LEITURA – 1 Reis 17, 10-16
Leitura do Primeiro Livro dos Reis:
Naqueles dias, 10Elias pôs-se a caminho e foi para Sarepta. Ao chegar à porta da cidade, viu uma viúva apanhando lenha. Ele chamou-a e disse: “Por favor, traze-me um pouco de água numa vasilha para eu beber”.
11Quando ela ia buscar água, Elias gritou-lhe: “Por favor, traze-me também um pedaço de pão em tua mão”.
12Ela respondeu: “Pela vida do Senhor, teu Deus, não tenho pão. Só tenho um punhado de farinha numa vasilha e um pouco de azeite na jarra. Eu estava apanhando dois pedaços de lenha, a fim de preparar esse resto para mim e meu filho, para comermos e depois esperar a morte”.
13Elias replicou-lhe: “Não te preocupes! Vai e faze como disseste. Mas, primeiro, prepara-me com isso um pãozinho e traze-o. Depois farás o mesmo para ti e teu filho. 14Porque assim fala o Senhor, Deus de Israel: ‘A vasilha de farinha não acabará e a jarra de azeite não diminuirá, até o dia em que o Senhor enviar a chuva sobre a face da terra’”.
15A mulher foi e fez como Elias lhe tinha dito. E comeram, ele e ela e sua casa, durante muito tempo. 16A farinha da vasilha não acabou nem diminuiu o óleo da jarra, conforme o que o Senhor tinha dito por intermédio de Elias.
Ler a Palavra
Uma situação de grande privação compromete a qualidade de vida da região inteira: uma seca prolongada, decretada pelo Senhor através do profeta Elias (cf. lRs 17,1). Este procura refúgio, por ordem divina, em terra estrangeira (cf. lRs 17,9), onde recebe a ajuda generosa de uma pobre «viúva» (w. 10-15). O Senhor abençoa o gesto de solidariedade e de fé desta mulher, garantindo milagrosamente os meios de sobrevivência tanto a ela, como ao filho e ao profeta (v. 16).
Compreender a Palavra
O episódio começa com um paradoxo: Elias é enviado por Deus, de Israel para uma terra estrangeira, onde dependerá das ofertas e dos recursos de uma mulher viúva, necessitada e pertencente a um povo pagão! A inversão da lógica humana é clara: o poder comunica-se através da impotência, da riqueza verdadeira, da indigência!
Se as condições daquela pobre mulher parecem desesperadas (v. 12b), o leitor não deve esquecer que JHWH «protege o estran¬geiro, ampara o órfão e a viúva» (Sl 145,9). Cria-se por isso uma tensão: precisamente a essa terra, que parece ser do domínio de
Baal, o Senhor faz chegar a Sua ajuda ao órfão, à viúva e ao Seu profeta. Entre as linhas nota-se uma polémica anti-idolátrica e a vontade de testemunhar a fé na soberania de Deus, que transcen¬de todas as barreiras e tarefas humanas.
Ê verdade, surpreende a fé desta mulher, que responde a Elias invocando o Senhor: «Tão certo estar vivo o Senhor, teu Deus…» (v. 12a) Uma coisa é clara, a fé não é apanágio de Israel mas, mis¬teriosamente, o Senhor concede-a a quem quer, mesmo a quem parece estar longe dela. Às palavras do profeta, que exorta a mu¬lher a «não temer» em nome da promessa do Senhor (w. 13-14), ela responde com uma obediência plena, sinal da sua fé e da sua generosidade; atitudes que o Senhor abençoa (w. 15-16).
A sobriedade da narração pouco concede ao gosto do mila¬groso, está de acordo com o ensinamento: JHWH, na Sua compai¬xão indefectível para com todos, privilegia, sobretudo, todos os pobres!
I LEITURA – 1 Reis 17, 10-16 (sintese)
A viúva de Sarepta. Em tempo de fome, numa terra estrangeira, o profeta Elias é ajudado por uma viúva que se encontra à mingua de recursos. Não nos é dito se ela acreditava no Deus verdadeiro; tem, certamente, a generosidade dos pobres; e recebe, através do profeta, a retribuição de Deus.
Elias e a viúva de Sarepta
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SALMO RESPONSORIAL SL 145,7-10
O poder e a riqueza deste mundo conduzem à fome e à servidão os seus súbditos e as suas vítimas; o Reino de Deus, ao con trário, concede o «pão aos famintos» e a «liberdade aos prisionei¬ros» (v. 7). Só a confiança no Senhor está, por isso, bem colocada; esperar nos homens é falacioso.
SALMO – 145 (146), 7.8-9a.9bc-10 (R. 1 ou Aleluia)
Refrão: Ó minha alma, louva o Senhor. Repete-se Ou: Aleluia. Repete-se
O Senhor faz justiça aos oprimidos,
dá pão aos que têm fome
e a liberdade aos cativos. Refrão
O Senhor ilumina os olhos do cego,
o Senhor levanta os abatidos,
o Senhor ama os justos. Refrão
O Senhor protege os peregrinos,
ampara o órfão e a viúva
e entrava o caminho aos pecadores. Refrão
O Senhor reina eternamente;
o teu Deus, ó Sião,
é rei por todas as gerações. Refrão
II LEITURA – Hebr 9, 24-28
«Cristo ofereceu-Se uma só vez para tomar sobre Si os pecados da multidão.»
SEGUNDA LEITURA HB 9,24-28
Cristo ofereceu-Se uma só vez para tomar sobre Si os pecados de muitos.
Ler a Palavra
A unicidade do sacrifício de Cristo contrapõe-se à multipli¬cidade dos sacrifícios da parte do sacerdócio aaronita, repetidos anualmente no rito da expiação; o sacrifício de Cristo realiza-se na Páscoa, com a qual Ele entra no «santuário» celeste (w. 24-25), realizando a oferta da Sua própria vida (v. 26). Esta oferta dá- -se «uma só vez», pois a morte é um acontecimento irrepetível (w. 27-28). Finalmente, o autor introduz a confrontação entre a «primeira vinda» de Cristo na carne e a «segunda vinda», a que fará na glória (v. 28).
Leitura da Epístola aos Hebreus
Cristo não entrou num santuário feito por mãos humanas, figura do verdadeiro, mas no próprio Céu, para Se apresentar agora na presença de Deus em nosso favor. E não entrou para Se oferecer muitas vezes, como o sumo sacerdote que entra cada ano no Santuário, com sangue alheio; nesse caso, Cristo deveria ter padecido muitas vezes, desde o princípio do mundo. Mas Ele manifestou-Se uma só vez, na plenitude dos tempos, para destruir o pecado pelo sacrifício de Si mesmo. E, como está determinado que os homens morram uma só vez e a seguir haja o julgamento, assim também Cristo, depois de Se ter oferecido uma só vez para tomar sobre Si os pecados da multidão, aparecerá segunda vez, sem a aparência do pecado, para dar a salvação àqueles que O esperam.
Compreender a Palavra
Partindo do princípio de que «sem derramamento de sangue não existe perdão» (HB 9,22), a Carta aos Hebreus medita na uni¬cidade do sacrifício de Cristo, do qual brota a redenção para a Humanidade. O acontecimento pascal é o cumprimento cristoló- gico do rito da expiação, que o Sumo Sacerdote celebrava uma vez no ano ao entrar no Santuário (v. 25; cf. Lv 16). Mas se o rito pode e deve ser repetido, o sacrifício de Cristo consiste na singular e irrepetível oferta de «Si mesmo» até à morte (v. 26).
A Carta serve-se, em primeiro lugar, de uma metáfora de mo-vimento: com a Páscoa, Cristo entrou «não num santuário feito por mãos humanas», mas na habitação celeste de Deus, isto é, na própria vida íntima divina (v. 24). Além disso, se o «Sumo Sacerdote», entrando no santuário, devia levar o sangue das ví¬timas, Cristo, entrando na morada transcendente de Deus, le¬vou consigo o Seu próprio sangue, derramado pela Humanidade (w. 25-26). Por isso o Seu sacrifício decretou já inválidos todos os sacrifícios antigos e suprimiu a separação ritual do culto do Antigo Testamento.
A metáfora do movimento leva o autor da Carta aos Hebreus a introduzir o tema da diferença entre as «duas vindas» de Cristo: se a primeira se deu na carne pela morte, em redenção dos pe¬cadores; a «segunda», já não terá a finalidade de Se oferecer a Si mesmo em expiação, mas sim a de acolher a Humanidade na casa do Pai (w. 27-28).
Leitura da Epístola aos Hebreus
Cristo não entrou num santuário feito por mãos humanas, figura do verdadeiro, mas no próprio Céu, para Se apresentar agora na presença de Deus em nosso favor. E não entrou para Se oferecer muitas vezes, como o sumo sacerdote que entra cada ano no Santuário, com sangue alheio; nesse caso, Cristo deveria ter padecido muitas vezes, desde o princípio do mundo. Mas Ele manifestou-Se uma só vez, na plenitude dos tempos, para destruir o pecado pelo sacrifício de Si mesmo. E, como está determinado que os homens morram uma só vez e a seguir haja o julgamento, assim também Cristo, depois de Se ter oferecido uma só vez para tomar sobre Si os pecados da multidão, aparecerá segunda vez, sem a aparência do pecado, para dar a salvação àqueles que O esperam.
Palavra do Senhor.
ALELUIA – Mt 5, 3
Refrão: Aleluia. Repete-se
Bem-aventurados os pobres em espírito,
porque deles é o reino dos Céus. Refrão
EVANGELHO – Forma longa – Mc 12, 38-44
Jesus critica os ecribas e elogia uma viúva pobre.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo, Jesus ensinava a multidão, dizendo: «Acautelai-vos dos escribas, que gostam de exibir longas vestes, de receber cumprimentos nas praças, de ocupar os primeiros assentos nas sinagogas e os primeiros lugares nos banquetes. Devoram as casas das viúvas, com pretexto de fazerem longas rezas. Estes receberão uma sentença mais severa». Jesus sentou-Se em frente da arca do tesouro a observar como a multidão deitava o dinheiro na caixa. Muitos ricos deitavam quantias avultadas. Veio uma pobre viúva e deitou duas pequenas moedas, isto é, um quadrante. Jesus chamou os discípulos e disse-lhes: «Em verdade vos digo: Esta pobre viúva deitou na caixa mais do que todos os outros. Eles deitaram do que lhes sobrava, mas ela, na sua pobreza, ofereceu tudo o que tinha, tudo o que possuía para viver».
Palavra da salvação.
EVANGELHO – Forma breve – Mc 12, 41-44
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo, Jesus sentou-Se em frente da arca do tesouro a observar como a multidão deitava o dinheiro na caixa. Muitos ricos deitavam quantias avultadas. Veio uma pobre viúva e deitou duas pequenas moedas, isto é, um quadrante. Jesus chamou os discípulos e disse-lhes: «Em verdade vos digo: Esta pobre viúva deitou na caixa mais do que todos os outros. Eles deitaram do que lhes sobrava, mas ela, na sua pobreza, ofereceu tudo o que tinha, tudo o que possuía para viver».
Palavra da salvação
A GENEROSIDADE DOS SIMPLES –
Por vezes na leitura da Palavra de Deus é-se surpreendido com episódios reveladores de uma grande generosidade. É esta capacidade de dar que marca dois dos textos hoje proclamados na liturgia. Elias é ajudado pela viúva de Sarepta, Jesus dá-se conta do óbulo da viúva. De facto, são duas pessoas pobres, simples, humildes, que no meio das suas grandes dificuldades ainda conseguem repartir os bens. A viúva de Sarepta não tinha mais nada para sobreviver do que um punhado de farinha e um fio de azeite. Apesar disso sentiu-se capaz de ajudar Elias que precisava de um pãozinho e de um copo de água (I leitura). Do mesmo modo, quando Jesus se coloca em frente do tesouro do templo a ver multidões que passavam e depositavam quantias no lugar do ofertório é surpreendido por uma viúva pobre que não tem mais do que duas moedas. Na sua generosidade são estas que ela oferece (evangelho). A Carta aos Hebreus considera também Jesus como um pobre cheio de generosidade que oferece o que tem, a vida, de uma vez por todas para o perdão dos pecados e para que a humanidade seja salva (II leitura).
1. A viúva de Sarepta
No texto do Livro dos Reis há duas personalidades diferentes mas que se aproximam num problema que é dos dois. Elias tem sede e fome, a viúva de Sarepta prepara o que lhe resta para fazer pão com que alimentará o seu filho. São dois pobres: Elias marcado pelo cansaço e pela solidão; a viúva de Sarepta dominada por uma pobreza extrema. Ao desafio do profeta, para uma generosidade aparentemente exagerada, aquela mulher responde com uma partilha ainda maior, dando do último pão que lhe resta. Porque Elias fala em nome de Deus, a viúva de Sarepta é recompensada: “Desde aquele dia, nem a panela da farinha se esgotou, nem se esvaziou a almotolia do azeite” (1 Reis 17, 16).
2. O óbulo da viúva
Muita gente passava no átrio do templo. Era natural participar nas despesas do culto, na sustentação dos sacerdotes e no cuidado a ter com os mais pobres. Todos os crentes passavam junto do tesouro e deitavam esmolas segundo a sua capacidade económica. Uns deitavam muito, pela sua riqueza, outros deitavam pouco, por causa dos seus limites. Até aqui tudo foi normal. Mas aconteceu que uma mulher viúva, no limiar da sua pobreza extrema, não se resignou a ficar sem dar e “deitou duas pequenas moedas” (Mc 12, 42). Talvez fosse o último dinheiro que lhe restava. Assim o compreendeu Jesus que disse aos discípulos: “eles (os ricos) deitaram do que lhes sobrava, mas ela, na sua pobreza, ofereceu tudo o que tinha” (Mc 12, 44). Lição maravilhosa da generosidade dos simples. Cristo aproveitou o episódio para convidar os discípulos e, neles, todos os cristãos a serem simples e generosos em todas as situações.
3. O sacrifício único
Na Carta aos Hebreus fala-se hoje de um sumo sacerdócio diferente, não na opulência mas na pobreza, não na vitória a qualquer preço mas na aceitação da morte como grande sacrifício, não na multiplicidade dos holocaustos mas na oferenda única da vida de uma vez por todas para a remissão dos pecados. Cristo fez-se simples no dom da própria vida para a todos chamar à generosidade da entrega. Em Cristo aprende-se a dar a vida.
XXXII DOMINGO DO TEMPO COMUM Ano B
SALMO RESPONSORIAL SL 145,7-10
O poder e a riqueza deste mundo conduzem à fome e à servi¬dão os seus súbditos e as suas vítimas; o Reino de Deus, ao con¬trário, concede o «pão aos famintos» e a «liberdade aos prisionei¬ros» (v. 7). Só a confiança no Senhor está, por isso, bem colocada; esperar nos homens é falacioso.
EVANGELHO
Mc 12,38-44
Esta pobre viúva deu mais do que todos os outros.
Ler a Palavra
Jesus acusa os escribas de vaidade e de hipocrisia: eles procu¬ram o aplauso das pessoas e evidenciam-se nas práticas religiosas, enquanto assumem um comportamento injusto para com os dé¬beis e os indefesos (w. 38-40). Segue-se a descrição das pessoas que trazem os seus óbulos ao Templo. Entre estas sobressai uma «viúva» com a sua pobre oferta (w. 41-42). Jesus revela aos discí¬pulos a verdade profunda do gesto da mulher, enquanto modelo do verdadeiro amor a Deus (w. 43-44).
Compreender a Palavra
A polémica de Jesus contra os doutores da Lei denuncia uma religiosidade que se arrisca a colocar Deus ao serviço dos desejos humanos, do orgulho, da avidez e da hipocrisia. Ela manifesta- -se como procura da aprovação alheia e como teatralidade no momento mais importante da relação com Deus, isto é, a oração (w. 38-40). A denúncia de Jesus parece evocar os juízos severos dos profetas contra uma religiosidade distorcida e privada de justiça.
No entanto, a uma conduta destinada à salvaguarda das apa¬rências, como a dos escribas, contrapõe-se o comportamento de uma «pobre viúva» (w. 41-42). A cena desenrola-se no Templo, na sala do tesouro com as treze «trombetas» ou cofres, nos quais ressoa forte o tilintar das moedas inseridas; a quantidade e o valor da oferta devem, apesar de tudo, ser comunicados ao sacerdote encarregado das esmolas. Portanto, a oferta daquela mulher representa um valor pecuniário mínimo, e podia ser de embaraço para ela. Jesus valoriza o gesto dela, apontando-o como mode¬lo de verdadeira religiosidade, de fé simples, alheia a qualquer cálculo e ostentação, capaz de oferecer generosamente a própria vida a Deus. O texto grego não diz propriamente que ela ofereceu «tudo quanto tinha para viver», mas sim que ofereceu a «sua pró¬pria vida» (v. 44).
DA PALAVRA PARA A VIDA
A invectiva de Jesus contra os escribas (Evangelho, Mc 12, 38-40) tem um sentido de actualidade que impede reduzir as palavras do Mestre a uma mera dimensão anedótica. De facto, a autenticidade da vida de fé está sempre ameaçada pelo risco de instrumentalizar Deus, de submeter a religião ao desejo de prestígio e de poder. A vida de fé é corrompida na sua verdade profunda quando os gestos e as acções que a substanciam se tornam propícios ao desejo de aparecer e são, por assim di¬zer, teatralizados. Também noutras passagens do Evangelho, como por exemplo em MT 6,5-6, Jesus avisa sobre o perigo de viver a relação com Deus (especialmente a oração) de forma hipócrita, preocupando-se substancialmente mais com o juí¬zo alheio do que com o olhar do Senhor.
Este veneno da vida espiritual associa-se inevitavelmente a um definhar do sentido da justiça, pelo que as pessoas se tor¬nam instrumento de exploração, de apoio e de pedestal para o próprio «eu». Não se julgue caricatural o que Jesus diz con¬tra os escribas, porque isso já fora denunciado pelos profetas, quando desmascaravam uma pretensa religiosidade privada de verdadeira piedade para com Deus e de justiça no tocante ao próximo. Por outro lado, a insistência a que se vigie sobre a qualidade da própria fé e sobre o dever de a traduzir na prá¬tica da caridade e da justiça, pode encontrar-se noutros textos do Novo Testamento, especialmente na Carta de Tiago, mui¬to severa para com a pseudo-religiosidade de quem descura ou, inclusive, explora os pobres. Ainda hoje é forte a tentação de reduzir a vida espiritual à procura do bem-estar interior, de estados de espírito e de emoções, ignorando ao mesmo tempo as necessidades dos mais pobres e o dever de construir uma sociedade mais humana, mas digna, mais justa. O antí¬doto para esta tentação é a escuta atenta das fortes instâncias da Palavra de Deus!
Considerando o episódio da viúva (cf. Mc 12,41-44), en¬contramos várias provocações para o nosso «hoje». Antes de mais, o convite a não nos determos diante das aparências e a não julgar as pessoas superficialmente. É o que acontece no
Templo, quando as duas pequenas moedas da mulher tilin¬tam tão baixinho naqueles cofres em que ressoam as nume¬rosas e pesadas moedas dos ricos. Também nas comunidades cristãs está sempre à espreita o risco de nos determos perante as aparências, de esquecermos quem é menos importante, menos inteligente, menos prestigiado, mas porventura mais cheio de amor de Deus e capaz de nos fazer compreender algo sobre a Sua vontade para com as nossas pessoas e as nossas comunidades.
Quer o episódio do Evangelho da viúva no Templo, quer tam-bém o da viúva de Sarepta (primeira leitura), esclarecem-nos positivamente acerca da qualidade que deve ter uma verdadei¬ra fé em Deus. Esta acontece somente quando entra em jogo a totalidade da pessoa, das suas opções, dos seus recursos, das suas aspirações. Como a viúva elogiada por Jesus que, movida pela confiança em Deus, oferece o sustento da sua vida (antes, a «sua própria vida», Mc 12,44), assim o fiel deve nutrir uma confiança autêntica no Senhor, que se manifesta na superação de cálculos angustiados e interesseiros.
Certamente, o episódio do Evangelho é um caso extremo, em-blemático, mas manifesta aquela que deve ser a «pobreza de espírito», ou seja, a não confiar nas próprias riquezas e possi-bilidades, colocando antes de mais, e sobretudo, a confiança no amor de Deus e no Seu auxílio. Então a viúva, ao aparentar que não ensina nada, torna-se intermediária de um ensina¬mento de enorme valor: enquanto o Evangelho for anuncia¬do, o seu gesto será modelo para todos aqueles que querem de verdade amar e servir o Senhor, esse Senhor que por Sua vez Se entregou totalmente pela Humanidade, tal como nos recorda a Carta aos Hebreus (segunda leitura).
Oraç
Ó Deus, Pai dos órfãos e das viúvas, refúgio dos estrangeiros, justiça dos oprimidos,amparai a esperança dos pobres que confiam no Vosso amor,para que jamais falte a liberdade e o pão que concedeis,e todos aprendamos a dar, seguindo o exemplo d’Aqueleque Se deu a Si mesmo, Jesus Cristo, Nosso Senhor.
Biografia
No século IX a.C., o Reino de Israel, que havia sido unido pelo rei Salomão, havia sido dividido em dois por seu filho, o rei Roboão: o Reino de Israel, no norte, e o Reino de Judá, no sul, que seguia mantendo a sede histórica de governo e foco da religião israelita no Templo de Jerusalém.[6]Omri, rei de Israel, manteve em prática políticas que datavam do reinado de Jeroboão, contrárias às leis de Moisés, que visavam reorientar o foco religioso para longe da cidade de Jerusalém, encorajavam a construção de altares e templos locais para a realização de sacrifícios, a indicação de sacerdotes que não pertenciam à família dos levitas, e permitindo ou até mesmo encorajando a construção de templos dedicados ao deus canaanita Baal.[7][8] Omri conseguiu uma situação doméstica segura através de uma aliança obtida com o casamento de seu filho, Acab, e a princesa Jezabel, uma sacerdotisa de Baal, filha do rei de Sídon, na Fenícia.[9] Estas soluções trouxeram segurança e prosperidade econômica para Israel por algum tempo,[10] porém não lograram obter paz com os profetas israelitas, que estavam interessados numa interpretação deuteronômica rígida da lei mosaica.
Como rei, Acab exarcebou estas tensões. Ele permitiu o culto a um deus estrangeiro dentro de seu próprio palácio, construindo ali um templo para Baal e permitindo que Jezabel trouxesse consigo um grande séquito de sacerdotes e profetas, tanto de Baal quanto de Aserá, para seu país. Neste contexto, Elias é apresentado no Primeiro Livro dos Reis (17:1) como “Elias, o tesbita“. Ele alerta Acab que se seguirão anos de uma seca tão catastrófica que nem mesmo o orvalho cairá, porque Acab e sua rainha ocupavam o fim de uma fila de reis de Israel que teriam “feito o mal aos olhos do Senhor.”
Primeiro e Segundo Livro de Reis
Nenhum contexto acerca da pessoa de Elias é dado nos textos bíblicos. Seu nome, em hebraico, significa “Meu Deus é Javé”, e pode ser um título aplicado a ele devido ao seu questionamento ao culto de Baal.[11][12][13][14][15]
O desafio feito por Elias, característico de seu comportamento em outros episódios de sua história, tal como narrada na Bíblia, é ousado e direto. Baal era o deus canaanita responsável pela chuva, pelo trovão, pelo relâmpago e pelo orvalho. Elias desafia não só Baal, para defender seu próprio Deus, Javé, mas também Jezabel, seus sacerdotes, Acab e o povo de Israel.
Viúva de Sarepta
Após Elias confrontar Acab,Deus lhe ordena que fuja de Israel,para um esconderijo ao lado do riacho de Carit, a leste do rio Jordão,onde ele é alimentado por corvos. Quando o rio seca, Deus lhe ordena que vá para uma viúva que habita a cidade de Sarepta, na Fenícia. Quando Elias a encontra e pede a ela que o alimente, ela afirma que não tem comida suficiente para manter vivos ela e o próprio filho. Elias afirma que Deus não deixará que sua reserva de farinha e azeite se esgote, afirmando: “Não temas; (…) Porque eis o que diz o Senhor, Deus de Israel: a farinha que está na panela não se acabará, e a ânfora de azeite não se esvaziará, até o dia em que o Senhor fizer chover sobre a face da terra.” Ela o alimenta com tudo o que resta de sua comida, e a promessa de Elias, miraculosamente, se realiza, e a mulher recebe a bênção prometida: Deus lhe dá o “maná” dos céus ao mesmo tempo em que negava comida ao povo de sua terra prometida, que lhe fôra infiel. Algum tempo depois, o filho da viúva morre, e ela reclama, furiosa: “Vieste, pois, à minha casa para lembrar-me os meus pecados e matar o meu filho?” Movido por uma fé semelhante à de Abraão (Romanos 4:17, Hebreus 11:19), Elias ora a Deus para que ele ressuscite seu filho, demonstrando assim a veracidade e a confiabilidade da palavra de Deus. O Primeiro Livro dos Reis (17:22) relata então como Deus “ouviu a oração de Elias: a alma do menino voltou a ele, e ele recuperou a vida.” Este é o primeiro exemplo de uma ressurreição relatada nas Escrituras. Esta viúva, que nem sequer era israelita, recebeu a maior bênção divina na forma da vida de seu filho – a única esperança de uma viúva numa sociedade antiga. A viúva então exclamou: “Agora vejo que és um homem de Deus e que a palavra de Deus está verdadeiramente em teus lábios”, fazendo assim uma profissão de fé que nem mesmo os israelitas haviam feito.
Depois de mais de três anos de seca e fome, Deus ordena a Elias que retorne a Acab e anuncie o fim da seca, não devido a qualquer tipo de arrependimento por parte dos israelitas, mas por determinação a se revelar novamente ao seu povo. No caminho, Elias encontra Obadias, intendente de Acab, que havia escondido cem profetas do Deus de Israel quando Acab e Jezabel começaram a assassiná-los. Elias envia Obadias de volta a Acab, para anunciar seu retorno a Israel.
Desafio a Baal
Quando Acab confronta Elias, ele se refere a ele como “o perturbador de Israel”. Elias responde devolvendo a acusação a Acab, afirmando que ele é que teria perturbado Israel ao permitir o culto a falsos deuses. Elias então repreende tanto o povo de Israel quanto Acab por tolerar o culto a Baal. “Até quando claudicareis dos dois pés? Se o Senhor é Deus, segui-o, mas se é Baal, segui a Baal!” (Primeiro Livro dos Reis, 18:21). “O povo nada respondeu.” O termo hebraico traduzido como o verbo “claudicar” é o mesmo utilizado para “dançar” no versículo 26, utilizado para descrever a dança frenética dos profetas de Baal; Elias fala com uma ironia afiada: Israel, ao se envolver nesta ambivalência religiosa, estaria tomando parte numa “dança” religiosa fútil e selvagem.
Neste ponto Elias propõe um teste direto dos poderes de Baal e Javé. O povo de Israel, 450 profetas de Baal e 400 profetas de Aserá são convocados ao Monte Carmel. Lá, dois altares são erguidos, um para Baal e um para Javé, sobre os quais madeira é colocada. Dois bois são sacrificados e cortados em pedaços, que são colocados sobre a madeira. Elias pede então aos sacerdotes de Baal que orem para que o fogo acenda sob o sacrifício; eles oram de manhã até o meio-dia, sem sucesso. Elias ridiculariza seus esforços, e eles respondem cortando a si mesmos e derramando seu próprio sangue sobre o sacrifício (a mutilação do próprio corpo era estritamente proibida pela lei mosaica). Os sacerdotes continuam a orar até o anoitecer, sem sucesso.
Elias ordena então que o altar de Javé seja encharcado com a água de quatro jarras grandes, derramadas por três vezes (18:33-34), ele pede a Deus que aceite o sacrifício. O fogo do Senhor desce do céu, consumindo a água, o sacrifício e as pedras do altar. Elias aproveita-se da situação e ordena a morte dos sacerdotes de Baal, e em seguida, ora com furor para que a chuva volte a cair sobre a terra – o que acontece, simbolizando o fim da fome.
Monte Horeb
Jezabel, enfurecida porque Elias ordenou a morte de seus sacerdotes, ameaça matá-lo (Primeiro Livro de Reis, 19:1-13). Este foi o primeiro encontro entre ambos, embora não o último. Posteriormente, Elias faria uma profecia acerca da morte de Jezabel, devido a seus pecados. Elias foge então para Bersabeia, no Reino de Judá, e de lá segue, sozinho, pelo deserto, até que finalmente se senta sob um arbusto (zimbro, segundo algumas traduções, giesta, segundo outras), onde pede a Deus que o mate. Acaba por adormecer ali, e é tocado por um anjo, que ordena a ele que acorde e coma. Ao despertar, ele encontra ao lado de si pão e uma jarra de água; após adormecer novamente, ele volta a ser acordado pelo anjo, que ordena a ele que volte a comer e beber pois tem diante de si uma longa jornada.
Elias viaja por quarenta dias e quarenta noites até o Monte Horeb, onde Moisés havia recebido os Dez Mandamentos. Elias é a única pessoa mencionada na Bíblia a retornar a Horeb depois que Moisés e sua geração haviam passado pelo lugar, muitos séculos antes. Lá, ele procura abrigo numa caverna. Deus novamente volta a falar com ele (19:9): “Que fazes aqui, Elias?” Elias não dá uma resposta direta à pergunta de Deus, mas fala de maneira evasiva, deixando a entender que o trabalho que o Senhor havia começado séculos antes não havia levado a lugar algum, e que seus próprios esforços haviam sido em vão. Ao contrário de Moisés, que tentou defender o povo israelita quando ele havia pecado com o bezerro de ouro, Elias reclama, com amargura, a respeito da impiedade dos israelitas e afirma que ele era “o único que havia ficado”. Até então, Elias contava apenas com a palavra de Deus para guiá-lo, porém agora ele recebe a ordem de sair da caverna e colocar-se “na presença do Senhor”. Um vento terrível passa por ele, porém Deus não estava nele. Em seguida, um grande terremoto sacode a montanha, porém Deus tampouco se revela nele. Então um fogo se acende, e novamente Deus não se revela nele. Elias ouve então o “murmúrio de uma brisa ligeira”, que lhe pergunta novamente: “Que fazes aqui, Elias?” Elias novamente responde a pergunta de maneira evasiva, com o mesmo lamento, mostrando que não compreendeu a importância da revelação divina que ele havia acabado de presenciar. Deus então ordena que ele parta novamente, desta vez para Damasco, para ungir Hazael como rei da Síria, Jeú como rei de Israel, e Eliseu como seu substituto.
Vinha de Nabot
Elias encontra Acab novamente no Primeiro Livro dos Reis, 21, após Acab ter adquirido uma vinha através de um assassinato. Acab desejava obter a vinha de Nabot, em Jezrael, e para isso ofereceu uma vinha melhor ou um preço justo pelo terreno; Nabot, no entanto, fala a Acab que Deus lhe ordenou que não se desfizesse do terreno. Acab aceita a resposta com irritação e mau humor, mas Jezabel desenvolve um plano para adquirir o terreno: ela envia cartas em nome de Acab aos anciões e nobres que viviam nas proximidades de Nabot, para que organizassem um banquete e o convidassem. Neste banquete, uma falsa acusação de blasfêmia e ofensas contra Acab seriam feitas contra Nabot. O plano é posto em prática, e Nabot acaba sendo apedrejado até a morte. Quando ouve a notícia de que Nabot está morto, Jezabel diz a Acab que ele já pode se apoderar da vinha.
Deus então volta a falar com Elias, e lhe ordena que confronte Acab com uma pergunta e uma profecia: “Mataste, e agora usurpas?” e “no mesmo lugar em que os cães lamberam o sangue de Nabot, lamberão também o teu.” (21:19). Acab confronta então Elias, chamando-o de seu inimigo. Elias responde afirmando que ele mesmo havia se tornado inimigo de Deus por seus próprios atos, e afirmando que todo o reino rejeitaria a autoridade de Acab, que Jezabel seria devorada por cães em Jezrael, e que todos membros de sua família seriam devorados por cães, se morressem dentro de uma cidade, ou por pássaros, se morressem no campo. Ao ouvir isso, Acab se arrepende de tal maneira que rasgou suas vestes, cobriu-se com um saco e entrou em jejum; Deus então desiste de puni-lo, porém insiste em punir Jezabel e seu filho, Ocozias.
Ocozias
Elias parte então para encontrar-se com Ocozias. A cena se abre com Ocozias recuperando-se de um ferimento grave que teve depois de uma queda de sua janela, tendo enviado emissários aos sacerdotes de Baal-Zebub, em Acaron, fora do reino de Israel, para saber se poderia se recuperar. Elias intercepta os emissários e os envia de volta a Ocozias com uma mensagem. Como é de seu costume, sua mensagem se inicia com uma pergunta direta e impertinente: “Não há porventura um Deus em Israel, para irdes consultar Baal-Zebub, deus de Acaron?” (Segundo Livro de Reis, 1:3) Ocozias pede aos emissários que descrevam a pessoa que lhes deu esta mensagem; eles afirmam que ele trajava um casaco felpudo com um cinto de couro, e ele instantaneamente o reconhece como Elias, o tesbita.
Ocozias envia então três grupos de cinquenta soldados para prender Elias. Os dois primeiros são destruídos por chamas que Elias faz descer dos céus. O líder do terceiro grupo então implora por misericórdia para si próprio e seus homens; Elias concorda e pede que eles o acompanhem até Ocozias, onde ele faz pessoalmente a profecia que havia mencionado a Acab.
Arrebatamento
Elias, juntamente com Eliseu, se aproxima do rio Jordão. Lá, ele dobrou seu manto e golpeou a água (2:8); imediatamente a água se dividiu, permitindo que Elias e Eliseu caminhassem em meio a ela. Repentinamente surgiu uma carruagem de fogo, acompanhado por cavalos igualmente em chamas, levantando Elias sobre um turbilhão. Enquanto ele era erguido, seu manto caiu sobre solo, e de onde foi prontamente apanhado por Eliseu.
Menção final: Segundo Livro de Crônicas
Elias é mencionado mais uma vez no Segundo Livro de Crônicas (21), sua última menção na Bíblia hebraica. Uma carta é enviada com seu nome para Jorão de Judá, mencionando que ele havia induzido o povo de Judá à idolatria da mesma maneira que Acab havia feito com o povo de Israel; a mensagem termina profetizando para ele, por este motivo, uma morte dolorosa (“uma enfermidade que fará sair de teu corpo as entranhas durante longos dias”). Esta carta é um enigma até hoje aos leitores da Bíblia por diversos motivos: primeiro, ela foi destinada a um rei do reino meridional de Judá, enquanto Elias costumava se preocupar unicamente com o reino setentrional de Israel; em segundo lugar, ela se inicia com: “Eis o que diz o Senhor (YHVH), Deus de Davi, teu pai”, no lugar de “…em nome do Senhor (YHVH), Deus de Israel”, mais comum. A mensagem também parece vir após a ascensão de Elias. Diversos autores especularam sobre os possíveis motivos para esta carta, entre eles o de que ela poderia ser um exemplo de um nome de um profeta menos conhecido sendo substituído posteriormente pelo nome de outro mais conhecido.[16] Já outros, como John Van Seters, da Universidade da Carolina do Norte, no entanto, rejeitam pura e simplesmente a carta como tendo qualquer tipo de ligação com a tradição de Elias.[17] Michael Wilcock, no entanto, do Trinity College, de Bristol, argumentou que a carta de Elias estaria se referindo a uma situação muito peculiar ao reino do norte e que estaria ocorrendo no reino do sul, e que, por este motivo, seria autêntica.[18]
O fim cristão de Elias no Livro de Malaquias
“Vou mandar-vos o profeta Elias, antes que venha o grande e temível dia do Senhor, e ele converterá o coração dos pais para os filhos, e o coração dos filhos para os pais, de sorte que não ferirei mais de interdito a terra.” |
— Malaquias, 4:5–6 |
Enquanto a menção final de Elias na Bíblia hebraica ocorre no Livro de Crônicas, a inversão na ordem dos livros feita na Bíblia cristã, visando colocar o Livro de Malaquias, que profetiza a vinda de um Messias, imediatamente antes dos Evangelhos cristãos, significa que a aparição final de Elias no “Antigo Testamento” ocorre justamente no Livro de Malaquias, onde se pode ler: “Vou mandar-vos o profeta Elias, antes que venha o grande e temível dia do Senhor.” Este dia é descrito como uma fornalha, no qual “…nada ficará: nem raiz, nem ramos” (4:1). No judaísmo, tradicionalmente, isto é interpretado como indicando que o retorno de Elias antecederá a chegada do Messias, enquanto no cristianismo a tradição dita que o ministério de João Batista teria cumprido essa profecia. Além disso, estes versos são vistos como a representação de que Elias teria um papel no fim dos tempos, imediatamente após a segunda vinda de Jesus.
Análise textual
De acordo com pelo menos um estudioso recente,[19] as histórias de Elias teriam sido adicionados à História Deuteronomística em quatro etapas. A primeira data da edição final da História, por volta de 560 a.C., quando as três histórias (a vinha de Nabot, a morte de Ocozias e a história do golpe de Jeú) foram incluídas no texto para representar os temas da confiabilidade da palavra de Deus, o ciclo do culto de Baal e a reforma religiosa ocorrida na história do reino setentrional. As narrativas a respeito das guerras que envolveram o rei Omri teriam sido acrescentadas pouco tempo depois, para ilustrar um tema recém-introduzido, o de que a atitude do rei com relação às palavras dos profetas determinaria o destino de Israel. Os capítulos 17 e 18 do Primeiro Livro dos Reis teriam sido adicionados no período pós-exílico (após 538 a.C.) para demonstrar a possibilidade de uma vida nova, em comunhão com Deus, após o dia do julgamento. No século V a.C., os versículos de 1 a 18 do capítulo 19 do Primeiro Livro dos Reis, bem como o restante das histórias que envolvem Eliseu, teriam sido inseridas para dar à profecia um alicerce legítimo na história de Israel.[19]
Referências
- ↑ New Bible Dictionary. 1982 (2ª edição). Tyndale Press, Wheaton, IL, USA. ISBN 0-8423-4667-8, p. 319
- ↑ Wells, John C. (1990). Longman pronunciation dictionary. [S.l.]: Longman|local Harlow, Inglaterra. p. 239. ISBN 0-582-05383-8, verbete “Elijah”
- ↑ «Kingdom of Samaria». Christianbookshelf.org. Consultado em 5 de março de 2014
- ↑ Livro dos Reis, 2:11
- ↑ Livro de Malaquias, 3:23
- ↑ Holman Bible Editorial Staff, Holman Concise Bible Dictionary, B&H Publishing Group, USA, 2011, p. 193
- ↑ Kaufman, Yehezkel. “The Biblical Age.” In Schwarz, Leo W. (ed.) Great Ages and Ideas of the Jewish People. Modern Library: Nova York. 1956. p. 53–56.
- ↑ Raven, John H. The History of the Religion of Israel. Grand Rapids, MI: Baker Book House, 1979. p. 281–281.
- ↑ Salmo 45, por vezes visto como uma canção matrimonial para Acab e Jezabel, e que pode aludir a esta união e seus problemas: “Ouve, filha, vê e presta atenção: esquece o teu povo e a casa de teu pai. De tua beleza se encantará o rei; ele é teu senhor, rende-lhe homenagens. Habitantes de Tiro virão com seus presentes, próceres do povo implorarão teu favor.” (Salmo 45:10-12). Ver: Smith, Norman H. “I Kings.” in Buttrick, George A., et al. (eds.) The Interpreter’s Bible: Volume 3. Nashville: Abingdon Press, 1982. p 144.
- ↑ Miller, J. M. e J. H. Hayes. A History of Ancient Is