: a Palavra de Deus dará frutos incomensuráveis, não por nosso mérito, mas pela graça.
Os vv. 33 e 34 retomam o tema das parábolas para o grande público e das explicações privadas aos discípulos.
Meditatio
Podemos imaginar a alegria dos primeiros judeo-cristãos quando, iluminados pela graça, reconheceram em Jesus o Messias, o Esperado de todos os povos, o Salvador prometido. Essa descoberta surpreendente levou-os a entrar jubilosamente e a percorrer com entusiasmo e fervor o «caminho novo e vivo» que Deus lhes oferece em Jesus. Mas rapidamente se deram conta de que esse caminho é longo e duro e, à exaltação inicial, seguiu o cansaço e o desânimo. Era a hora da provação em que era preciso resistir com paciência. O autor da Carta aos Hebreus exorta os seus interlocutores à perseverança. Ainda que a paisagem se apresente desolada, cada passo aproxima-nos da meta. Na vida de cada um de nós há momentos em que precisamos de nos agarrar com todas as forças à esperança. Essa virtude é como que o bordão do peregrino a caminho do reino dos céus.
No evangelho, o Senhor ensina-nos a fé e a humildade, mas também a esperança. O crescimento espiritual não depende de nós, mas da Palavra de Deus semeada em nós. Só ela pode salvar a nossa vida. É bom desejar crescer e caminhar espiritualmente. É bom fazer por isso. Mas não basta a nossa boa vontade, não chegam os nossos esforços. O agricultor que lança a semente à terra, e procura rodeá-la das condições adequadas, não pode pretender fazê-la germinar e crescer. Esse poder não está nas suas mãos, mas nas de Deus.
O Senhor ensina-nos o abandono confiante a Deus na esperança. Como a terra acolhe a semente, assim devemos acolher a Palavra. E ela crescerá sem sabermos como. O abandono confiante a Deus e a esperança tornam suportável o tempo que vai da sementeira à colheita. Essa esperança baseia-se na experiência dos peregrinos de Emaús, na certeza de que Aquele que nos chama para a meta é também nosso silencioso companheiro de viagem. Quanto mais o caminho é difícil, mais Ele se faz presente.
Há pois que evitar a pressa de ver resultados, também no nosso itinerário espiritual. S. Francisco de Sales era severo com aqueles que se deixavam tomar por ela. Trabalhava muito mas ensinava que é preciso fazer tudo pacientemente: agir pacientemente, rezar pacientemente, sofrer pacientemente, lutar pacientemente. Se nos apoiarmos no Senhor verificaremos que Ele faz crescer em tudo, muitas vezes mais lentamente do que desejamos, mas outras vezes de m
odo mais belo e mais rápido do que esperamos. Não temos o metro para medir o crescimento, nem sequer o nosso. Por isso, precisamos de fé, de confiança, de paciência: o poder de fazer crescer pertence somente a Deus.
A vida de oblação que corresponde ao voto de vítima tão caro ao Pe. Dehon e aos nossos primeiros religiosos, passa pela aceitação das cruzes e canseiras de cada dia, no nosso itinerário espiritual, e também pela irradiação dos frutos do Espírito: a caridade, com os sinais da alegria e da paz; a paciência, a bondade e a benevolência; com as condições para viver os frutos do Espírito: a mansidão e a humildade do coração, o apego a Cristo, o deixar-se guiar nos pensamentos, desejos, projectos, afectos, palavras e acções, não pelo nosso eu, muitas vezes egoísta e apressado, mas pelo Espírito de Deus, que tudo cria e faz crescer ao ritmo que bem Lhe apraz. Vivendo assim, manifestamos aquele estilo de vida, aqueles comportamentos que caracterizaram o Pe. Dehon, por todos conhecido como o «Très bon Père», confiadamente abandonado e paciente em todas as circunstâncias da sua vida e do seu apostolado.
Oratio
Senhor, Tu és a nossa única esperança. Escondido na nossa fragilidade humana, experimentaste a perseguição, a solidão e a pobreza. Por nosso amor, aceitaste voluntariamente a morte, fizeste-Te nosso pão da vida, sustento do nosso caminho. Conheces o nosso coração e o nosso cansaço no esforço por conservar a fé e a esperança. Perdoa-nos se deixámos arrefecer o ardor e o entusiasmo do nosso primeiro amor, dos nossos primeiros passos no caminho para Ti. Faz-nos recordar o amor e o encanto com que optámos por Ti e Te seguimos na nossa juventude. Está connosco na tribulação e dá-nos o teu Espírito Santo para Te sermos fiéis até à morte. Amen.
Contemplatio
Nosso Senhor dá-nos o exemplo. Aceita as perseguições, as zombarias, as calúnias, para nos consolar nas nossas provações, para nos encorajar e para nos ensinar também que a paciência tem diante de Deus um grande valor. «A paciência, diz S. Paulo, é a provação, mas a provação prepara a esperança» (Rm 5,4). Nosso Senhor quis ser julgado e condenado e sucumbir vítima da justiça humana, para nos ensinar o desprezo das acusações falsas, das zombarias, dos juízos falsos e temerários. São tantas provas que se tornam também esperanças e fontes de graças, se as suportarmos em espírito de fé. O «seja crucificado» de Jesus, é a minha salvação, obtida pela sua paciência, pelos seus sofrimentos, pelas suas expiações, pelo amor do seu Coração. O seja crucificado da minha má natureza, é ainda a salvação obtida pelo sacrifício, pela mortificação, pela paciência. Obrigado a Nosso Senhor, pela sua adorável paciência, que é para mim a salvação e o exemplo a seguir. (Leão Dehon, OSP 3, p. 347s.).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Não percais a vossa confiança» (Heb 10, 35).