Tempo de esperança…
Daily Archives: December 22, 2021
0102 Mt 2,1-12 Epifania do Senhor

LEITURA II Ef 3, 2-3a.5-6
Os gentios recebem a mesma herança prometida
O universalismo de Isaías era um pouco limitado; os estrangeiros não estavam em posição de igualdade com os filhos de Israel. S. Paulo, descrevendo o plano salvífico de Deus, proclama que todos os homens são chamados, igualmente, a ser herdeiros da Promessa.
Como consequência deste chamamento universal para a Fé, toda a separação, toda a discriminação, introduzidas na humanidade por culturas e civilizações, desaparecem. Todos são chamados a formar o verdadeiro Israel e a constituir um só Corpo – o Corpo Místico de Cristo – restabelecendo-se assim o plano primitivo de Deus acerca da humanidade, que era um projecto de unidade e amor.
EVANGELHO Mt 2, 1-12
«Viemos do Oriente adorar o Rei»
Frente ao mistério do Nascimento de Jesus, S. Mateus procura, sobretudo, contemplá-Lo à Luz do primeiro encontro do mundo pagão com o Salvador, de que os magos são as primícias e os representantes. Sublinhando, de modo expressivo, a universalidade da Mensagem cristã, dirigida a todos os homens, mesmo àqueles que, segundo as concepções estreitas do Judaísmo, viviam fora da Geografia e da História da Salvação, o evangelista mostra como na visita dos Magos, se realizam as profecias do A. T.
Não deixa também de o impressionar, em contraste com o orgulho e cegueira de Herodes e dos sábios de Israel, a boa vontade dos Magos, que, atentos aos sinais dos Tempos, se dispõem a correr a aventura da Fé.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Tinha Jesus nascido em Belém da Judeia, nos dias do rei Herodes, quando chegaram a Jerusalém uns Magos vindos do Oriente. «Onde está – perguntaram eles – o rei dos judeus que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’O». Ao ouvir tal notícia, o rei Herodes ficou perturbado e, com ele, toda a cidade de Jerusalém. Reuniu todos os príncipes dos sacerdotes e escribas do povo e perguntou-lhes onde devia nascer o Messias. Eles responderam: «Em Belém da Judeia, porque assim está escrito pelo Profeta: ‘Tu, Belém, terra de Judá, não és de modo nenhum a menor entre as principais cidades de Judá, pois de ti sairá um chefe, que será o Pastor de Israel, meu povo’». Então Herodes mandou chamar secretamente os Magos e pediu-lhes informações precisas sobre o tempo em que lhes tinha aparecido a estrela. Depois enviou-os a Belém e disse-lhes: «Ide informar-vos cuidadosamente acerca do Menino; e, quando O encontrardes, avisai-me, para que também eu vá adorá-l’O». Ouvido o rei, puseram-se a caminho. E eis que a estrela que tinham visto no Oriente seguia à sua frente e parou sobre o lugar onde estava o Menino. Ao ver a estrela, sentiram grande alegria. Entraram na casa, viram o Menino com Maria, sua Mãe, e, prostrando-se diante d’Ele, adoraram-n’O. Depois, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes: ouro, incenso e mirra. E, avisados em sonhos para não voltarem à presença de Herodes, regressaram à sua terra por outro caminho.
Palavra da salvação.
0101 Lc 2,16-21 Santa Maria Mãe de Deus

EVANGELHO Lc 2, 16-21
«Encontraram Maria, José e o Menino.
E, depois de oito dias, deram-Lhe o nome de Jesus»
De todos aqueles que virão a ser adoptados em Cristo como filhos de Deus, os pastores são os primeiros a receberem a Boa Notícia da Salvação. É, porém, junto de Maria, Sua Mãe, a primeira crente, a totalmente disponível a Deus, que encontram o Salvador e, n’Ele, se encontram com Deus. A intervenção discreta de Maria ajudou-os, na verdade, a descobrir o verdadeiro rosto de Seu Filho.
«A Virgem Santíssima, predestinada para Mãe de Deus desde toda a eternidade, simultaneamente com a Encarnação do Verbo, por disposição da divina providência foi na terra a nobre Mãe do divino Redentor, a Sua mais generosa cooperadora e a escrava humilde do Senhor – Cooperou de modo singular, com a sua fé, esperança e ardente caridade, na obra do Salvador, para restaurar nas almas a vida sobrenatural. É por esta razão nossa Mãe na ordem da graça» (LG., 61).
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, os pastores dirigiram-se apressadamente para Belém e encontraram Maria, José e o Menino deitado na manjedoura. Quando O viram, começaram a contar o que lhes tinham anunciado sobre aquele Menino. E todos os que ouviam admiravam-se do que os pastores diziam. Maria conservava todos estes acontecimentos, meditando-os em seu coração. Os pastores regressaram, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, como lhes tinha sido anunciado. Quando se completaram os oito dias para o Menino ser circuncidado, deram-Lhe o nome de Jesus, indicado pelo Anjo, antes de ter sido concebido no seio materno.
Palavra da salvação.
1231 Jo 1, 1-18 Sexta da oitava do Natal

EVANGELHO Jo 1, 1-18
«O Verbo fez-Se carne»
Começamos hoje a ler o Evangelho de S. João de forma contínua, e, para tal, repetimos hoje a leitura da missa do Dia de Natal. É o hino com que abre o Evangelho sacramental de S. João. Tudo nele é revelação e aprofundamento do mistério do Verbo feito carne.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. No princípio, Ele estava com Deus. Tudo se fez por meio d’Ele e sem Ele nada foi feito. N’Ele estava a vida e a vida era a luz dos homens. A luz brilha nas trevas e as trevas não a receberam. Apareceu um homem enviado por Deus, chamado João. Veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos acreditassem por meio dele. Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz. O Verbo era a luz verdadeira, que, vindo ao mundo, ilumina todo o homem. Estava no mundo e o mundo, que foi feito por Ele, não O conheceu. Veio para o que era seu e os seus não O receberam. Mas àqueles que O receberam e acreditaram no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus. Estes não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. E o Verbo fez-Se carne e habitou entre nós. Nós vimos a sua glória, glória que Lhe vem do Pai como Filho Unigénito, cheio de graça e de verdade. João dá testemunho d’Ele, exclamando: «Era deste que eu dizia: ‘O que vem depois de mim passou à minha frente, porque existia antes de mim’». Na verdade, foi da sua plenitude que todos nós recebemos graça sobre graça. Porque, se a Lei foi dada por meio de Moisés, a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo. A Deus, nunca ninguém O viu. O Filho Unigénito, que está no seio do Pai, é que O deu a conhecer.
Palavra da salvação.
1230 Lc 2, 36-40 Quinta da oitava do Natal

EVANGELHO Lc 2, 36-40
«Falava acerca do Menino
a todos os que esperavam a libertação de Israel»
Ao lado de Simeão estava Ana, a profetiza, aquela que reconheceu também Jesus e d’Ele falava a todos os que encontrava. Falava-lhes d’Ele como o libertador de Jerusalém. Ultrapassaria ela a situação política desse tempo? Jerusalém estava dominada por estrangeiros! A nossa fé leva-nos hoje ainda mais longe: Jesus é o Salvador de todos os homens, para além dos condicionalismos temporais e terrenos de cada um.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Quando os pais de Jesus levaram o Menino a Jerusalém, a fim de O apresentarem ao Senhor, estava no templo uma profetiza, Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era de idade muito avançada e tinha vivido casada sete anos após o tempo de donzela e viúva até aos oitenta e quatro. Não se afastava do templo, servindo a Deus noite e dia, com jejuns e orações. Estando presente na mesma ocasião, começou também a louvar a Deus e a falar acerca do Menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém. Cumpridas todas as prescrições da Lei do Senhor, voltaram para a Galileia, para a sua cidade de Nazaré. Entretanto, o Menino crescia e tornava-Se robusto, enc¬hendo-Se de sabedoria. E a graça de Deus estava com Ele.
Palavra da salvação.
1229 Lc 2, 22-35 Quarta

EVANGELHO Lc 2, 22-35
«Luz para se revelar às nações»
O primeiro acontecimento do Novo Testamento, que já se orientava para o nascimento de Jesus, a anunciação a Zacarias (dia 19), situava-se no templo: no templo terminam hoje os episódios da infância do Senhor, com o encontro de Jesus e de Simeão. Simeão, como já Zacarias o tinha feito, proclama o Senhor como luz, porque Ele vem como Luz de Deus para iluminar os homens, os libertar das trevas e os transferir para a Luz do Reino de Deus.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Ao chegarem os dias da purificação, segundo a Lei de Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, para O apresentarem ao Senhor, como está escrito na Lei do Senhor: «Todo o filho primogénito varão será consagrado ao Senhor», e para oferecerem em sacrifício um par de rolas ou duas pombinhas, como se diz na Lei do Senhor. Vivia em Jerusalém um homem chamado Simeão, homem justo e piedoso, que esperava a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava nele. O Espírito Santo revelara-lhe que não morreria antes de ver o Messias do Senhor; e veio ao templo, movido pelo Espírito. Quando os pais de Jesus trouxeram o Menino para cumprirem as prescrições da Lei no que lhes dizia respeito, Simeão recebeu-O em seus braços e bendisse a Deus, exclamando: «Agora, Senhor, segundo a vossa palavra, deixareis ir em paz o vosso servo, porque os meus olhos viram a vossa salvação, que pusestes ao alcance de todos os povos: luz para se revelar às nações e glória de Israel, vosso povo». O pai e a mãe do Menino Jesus estavam admirados com o que d’Ele se dizia. Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua Mãe: «Este Menino foi estabelecido para que muitos caiam ou se levantem em Israel e para ser sinal de contradição; – e uma espada trespassará a tua alma – assim se revelarão os pensamentos de todos os corações».
Palavra da salvação.
1228 Mt 2, 13-18.docx Santos Inocentes mártires

Mt 2, 13-18
Depois que partiram, um anjo do Senhor apareceu a José em sonho e disse-lhe: “Levante-se, tome o menino e sua mãe, e fuja para o Egito. Fique lá até que eu lhe diga, pois Herodes vai procurar o menino para matá-lo”.
Então ele levantou-se , tomou o menino e sua mãe durante a noite, e partiu para o Egito,
onde ficou até a morte de Herodes. E assim se cumpriu o que o Senhor tinha dito pelo profeta: “Do Egito chamei o meu filho”.
Quando Herodes percebeu que havia sido enganado pelos magos, ficou furioso e ordenou que matassem todos os meninos de dois anos para baixo, em Belém e nas proximidades, de acordo com a informação que havia obtido dos magos.
Então se cumpriu o que fora dito pelo profeta Jeremias:
“Ouviu-se uma voz em Ramá, choro e grande lamentação; é Raquel que chora por seus filhos e recusa ser consolada, porque já não existem”.
REFLEXÃO
EVANGELHO MT 2,13-18
Herodes mandou matar todos os meninos de Belém.
Duas citações marcam esta passagem evangélica : a primeira refere-se à fuga para o Egipto de José com a sua família (Os 11,1);
a segunda, ao morticínio dos meninos com menos de dois anos por ordem de Herodes. Ambas as citações subdividem facilmente o trecho em duas partes: MT 2,13-15 e MT 2,16-18, conquanto os dois episódios estejam estreitamente ligados.
Num estilo à maneira de midrash, São Mateus apresenta dois episódios da vida de Jesus à luz das predições proféticas, valendo-se da capacidade interpretativa típica desse método, que consegue compreender um acontecimento novo na luz de quanto já foi experimentado no passado.
As profecias e os fac¬tos parecem muito diferentes e pode tornar-se difícil de ver aquilo que os une.
A primeira citação é de uma grandiosidade que parece pouco adequada a um pequeno episódio da infância de Jesus. No texto de Oseias (Os 11,1-6) de onde foi extraída a citação, fala-se de todo o povo de Israel e é recordada a história inicial como um episódio de um amor menosprezado, num contexto de condenação judicial.
O facto de ter salvo Israel da escra¬vidão do Egipto, ou de o ter feito sair dessa terra estrangeira, equivale à obra de «criação» do povo eleito, caracterizada por intervenções divinas prodigiosas. E no entanto, este método de leitura vê o cumprimento do texto, com a relativa epopeia nele evocada, na permanência temporária em terra estrangeira e no sucessivo regresso à pátria, de um menino, obrigado a fugir precipitadamente.
O pranto de Raquel também relembra o grande momento em que as tribos do Norte foram deportadas para a Assíria, e na terra dos antepassados ficou apenas a mãe de José e de Benjamim, que chora pelos deportados. Sepultada, segundo a tradição, no território de Belém, Raquel revive agora a sua an¬gústia devido ao massacre dos filhos do seu povo.
Pequenos episódios e grandes acontecimentos. Ou então, o fio vermelho que une vidas privadas a um desígnio muito mais amplo e significativo. Podem ser duas pistas para actua¬lizar a Palavra de hoje. A primeira reacção perante as leituras de hoje nasce da apresentação de uma crueldade insensata da parte de quem, revestido de poder e com o medo de perdê-lo, não hesita em praticar acções maldosas e contraproducentes.
Um segunda pergunta é: porque é que a Igreja e a liturgia consideram mártires e comités Christi os pequenos e igna¬ros meninos de Belém, que parece estarem envolvidos num acontecimento maior do que eles? Para encontrarmos uma resposta, é preciso ter presente que os primeiros capítulos do Evangelho de São Mateus pretendem apresentar Cristo como o novo Moisés, que tem o direito de discutir a Lei e de a levar a cumprimento.
Por isso, o autor escolhe essas tradições da infância de Jesus que permitem estabelecer um paralelo entre Cristo e Moi¬sés. O nascimento de ambos coincide com um morticínio de meninos hebreus (Ex 1,15-2,10; MT 2,13-18), ambos vão para o Egipto (Ex 3,10; MT 2,13-14), ambos realizam a pala¬vra «do Egipto chamei o meu filho». (Os 11,1; Ex 12,37-42;
MT 2,15) A narração de São Mateus não colocaportanto o acento no morticínio propriamente dito, mas antes sobre a voca¬ção do novo Moisés, esmiuçada desde os acontecimentos da infância.
O coração tem razões que a mente não consegue entender, dizia Pascal falando do homem. A história tem dimensões que transcendem pessoalmente os indivíduos e os envolvem para lá da sua compreensão pessoal. As relíquias dos «Santos Inocentes» estão espalhadas por muitas igrejas, tanto orien¬tais como ocidentais. Parece, e é, um absurdo histórico. Mas as muitas crianças que morrem e são desfrutadas, na crónica humana podem ser recordadas como motivo literário ou de¬magógico para provocar uma compaixão humana genérica. Confrontadas com Cristo, numa ambientação no desenvol¬vimento progressivo do desígnio de Deus, têm uma ligação misteriosa com quem também tomou sobre si estes aspectos. Indo buscar citações do Antigo Testamento para narrar e ex-plicar, inclusive, pequenos factos da vida de Cristo, insere-se na compreensão da Sagrada Escritura inspirada como uma palavra aberta a ulteriores realizações. Inclusive na vida actual da Igreja e das vicissitudes humanas. Inclusive nas experiên¬cias profundas do nosso espírito.
Oração
(Oração sobre as oblatas, Missa do dia)
Aceitai, Senhor, os dons dos Vossos fiéis; pois quereis que os Vossos mistérios sejam fonte de salvação mesmo para aqueles que não podem conhecer-Vos, dai-nos um coração simples e puro para os celebrarmos com fé.
EVANGELHO MT 2,13-18
Herodes mandou matar todos os meninos de Belém.
DIAS FERIAIS DO NATAL | 271
Ler a Palavra
Como nos outros trechos dos primeiros capítulos do Evan¬gelho de São Mateus, a narração desenrola-se em redor de uma citação bíblica, cujo cumprimento se vê no facto recorda¬do. Aqui as citações são duas: a primeira refere-se à fuga para o Egipto de José com a sua família (Os 11,1); a segunda, ao morticínio dos meninos com menos de dois anos por ordem de Herodes. Ambas as citações subdividem facilmente o tre¬cho em duas partes: MT 2,13-15 e MT 2,16-18, conquanto os dois episódios estejam estreitamente ligados.
Compreender a Palavra
Num estilo à maneira de midrash, São Mateus apresenta dois episódios da vida de Jesus à luz das predições proféticas, valendo-se da capacidade interpretativa típica desse método, que consegue compreender um acontecimento novo na luz de quanto já foi experimentado no passado. As profecias e os fac¬tos parecem muito diferentes e pode tornar-se difícil de ver aquilo que os une.
A primeira citação é de uma grandiosidade que parece pouco adequada a um pequeno episódio da infância de Jesus. No texto de Oseias (Os 11,1-6) de onde foi extraída a citação, fala-se de todo o povo de Israel e é recordada a história inicial como um episódio de um amor menosprezado, num contexto de condenação judicial. O facto de ter salvo Israel da escra¬vidão do Egipto, ou de o ter feito sair dessa terra estrangeira, equivale à obra de «criação» do povo eleito, caracterizada por intervenções divinas prodigiosas. E no entanto, este método de leitura vê o cumprimento do texto, com a relativa epopeia nele evocada, na permanência temporária em terra estrangeira e no sucessivo regresso à pátria, de um menino, obrigado a fugir precipitadamente.
272 I LECCIONÁRIO COMENTADO
O pranto de Raquel também relembra o grande momento em que as tribos do Norte foram deportadas para a Assíria, e na terra dos antepassados ficou apenas a mãe de José e de Benjamim, que chora pelos deportados. Sepultada, segundo a tradição, no território de Belém, Raquel revive agora a sua an¬gústia devido ao massacre dos filhos do seu povo.
DA PALAVRA PARA A VIDA
Pequenos episódios e grandes acontecimentos. Ou então, o fio vermelho que une vidas privadas a um desígnio muito mais amplo e significativo. Podem ser duas pistas para actua¬lizar a Palavra de hoje. A primeira reacção perante as leituras de hoje nasce da apresentação de uma crueldade insensata da parte de quem, revestido de poder e com o medo de perdê-lo, não hesita em praticar acções maldosas e contraproducentes.
Um segunda pergunta é: porque é que a Igreja e a liturgia consideram mártires e comités Christi os pequenos e igna¬ros meninos de Belém, que parece estarem envolvidos num acontecimento maior do que eles? Para encontrarmos uma resposta, é preciso ter presente que os primeiros capítulos do Evangelho de São Mateus pretendem apresentar Cristo como o novo Moisés, que tem o direito de discutir a Lei e de a levar a cumprimento.
Por isso, o autor escolhe essas tradições da infância de Jesus que permitem estabelecer um paralelo entre Cristo e Moi¬sés. O nascimento de ambos coincide com um morticínio de meninos hebreus (Ex 1,15-2,10; MT 2,13-18), ambos vão para o Egipto (Ex 3,10; MT 2,13-14), ambos realizam a pala¬vra «do Egipto chamei o meu filho». (Os 11,1; Ex 12,37-42;
MT 2,15) A narração de São Mateus não colocaportanto o acento no morticínio propriamente dito, mas antes sobre a voca¬ção do novo Moisés, esmiuçada desde os acontecimentos da infância.
O coração tem razões que a mente não consegue entender, dizia Pascal falando do homem. A história tem dimensões que transcendem pessoalmente os indivíduos e os envolvem
DIAS FERIAIS DO NATAL | 273
para lá da sua compreensão pessoal. As relíquias dos «Santos Inocentes» estão espalhadas por muitas igrejas, tanto orien¬tais como ocidentais. Parece, e é, um absurdo histórico. Mas as muitas crianças que morrem e são desfrutadas, na crónica humana podem ser recordadas como motivo literário ou de¬magógico para provocar uma compaixão humana genérica. Confrontadas com Cristo, numa ambientação no desenvol¬vimento progressivo do desígnio de Deus, têm uma ligação misteriosa com quem também tomou sobre si estes aspectos. Indo buscar citações do Antigo Testamento para narrar e ex-plicar, inclusive, pequenos factos da vida de Cristo, insere-se na compreensão da Sagrada Escritura inspirada como uma palavra aberta a ulteriores realizações. Inclusive na vida actual da Igreja e das vicissitudes humanas. Inclusive nas experiên¬cias profundas do nosso espírito.
Oração
(Oração sobre as oblatas, Missa do dia)
Aceitai, Senhor, os dons dos Vossos fiéis; pois quereis que os Vossos mistérios sejam fonte de salvação mesmo para aqueles que não podem conhecer-Vos, dai-nos um coração simples e puro para os celebrarmos com fé.
274 I LECCIONARIO COMENTADO
REFLEXÃO
Oração
Ó Deus, que na mensagem do Apóstolo João nos revelastes os mistérios do vosso Verbo, concedei-nos a graça de compreendermos e amarmos as maravilhas que Ele nos fez conhecer.
Video de Meditação
1227 OITAVA DO NATAL S. JOÃO EVANGELISTA

«O outro discípulo correu mais depressa que Pedro e chegou primeiro ao sepulcro»
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ter com Simão Pedro e com o discípulo predileto de Jesus e disse-lhes: «Levaram o Senhor do sepulcro e não sabemos onde O puseram».
Pedro partiu com o outro discípulo e foram ambos ao sepulcro. Corriam os dois juntos, mas o outro discípulo antecipou-se, correndo mais depressa do que Pedro, e chegou primeiro ao sepulcro.
Debruçando-se, viu as ligaduras no chão, mas não entrou. Entretanto, chegou também Simão Pedro, que o seguira. Entrou no sepulcro e viu as ligaduras no chão e o sudário que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, não com as ligaduras, mas enrolado à parte. Entrou também o outro discípulo que chegara primeiro ao sepulcro: viu e acreditou.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ter com Simão Pedro e com o discípulo predileto de Jesus e disse-lhes: «Levaram o Senhor do sepulcro e não sabemos onde O puseram».
Pedro partiu com o outro discípulo e foram ambos ao sepulcro. Corriam os dois juntos, mas o outro discípulo antecipou-se, correndo mais depressa do que Pedro, e chegou primeiro ao sepulcro.
Debruçando-se, viu as ligaduras no chão, mas não entrou. Entretanto, chegou também Simão Pedro, que o seguira. Entrou no sepulcro e viu as ligaduras no chão e o sudário que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, não com as ligaduras, mas enrolado à parte. Entrou também o outro discípulo que chegara primeiro ao sepulcro: viu e acreditou.
REFLEXÃO
Neste dia do tempo de Natal celebramos a festa litúrgica do apóstolo e evangelista S. João. João era “o discípulo amado” do Senhor que, juntamente com seu irmão Tiago o Maior e Pedro, foi testemunha da glória da transfiguração de Jesus e da sua agonia em Getsémani. Na última ceia reclinou a sua cabeça sobre o peito de Jesus, e este comunicou-lhe a traição de Judas. Esteve presente no Calvário, ao pé da cruz onde Jesus morria, e da sua boca recebeu Maria como segunda mãe, com quem depois viveu em Éfeso, segundo a tradição. João Batista deixou o seu testemunho vivo nas várias cartas , no Apocalipse e no quarto Evangelho.
O Evangelho comunica-nos hoje através de três personagens Madalena, Pedro e João o acontecimento mais surpreendente de todos os tempos: Ele, Jesus de Nazaré, está vivo. Madalena comunica aos apóstolos o mistério do sepulcro vazio Isto basta para fazer desencadear as reações de João e de Pedro.
João «viu e acreditou», ao contrário de Pedro e dos primeiros espectadores do túmulo vazio que não tinham compreendido as Escrituras, segundo as quais Jesus devia ressuscitar dos mortos (Jo 20,9).
A experiência de fé de João conduz-nos a um conhecimento profundo de Cristo. Ele mesmo exprime nestes termos a finalidade do testemunho escrito: «Para que acrediteis que Jesus é o Messias o Filho de Deus. E para que, acreditando, tenhais a vida em seu Nome» (Jo 20,31).
No contexto litúrgico da festa de hoje, convém fixarmo- nos na finalidade a que o autor se propõe ao escrever a sua primeira Carta: «Escrevemo-vos estas coisas para que a vossa alegria seja completa.» (1 Jo 1,4)
Oração
Ó Deus, que na mensagem do Apóstolo João nos revelastes os mistérios do vosso Verbo, concedei-nos a graça de compreendermos e amarmos as maravilhas que Ele nos fez conhecer.
Video de Meditação
Deus é Amor o resumo de todo o testemunho de S. João
Se me amais guardai os meus mandamentos” João 14
12 22 Lc 1, 46-56 Quarta feira da Quarta Semana do Advento
EVANGELHO Lc 1, 46-56
«O Todo-poderoso fez em mim maravilhas»
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, Maria disse: «A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador. Porque pôs os olhos na humildade da sua serva: de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações. O Todo-poderoso fez em mim maravilhas, Santo é o seu nome. A sua misericórdia se estende de geração em geração sobre aqueles que O temem. Manifestou o poder do seu braço e dispersou os soberbos. Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes. Aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia, como tinha prometido a nossos pais, a Abraão e à sua descendência para sempre». Maria ficou junto de Isabel cerca de três meses e depois regressou a sua casa.
Palavra da salvação…
REFLEXÃO
O Magnificat celebra a graça da libertação que Deus concedeu a Israel, pobre, humilhado, desprezado pelos povos vizinhos. Maria neste canto encarna a libertação do seu povo do qual ela é a protagonista virgem que dá à luz o Salvador.
Foi agraciada com a honra de participar do ato mais sublime de Deus em favor de sua criação e mesmo sem entender, obedece.
O criador mostra a preferência por aqueles que se reconhecem pequenos, como o fez Maria, que em vários momentos demonstra a sua servidão como principal traço de sua personalidade; uma servidão obediente diante dos mistérios de Deus
«Dispersou os soberbos.» que não querem ver realizado o Reino de Deus; «Derrubou os poderosos de seus tronos.» os auto suficientes ; «Exalta os humildes.» Faz surgir um mundo novo mudança radical do coração de todos, é o mundo novo em que já não existem os dominadores; «Aos famintos encheu de bens.» Onde a proposta de sociedade querida por Deus é acolhida, haverá pão em abundância. Toda a fome será saciada.
«Aos ricos despediu de mãos vazias.» Não é uma ameaça de condenação ao Inferno nem promessa de justas reivindicações sociais, mas anúncio de salvação: Deus fará desaparecer da terra quem acumula bens para si, explora o irmão e lhe rouba o alimento.
«Acolheu a Israel, seu servo», não porque o mereceu, e sim pelos sentimentos maternos que o Senhor sente pelo Seu povo necessitado.
Maria, pequena e humilde, parte da grandeza de Deus e, apesar dos seus problemas, permanece na alegria, porque em tudo confia no Senhor.
Lembra-nos que Deus sempre pode fazer maravilhas, se permanecermos abertos a Ele e aos irmãos”. Reconheçamos as graças que ao longo da vida recebamos e digamos como Nossa Senhora: O Senhor fez em mim maravilhas…
ORAÇÃO
Infundi, Senhor, a Vossa graça
em nossas almas, para que nós,
que pela Anunciação do anjo
conhecemos a encarnação de Cristo Vosso Filho,
pela Sua Paixão e morte na Cruz
alcancemos a glória da ressurreição.
VIDEO DE MEDITAÇÃO
A minha alma glorifica ao Senhor